Criar diálogo entre educadores sobre as experiências vivenciadas em sala de aula e as práticas de avaliação, a fim de incentivá-los a praticar avaliações inclusivas é o que propõe o livro “Avaliação da aprendizagem: possibilidades para a prática docente na Educação Básica”. A obra, organizada pela doutoranda em Química pelo Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Isabela Vieira da Silva, e pelo professor do Departamento de Matemática da UFJF, Marco Aurélio Kistemann, está disponível no site da Amazon, no formato e-book.
O livro é resultado de leituras e reflexões de educadores, ocorridas na disciplina “Perspectivas Atuais em Avaliação” do Mestrado Profissional em Educação Matemática da UFJF. Por se tratar um mestrado profissional, os mestrandos são professores atuantes em sala de aula. Cada capítulo foi escrito por um autor e cada um faz seu movimento de reflexão e relação de como colocar a teoria sobre avaliação da aprendizagem em prática. Também participam educadores convidados para compor com seus capítulos.
Práticas ocorridas em diversos níveis de ensino, contextos culturais variados são temas abordados, além da temática da Avaliação em larga escala e a Avaliação na educação infantil. O livro é dividido em três partes: Ressignificação da avaliação escolar: possibilidades e desafios para a prática docente; O repensar da prática avaliativa nos diferentes níveis de ensino; Avaliação da aprendizagem e avaliação em larga escala: diálogos necessários e cenários possíveis.
Avaliação de aprendizagem
O conceito de avaliação de aprendizagem utilizado no livro foi elaborada pelo doutor em Educação, Cipriano Carlos Luckesi, no qual a avaliação da aprendizagem é aquela realizada pelos professores durante o ano letivo, de modo a acompanhar o processo de aprendizagem de seus alunos e também de sua própria prática docente. Ela pode ter inúmeras finalidades, dentre as quais possibilitar a reflexão e a (re) orientação sobre o que se aprende e também como se ensina.
A avaliação da aprendizagem informa como estão os conhecimentos dos alunos; como o ensino está sendo feito; e quais as dificuldades. O objetivo principal é fazer com que o professor possa conseguir replanejar suas aulas, orientar o ensino para permitir que o aluno saia do estágio de defasagem que foi identificado e avançar no processo de aprendizagem.
De acordo com Isabela, a proposta é ser uma reflexão de professor para professor sobre outras formas de se avaliar, que vão além da tradicional prova. “Na escola o que acontece na maioria das vezes é usar a avaliação somente com um exame para selecionar. Por isso, os alunos acabam vendo a avaliação com uma coisa ruim. Então, esta não seria a melhor forma de usar a avaliação, pois ela pode contribuir muito para educação e desenvolvimento da aprendizagem. Avaliação não é só prova, avaliar vai além de provas e dar notas.”
Isabela acrescenta, ainda, esperar que a obra “possa convidar os examinadores a se tornarem avaliadores. Convide professores de vários níveis de ensino a questionar suas práticas e que vejam que usar a avaliação a favor do aluno é sempre a melhor opção. Na educação básica os alunos têm o direito de aprender. Por terem esse direito, as práticas examinadoras que excluem não deveriam ser usadas em sala de aula. Essas práticas deveriam ser utilizadas em avaliações que têm esse destino, como em concursos”.
Segundo o professor Kistemann, avaliação da aprendizagem ainda é um tema muito pouco estudado e praticado pelos professores. “Há muito ensino, pouca aprendizagem e muita reprovação, porque muitos professores ainda praticam a pedagogia do exame ao invés de praticarem a pedagogia da inclusão por meio de instrumentos avaliativos que podem fornecer diagnósticos da aprendizagem discente.”
Outras informações: Avaliação da aprendizagem: possibilidades para a prática docente na Educação Básica