Foi publicada a décima nota técnica produzida pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, composto por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Nessa edição o grupo analisa os dados de internações hospitalares por Síndromes Respiratórias Graves (SRAGs), incluindo suspeitos e confirmados com Covid-19 no município de Juiz de Fora de 26 de fevereiro a primeiro de agosto de 2020 (até 30ª. semana epidemiológica). Essa é a primeira edição em que também foram analisados números de atendimentos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de 1 de janeiro até 23 de agosto.
Evolução temporal das internações hospitalares
No período, 1.468 pessoas foram internadas com suspeita de Covid-19, sendo que 558 (37,6%) foram confirmadas com a doença por meio de testagem, e destes, 271 (49%) foram internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). O pico de internação pela doença ocorreu entre os dias 20 de junho e 20 de julho, com taxas de internação maiores que de outras SRAGs. A tendência após esta data foi de queda, com uma diminuição acentuada indo de em média três casos diários para um, tanto em enfermaria quanto em UTI. “A maior parte das internações são de idosos, mas na enfermaria, 57% de todas as internações foram na população da faixa etária entre 40 e 69 anos, ou seja, não é uma demanda exclusiva de idosos como poderia se imaginar”, alerta Isabel Leite, uma das autoras do documento.
Os óbitos são registrados nos municípios de origem dos pacientes, e até o dia 1º de agosto, eram contabilizados 117 óbitos, segundo dados da plataforma da Prefeitura de Juiz de Fora. No entanto, neste mesmo período foram contabilizados 183 óbitos hospitalares confirmados para Covid-19, ou seja, um número 56% maior. “Portanto o número de óbitos relativos aos internados é mais alto que os registrados para os residentes de Juiz de Fora, ou seja, essas internações também captam pacientes da macrorregião”, esclarece Isabel, esses óbitos ocorreram na rede hospitalar de Juiz de Fora e são importantes em termos de gestão e regulação. “Os dados desta nota são importantes porque mostram o que o profissional da linha de frente lida no dia a dia, seja gerenciando vagas hospitalares ou lidando com os pacientes internados por Covid-19, seja os de enfermaria ou os de UTI.”
915 atendimentos pelo Samu por suspeita de Covid-19
Com relação aos 32.000 atendimentos pelo Samu no período de 01/01/2020 a 23/08/2020, observa-se que 10% foram por síndromes respiratórias, dos quais 915 classificados como suspeita ou caso confirmado de Covid-19. A predominância foi de idosos. Após a décima primeira semana epidemiológica, foi constatado um aumento de 48% no número médio semanal de atendimentos por síndromes respiratórias.
Ao avaliar os 3.293 atendimentos por síndromes respiratórias (dispneia, desconforto respiratório, suspeita de Covid-19) e febre, os pesquisadores observaram um perfil semelhante ao dos atendimentos por todas as causas em relação a sexo, transporte e risco inicial. A microrregião de Leopoldina assume o segundo lugar em número de atendimentos e ocorre um aumento na frequência de atendimento de idosos (acima de 60 anos). Deve-se destacar que este número é aproximadamente 10% do total de atendimentos do Samu no período considerado. “Quando analisamos os atendimentos de Samu, o grande destaque é que a partir da décima primeira semana epidemiológica foi constatado um aumento de 48% no número médio semanal de atendimento em função de síndromes respiratórias. Então não só na internação, mas no serviço de urgência Móvel, que abarca uma grande população da Macrorregião Sudeste, a síndrome respiratória tem representado grande impacto”, aponta Isabel.