O Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes), que representa as 19 instituições de ensino superior públicas do estado, manifestou, na sexta-feira (14), o repúdio pela a ação de reintegração de posse desferida sobre as famílias de agricultores e agricultoras do acampamento da reforma agrária, Quilombo Campo Grande, da cidade de Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, durante o período de pandemia de Covid-19. O documento alerta sobre os riscos da ação para a saúde das 450 famílias que vivem e produzem no local.
O Foripes alertou o risco do despejo nesse contexto de pandemia da Covid-19, principalmente, pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) sobre a necessidade de distanciamento social. A manifestação dos reitores e reitoras destaca: “Em meio à crise de saúde pública, gerada pela pandemia de Covid-19, a ação de despejo pode provocar diversos impactos de ordem social, econômica e psíquica naquela comunidade, lançando-a numa situação de vulnerabilidade social ainda maior nesse contexto de crise em que o País já registra mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus”.
Conforme o documento do Foripes, o Acampamento Quilombo Campo Grande representa um dos maiores conflitos agrários do Brasil, que dura duas décadas e o despejo das famílias pode acarretar prejuízos para economia e abastecimento na região. Uma diligência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, realizada em em 2018, identificou que cerca “40 hectares de hortas, 60 mil árvores nativas e 60 mil árvores frutíferas, além da produção de oito toneladas de mel. A área ocupada pelo Quilombo é de cerca de quatro mil hectares. Novecentos são área de preservação. O restante, 3.100 hectares, tem 95% da terra transformada em área produtiva.”
O fórum encerra o documento com uma expressa manifestação de repúdio à violência e à ações para impedir a entrada de mantimentos e a cobertura da imprensa no local. E conclui: “Solidarizando-se com as famílias do Acampamento Quilombo Campo Grande, o Foripes requer das autoridades competentes a suspensão da reintegração de posse nesse período de pandemia, a garantia da vida e dos direitos fundamentais de todas as famílias acampadas”.