O Grupo de Estudos e Pesquisas em Africanidades, Imaginário e Educação (Anime) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inicia nesta terça-feira, dia 9, às 17h30, uma série de quatro transmissões ao vivo. Os encontros virtuais serão realizados, sempre no mesmo dia da semana e horário, até o final deste mês, no Instagram. O Anime é coordenado pelo professor da Faculdade de Educação e diretor de Ações Afirmativas da UFJF, Julvan Moreira de Oliveira.
“Com a suspensão das atividades presenciais da UFJF, em função da pandemia causada pelo novo coronavírus, esses encontros virtuais têm uma importância de manter as pessoas do grupo interligadas e, para além disso, em formação na temática das africanidades”, destaca Oliveira.
“As Guerreiras da Sala de Aula”
A primeira live terá como tema “As Guerreiras da Sala de Aula: empoderamento de estudantes negras/os na escola pública”, com a participação da professora da University of Texas (EUA), pesquisadora das africanidades e da antropologia do imaginário, Andréia Lisboa de Sousa Johnson.
A convidada é doutora em Educação pela University of Texas e mestra em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Também foi consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Campaña Latinoamericana por el Derecho à la Educación (Clade) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, além de subcoordenadora de políticas educacionais no Ministério da Educação (MEC), entre os anos de 2003 e 2006.
Confira a programação completa dos encontros virtuais do Anime
Estudos da Filosofia Africana e do Imaginário Afro-brasileiro
O coordenador do Anime, Julvan Oliveira, explica que o objetivo do grupo é refletir e pesquisar a educação em interface com os estudos da filosofia africana e do imaginário africano, desenvolvidos em África e na Diáspora. “Desse modo, pretende-se fortalecer os direitos da população negra e as ações educativas no combate ao racismo e às discriminações, compreendendo as africanidades presentes na cultura brasileira.”
Outro aspecto salientado pelo pesquisador é o fato de as ideias pedagógicas estudadas no Brasil terem suas raízes na filosofia ocidental, invisibilizando a filosofia e a cosmovisão africanas, bem como pesquisadores africanos e afrodescendentes.
“Compreendemos que os estudos sobre o negro ainda são realizados a partir dos referenciais ocidentais. Outros valores civilizatórios, como os africanos, são excluídos da Pedagogia, assim como da Filosofia, da Literatura, da Psicologia, da Matemática, da Física, da Química, da Biologia, etc. As culturas africanas são consideradas apenas como do campo da Etnografia e, em alguns casos, da Sociologia e da História. Há um desconhecimento sobre a forma de pensar, sobre a visão de mundo, sobre uma educação fundada em uma filosofia e cosmovisão africanas”, ressalta.
Dentre os pesquisadores africanos e afrodescendentes, apontados por Oliveira, como fundamentais para o estudo da Educação estão: Amadou Hampâté Bã, Paulin Hountondji, Marcien Towa, Severino Elias Sgoenha, Molefi Kete Asante, Kwame Anthony Appiah, Cheik Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Aimé Césaire, Kwasi Wiredu, William Edward Burghardt DuBois, Adu Boahen, Barry Hallen, Ben Oguah, Ifi Amadiume, Ivan Karp, Boubou Hama, Jan Vansina, Joseph KiZerbo, Kabengele Munanga, Oumar Ba, Oyèrónkẹ Oyěwùmí, Théophile Obenga, Valentin-Yves Mudimbe, Wande Abimbola, Pene Alphonse Elungu.
“Os estudos sobre o negro ainda são realizados a partir dos referenciais ocidentais. Outros valores civilizatórios, como os africanos, são excluídos da Pedagogia, assim como da Filosofia, da Literatura, etc” – Julvan Oliveira
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais
Oliveira ressalta ainda que os convidados e as temáticas das transmissões ao vivo do Anime foram definidos em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
“Essas diretrizes afirmam que o ensino de Cultura Afro-brasileira deve destacar o jeito próprio de ser, viver e pensar manifestado tanto no dia a dia, quanto em celebrações como congadas, moçambiques, ensaios, maracatus, rodas de samba, entre outras, além do estudo da filosofia tradicional africana e de contribuições de filósofos africanos e afrodescendentes da atualidade”, conclui.
Outras informações: julvan.moreira@ufjf.edu.br