Realizado paralelamente ao Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga a cada dois anos, o Encontro de Musicologia Histórica chega a sua 13ª edição este ano em formato virtual. Com mesas-redondas on-line, o contexto da pandemia permeia os debates do evento, que acontece entre os próximos dias 21 e 23, com transmissões ao vivo pelo canal da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no Youtube, e têm como tema geral Musicologia em tempos de crise: retrospectivas e perspectivas. 

De acordo com a professora do Departamento de Música da UFJF e integrante da organização do Encontro, Mayra Pereira, as três mesas propostas procuram abarcar o hoje, o ontem e o amanhã na musicologia: seus desafios no cenário da pandemia; a trajetória do cravo no Rio de Janeiro no século XX; e as interseções com o universo da cibercultura. “As discussões abarcam tanto a musicologia histórica e a musicologia sistemática quanto a compreensão de elementos normalmente externos ao material tradicional da produção musical, mas hoje essenciais à sua criação, execução, difusão e apreciação, como as mídias digitais.”

Também integrante da organização do evento, o professor do Departamento de Música da UFJF, Rodolfo Valverde, concorda que a crise global impõe a necessidade de novos paradigmas e maneiras de pensar a pesquisa e a produção musicais, razão pela qual a comissão organizadora e científica decidiu pela ampliação do espectro do XIII Encontro, mantendo o seu vínculo primordial com a musicologia histórica, mas abrindo-o para novas dimensões habitualmente não contempladas nas edições anteriores. 

Os organizadores estão animados com a experiência de realização digital do Encontro. “Tenho ótimas expectativas, uma vez que o novo e necessário formato on-line permitirá a participação de pesquisadores e interessados que, no formato anterior, presencial, não poderiam participar”, ressalta Valverde. A professora Mayra lembra que outros eventos se reinventaram durante a pandemia, e o público tem sido muito receptivo e até maior no espaço virtual.  “Os eventos online ultrapassam fronteiras, e é isso que espero para essa edição do Encontro: que possamos receber, além de nossos participantes ouvintes brasileiros, que já são fiéis e nos honram muito com sua participação, um público ainda maior nacional e também estrangeiro, seja de Portugal ou Espanha, países que estarão representados por membros das mesas-redondas”, afirma a organizadora.

Mayra observa, ainda, que todos os pesquisadores têm procurado manter suas investigações ativas no período, razão pela qual ter um local para interlocução com outros pesquisadores e apresentação do desenvolvimento de seus trabalhos é ainda mais importante nesse momento. “O Encontro de Musicologia Histórica é um maduro e importante espaço para a divulgação e discussão da mais recente produção acadêmica e científica no âmbito da musicologia luso-brasileira e, mesmo diante do cenário de crise mundial atual, não foi considerada a opção de cancelá-lo.” Para Valverde, a qualidade das discussões será preservada, uma vez que o Encontro será ao vivo e com espaço para perguntas e debates. “Apesar do cenário atual, e especialmente por causa dele, torna-se vital não só a manutenção do Encontro, mas a ampliação do seu espectro de investigação para que, através da reflexão, possamos ressignificar o nosso campo de atuação dentro do novo contexto em que vivemos.” 

Debates

A programação do XIII Encontro de Musicologia Histórica começa no dia 21, com a realização da mesa-redonda sobre Musicologia no cenário da pandemia, que terá a participação dos professores Diósnio Machado Neto (USP) e Javier Marín Lopez (Universidad de Jaen, Espanha) e mediação do professor Paulo Castagna (Unesp).

No dia 22, acontece a mesa O cravo no Rio de Janeiro do século XX, mediada pelo professor Rodolfo Valverde (UFJF) e com as presenças dos professores e cravistas Marcelo Fagerlande (UFRJ),  Mayra Pereira (UFJF) e Maria Aida Barroso (UFPE), que apresentam parte de sua pesquisa de seis anos sobre o tema. “Será o nosso principal tema dentro do viés histórico, e um tema de grande importância, pois as pesquisas apresentadas, que resultaram em uma importante publicação, analisam como um instrumento antigo, típico da música dos séculos XVII e XVIII, marcou presença cada vez mais significativa em nosso principal centro cultural e musical do século XX, o Rio de Janeiro”, antecipa Valverde.  

O livro homônimo deve ser publicado entre o final de novembro e início de dezembro, informa Mayra: “Utilizando como fonte primária de pesquisa os jornais da época, levantamos os registros acerca do cravo e seus intérpretes no Rio de Janeiro ao longo de todas as décadas do século XX, um trabalho hercúleo e que nos revelou muitas surpresas, não só para a história do instrumento, mas para a da música no Brasil.”

A última mesa da edição, no dia 23, reúne os professores Heloisa Valente (UNIP) e André Malhado (Universidade Nova de Lisboa), sob a mediação de Paula Gomes Ribeiro (Universidade Nova de Lisboa), para debater o tema Musicologia e Cibercultura. 

As inscrições para ouvintes das mesas-redondas já estão abertas e podem ser realizadas no site XIII Encontro de Musicologia Histórica . Participantes inscritos no evento receberão certificado. 

Outras informações: Centro Cultural Pró-Música – produção.promusica@ufjf.edu.br

Pró-reitoria de Cultura – cultura.ufjf@gmail.com

Centro Cultural Pró-música