Em um cenário de excepcionalidade, como o causado pela Covid-19, profissionais de saúde precisam estar preparados não só para o cuidado do paciente, mas para viverem pressões diárias. Medo de errar, da morte e de decepcionar são alguns dos sentimentos trabalhados durante a formação acadêmica desses profissionais.
De acordo com a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Cacilda Andrade de Sá, ao longo do curso, os estudantes têm contato com aspectos da relação médico-paciente, com objetivo de tornar a prática médica mais humanizada. Para além dos prontuários, de exames e do olhar clínico, existe uma outra dimensão de dados presente em qualquer relação humana. “Os corpos se constituem como campo que organiza a experiência de pessoas vivas e individuais: afetos, sonhos, projetos, lendas familiares, cada um com a sua trajetória”.
Na UFJF, estudantes da área da saúde como Medicina, Enfermagem e Fisioterapia podem, além de cursar as disciplinas de seus currículos, complementar a formação com matérias na Psicologia. Para a professora do curso, Fabiane Rossi dos Santos Grincenkov, um dos tópicos que deve ser incluído de forma mais efetiva é a terminalidade. “A morte é um tema pouco discutido nas formações em saúde e muitas atitudes observadas no exercer da profissão denunciam lacunas curriculares, que se tornaram mais evidentes durante a pandemia de Covid-19.”
Na disciplina de Tanatologia, oferecida pela graduação em Psicologia, são trabalhados temas como comunicação de notícias difíceis, morte e luto, atuação nas emergências e desastres – aspectos fundamentais para quem atua em contextos pandêmicos. “Além disso a discussão acerca da saúde mental dos profissionais de saúde se destaca também como outra temática de suma importância nas formações de profissionais da área.”
Segundo o coordenador do curso de Enfermagem, Thiago César Nascimento, a morte é um evento presente no cotidiano mas tanto a sociedade em geral como os profissionais de saúde tendem a excluí-la. E quando a vida de outras pessoas está nas suas mãos, o medo de errar pode ser um grande desafio a ser enfrentado. “Somente por meio da construção de um conhecimento sólido e fundamentado cientificamente é que conseguimos minimizar essas ocorrências”, diz Nascimento. Segundo ele, os alunos costumam reclamar do nível de cobrança em provas e avaliações, mas a intenção é realmente apontar as fragilidades durante o curso. “É muito tênue a linha entre a saúde e doença de um paciente. Qualquer erro ou falha pode ser decisivo durante a recuperação.”
Já a vice-coordenadora do curso, Angélica da Conceição Oliveira Coelho, destaca o quanto a avaliação de desempenho dos estudantes permite a revisão de atitudes, comportamentos e decisões para realização de correções e ajustes. “A autoavaliação feita pelo acadêmico é um exercício para o autoconhecimento e proporciona a reflexão sobre o seu processo de ensino-aprendizado.” Segundo a professora, os cursos têm ampliado a abordagem de temas como qualidade da assistência em saúde e de segurança do paciente.
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