Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Educação
Data: 25/07/2020
Título: “Conselho Superior da UFJF aprova normas para a aplicação do ensino remoto no Colégio João XXIII”
Decisão foi tomada em uma reunião, realizada nesta sexta-feira (25). Os detalhes serão divulgados após a publicação da resolução.
Após reunião extraordinária nesta sexta-feira (24), o Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovou as normas para a implantação do ensino remoto emergencial no Colégio de Aplicação João XXIII, por conta da pandemia da Covid-19. Segundo publicação da Universidade, a reunião colocou duas propostas em votação, sendo uma delas o texto original, que será divulgado após a publicação da resolução. O texto recebeu 41 votos.
A segunda proposta, que recebeu seis votos, foi sugerida pelo coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Flávio Sereno. O coordenador apontou a importância do isolamento social e pediu a garantia do mesmo quando adotadas as normas de ensino remoto.
Segundo a UFJF, não houveram abstenções durante a votação.
A reunião
Na reunião de sexta-feira foi autorizado que os membros da Comissão de Educação Básica, que não fazem parte do Consu, acompanhassem as discussões.
A diretora do Colégio de Aplicação João XXIII, Eliete Verbena, começou a reunião apontando a necessidade da adoção do ensino remoto na instituição, ainda que o colégio fosse contra as mesmas no início da pandemia.
Questionado pelo diretor da Faculdade de Farmácia, Marcelo Silva Silvério, sobre o sigilo das plataformas a serem utilizadas, o reitor Marcus David garantiu que a Universidade está construindo um formato de proteção para os usuários.
Após a proposta apresentava pelo Sintufejuf, foi a vez da representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Luiza Gonçalves Lovisi Travassos, manifestar preocupação sobre os alunos que podem não ter acesso à internet para acompanhar as aulas remotas. Também foram citados estudantes com necessidades especiais, que não estão acostumados com o formato.
A preocupação também foi manifestada pela diretora da Faculdade de Direito, Aline Araújo Passos e pela diretora da Faculdade de Serviço Social, Alexandra Eiras.
Já a presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior (Apes), Marina Barbosa Pinto, apontou que o colégio conseguiu fazer um bom mapeamento das condições de acesso e das especificidades do ensino remoto emergencial.
Marina também mencionou a importância de uma discussão sobre a realização do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism).
As diretoras do colégio, Eliete Verbena e Margareth Conceição Pereira, apontaram que a responsabilidade pela falta de acesso não será atribuída aos alunos, e que o tema será tratado com cuidado para minimizar a desigualdade.
A votação foi realizada após um debate sobre os questionamentos apresentados pelo Sintufejuf.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 26/07/2020
Título: “Estudo identifica presença de 436 espécies de flora no Jardim Botânico”
Mapeamento foi publicado na revista Rodriguésia, do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio
A variedade da flora, presente no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), localizado na Mata do Krambeck, pode não ser facilmente notada a olho nu. Na verdade, pode até passar despercebida a amplitude de árvores, arbustos, ervas e outros tipos de vida presentes na região. Ao longo dos últimos anos, pesquisadores da UFJF se dedicaram a mapear todas as espécies que existem no local por meio de um estudo tão extenso quanto a ampla variedade de seres encontrados durante o trabalho.
No levantamento, o mais profundo realizado no Jardim Botânico até então, foram 436 espécies identificadas. Dessas, 404 (92,6%) são nativas, da Mata Atlântica, bioma de floresta tropical que envolve o espaço da UFJF. Outras 14 (3,2%) são espécies cultivadas, 11 (2,5%) exóticas e sete (1,6%) naturalizadas. Do total, dez delas estão ameaçadas de extinção, como são os casos da braúna, do cedro, do ipê-roxo e do pau-brasil, árvore nativa que se apresentava em abundância na mata.
A região do Jardim Botânico foi identificada como um corredor ecológico, como é chamada a faixa de vegetação que liga fragmentos florestais ou unidades de conservação impactados pela urbanização. No caso da floresta de Juiz de Fora, há características do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Embora ela seja bem representativa da floresta semidecidual, possui elementos que mostram a transição com a floresta ombrófila, que é característica do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo”, explica a pesquisadora Camila Neves, professora na UFJF e idealizadora do estudo. “Como corredor ecológico, a região tem uma área de importância biológica muito alta. O que é uma característica do município de Juiz de Fora, que liga a Serra do Mar à Serra da Mantiqueira”, complementa.
Apesar das semelhanças com outras áreas florestais do município, os 82,7 hectares de área preservada do Jardim Botânico, equivalentes a 116 campos de futebol, apresentam características próprias que diferem dos demais espaços. Entre elas, o formato de anfiteatro, pela inclinação do solo e presença de áreas planas, chamou a atenção dos pesquisadores. “Isso faz com que as encostas ao redor, pela declividade e a vegetação, gerem uma área central mais úmida. As áreas altas ficam mais expostas à incidência da luz solar. Isso cria uma vegetação bem típica destes dois ambientes, mais e menos úmidos. E essa estrutura é bem diferente de outros pontos da cidade”, esclarece Camila.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 26/07/2020
Título: “Documentário resgata personagens históricos do samba de JF e nova geração”
‘Vai manter a tradição – O samba em Juiz de Fora’: Documentário de Carlos Fernando Cunha revisita histórias da memória do samba local e encontra os novos nomes de uma cena que se transformou nas últimas décadas, mas nunca se calou
Quando chegou à casa de Flavinho da Juventude, logo ouviu: “Não canto mais, não quero saber de samba”. Conversa vai, conversa vem, Carlos Fernando Cunha, diante das câmeras que gravavam sua entrevista com o bamba, começou a entoar “Zumbi, rei negro dos Palmares”. O sambista veterano, que carrega a escola do Bairro Furtado de Menezes no nome, acompanhou. Fragilizado e entristecido, Flavinho se rendeu e cantou: “Oia Zumbi Muxicongo. Oia Zumbi. Que todos os deuses do Congo, em coro cuidem de ti”. Para o samba, na verdade, Flavinho nunca disse adeus. Nem haveria de dizer, já que é o próprio samba. Autor do enredo, em parceria com Zezé do Pandeiro e Roberto Medeiros, que deu o tricampeonato para a Juventude Imperial em 1973, ele assina e canta muitos outros estandartes do gênero na cidade. Um dos registros mais emocionantes de “Vai manter a tradição – O samba em Juiz de Fora”, a despretensiosa cantoria de entrevistador e entrevistado, da alegria do encontro à emoção do resgate, é ponto alto do documentário de 95 minutos que Carlos Fernando lança no próximo sábado, 1º de agosto, às 14h, na plataforma do Pólo Audiovisual da Zona da Mata.
O filme, feito em parceria com a produtora Limonada, de Belo Horizonte, permanecerá por um mês na plataforma mineira e seguirá para o canal por assinatura Prime Box Brazil. No dia de sua estreia, uma bate-papo, com direito a clima de boteco com histórias e batucadas, está programado para 19h, no canal de YouTube do pólo cinematográfico. Historicamente pouco documentado, o samba local tem, agora, seu passado revisitado junto do presente contextualizado. “Essa sempre foi uma perspectiva política, até, do Ponto do Samba, de privilegiar esses sujeitos que estão à margem do processo, pessoas que sempre foram importantíssimas para o movimento do samba em Juiz de Fora. Falar do Bacharéis (do Samba), do Flavinho (da Juventude), de Zezé do Pandeiro, de Mamão e de muitos outros é falar das nossas raízes. Como diz o Nelson Sargento: sem as raízes não conseguimos sustentar o tronco, muito menos os galhos, com as folhas e flores que frutificam”, explica o diretor Carlos Fernando Cunha.
Professor da Faculdade de Educação Física da UFJF, onde se ancora o projeto de extensão do Ponto de Samba, financiado com recursos de emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão, Carlos Fernando também é cria dessa tradição. Nascido no Rio Janeiro, em Juiz de Fora se fez sambista, pesquisador da memória do gênero e, agora, cineasta. O filme é seu muito obrigado. Reverência tanto aos que calçaram a estrada quanto aos novos, como Roger Resende e Juliana Stanzani, idealizadores do Ponto de Samba. “Por vezes a gente se pega tão pessimista, por todas as questões que vivemos atualmente, mas quando a gente ouve a juventude dá um alívio danado. Por isso o nome do documentário é ‘Vai manter a tradição’. O samba não morre, não vai morrer, não tem jeito. Essa tradição do samba em Juiz de Fora é muito forte. A gente que está aqui, muitas vezes, não tem essa noção. Eu, que sou carioca e vim para cá (pela primeira vez em 1998), tenho essa visão”, celebra o pesquisador, que espera disponibilizar na íntegra as entrevistas com cada um dos seus 26 personagens. As gravações irão compor o banco de depoimentos orais de um site ainda a ser lançado, criado pelo Núcleo de Memória da Educação Física, do Esporte e do Lazer da UFJF.
Ah, que samba bom!
O Rio de Janeiro, por muitos anos capital política, econômica e cultural do país, é uma influência não só em Juiz de Fora, mas em todo o Brasil. Do futebol à música, explica Carlos Fernando Cunha. Juiz de Fora, no entanto, tem sua singularidade nessa tradição de pandeiro e tamborim. “Ela é rica do ponto de vista harmônico, melódico e poético. Ela é muito variada e não se restringe a um ou dois artistas. A produção do samba aqui não é só o Mamão, que é o artista que se projetou por conta da música ‘Tristeza pé no chão’ que a Clara (Nunes) gravou na década de 1970. Ele mesmo tem uma obra maravilhosa ainda pouco conhecida”, indica o sambista e pesquisador sobre o autor da melancólica “Não vou dizer adeus”, de versos tão poéticos quanto imagéticos: “Quando despontar um novo dia, você vai ver a distância que existe entre nós. Eu e meu pandeiro, em pleno fevereiro, fazendo da avenida um terreiro pra sambar. Você vai chorar, sozinha no meio do povo a me procurar. Então, eu vou cantar, aqui é o meu lugar”.
É singular a construção do samba de Juiz de Fora, defende Carlos Fernando Cunha. “São muitos os sambas que falam do cotidiano da cidade, que usam um palavreado próprio, o panorama local. Alguns sambas produzidos aqui têm uma característica de ter letra triste, tom menor, mas cantado com grande felicidade. Ninguém canta ‘Ah se eu fosse feliz’ ou ‘Tristeza pé no chão’ triste. As pessoas cantam vibrando”, reforça o diretor do documentário que perpassa tais características e mergulha nas críticas política e social, na exaltação à felicidade, no humor e no amor que se mantiveram como temas ontem e hoje. As mulheres, por sua vez, sempre participantes, só agora encontram o protagonismo, como apresenta a narrativa do filme, ao contrapor a experiência de luta de Nely Gonçalves e a vivência de Alessandra Crispin com suas formações integralmente femininas. Num Cine-Theatro Central, a cantora reconhecida nacionalmente entoa com seu cavaquinho: “Malandro, pilantra, me larga na porta de casa e foge pro samba. Pensou que a notícia não ia chegar em casa, as miga do samba me deixam informada. O tempo fechou, te espero acordada. E não venha de caô, de momô pro meu lado, que eu vou te expulsar dessa vez do barraco. Eu não sou barranco pra homem encostado”.
O racismo, debatido amplamente nos dias que correm, sempre esteve na ponta da língua e nas palmas das mãos. Régis da Vila é prova. E com uma blusa com a inscrição “Samba não dá voto, mas derruba gigante”, Régis entoa: “Seu doutor, eu não acho isso legal, porque numa blitz só crioulo é que leva geral. Se não estiver em dia com a documentação, o coitado é humilhado e jogado no camburão. Na delegacia ele nunca tem vez, depois de entrar na borracha, é jogado no xadrez. Olha aí seu doutor! Seu doutor, eu não acho isso legal, porque numa blitz só criolo que leva geral. O pobre do negro vai ter que rezar forte, estão querendo implantar no Brasil a pena de morte. Meu Deus do céu, aí o bicho vai pegar, porque na cadeira da morte, só criolo e pobre vai sentar”. Vai mesmo manter a tradição de combate ao racismo, expressa na década de 1970 num enredo em homenagem a Zumbi e hoje narrada numa composição retirada das manchetes dos jornais.
Olha o samba aí, gente!
Antes bastante ligado às escolas de samba e aos morros da periferia, o samba de Juiz de Fora, como mostra o documentário, ampliou seu território. O enfraquecimento e a desarticulação das agremiações e de suas quadras propiciaram o surgimento de nomes em outros cantos. Para Carlos Fernando Cunha, o fenômeno mostra a força do próprio gênero, que conseguiu romper os limites das instituições e se garantir à revelia da decadência desses espaços. “Filho de uma escola, a Vila Isabel, no Rio de Janeiro, considero as escolas de samba, ainda, o principal celeiro do samba. Não existe nada, em termos de formação de um sambista, do que o terreiro de uma escola”, adverte. Segundo ele, projetos surgidos em anos recentes na cidade, como a roda didática de choro desenvolvida pelo clarinetista Caetano Brasil e o Bloco Guerreiras de Clara, formado só por mulheres – além do Batuque na Roda, de Fabrícia Valle, a oficina Paticumbum, do Ponto de Samba, e a Oficina de Ritmos Brasileiros do Parangolé Valvulado – mostram a revitalização de uma cena que nunca esteve em silêncio. “Estamos num momento de passagem do bastão.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 26/07/2020
Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/26-07-2020/__trashed-57.html
Título: “Tecnologia encurta distância entre idosos e familiares na quarentena”
Juiz-foranos criam alternativas para manter contato com pessoas queridas durante a pandemia
O isolamento social tem causado uma avalanche de emoções e afetado, principalmente, a saúde mental das pessoas. No caso dos idosos, a falta de interação pode torná-los mais tristes e ansiosos. De acordo com a psicóloga Cleide Campos, o ideal é aprender novos hábitos para se manter ativo na quarentena e evitar a solidão. “Tentar manter a rotina diária ajuda a regular o relógio biológico e aumenta o bem-estar, proporcionando sensação de segurança e reduzindo o estresse e a ansiedade.”
Os meios de comunicação se tornaram, neste momento, grandes aliados. Além da televisão, as redes sociais estão servindo de apoio para muitos idosos, que conseguem, através do celular, se comunicar com filhos, netos e amigos. Este é o caso da aposentada Dalva Luzia de Almeida Domingues, 76, que passou a interagir com a família e os amigos pelos aplicativos de conversa, método também utilizado para falar com a neta que está em São Paulo. “Eu interajo muito com ela através de vídeo, a gente brinca com vários jogos. Vejo meu filho e minha nora, trocamos várias receitas. Eu gosto muito dos joguinhos on-line. A televisão também é minha companheira. Eu não vejo o dia passar.”
Já a aposentada Maria Helena de Oliveira, 70, que é religiosa, precisou se adaptar ao novo ritmo imposto pelas igrejas, que passaram a transmitir as atividades através das redes sociais e também pela televisão. “Nunca faltava às missas, sempre participava do ofertório e ajudava nos preparativos da celebração. Sinto muita falta dessa rotina. Sempre viajava para a Canção Nova e infelizmente tive que parar. Continuo assistindo pela televisão e evito ficar distante”, conta Maria Helena.
Além das redes sociais, praticar outras atividades pode ser um ponto positivo. A aposentada Aurora Maria, 88, avó de cinco netos e um bisneto, também se comunica através dos aplicativos de vídeos e aproveita seu tempo ocioso para fazer crochê. O hobby, que carrega ao longo dos anos, tem sido seu aliado neste momento. “O crochê me distrai, faço há muitos anos. Descobri com a minha filha que aprendeu na escola. É muito bom ter essa função, porque acaba me divertindo. Minhas netas adoram as toalhas que faço, sempre mostro para elas pelo celular. É um jeito que achei de manter a conversa em dia”, ressalta a aposentada.
Lares de idosos usam a tecnologia a seu favor
A tecnologia tem sido fundamental para estreitar os laços entre os residentes e seus familiares. No Lar dos Idosos Santa Luiza de Marilac, no Bairro Furtado de Menezes, Zona Sudeste de Juiz de Fora, as visitas e as saídas foram cortadas para evitar o contágio do vírus. Hoje, cerca de 28 idosos recebem tratamento diário dos funcionários. De acordo com a diretora geral, Sônia Elizabeth Perdigão Neves, os próprios cuidadores têm ajudado com a comunicação e emprestado os celulares para fazer as videoconferências. “A tecnologia, de fato, é nossa aliada neste momento. Quando é aniversário de algum idoso, fazemos videoconferência com as famílias. As aulas de educação física, que eram todas as segundas-feiras, estão sendo on-line. Oferecemos também cinema e brinquedoteca. Temos ocupado, pelo menos uma vez na semana, a cabeça deles com atividades virtuais para ajudá-los.”
Já a Pousada Maria Veiga, no Bairro Novo Horizonte, na Cidade Alta, em Juiz de Fora, além de criar protocolos de saúde, passou a trabalhar com a saúde psicológica dos idosos. Segundo o gestor da pousada, Henrique Honório, o primeiro passo foi comunicar aos idosos e a família sobre as mudanças. “Nós passamos a trabalhar intensamente com as atividades internas, para amenizar a saudade, por isso as chamadas de vídeo têm sido constantes. Proporcionar isso, nem que seja através do celular, é fundamental para que a família tenha certeza de que os idosos estejam bem.”
Ainda sobre novos procedimentos, a pousada introduziu em suas dependências o protocolo da “visita por vidro”, que possibilita ao idoso ver seus familiares, para amenizar a saudade. Os encontros são agendados e assistidos por um colaborador da pousada, cada idoso tem direito a um por semana. De acordo com Henrique, serão cinco visitas diárias, com limite de cinco minutos para cada residente.
“Fazemos um intervalo de cinco minutos a cada visita, a fim de evitar aglomeração na entrada da pousada. Dentro desse intervalo, realizamos a desinfecção do vidro e o manejo do próximo residente a receber a visita. Além disso, os visitantes devem vir de roupas limpas e direto de sua residência, evitando a contaminação no caminho”, pontua o gestor.
UFJF elabora estudo com pessoas acima dos 60
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Universidade Católica de Brasília (UCB), propôs um estudo com os idosos (pessoas com 60 anos ou mais) para entender o comportamento desta faixa etária em meio à pandemia. De acordo com o professor do Departamento de Psicologia da UFJF, Altemir Barbosa, pesquisar sobre os idosos em tempos de graves crises pode gerar conhecimentos muito importantes. “Podemos aprender com a experiência deles, pois já passaram por situações análogas. A gripe espanhola, por exemplo, teve um ápice no final da segunda década do século passado. Só idosos centenários vivenciaram esta pandemia. Todavia, muitos têm memórias de relatos de pais e/ou avós sobre esta gravíssima crise em saúde”, destaca Altemir.
O estudo abrange tanto os aspectos que podem mostrar possíveis problemas causados ou agravados pela pandemia quanto os pontos fortes. Segundo Altemir, a intenção é compreender alguns aspectos psicológicos. “Os idosos são um grupo heterogêneo, uma etapa do curso de vida bastante ampla, que inclui indivíduos com características muito distintas. É preciso superar o estereótipo do idoso com problemas cognitivos e dificuldades de locomoção apoiado em uma bengala. Este perfil não corresponde à maioria dos idosos. Muitos têm características diametralmente opostas a essas” diz.
Na pesquisa, qualquer idoso que consiga ler e que saiba usar um equipamento tecnológico pode participar. Se tiver dificuldade com essa tecnologia e/ou de leitura, a pessoa pode, logo no início, informar um número de telefone celular, e alguém da equipe fará a entrevista. É importante que somente aqueles que têm dificuldade optem por isso. De acordo com o professor, não precisa ser brasileiro para fazer parte da pesquisa. Há, inclusive, uma equipe coletando dados em Portugal.
Já aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, o estudo é de responsabilidade dos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia da UFJF. Os interessados em participar podem escolher entre responder o questionário por telefone ou de forma on-line.
Apoio familiar é fundamental
De acordo com o IBGE, há aproximadamente 28 milhões de idosos no Brasil, o que representa 13% da população do país. Este percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018. Na pandemia da Covid-19, os idosos foram considerados grupos de risco e, de acordo com abordagem feita pela ONU, pessoas com 80 anos ou mais têm uma mortalidade cinco vezes maior do que a mortalidade global. Nesse caso, os cuidados com a saúde dos idosos precisam ser redobrados.
Segundo a psicóloga Cleide Campos, o apoio dos familiares neste momento é fundamental. “Permanecer conectado às pessoas significativas é importante. Há várias opções de aplicativos para fazer chamada de vídeo. O modelo tradicional de telefonar também é bem-vindo. Tome cuidado para não infantilizar o idoso, porque isso pode afetar sua autoestima.”
Por serem mais vulneráveis ao isolamento, os idosos não devem ser tratados como invisíveis ou inúteis. Essa parcela da população, muitas vezes, é esquecida e abandonada, por isso a empatia social é muito importante. Além da Covid-19, a faixa etária segue sofrendo com outras enfermidades físicas e psíquicas.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Social
Data: 26/07/2020
Título: “Mais de 30 detentos se casam em Juiz de Fora em iniciativa pioneira”
Projeto possibilitou formalização da união, respeitando as restrições impostas pela pandemia
“Você gostaria de se casar um dia?” Essa pergunta é daquelas que provocam sensações diferentes em quem a ouve. Expectativa, medo e incerteza são algumas das reações comuns provocadas por ela. O questionamento fez parte de uma pesquisa realizada por membros do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Juiz de Fora em duas penitenciárias da cidade. De início, quase 50 respostas positivas foram ouvidas. No final, 35 mantiveram o “sim” e integraram o projeto “Fortalecendo os laços através do matrimônio”, que propiciou, pela primeira em Juiz de Fora, a oportunidade de presos se casarem de forma gratuita.
A iniciativa liderada pelo Conselho da Comunidade, órgão que cria a ponte entre a população carcerária e a sociedade, contaria com cerimônia coletiva e festa para os recém-casados. A pandemia modificou os planos, mas não impediu a união dos casais. Os membros da entidade conseguiram a autorização de juízes e da promotoria, possibilitando que os noivos, que não estão no cárcere, pudessem dar continuidade ao trâmite. Um documento de homologação foi entregue a eles este mês, possibilitando a formalização da união em cartório de forma gratuita e a retirada da certidão de casamento, mesmo sem a presença da outra parte. “Não houve cerimônia, não teve convidados, não foi como desejavam, mas houve muita emoção. Foi gratificante”, comentou a primeira secretária do Conselho, Tânia Mara, no dia da entrega dos documentos, que coroou o trabalho de quase um ano.
“Começamos a desenvolver o projeto no fim do ano passado. Então começaram a se desenrolar os trâmites, os papéis. Todos os detentos assinaram, ou seja, foram feitos todos os procedimentos normais para a realização de um casamento. E, então, veio o coronavírus. Por conta do afastamento social, a gente não podia continuar com a cerimônia em si. Porém, como foi um processo que já havíamos começado e que conseguimos finalizá-lo, levamos adiante”, explica Tânia.
A iniciativa contou com muitas parcerias da esfera judicial, como a diretora do Fórum Benjamim Colucci, Raquel Gomes Barbosa, o juiz titular da Vara de Execuções Criminais, Evaldo Gavazza, os promotores Sandra Totti e Marcelo de Souza, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), o advogado do Núcleo de Prática Jurídica do Centro Universo de Juiz de Fora, Arão Silva Junior, e os diretores das penitenciárias Professor Ariosvaldo Campos Pires e José Edson Cavalieri.
Garantia de estrutura familiar
Um dos principais objetivos do projeto é fortalecer o processo de ressocialização do detento a partir da garantia de uma estrutura familiar que se forma ou formaliza a partir da oficialização do matrimônio, como explica a primeira secretária do Conselho. “Queremos garantir a eles uma estrutura familiar. Muitos ali já são avôs, com 30 anos de convivência com a mulher, e só estão se casando agora. É um passo importante, porque a pessoa se sente cidadã, apesar de estar intramuros. Eu acho que esse sentimento e a estruturação familiar criam uma expectativa de ressocialização. A pessoa se sente mais abraçada. Quem sente o apoio, busca melhora para si mesmo. É um processo que só traz benefícios.”
Números retratam abandono de mulheres no cárcere
Por mais que a pesquisa de interesse realizada pelo Conselho da Comunidade tenha sido efetuada entre os públicos feminino e masculino, dos 35 casais, apenas um tem como uma das partes uma detenta. De acordo com a professora Ellen Rodrigues, que coordena o Núcleo de Extensão e Pesquisa em Ciências Criminais da Faculdade de Direito (Nepcrim) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), este número retrata a realidade de abandono vivida por mulheres em cárcere. “Ilustra muito bem a solidão das mulheres encarceradas. Relata o que a gente já detecta na prática, que realmente as mulheres, esposas dos detentos, continuam visitando, continuam mantendo contato e até constituindo a união formal do casamento. Já os companheiros das mulheres presas não têm esse comportamento. Geralmente, quando elas vão presas, são abandonadas. É uma triste realidade que não acontece só em Juiz de Fora. É um retrato nacional do abandono feminino no cárcere.”
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Veículo: Acorda Cidade
Editoria: Ciência
Data: 26/07/2020
Título: “Covid-19: pesquisadores analisam os impactos do vírus na dinâmica sanguínea”
Para investigar os mecanismos envolvidos nesse processo, os pesquisadores analisaram e compararam amostras de sangue e do trato respiratório de pacientes com diferentes apresentações da Covid-19.
Um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo cruz (IOC/Fiocruz) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em colaboração com hospitais e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, traz novas informações que ajudam a entender uma das complicações mais graves e frequentes observadas em pacientes com Covid-19 hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Publicado na Blood, principal revista científica internacional na área de hematologia e coagulação, o trabalho volta os olhos para os impactos do vírus no sangue e chama atenção, em especial, para as plaquetas, células fundamentais para o processo de coagulação.
Embora o coronavírus afete principalmente os pulmões, evidências anteriores já haviam mostrado que, nos casos graves, a Covid-19 também altera os processos de coagulação sanguínea. Frequentemente, esses pacientes apresentam uma coagulação exagerada, com formação de agregados de células sanguíneas e proteínas, que são chamados de trombos. A formação de trombos pode interromper a circulação, provocando trombose, infartos ou embolia pulmonar, o que está associado a casos mais graves e, inclusive, a casos fatais.
“Na beira do leito, os profissionais de saúde estão acompanhando a evolução dos casos graves e atentos aos eventos trombóticos. Nosso estudo se dedicou a entender como, nestes pacientes, o vírus interfere nas etapas iniciais da cascata de processos que deflagram a coagulação. Processos, estes, em que as plaquetas atuam de forma importante”, sintetiza Eugênio Hottz, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pesquisador colaborador do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC e primeiro autor do trabalho.
Para investigar os mecanismos envolvidos nesse processo, os pesquisadores analisaram e compararam amostras de sangue e do trato respiratório de pacientes com diferentes apresentações da Covid-19, incluindo pacientes com quadros graves, que precisaram ser internados em unidades de terapia intensiva (UTIs), pacientes com manifestações leves e pessoas assintomáticas. Amostras de voluntários saudáveis também foram incluídas no estudo para comparação.
As análises realizadas por técnicas de citometria de fluxo e de microscopia tiveram o objetivo de identificar, nas diferentes amostras, quais alterações poderiam ser observadas nas plaquetas e na cascata de ativação de fatores que levam à coagulação, o que acontece no nível das moléculas. Amostras foram coletadas dos pacientes no início da hospitalização e os mesmos foram acompanhados durante toda a internação, para que a evolução do caso no hospital pudesse ser associada aos achados do laboratório, do ponto de vista dos impactos do vírus para a dinâmica sanguínea.
De acordo com os experimentos, nos pacientes com formas graves de Covid-19 houve aumento na ativação das plaquetas e foi observada uma forte agregação entre plaquetas e monócitos, células que atuam na defesa contra infecções – o que não ocorreu nas amostras dos pacientes com manifestações leves ou nos casos assintomáticos. Os pesquisadores conseguiram mapear duas moléculas que atuam fortemente neste processo de adesão entre plaquetas e monócitos: as moléculas CD62P e αIIb/β3. Além disso, foi constatado que a ativação das plaquetas induz os monócitos a expressarem uma proteína, chamada de fator tecidual, o que inicia todo o processo de coagulação.
Comparando os resultados obtidos em laboratório com o desfecho dos casos dos pacientes que foram acompanhados ao longo do estudo, tanto os níveis de ativação plaquetária quanto os níveis de expressão do fator tecidual nos monócitos estiveram diretamente associados à gravidade do quadro clínico e ao prognóstico da doença, com maior possibilidade de evolução para ventilação mecânica e também para óbito naqueles com maior ativação. “Nossos resultados indicam que a ativação das plaquetas e sua associação com monócitos, com formação de agregados plaquetas-monócitos, são importantes para o disparo da coagulação sanguínea”, afirma a pesquisadora Patricia Bozza, chefe do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC e coordenadora do estudo.
Dois apontamentos fundamentais decorrem das novas evidências encontradas pela equipe de Patricia e Eugênio. O primeiro deles é a possibilidade de que o acompanhamento dos níveis de ativação plaquetária entre pacientes internados possa servir como uma espécie de “sinalizador” de que um determinado indivíduo tem mais chances de evoluir para uma forma desfavorável, o que pode ser um elemento importante para a tomada de decisão pela equipe médica, com determinadas condutas a serem adotadas. O segundo apontamento decorrente dos achados é que, conhecendo as moléculas envolvidas na adesão entre plaquetas e monócitos durante a infecção pelo novo coronavírus, medicamentos já disponíveis para inibição de plaquetas podem vir a ser testados como alternativas terapêuticas.
“Nossos resultados mostram que ocorre ativação de plaquetas nos casos graves de Covid-19. Ainda não sabemos se a ativação das plaquetas causa agravamento do quadro ou se esta ativação é apenas mais um dos muito processos envolvidos na infecção pelo vírus. De qualquer modo, monitorar a ativação das plaquetas como um marcador para indicar um potencial de agravamento já é uma conclusão obtida na bancada do laboratório que pode vir a ser adotada no manejo clínico”, Eugênio resume.
O trabalho sugere que a grande liberação de mediadores inflamatórios no plasma de pacientes em casos graves de Covid-19 pode ser uma das causas da maior ativação das plaquetas nessas pessoas. Também aponta que a inibição de moléculas que atuam no processo de adesão e sinalização entre plaquetas e monócitos pode interromper a expressão do fator tecidual, apontando possíveis caminhos para a busca de terapias. Neste sentido, o anticorpo monoclonal Abciximab, que já é largamente utilizado para evitar a formação de trombos após cirurgias, foi uma das substâncias testadas com sucesso nos ensaios in vitro. “Esses resultados abrem possibilidade de continuarmos a investigação para identificar terapias capazes de atuar nos eventos de ativação plaquetária na Covid-19”, declara Patricia.
“Desde o início da pandemia, têm sido relatadas alterações de coagulação, especialmente com eventos trombóticos em pacientes graves. Esta é uma preocupação de todas as equipes que tratam de pacientes com Covid-19 grave. Identificar os fatores que causam estas alterações é fundamental para se estabelecer novas terapias para estes pacientes. A colaboração entre grupos de pesquisa básica e de pesquisa clínica foi fundamental para responder a estas questões”, sintetiza o pesquisador Fernando Bozza, que atua no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e no Instituto D’Or.
Pesquisa translacional e colaborativa
Com experiência em estudos sobre resposta tromboinflamatória, o Laboratório de Imunofarmacologia do IOC tem se debruçado principalmente sobre as arboviroses e realizou achados importantes relacionados ao papel das plaquetas na dengue grave nos últimos anos. A partir da emergência da Covid-19, a equipe uniu esforços a cientistas de diferentes instituições para realizar um estudo translacional, integrando dados clínicos e de bancada, em busca de respostas.
“O caráter translacional da pesquisa se deve à formação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo diferentes instituições de pesquisa e hospitais. Isso nos permitiu realizar uma avaliação precoce de amostras obtidas de pacientes, identificar os perfis celulares e correlacionar os achados laboratoriais com os aspectos clínicos. É essa abordagem translacional, multidisciplinar e multicêntrica que nos permite associar a informação do laboratório ao que está ocorrendo na clínica”, destaca Eugênio Hottz.
Além do IOC e da UFJF, participaram da pesquisa o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. O trabalho foi financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), Programa Inova Fiocruz, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Instituto D’Or.
Fonte: Fiocruz
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Veículo: Metro Jornal
Editoria: Social
Data: 27/07/2020
Título: “Estudante negra da UFJF é selecionada para estudar cinema em Cuba”
Jovem, negra, ativista e brasileira, Renata Dorea, que atualmente é estudante de cinema da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi selecionada para estudar TV e Novas Mídias na Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV), localizada em Cuba.
A escola é reconhecida como uma das mais importantes do mundo e seu processo seletivo é complexo e envolve cerca de cinco fases. “O Brasil tem um histórico de aprovar muitos estudantes, mas não temos bolsas”, explica a estudante.
Este é um dos problemas que muitos estudantes de baixa renda enfrentam para estudar no exterior. Sem o apoio do governo brasileiro ou da família, muitos precisam buscar sozinhos alternativas para não desistirem dos seus sonhos.
Como é o caso de Renata Dorea. Ela teve que recorrer a um projeto de vaquinha online para conseguir custear sua mudança e o primeiro ano do curso. A estudante explica que sua família passa por uma situação financeira complicada e, por isso, uma das opções foi buscar a solidariedade.
Como é artista, Renata está oferecendo recompensas para quem ajudá-la na sua vaquinha. Cada valor doado para o seu sonho é recompensado como uma produção dela, que vai desde ilustrações, aulas até pinturas.
“Estou procurando fórmulas para não desistir desse sonho porque é tão difícil a gente encontrar um motivo para estar neste mundo e realmente batalhar e seguir acreditando. Cuba será uma abertura de caminhos na minha vida e eu não vou só. Levo comigo todas as mulheres negras que me inspiraram e me fortaleceram”, comenta.
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