Para Mariju, idealizadora do documentário, “as diferentes formas de viver não diminuem quem somos” (Foto: divulgação)

Com o objetivo de trazer visibilidade para as mulheres lésbicas da cidade, o documentário “Sapatões de Juiz de Fora”, produzido pela estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Maria Júlia Arêas Lourenço, se propôs a ouvir as mais variadas vozes que compõem o coletivo em busca de ampliar a representatividade do grupo. Com cerca de 300 visualizações, o documentário fala sobre aceitação, atuação profissional e narra as mais variadas vivências das participantes. A produção audiovisual pode ser conferida no canal da Semana Rainbow no youtube.

A proposta, inicialmente desenvolvida para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, mostra o quanto a comunidade se destaca e participa dos mais diversos  segmentos sociais. De acordo com a idealizadora, também conhecida como Mariju, foi difícil descobrir onde estavam as outras lésbicas de Juiz de Fora, apesar de saber que estão inseridas em todos os espaços. “Como é complicado encontrá-las ou nos conhecermos, surgiu a ideia de procurar por elas por meio das redes sociais e/ou indicações de amigos. Sabemos que elas estão presentes em todos os lugares, apesar de não as vermos. Trato exatamente sobre isso no documentário, as vantagens de nós ocuparmos esses ambientes, mesmo sabendo da existência de pessoas que não querem nos ver neles.”

Representatividade

Segundo Mariju, a importância deste tipo de iniciativa, além de buscar por visibilidade, é uma oportunidade de ouvir as vozes de mulheres que já costumam ser invisibilizadas apenas por terem nascido no gênero feminino. “No documentário pergunto para todas se já sofreram algum tipo de preconceito em espaços de trabalho ou em outros ambientes. As respostas de todas foram que sim, mas não por serem lésbicas, mas pelo fato de serem mulheres. Percebemos que esses preconceitos andam juntos. Então, a importância é mostrar que nós resistimos e colocamos a nossa cara no sol”.

A ativista e youtuber explica que o documentário traz vários aspectos que precisam ser refletidos pela sociedade, apesar de reconhecer que, em cerca de 1h20, é muito difícil de se conseguir abarcar todas as questões que precisam ser repensadas. “O que eu mais gostei, foi o fato das personagens contarem o quanto ser lésbica está ligado ao trabalho que escolheram seguir. Apenas uma das entrevistadas diz que não, mas é algo a ser pensado, pois eu não consigo separar o fato de ser lésbica dos outros enlaces da minha vida. Essa é uma parte muito bonita e conta um pouco sobre nós sermos assim.”

Outro destaque da produção audiovisual é o momento em que as entrevistadas narram o período da própria aceitação e contam o momento em que se assumiram lésbicas. “As diferentes formas de viver não diminuem quem somos. Algo que eu achei incrível foi quando pedi para que cada uma delas falasse sobre a orientação sexual e a questão reforçou o fato de nós estarmos bem com nós mesmas. Essa foi uma das partes mais lindas.”

Sapatões de Juiz de Fora

O documentário “Sapatões de Juiz de Fora” abre um espaço para que mulheres lésbicas compartilhem as próprias vivências e inspirem outras por meio de relatos de aceitação, apoio e amor. A proposta abarca a intimidade das participantes nos mais diversos aspectos e busca promover identificação com espectador.

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