Dava até para ouvir. Dezenas de vozes interpretavam cada nota, cada verso de “Enredo do meu Samba” junto com Érica Timóteo no palco do The Voice Brasil no último dia 20 de outubro. Eram as vozes dos mais de 50 componentes do Coral Universitário do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) dando aquela força para a integrante mais ilustre do grupo.
Timóteo conta que o interesse em fazer parte do conjunto de vozes veio em 2018, após assistir a uma apresentação do grupo na Festa das Flores. “Me apaixonei de primeira pelo repertório e o trabalho executado. Logo queria saber como fazer o teste. Na época eu cursava licenciatura em música e me pareceu uma proposta interessante”. A cantora participou da segunda rodada de audições naquele mesmo ano. O resultado não podia ser outro: as cadeiras do Coral Universitário viraram para ela.
Por já possuir uma trajetória musical a inscrição de Timóteo para um grupo ainda em formação foi uma “grata surpresa” para todos, como lembra a coordenadora do projeto, a produtora cultural da UFJF-GV, Flávia Carvalho. “Já conhecíamos um pouco de sua carreira e ficamos honrados em perceber que o trabalho desenvolvido pelo coral havia despertado o interesse dela”. Ainda segundo a produtora, a cantora sempre demonstrou muito compromisso, evitando ao máximo faltar aos ensaios, mesmo quando a agenda estava muito apertada. “Ela sempre foi exemplo para todos, respeitando e cumprindo as orientações da regente”, destaca Carvalho.
Timóteo também se recorda com carinho do período em que permaneceu no projeto e da importância dele para a sua carreira. “Ao contrário do que se pensa, um cantor solo se faz muito mais pelo seu repertório e por seu empenho na interpretação, do que pela técnica vocal empregada. O maior benefício em participar do coral foi manter a região melódica da minha voz sem me deixar influenciar por tantas regiões que cantavam junto a mim e ao meu redor”, explica.
Outras contribuições do coral, segundo a cantora, estão ligadas ao fator disciplina. “Aprender o repertório no seu registro vocal, o compromisso com os horários exigidos, o desenvolvimento do trabalho em equipe, o respeito às decisões da maestrina, além, é claro, o exercício do canto. Eu adorava aprender com a maestrina, bem como absorver o conhecimento da maioria dos cantores com quem tive contato. Sem contar os relacionamentos que fiz e que perduram até hoje”, pontua.
Aliás, o “contato humano” é para ela a maior vantagem de projetos musicais, como o Coral Universitário e o Almoço com Cantoria – outra iniciativa do campus no qual a cantora também já deu uma palinha.
Manoel Júnior conviveu com Timóteo no coral e é um dos que torcem pelo sucesso da valadarense no programa. O estudante de Administração do campus já integrava o projeto quando ela ingressou, e conta que logo percebeu o destaque da cantora entre os contraltos – tessitura vocal feminina caracterizada por sua intensidade. “A voz dela é suave, mas ao mesmo tempo forte”, afirma.
E essa força – vocal e de vontade – de Timóteo acabou dando uma injeção de ânimo no Coral Universitário, que atualmente está com as atividades paralisadas. “Devido à necessidade do isolamento social e à falta de previsão de quando iremos retomar as atividades presenciais, principalmente as de grupo, todas as ações em prol dos projetos de arte e cultura também estão suspensas. Mas estamos confiantes que em 2021 tudo irá melhorar. E a conquista da Érica [Timóteo] nos dá mais ânimo na busca pela retomada do projeto, uma vez que reforça a importância dos trabalhos artísticos e culturais para a nossa cidade”, afirma Carvalho.
Mas enquanto o Coral Universitário não volta a se apresentar, os integrantes do grupo seguem unindo suas vozes, mesmo que à distância, para cantar e torcer pelo sucesso de Érica Timóteo no programa.