Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícia

Data: 28/08/2020

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2020/08/28/em-live-prefeito-autoriza-retorno-do-internato-e-estagio-de-estudantes-da-area-da-saude-de-faculdades-privadas-em-juiz-de-fora.ghtml 

Título: Em live, prefeito autoriza retorno do internato e estágio de estudantes da área da saúde de faculdades privadas em Juiz de Fora

Em live transmitida na manhã desta sexta-feira (28) nas redes sociais, o prefeito Antônio Almas (PSDB) anunciou o retorno das atividades presenciais de internato e estágio para os estudantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia da rede privada de ensino.

O retorno ocorre a partir da próxima terça-feira (1º) e é válido apenas para os alunos que estão no último ano da graduação. Aulas práticas e outras atividades presenciais fora do internato ainda seguem suspensas.

O retorno era uma demanda pedida pelos estudantes da área de saúde em diversas transmissões nas redes sociais. Durante a live, o prefeito avaliou a importância desta prática a afirmou que “a pandemia se enfrenta, na sua essência, com profissionais de saúde”.

As práticas do internato e estágio clínico do final da graduação foram suspensas nas faculdades particulares da cidade em março, seguindo a orientação dos órgãos de saúde e dos governos estadual e municipal para enfrentamento a pandemia de Covid-19.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 28/08/2020

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/28-08-2020/prefeitura-autoriza-internato-de-alunos-da-saude-da-rede-privada.html 

Título: Prefeitura autoriza internato de alunos da saúde da rede privada

Os alunos dos cursos de medicina, farmácia, enfermagem e fisioterapia de faculdades privadas poderão retomar, a partir da próxima terça-feira (1º de setembro), o internato de último ano da graduação. A medida foi anunciada nesta sexta-feira (28), pelo prefeito Antônio Almas (PSDB), em transmissão ao vivo pelas redes sociais da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Entretanto, as aulas práticas dos alunos de saúde, que normalmente acontecem em ambulatórios das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), seguem vedadas. O internato é um estágio realizado por graduandos em saúde por meio de convênio entre a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora e as faculdades.

De acordo com Almas, a retomada do internato coloca-se como coerente neste momento. “Na área de saúde, não podemos ter um vácuo na formação de profissionais, inclusive porque a pandemia se enfrenta, em sua essência, com os profissionais de saúde. Utilizaremos 54 UBSs para acolher os alunos, e, também, com a preocupação de poder dar garantias de segurança ao estudante ao fazer o estágio. Por outro lado, que fique bem claro, o que foi acertado é que só participará do estágio o aluno que assim o desejar. O aluno que não quiser, por vontade pessoal, não poderá ser obrigado a participar. Ele retardaria, assim, dentro da sua perspectiva, o seu tempo de formação.”

Em relação aos estudantes de saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o retorno do internato será ainda deliberado pelo Conselho Superior (Consu), conforme o prefeito. “Já a UFJF, que tem um processo diferenciado por conta de sua própria estrutura, depende da autorização do Consu para essa atividade, que deve se reunir e deliberar sobre o assunto. Cada faculdade vai fazer o seu processo, mas o internato já estará liberado.”

Também durante a live desta sexta, o prefeito falou sobre as flexibilizações que passam a valer neste sábado, como a autorização de consumo interno em bares e a realização das feiras livres da Avenida Brasil e da Praça Antônio Carlos. Ele anunciou, ainda, que os parques municipais podem ser liberados para a prática de atividades físicas individuais a partir de semana que vem.

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Veículo: Brasil de Fato

Editoria: Educação

Data: 29/08/2020

Link: https://www.brasildefato.com.br/2020/08/29/apos-8-anos-universidades-federais-ainda-lutam-contra-fraudadores-da-lei-de-cotas 

Título: Após 8 anos, universidades federais ainda lutam contra fraudadores da Lei de Cotas

Fruto de uma longa campanha do movimento negro, a Lei 12.711, que estabelece a adoção de cotas raciais nas universidades federais, foi promulgada em 29 de agosto de 2012, a fim de democratizar o acesso às salas do ensino superior. Oito anos depois, a legislação se consolidou como importante política afirmativa, mas as instituições seguem lutando contra os não-negros, que ainda tentam fraudar o sistema.

“Essa foi uma vitória que mudou radicalmente a sociedade. Não é só a presença de pessoas negras, tem a ver com o impacto na pesquisa, na graduação e na pós-graduação, mas principalmente no tipo de conhecimento que é produzido pela população negra”, afirma Cássia Virginia Bastos Maciel, pró-reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

::Ano perdido? Vestibulandos enfrentam dificuldades para estudar em meio à pandemia::

“É um caminho incontornável, não há mais volta, a política de cotas é importante para a sociedade. É fundamental para que a universidade cumpra o seu papel social. Nós vivemos agora um momento de pandemia e temos visto como a universidade, apesar dos ataques sofridos, se mostra importante na oferta de soluções, e pessoas negras estão inseridas nesse processo”, finaliza Maciel.

Na outra ponta desta análise, está o combate às fraudes. As vagas são acessíveis para toda pessoa que se autodeclarar negra. Porém, a falta de fiscalização facilitava a vida dos fraudadores. Foi então, que em abril de 2018, foi publicada a Portaria Normativa nº 4, de 2018, que determinava a adoção do procedimento de heteroidentificação para legitimar o candidato às cotas.

Cada universidade passou, então, a formar bancas com cinco pessoas, todas experientes em temáticas raciais, “garantindo que seus membros sejam distribuídos por gênero, cor e, preferencialmente, naturalidade”, conforme explica a portaria. Esses órgãos fiscalizadores fizeram com que, desde então, o número de denúncias disparassem.

Foi possível confirmar, via Lei de Acesso à Informação (LAI), que na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, por exemplo, houve 92 denúncias de fraudes às cotas raciais em 2018. No ano seguinte, 2019, o primeiro com a aplicação da heteroidentificação, foram 105 casos suspeitos. Já em 2020, até o dia 22 de junho, a banca já havia analisado 152 possíveis fraudadores. O total são de 349 investigações de inscrições questionáveis.

::Exclusão digital e precarização do ensino: as dificuldades da educação à distância::

A UFJF não informou, na resposta da LAI, quantos, dos 349 casos, foram confirmados. Ainda de acordo com a entidade, os estudantes que forem flagrados fraudando o processo de acesso às cotas raciais terão suas matrículas canceladas e serão expulsos da instituição.

Outras universidades também apresentaram altos índices de denúncias desde 2018, que foram analisadas pelas bancas nos estados, como na Universidade Federal do Maranhão (197); Universidade Federal de Goiás (125); Universidade Federal do Mato Grosso (110); Universidade Federal do Ceará (98); e Universidade Federal de Ouro Preto (80).

Maciel lembra que o critério para aceitação do candidato é fenótipo, e que candidatos que perdem a vaga estão indo à Justiça “alegar ancestralidade e consanguinidade”. Por outro lado, a pró-reitora admite que há tentativas de fraude. “Tem situações em que pode haver um desconhecimento, mas tem outras que é dolo. São pessoas brancas que querem participar do processo e, inclusive, manipulam, seja no penteado do cabelo, maquiagem e até bronzeamento do sol”, explica.

Gravidade

Para Marcilene Garcia de Souza, pesquisadora de Relações Raciais e Ações Afirmativas e professora de sociologia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), os mecanismos de fiscalização de possíveis fraudes são importantes e devem ser mantidos.

::Mulheres negras são as mais afetadas pelas condições impostas pela pandemia::

“Quando um jovem branco ocupa a vaga de um negro, um negro deixou de entrar. Então, a gente está falando, sim, de algo que é muito grave, que é o racismo, mas também de crime de falsidade ideológica. O racismo institucional reproduzido nas instituições e no judiciário é de não reconhecimento de que aquele individuo cometeu uma fraude grave. Porque é um jovem branco, passa por equivocado: ele ‘não teve a intenção’, ele ‘achou que era pardo’, ele ‘sempre se viu negro’. Quando a gente sabe muito bem que as pessoas negras sabem o que é ser negro todos os dias, diuturnamente, nesse país”.

Souza, que em seu doutorado estuda as cotas raciais nas universidades e concursos públicos, tem acompanhado as bancas de heteroidentificação para confirmar os métodos dos órgãos fiscalizadores.

“Se você fizer um dado estatístico sobre as instituições que tem cotas raciais há 10 ou 15 anos, ou mesmo as que têm há 8 anos, elas estão construindo agora a estratégia de banca de heteroidentificação. E ainda quando essas instituições dizem ‘vamos fazer’, há um burburinho dentro dessas instituições, como [dizendo] ‘que absurdo’, ‘vai constranger’. Constranger quem? As pessoas brancas, porque os negros estão acostumados a serem constrangidos todos os dias”, critica a pesquisadora.

Embora a Lei de Cotas estivesse estabelecida, em alguns cursos não se notava a presença dos alunos negros, como lembra a vice-diretora do Instituto de Química da UFBA, Bárbara Carine Soares Pinheiro, que integra o Comitê Contra Fraudes nas Cotas Raciais autônomo da universidade.

“Os estudantes notavam que existiam uma reserva de vagas, mas não se percebia esse enegrecimento dos cursos. Por exemplo, havia 10 vagas no curso de Medicina, mas as pessoas não sabiam explicar quem eram esses estudantes que entraram nessas 10 vagas. Foi um fenômeno que ocorreu nos cursos mais concorridos como Direito, Medicina e Engenharia.”

A democratização da universidade brasileira precisa seguir seu curso, expressa Pinheiro, que pede continuidade no combate às fraudes. “Isso significa possibilitar acesso de pessoas que historicamente tiveram suas possibilidades retiradas, solapadas. Essas possibilidades de um povo que não vai só, que é coletivo. Quando uma pessoa negra se projeta, toda sua rede se projeta junto com ela”, encerra.

Edição: Mauro Ramos

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Veículo: FDR

Editoria:

Data: 29/08/2020

Link: https://fdr.com.br/2020/08/29/ufjf-define-calendario-para-aulas-remotas-deste-semestre/ 

Título: UFJF define calendário para aulas remotas deste semestre

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou na semana passada o novo calendário acadêmico para o início do ensino remoto emergencial dos cursos de graduação. A modalidade foi aprovada pelo Conselho Superior (Consu). As aulas na universidade foram interrompidas em razão da pandemia do coronavírus. 

As aulas na universidade retornam na modalidade de ensino à distância. A instituição deve atender aos estudantes nas diferentes condições sócio-familiares, visando a facilidade de acesso e à melhor qualidade de ensino.

A pró-reitora de Graduação, Maria Carmen de Melo, explica que o cronograma foi amplamente discutido pelos representantes da UFJF. O calendário acadêmico foi aprovado pela maioria dos conselheiros tanto do campus-sede quanto do campus avançado de Governador Valadares.

“Os estudantes devem ficar atentos para os prazos apresentados no calendário, como, por exemplo, a confirmação da matrícula, a escolha das disciplinas que deseja cursar e o período que as coordenações de cursos têm para fazer os ajustes”, aponta a pró-reitora.

De acordo com o Conselho Superior (Consu) da UFJF, a realização do ensino remoto seguem as orientações de proteção à saúde.

Calendário acadêmico de aulas remotas da UFJF

Segundo o documento oficial divulgado pela UFJF, as atividades não-presenciais do primeiro semestre letivo de 2020 começam no dia 21 de setembro e vão até 27 de novembro.

De 17 e 21 de agosto, está previsto o cadastramento de estudantes e de docentes para acesso às plataformas virtuais. O procedimento é feito pelo Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO).

Entre 18 de agosto e 4 de setembro, os departamentos vão indicar quais disciplinas serão oferecidas no primeiro semestre. Os horários das turmas serão divulgados em 11 de setembro.

De 12 a 16 de setembro os estudantes vão selecionar as disciplinas oferecidas de forma remota. E também assinar o termo de gravação das atividades simultâneas.

O período de ajuste de matrículas começa em 16 de setembro e vai até o dia 30 do mesmo mês. Nessa etapa, os estudantes terão a oportunidade de se matricular em outras disciplinas curriculares, desde que haja disponibilidade de vagas.

O segundo semestre letivo especial de 2020 tem previsão de início em 14 de dezembro e de término em 22 de março do ano que vem. O calendário é válido para os campus de Juiz de Fora e Governador Valadares.

Apesar das atividades on-line serem uma alternativa para a continuidade do ensino, os estudantes podem requerer o trancamento da matrícula.

Nesse caso, é necessário justificar a impossibilidade do acompanhamento das atividades remotas, sem a necessidade de apresentação de documentação comprobatória.

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Veículo: Acessa.com

Editoria: Cidade

Data: 29/08/2020

Link: https://www.acessa.com/cidade/arquivo/noticias/2020/08/28-comite-aprova-retorno-funcionamento-bares-feiras-livre-juiz-fora/ 

Título: Comitê aprova retorno do funcionamento de bares e feiras livres em Juiz de Fora

Em transmissão ao vivo nesta sexta-feira, 28 de agosto, realizada pelas redes sociais, o prefeito Antônio Almas abordou as alterações no funcionamento de alguns setores, diante das mudanças realizadas pelo programa do governo estadual “Minas Consciente”. O funcionamento de academias de ginástica, atividades esportivas, recreação e clubes estava inserido na “onda verde”, bem como agências de viagens. Mas o estado antecipou autorização para retomada dessas atividades na “amarela”, onde Juiz de Fora está no momento. Com isso, é permitido o retorno dessas atividades, obedecendo todos os protocolos de segurança exigidos no programa.

Entre as regras estabelecidas para reabertura de estabelecimentos do setor esportivo, por exemplo, estão limitação de um usuário a cada 10m²; horário agendado para prática dos exercícios; fechamento e limpeza completa da academia a cada duas horas; disponibilização de profissionais para higienização de equipamentos, após cada utilização; instalação de termômetro na porta, para aferir temperatura dos usuários; posicionamento de equipamentos de forma que permita a distância mínima de três metros entre os praticantes; e aplicação dos demais protocolos sanitários vigentes.  “Precisamos que tanto os estabelecimentos quanto os usuários se comprometam com a segurança, para não acontecer igual em outras cidades, que têm efeito ioiô (quando abre, aumenta os casos da doença, e é obrigado a fechar novamente). Não teremos nenhum pudor de tomar atitudes mais restritivas, se os índices sanitários e epidemiológicos piorarem”, enfatizou Almas.

As atividades esportivas e de recreação e lazer, cujos protocolos estão estabelecidos no programa “Minas Consciente”, foram liberadas, exceto a locação de campo ou quadra de futebol. Como não há protocolo para a abertura de clubes, a Prefeitura publicará decreto com as regras de funcionamento do setor.

Bares poderão funcionar

Na reunião realizada na noite desta quinta-feira, 27, o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 definiu que os bares poderão voltar a funcionar para consumo interno, inclusive com venda de bebida alcoólica. Os estabelecimentos poderão atender das 10h às 22h, durante todos os dias da semana, sem entretenimento, resguardando que todos os clientes estejam sentados e que seja garantido o espaçamento de dois metros entre as mesas. “Vamos todos ser responsáveis nesse momento. Nosso principal objetivo é evitar aglomeração e a propagação da doença. Por isso, dou um recado para a meninada: é através da responsabilidade de cada um que vamos conseguir avançar, e não retroceder”, reafirmou o prefeito.

Setor de eventos poderá funcionar na mudança de onda

De acordo com o “Minas Consciente”, o setor de evento está inserido na “onda verde”. Os protocolos já estão prontos, aguardando a mudança de “onda” para liberação do setor. Além disso, a Prefeitura está na iminência da implementação da Lei “Aldir Blanc”, que destinará R$ 3,5 milhões para o setor cultural da cidade. A mesma lei prevê série de facilitações no uso de recursos bancários para realização de investimentos por parte das grandes empresas do setor. A PJF está aguardando regulamentação estadual para seguir com os trâmites necessários.

Além disso, a Prefeitura está pagando a Lei “Murilo Mendes” e avaliando a possibilidade de lançar novo edital nos próximos meses. Há também recursos parlamentares que em breve serão destinados aos representantes da cultura, dependendo de autorização do Ministério do Turismo, para disponibilizar o edital.

Horário do comércio

Lojas de rua podem funcionar de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábado, das 9h às 13h. As galerias comerciais da região central estão liberadas para funcionamento das 9h às 18h (de segunda a sexta) e das 9h às 16h (aos sábados) e os shoppings podem funcionar diariamente de 12h às 20h. Academias que funcionam dentro de shoppings devem obedecer ao horário de funcionamento do mesmo. As demais podem estabelecer horário próprio para funcionar.

Internatos retomam dia 1º de setembro

Estudantes da área da saúde estavam questionando sobre a volta dos internatos, que são atividades presenciais de estágio. A partir do dia 1º de setembro, alunos dos cursos de medicina, farmácia, enfermagem e fisioterapia das faculdades particulares, que estejam cursando o último ano do curso, poderão voltar às atividades. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) depende do Conselho Superior (Consu) para autorizar a volta dessas atividades. Neste primeiro momento, a atuação deverá ser cumprida em 54 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Esse estágio é voluntário e supervisionado.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 30/08/2020

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/30-08-2020/jovens-se-unem-para-comprar-casa-para-familia-no-nova-era.html 

Título: Jovens se unem para comprar casa para família no Nova Era

Adriana e João, catadores de materiais recicláveis, mais seis filhos e uma netinha chegaram a Juiz de Fora em 2009, vindos do interior da Bahia em busca de uma vida melhor e do sonho de ter uma casa própria. Lá, a vida era muito mais difícil, ganhando R$ 15 a cada quinzena, tornando o cotidiano insuportável para uma família com nove bocas para serem alimentadas, com apenas um R$ 1 por dia. “Na Bahia, a gente só tinha serviço na roça ou trabalho na casa de família, onde ganha pouco. Quando a gente chegou em Juiz de Fora, a gente gostou muito mais, e resolvemos que é aqui mesmo que vamos ficar”, diz Adriana.

As tribulações e a carência de oportunidades obrigaram a família a se refugiar numa casa abandonada, resto de demolição, no Bairro Nova Era, na Zona Norte. Dois quartos (sendo um da galera, como afirma Adriana sobre onde dormem todos os filhos e a neta juntos, para não sentirem frio), sala, cozinha e banheiro. As sobras desse imóvel não têm proteção no frio, e ele fica ao lado de um córrego, cercado por mato e entulho. A situação da família é agravada pela falta de água e energia elétrica e pela dependência de doações de alimentos.

“Em onze anos, trabalhamos com recicláveis e, com isso, graças a Deus, hoje já tem alguns que já estão mais ou menos criados, vendendo papelão”, orgulha-se a mãe. Ela conta que já houve ocasião em que pensou em desistir e voltar para o lugar de onde veio. “Já teve um dia que quase fomos morar na rua, e eu tive que andar na cidade com esses meninos tudo, para conseguir passagem para a gente voltar”, diz entre lágrimas, afirmando que o sonho “é ter um teto que fosse nosso”.

ONG faz vaquinha para arrecadar R$ 100 mil

Essa história de Adriana e sua família foi parar na ONG Engenheiros Sem Fronteiras, que se sensibilizou e, atualmente, promove uma iniciativa em parceria com a Associação de Apoio a Crianças e Idosos (AACI) com o propósito de dar um lar para a família.

De acordo com a estudante de engenharia civil, Amanda Godoy, de 20 anos, que integra a ONG, uma equipe do Engenheiros Sem Fronteiras visitou o imóvel de Adriana e percebeu que a reforma da casa não seria viável, uma vez que a família não tem outro lugar para permanecer durante o período da obra, além de não ter a posse do terreno.

“Onde eles habitam não chega a ser uma casa. Na verdade, é um resto de demolição que ficou no local, e a família ocupou. A fim de evitar problemas com a questão de usucapião e até para que não sejam retirados de lá posteriormente à reforma, decidimos realizar uma vaquinha com valor mais alto, com o objetivo de comprar uma casa para a família, que seria mais espaçosa para abrigá-los, já que são nove pessoas dividindo dois quartos. O sonho deles é ter mais quartos para, pelo menos, dividir entre meninos e meninas”, conta Amanda.

A Ong Engenheiros Sem Fronteiras funciona em parceria com a UFJF, onde fica a sua sede, com integrantes das faculdades de Arquitetura e Engenharia, que elaboram projetos para comunidades e pessoas em situação de vulnerabilidade social, contribuindo também para a formação dos estudantes. A ONG faz parte de uma rede mundial, e, aqui no Brasil, existem 70 núcleos, incluindo o grupo em Juiz de Fora.

“Se fosse apenas reforma, a ONG iria estar à frente, bancando os custos, mas como isso, a princípio, foi descartado, estamos promovendo a vaquinha e, dependendo do valor arrecadado, será avaliado o que melhor poderá ser feito. Temos ainda um apoio jurídico, que está avaliando a questão do usucapião”, explica Amanda, acrescentando que o teto da vaquinha é de R$ 100 mil.

No momento em que essa matéria estava sendo escrita, o valor arrecadado era de R$ 7.940, e a campanha ainda tem dois meses pela frente. Para ajudar a concretizar o sonho de Adriana e sua família, o interessado deve acessar a vaquinha neste site.

Solidariedade e aprendizado

Atualmente, Adriana, João, seus filhos e a netinha são ajudados pela AACI, que fica ao lado do local onde eles habitam. Conforme Amanda, a água e a luz de que dispunham eram de uma borracharia localizada em frente ao imóvel, mas isso acabou, e esse suporte está sendo oferecido pela AACI.

“Adriana e João vieram da Bahia para trabalhar como catadores de material reciclável, porque, segundo eles, essa atividade aqui era mais lucrativa. Mas, depois de um tempo, conseguiram emprego em dois supermercados e recebem salário mínimo, mas ainda é apertado para sustentar toda a família. Dois filhos já são maiores e estão desempregados”, ressalta Amanda, que está no quinto período da faculdade.

“Esse trabalho voluntário, no qual estou há seis meses, é muito importante, porque usar o que aprendo na faculdade para ajudar essa família é gratificante demais. Ver a felicidade deles em nos receber, sabendo que estamos ali para ajudá-los, porque existe um grande descaso, é de dar contentamento”, alegra-se a estudante.

Em razão do home office e dos cuidados para a evitar a proliferação do corovanírus, a reportagem não conseguiu falar com Adriana e seus familiares. As falas dela que aparecem na matéria foram retiradas do documentário Catadores de Sonhos: Casa de Papelão, produzido pela Maooe Comunicação e Marketing,  divulgado em versão reduzida no próprio site da vaquinha e inteiro no canal da produtora no YouTube.

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Veículo: O Tempo

Editoria: Diversão

Data: 31/08/2020

Link: https://www.otempo.com.br/diversao/jose-luiz-ribeiro-do-grupo-divulgacao-de-jf-fala-sobre-dias-de-pandemia-1.2379050 

Título: José Luiz Ribeiro, do Grupo Divulgação, de JF, fala sobre dias de pandemia

Como tantos outros Brasil afora, o Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação, núcleo de ensino, pesquisa e extensão em artes cênicas de Juiz de Fora, foi surpreendido pelo advento da quarentena, decorrente da pandemia do novo coronavírus, que da China se espalhou para o mundo causando morte, medo e desolação. “Estávamos trabalhando o espetáculo ‘Despejo’, em cima da obra de Adoniram Barbosa. Tudo ficou inconcluso a partir daí”,  lamenta o fundador e diretor José Luiz Ribeiro, referindo-se precisamente ao mês de março, quando a primeira morte por Covid-19 foi registrada no Brasil. “A pandemia nos chocou com a condenação à inércia. O grupo tinha atividades todas as noites, e, às terças e quintas, todas as tardes”, relembra ele, sem disfarçar o desalento. “De repente, tudo parado. Faltou chão até nos enquadrar com o novo tempo”, reconhece Ribeiro, desgostoso. 

Mas num segundo momento, diante da iminência de um prolongamento maior da situação de distanciamento social, a companhia resolveu tentar usar a tecnologia a seu favor. “Assim, começamos a produzir lives integrando o grupo em seus três núcleos. Em três encontros semanais, vasculhamos o teatro e já ultrapassamos meia centena de edições, além de gravar poemas de Garcia Lorca, nosso patrono, mobilizando nossa turma”, diz Ribeiro. Os três núcleos a que ele se referem são o universitário, o de adolescentes e o voltado à terceira idade. Uma coisa boa que aconteceu em meio a um momento difícil, lembra Ribeiro, foi que a investida virtual acabou desencadeando em um reencontro com ex-membros da companhia – gente que hoje está radicada em outras cidades e até mesmo fora do país. “Passamos ter papo em entrevistas que mitigaram a saudade e acordaram diversos tempos”, diz, poeticamente, José Luiz Ribeiro. 

O GD, vale lembrar, está em atividade ininterrupta desde a sua fundação, em 1966, na antiga Faculdade de Filosofia e Letras de JF. É, portanto, contemporâneo de outros grupos emblemáticos do país, como o Oficina. Atuando desde então junto à UFJF, ao longo de uma trajetória pontuada por reconhecimento e prêmios importantes produziu mais de 200 espetáculos, tanto de dramaturgia autoral quanto encenações de clássicos universais – de medalhões como Federico Garcia Lorca, Maxsim Górki, Anton Tchekhov, William Shakespeare, Molière e Luigi Pirandello – e da lavra nacional, como obras de Nelson Rodrigues e Oswald de Andrade. Por ele já passaram nome que o Brasil inteiro conhece, como a jornalista Leda Nagle e Sueli Costa, para citar alguns.

Atualmente, operando em torno dos três núcleos citados, o GD também tinha programados, para este 2020, dois espetáculos para público adulto com o núcleo universitário, dois com a terceira idade e dois com o adolescentes. E, ainda, o resultado de uma oficina semestral, denominada “Mergulhão Teatral”, que se encerra com dois espetáculos – um deles seria o já citado “Despejo”. “Para o público infantil, teríamos uma temporada a partir de abril”, conta Ribeiro. Não bastasse, havia projetos de diversas oficinas englobando o fazer cênico. Ficaram no estaleiro.

Um dos mais recentes espetáculos da companhia foi “Sementes de Paixão”, que Rezende descreve como “único, contando a história a partir do pai de Paschoal Carlos Magno (1906-1980), Nicolau Carlos Magno, um grande influenciador do filho”. “De forma enviesada, contamos um pouco da história desse meu grande amigo que virou nome do nosso teatro municipal. Foi feito para a cerimônia de assinatura do decreto declaratório de Patrimônio imaterial do Município de Juiz de Fora”.

Ser considerado Patrimônio Imaterial, aliás, foi, para eles, um grande troféu. “Principalmente por ter vindo da cidade que elegemos para realizar a nossa história. E por sermos um grupo de teatro de voluntariado, que se dedica a uma arte efêmera que desaparece quando o espetáculo termina. Mas considero ser uma conquista após muitos anos de luta, às vezes, reconhecido e em outras não. Essa lei marcou uma resposta a um trabalho persistente que conseguiu vencer cinco décadas sem esmorecer”.

Para falar sobre os tempos de pandemia e a trajetória do GD, o Magazine conversou, via email, com José Luiz Ribeiro. Confira, a seguir, alguns tópicos da entrevista. 

Memória. Sempre tivemos cuidado com a memória do Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação. Desde 1966 organizamos pastas com recortes de jornais, fotos e gravações em fitas, que depois foram copiadas em outras mídias. Nossa memória audiovisual guardou algumas cenas esparsas em Super8, e a partir de 1985 todos os espetáculos passaram a ser gravados em fita e depois recopiados em DVD. Cada espetáculo possui um programa revista, além de uma coleção de maquetes cenográficas num trabalho desenvolvido junto a alunos da UFJF. Como objeto de pesquisa acadêmica nossos projetos foram bastante visitados originando vários TCCs. Além de nossa página no Youtube, temos, como livros físicos, “Grupo Divulgação – O Teatro Como Devoção”, de Márcia Falabella, integrante do grupo; “José Luiz Ribeiro: 50 anos de Teatro”, org. de Iêda Alcântara, ex-integrante e proprietária da editora Mutirô, e “Theatre Du Soleil e Grupo Divulgação: a aventura teatral possível”, obra produzida para o pós doutorado de Marcia Falabella, na Sorbonne – Paris III. Temos, ainda publicados os textos dramáticos: “O rei da quase tudo” de José Luiz Ribeiro, inspirado na obra homônima de Eliardo França, “A formosa menina que salvou o circo” de José Luiz Ribeiro. Em edições virtuais temos “Guairaká” e “Cadê”, também de  Ribeiro, para o público infanto-juvenil. Temos em arquivo em diversas mídias todas as trilhas sonoras compostas para os nossos espetáculos incluindo música de Suely Costa para “Bodas de Sangue”, de Lorca; “Cancioneiro de Lampião” inspirado em Nerthan Macedo, e “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meirelles. Maurício Tapajós, grande amigo do grupo, musicou Yerma, de Lorca. Existem muitos compositores juiz-foranos que musicaram nossos textos. Temos dois CDs gravados com músicas autorais.

Membros ilustres. É muito difícil falar sobre pessoas que construíram nossa história. Aliás, até que a pandemia nos aproximou bastante. A família de Suely Costa esteve muito presente. Dona Aparecida Costa, a mãe, era professora de música e identificava os tons da panela de pressão. Suely e suas irmãs Telma e Lisieux formavam um trio que se chamava “Trieto”. Estiveram em cena em “Cancioneiro de Lampíão”. Vez por outra a gente encontra Suely.  Já Maurício Tapajós volta e meia vinha para Juiz de Fora. Naquele tempo, tínhamos um festival famoso em Juiz de Fora, e tudo se irmanava num compadrio. Existe, em nossa cidade, o Largo do Cruzeiro, e, aos pés da cruz, a gente ouvia uma serenata de Mauricio e Suely, que, aliás, ficaram registradas num pequeno gravador. Já Leda Nagle era estudante de jornalismo. Naquela época, o grupo tinha muitos acadêmicos de comunicação, O grande orgulho de Leda, até hoje, foi ter feito um espetáculo, “Belmiro, Murilo e Pedro Nava”, com a presença de Murillo Mendes e de sua esposa, Maria da Saudade Cortesão, no Museu Mariano Procópio, em 1972. Como atriz, Leda ganhou prêmio de Melhor Coadjuvante em “A Morta”, de Oswald de Andrade, espetáculo considerado o melhor do Festival Nacional de Teatro Jovem. O grande comentarista esportivo da Globo Rogério Corrêa foi ator em diversos espetáculos, sendo muito aclamado pela criação do Robin, do Batman, em “As Aventuras do Tio Patinhas”, de Augusto Boal. Teve ainda a Arlete Heringer, hoje produtora da Globo, além de ter feito algumas participações em novelas. Também temos muitos que hoje são professores universitários, juízes e promotores que são lembrados com saudades do tempo do teatro. Na festa dos nossos 50 anos, conseguimos reunir gente do Brasil e do mundo. Essas lives, vez por outra nos permitem reencontrar e lembrar de causos que nos divertem.

Missiva de um titã. Sem dúvida ter percorrido o Nordeste indo de Pirapora a Juazeiro e depois até Belém do Pará na Barca da Cultura, um projeto de Paschoal Carlos Magno, em 1974, foi um momento muito rico para o grupo mergulhar na cultura brasileira. Existem pessoas que passam pelas nossas vidas e deixam marcas profundas. Mas, no campo do teatro, uma figura entrou na minha casa através de uma carta, na qual dizia se interessar pelo trabalho que eu fazia em Juiz de Fora. Uma reportagem no “Jornal de Estudos”, do Curso de Jornalismo, com o relato de um sangramento de úlcera, deu a Paschoal Carlos Magno o gancho para selar uma amizade recheada de projetos memoráveis relatados por telefone em altas madrugadas. Quantas propostas de montagens de um novo “Romeu e Julieta” e “Júlio Cesar” com direito a tradução de Pontes de Paula Lima. A emoção despertada pela carta deste titã do teatro brasileiro me fez chorar de emoção na solidão da minha casa de recém-casado, pois Malu, naquele dia, estava dando aula na Cultura Inglesa. Ler esta carta foi uma epifania. Por timidez, já havia passado por ele calado pela minha admiração por este gigante que moveu céus e terra pelo teatro do estudante. Depois desta carta, Paschoal passou a fazer parte do nosso cotidiano assistindo aos nossos espetáculos e roubando, no almoço, a pele do frango assado que não podia comer por recomendações médicas. Paschoal foi uma chave mágica que nos projetou no cenário nacional.

“Molecagens” a bordo. Nosso “Seis personagens à procura de um autor” estreou no Fenata, em Ponta Grossa, dando-nos uma vasta premiação. Em 1974, remontamos “Cancioneiro de Lampião” e seguimos na Barca da Cultura, um projeto de Paschoal, saindo de Pirapora a Juazeiro e depois até Belém do Pará, uma experiência que badernou nossa cabeça. Anos loucos em que o mágico queria denunciar que existia maconha a bordo, eu defendia os meus “atores anjos” desta acusação, enquanto eles jogavam no rio São Francisco, a prova do crime. Santa inocência do diretor que não percebia as molecagens do elenco revolucionário! 

Um certo exagero na cera. Os festivais nos projetaram, na casa de Ópera de Ouro Preto apresentamos muitos espetáculos, o circuito das cidades históricas viu o nosso Pirandello, “A Mandrágora”, num teatro restaurado por Ângelo Oswaldo, com um piso escorregadio de tal jeito que tínhamos que molhar a sola dos sapatos para não cair em cena. Aliás, não entendo:  por que os restauros enceram tanto o palco? Apresentar “Esta Noite se Improvisa” no Sesc Anchieta, templo de Antunes Filho, que está na minha história como um mestre longínquo que conheci com seu cachimbo no antigo SNT, junto com Beatriz Veiga, Cafezeiro e Maria Jacinta, também foi uma grande honra.

Nada de águas termais. As viagens anuais para o FestMinas nos levaram a descobrir uma Minas enorme, em que dormíamos a noite inteira no ônibus e chegávamos pela manhã para encontrar companheiros e mostrar nosso trabalho. Circular pelas cidades era privilégio do elenco. Ao diretor e abnegados, cabia a afinação da luz enquanto os atores deliciavam-se com as águas termais de Poços de Caldas. Dormir em escolas com vidros quebrados, em sacos de dormir ou em camas de campanha fazia parte deste tempo de desbravadores. Depois, em São José do Rio Preto, onde estivemos por mais vezes, pudemos dormir em hotéis depois de muitos alojamentos em hospitais fechados. Hoje, quando vemos a hotelaria integrando os gastos dos festivais, sentimos que aconteceu uma alforria.

Currículo (e um aperto para ficar na memória). Até agora, o grupo já fez 278 encenações dos mais diversos textos da dramaturgia universal e brasileira. Desse número, temos 171 textos criados para a companhia. Praticamente sou o dramaturgo de quase todos. Nesta trajetória, tivemos várias premiações. “Girança”, por exemplo, representou Minas Gerais no Festival Nacional de teatro. “A Escada de Jacó” arrebanhou o prêmio de dramaturgia, além de de um número expressivo de prêmios em diversos festivais nacionais. No campo das encenações, duas montagens da obra de Luigi Pirandello nos deram muita alegria: “Seis Personagens em Busca de um Autor” e “Essa Noite se Improvisa”, que figurou na lista dos melhores espetáculos do ano pela crítica do Rio  de Janeiro e de São Paulo. Quando o governo (Fernando) Collor entrou em cena, nossos recursos estavam na poupança. E, como todos se lembram, houve o confisco. À época, tínhamos uma produção infantil por fazer. Então, a saída foi reciclar figurinos, fazer máscaras de papier marché… E com muita raiva escrevi “Era Sempre Primeiro de Abril”, uma revista contando, em forma de humor, a trajetória de um farsante, que o público identificava com o presidente eleito. O público consagrou o espetáculo e nós conseguimos recompor nossa caixinha para futuras produções.

Outras realizações dignas de nota. O núcleo de terceira idade completou 25 anos e nossa metodologia está na “Cartografia do Teatro Brasileiro”. Há 35 anos, criamos dois projetos de formação de público: “O povo vai ao teatro” e “A escola vai ao teatro”. Hoje eles são projetos acoplados em um Escola de Espectador, que se tornou um projeto de extensão várias vezes premiados. O gosto pelo teatro dentro dessas escolas despertou muito interesse e incentivou a criação de muitos grupos.

A tal da sobrevivência. Não temos sede própria. Em 1971, o grupo foi selecionado como entidade cultural sem fins lucrativos, entre outras entidades, para ocupar o prédio da Faculdade de Direito, que foi para o Campus. Fizemos muitos projetos e desenvolvemos a extensão antes de ela ser contemplada pela UFJF. Como entidade sem fins lucrativos, passamos a desenvolver o trabalho com recursos próprios. A bilheteria dos espetáculos e as taxas de cursos nos permitiam fazer nossas montagens, uma vez que tudo do espetáculo era feito com o trabalho dos componentes do grupo. Nós serramos madeira, costuramos, produzimos o que é necessário em nossas oficinas. O trabalho de divulgação e outras funções administrativas são divididas por todos, assim como os aplausos, que alimentam nossa alma. Aos poucos, as outras entidades foram desaparecendo e restamos nós e o Coral Universitário. As novas normas da extensão não nos permitem cobrar nem dos cursos nem da bilheteria. Sobrevivemos de expedientes, como ações entre amigos e doações. 

A cultura no Brasil, neste momento. O teatro foi feito para unir os homens e espantar fantasmas. Hoje, aquele público que reunia uma cidade não existe mais. O teatro se dividiu em guetos e os espetáculos possuem menos espectadores. Um tempo de homens partidos. Nossos governantes são incultos e não se preocupam com a educação. O nosso povo está sendo cevado com migalhas que podem render votos, a barriga fala mais alto que o pensamento. O momento atual está eliminando o encontro com o humano. Nossa forma de comunicação é indireta e tecnológica. E quanto maior a tecnologia, mais necessária se faz a magia. Os números ocultam a vida. Como Shylock, de “O Mercador de Veneza”, argumentava que navios são tábuas, e tábuas afundam no mar, podemos dizer que vidas e mortes que se tornam números e perdem a essência do ser humano dando aos bárbaros o mando do mundo.

Cultura, essa palavra que abarca um universo.  A cultura é o repositório do saber de vivências. O tempo mudou e aos poucos a aculturação vai modificando e perdendo valores. Borraram-se as fronteiras e um país que não preserva seus valores, não ama suas histórias, perde a dimensão do mundo. Sem educação,sem canções e histórias, o mundo se torna vazio.