Berço de consagrados sambistas, Juiz de Fora guarda na história o nome de grandes talentos da música e possui o samba como um de seus principais bens culturais. Buscando registrar essa influência, o documentário “Vai Manter Tradição”, produzido pelo projeto de extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ponto do Samba, será lançado dia 1 de agosto. O filme estará disponível a partir das 14h no site do Polo Audiovisual da Zona da Mata. Logo após, às 19h, no canal do Youtube, acontece um bate-papo sobre seu processo de produção.
Gravado em 2019 nas cidades de Juiz de Fora e São João Nepomuceno, o documentário reúne músicas, registros de imagens e depoimentos de diversos personagens do samba como, Zezé do Pandeiro, Roger Rezende e Armando Fernandes, conhecido como Mamão, autor da música que dá título ao filme.
O coordenador do projeto e diretor do filme, professor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid/UFJF) Carlos Fernando Cunha, afirma que o nome “Vai Manter Tradição” é uma referência a música “Tristeza Pé no Chão”, composta por Mamão, mas que ficou conhecida na voz de Clara Nunes. “É um dos sambas que mais saiu da cidade, tomando projeção nacional e internacional, escrito por um compositor daqui. Aproveitamos essa frase, pois o filme tem a perspectiva de destacar a importante história do samba, desde o século XIX, início do século XX, até os dias atuais. Buscamos mostrar que a força não se perdeu e vai se manter ao longo das gerações”. O documentário ficará disponível no site do Polo Audiovisual durante 30 dias, após esse período ele será transmitido no canal de TV por assinatura, Prime Box Brasil.
“Vai Manter Tradição” foi produzido em parceria com a produtora de vídeos, Limonada Audiovisual, e é fruto de uma pesquisa já desenvolvida dentro o Ponto do Samba. A produtora executiva, Carolina Silva, afirma que, “toda pesquisa foi elaborada pelos alunos, junto com o Carlos, o coordenador. A Limonada foi responsável por entender essa pesquisa e realizar a captação dos entrevistados. Dividimos o filme pelos personagens mais antigos, as mulheres no samba e a nova leva de músicos. Procuramos fazer um resgate, conversar com essas pessoas, entender os contextos históricos, tudo com base na orientação da pesquisa feita pelo projeto”.
Cunha afirma que, apesar de não ter a pretensão de contar toda a história do samba na cidade, o documentário está inscrito nessa temática. “Falamos do momento da criação da primeira escola de samba em Juiz de Fora, a Turunas do Riachuelo, em 1934 e o filme acaba passando por diversas fases do samba na cidade. É uma produção que tem como forte o registro das memórias, dos personagens, e no coletivo o documentário acaba também contribuindo para essa história do samba na cidade e região”.
Um dos entrevistados, o sambista Roger Rezende afirma que manter viva a memória do samba de Juiz de Fora, é manter viva a história e a tradição da própria cidade. “Juiz de Fora sempre foi um grande celeiro de sambas e apresenta uma obra gigantesca, em qualidade e quantidade. É um universo fascinante que precisa ser ainda mais conhecido pelos juizforanos, por todo o país e por todo mundo, devido a esse potencial artístico cultural que detém. O documentário vai contribuir muito, pois retrata grande parte deste percurso, quanto a essa diversidade, musicalidade e criatividade, traduzida em riqueza e tradição cultural”.
O Ponto do Samba é um projeto de extensão da Faculdade de Educação Física (Faefid) da UFJF, criado em 2012. O projeto realiza atividades culturais, eventos, oficinas de percussão e desde 2014 passou a contar com o financiamento de emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão (PT-MG). Além de apresentações musicais, o projeto lançou dois CDs, disponíveis nas plataforma digitais, Spotify, Deezer e iTunes.