Mais de cem pessoas acompanharam o primeiro dia do evento “Julho Azul: fluxos migratórios e tráfico de seres humanos” transmitido pela plataforma Sympla na tarde desta quarta-feira,8. A atividade mediada pelo professor Bráulio Magalhães, do curso de direito do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), contou com três palestras que abordaram a mobilidade urbana na tríplice fronteira em tempos de pandemia, trabalho escravo e tráfico de pessoas.
Na abertura, Bráulio Magalhães explicou que o termo Julho Azul faz referência ao Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas celebrado no dia 30 de julho, a partir de uma deliberação das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2013; e apresentou a programação do evento que contou com três palestras.
A primeira foi ministrada pelo professor Júlio Silveira, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), que abordou o contexto da pandemia e a mobilidade humana na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Silveira destacou que o Brasil foi o ultimo país a fechar as fronteiras, dado o contexto negacionista da doença existente no país. “O isolamento na Argentina e Paraguai se deu antes, bem como o fechamento das passagens. Então, por alguns dias, tivemos situações assimétricas em que, por exemplo, os paraguaios podiam vir ao Brasil e os brasileiros não podiam ir ao Paraguai“.
As migrações e o trabalho escravo foram os temas da palestra ministrada pela professora Lívia Miraglia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Miraglia explicou o projeto que desenvolve como coordenadora de Clínica de Trabalho escravo e tráfico de pessoas da Faculdade de Direito da UFMG e citou o exemplo de uma jovem de 15 anos, da região de Governador Valadares, vítima de exploração sexual no Panamá e Estados Unidos. De acordo com Miraglia, “as mulheres representam cerca de 48% dos migrantes internacionais e essa proporção tem aumentado em todas as macro regiões desde 2000, com exceção da África e Ásia”.
A última palestra do dia discutiu o tráfico de pessoas. A apresentação ministrada pela professora Mércia Cardoso, da Faculdade Luciano Feijão, discutiu aspectos Aspectos penais da Lei nº 13.344/2016 que passou a criminalizar o tráfico de seres humanos no Brasil. Cardoso apresentou ainda números globais da chamada escravidão moderna e destacou a diferença entre tráfico de pessoas e o contrabando. “O tráfico de pessoas tem a finalidade da exploração. Já o contrabando busca levar a pessoa de um país para outro, é sempre transnacional. A pessoa paga um valor para atravessar as fronteiras.“
O evento “Julho Azul: fluxos migratórios e tráfico de seres humanos” continua nesta quinta-feira, 9, às 15h. Confira a programação:
Moderadores: Bráulio Magalhães, Ana Luíza Possidônio, Sylvia Anne Gonçalves, Luiza Carvalho, João Marcos e Cindy Garcia.
Palestrantes | Título de palestra | Apresentação |
Devani Tomaz Domingues | Migração e gênero, pensando na questão do tráfico de pessoas para fins de exploração laboral. | Bacharelado e Licenciatura Plena em Ciências Sociais pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. Mestre e Doutora em Sociologia pela UFMG. Servidora da UFJF em GV. Tem experiência na área de Sociologia e desenvolve estudos sobre Migração Internacional, Educação e Políticas Públicas com ênfase nos temas: Educação Superior. Extensão Universitária. Migração de retorno. Mercado de Trabalho. |
Duval Fernandes | Tráfico e contrabando de pessoas: panorama mundial e no Brasil. | Professor na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas na Graduação e Pós-Graduação. Coordenada o Grupo de Estudo Distribuição Espacial da População-GEDEP. |
Romerito Valeriano | “O outro lado da rede: exploração sexual em Portugal – relato de caso.” | Professor do CEFET-MG / Campus Timóteo. Especialista em Geografia Política. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, Licenciado em Geografia. Doutor em Geografia. |