Uma ação desenvolvida no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV) tem ajudado pessoas em situação de vulnerabilidade social a se protegeram do novo coronavírus. Desde o início de abril, professores, técnicos administrativos, estudantes e voluntários trabalham na produção de máscaras caseiras para comunidades indígenas e entidades de atendimento a idosos e a pacientes em tratamento médico. As mais de mil peças confeccionadas nesta primeira etapa já beneficiaram três instituições da cidade, além da população Krenak do Vale do Rio Doce.
O trabalho da equipe vai desde a captação de doações para o custeio da produção das máscaras, até a confecção e entrega do material produzido. Isso sem falar na mobilização de novos voluntários para estas tarefas, o que torna esta rede de solidariedade cada vez maior. E cada um ajuda como pode.
A professora do curso de Ciências Contábeis, por exemplo, aprendeu a costurar para fabricar as máscaras. Shirley Policário colocou para funcionar uma máquina que ganhou de presente da mãe, assistiu a alguns vídeos na internet e mãos à obra. Feliz em ser útil neste momento em que classifica como “uma crise sem precedentes”, a docente não tem dúvidas: “a solidariedade é uma das principais armas contra a pandemia.”
Estudante da UFJF-GV, Mariane Maia Moura costura desde os 12 anos e jamais imaginou que a atividade que para ela é um hobby pudesse ser útil para outras pessoas neste momento. “Quando estava costurando as primeiras máscaras, minha mãe entrou no meu quarto e falou: ‘minha filha, quem diria que com o seu dom você poderia ajudar num projeto tão legal?’ E o meu pensamento é exatamente esse”, conta. Segundo a discente, “gratidão é o sentimento que define” a oportunidade em participar da iniciativa.
Até mesmo quem aparentemente não dispõe de tempo livre tem dado um jeito de colaborar. É o caso de Leonilda Silva. A costureira se divide entre os cuidados com a mãe – que tem 98 anos e, acamada em decorrência de Alzheimer, depende integralmente da ajuda da filha – e a confecção das máscaras, um trabalho que desenvolve voluntariamente para quem necessita desta proteção. “Eu sempre gostei de ajudar. Me sinto feliz porque apesar de algumas pessoas não estarem levando a sério esta pandemia, muitos não usam a máscara porque não tem condições”, afirma. Só para o projeto da UFJF-GV ela já fabricou mais de cem peças.
A Associação Santa Luzia é uma das três instituições de Governador Valadares beneficiadas – as outras duas são a Casa de Recuperação Dona Zulmira e o Lar dos Velhinhos. A associação recebeu 192 máscaras, que serão utilizadas pelos funcionários para lidar com o público atendido pela entidade. Atualmente, a instituição abriga cerca de cem idosos e sobrevive de doações. Segundo João Bosco, funcionário do local, as parcerias com a UFJF-GV – além desta ação, a universidade desenvolve projetos nas áreas de medicina e odontologia na instituição – garantem a “assistência e a qualidade de vida dos moradores”.
Por enquanto não existe vacina contra o novo coronavírus. Mas se ainda não há uma forma de acabar com a doença, segundo Policário, “existe uma cura para o mundo; e essa cura é o amor”. Se considerarmos os exemplos de Mariane, Leonilda e de todos os demais integrantes do projeto, este antídoto tem se revelado bastante promissor.