O Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (Nugea) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) promove, nesta terça-feira, 14, a live “Subnotificações e o avanço da pandemia entre os povos indígenas”. A transmissão ocorre a partir das 15h através do Facebook, e visa debater a ausência de políticas efetivas para o combate do avanço da pandemia do novo coronavírus nas comunidades indígenas.

A live conta com a participação da professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Ivani Ferreira e da Tikuna, vice-presidente da Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (Amimsa), Ercília Vieira. 

Para a coordenadora do projeto, professora Clarice Cassab, a proposta dos debates é contribuir para a reflexão de questões intensificadas com a pandemia. “O tema foi escolhido em função do claro avanço da Covid-19 sobre os povos indígenas e da falta de assistência do governo como, por exemplo, os vetos à lei 14.021, referente à  obrigação do governo de oferecer água potável, oferta emergencial de leitos hospitalares e facilitar o acesso desses povos ao auxílio emergencial”. 

Indígenas e pandemia

Durante o bate-papo serão abordadas questões como a autonomia indígena e a cultura das comunidades, muitas vezes desconhecida por parte da população, além da situação dos isolados nas aldeias. A Tikuna Ercília Vieira destacará a região do Médio Solimões e como está sendo tratada a questão pandêmica em sua comunidade. “A pandemia do novo coronavírus se torna ainda mais grave na Amazonas devido a ausência de políticas públicas condizentes com a realidade do Estado. Não estão sendo respeitadas as especificidades culturais, geográficas e étnicas das populações indígenas. Para o recebimento dos auxílios não foi traçado nenhum plano que evitasse a presença dos indígenas nas sedes do município”, destaca.

A professora da UFAM, Ivani Ferreira ressalta ainda a dificuldade enfrentada pela população devido a falta de um planejamento específico para a saúde dos povos indígenas. “Não há nenhuma política de saúde específica para os índios que residam nas cidades urbanas. Quando eles entram nos hospitais eles não são identificados como índios.  Já nas comunidades não há nenhum apoio às barreiras ( tentativa de diminuir a entrada de pessoas nas aldeias) e de conscientização da comunidade. São as próprias associações representada pelos índios que estão trabalhando com campanhas, distribuição de máscaras e a conscientização das comunidades”

Na transmissão serão apresentados, ainda, dados sobre a realidade do Estado e sua diversidade cultural.  Só em Manaus são cerca de 35 mil indígenas, segundo a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).

Lives do Nugea

Durante a quarentena o Nugea já abordou de forma remota temáticas como: a sobrecarga do trabalho feminino, as desigualdades sócio-espaciais na cidade, o papel do Estado, ensino remoto, racismo estrutural, entre outros. “As lives têm nos proporcionado interação com outros docentes, atores sociais e instituições, ampliando nossa inserção no debate público. Promover o debate e a reflexão, contribuindo para o avanço das questões sociais de forma simples e acessível é também a função da Universidade”, destaca Clarice. O tema da próxima terça-feira, 21, será “Juventudes e cultura periférica em tempo de Pandemia”.

Outras informações: @nugea.ufjf

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