O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinicius David, concedeu entrevista ao programa Pequeno Expediente, da Rádio CBN de Juiz de Fora, na manhã desta quinta-feira, 16. Ele foi reconduzido ao cargo no dia 6 de abril após Decreto do governo federal. No programa, Além de falar sobre a recondução, ele também deu detalhes sobre o papel da Universidade no enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19).
Parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora
Marcus David falou sobre sua participação na reunião realizada pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), em que foi anunciada a criação de um comitê de crise, e firmado um termo de cooperação entre o município e a UFJF. Segundo o reitor, esse convênio institucionalizou uma série de ações que já vinham sendo realizadas.
“A UFJF entendeu que deveria disponibilizar toda a sua estrutura física e a capacidade do seu quadro de pesquisadores e técnicos para o enfrentamento dessa crise. Começamos a trabalhar em várias frentes, como produção de álcool em gel, máscaras, protetores faciais e sabonete líquido. Desenvolvemos um software de sistema de informação que a prefeitura vai usar. Trabalhamos com as medidas quantitativas de evolução da pandemia em Juiz de Fora, permitindo fornecer dados para a prefeitura tomar decisões, além da realização de testes de coronavírus nos nossos laboratórios”, ressaltou.
A UFJF entendeu que deveria disponibilizar toda a sua estrutura física e a capacidade do seu quadro de pesquisadores e técnicos para o enfrentamento dessa crise.
O reitor explicou como ficaram acertados com a Prefeitura o fluxo e a regulamentação da utilização dos laboratórios para a realização dos testes, cabendo ao município o recolhimento destes nas unidades básicas de Saúde (UBS´s) e nos hospitais da rede que estão atendendo à população, enviando posteriormente o material à Universidade. Marcus David ressaltou que cabe ao município tomar as providências de divulgação e de geração de estatísticas. O reitor lembrou ainda que, em Minas Gerais, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) está controlando a produção dos testes, e que a UFJF já entrou em contato para que os laboratórios da instituição possam ser utilizados também para a divulgação oficial de resultados no Estado.
Aumento da capacidade de testagem
Questionado sobre a possibilidade de a Universidade aumentar a capacidade de testagem caso consiga mais reagentes, afirmou que isto depende muito mais do processo de preparação das amostras. “Se você tem 50 amostras, elas são processadas entre duas e três horas, no máximo, então, durante um dia, você poderia processar muitos testes. O problema é que a preparação desse teste é que exige muito trabalho. Recebemos amostras com vírus ativo. Esse vírus tem que ser inativado, depois ser feita uma separação de RNA. Essa preparação é toda feita por técnicos, por pesquisadores, para que seja possível colocar essas amostras e montar as placas que serão colocadas nos equipamentos. Essa etapa prévia é muito trabalhosa, é ela que limita a nossa capacidade. Estamos buscando uma tecnologia nova que acelera o processo de separação do RNA”, afirmou.
Calendário acadêmico e antecipação de formatura
O reitor também foi questionado sobre a possibilidade da antecipação da formatura de profissionais de alguns cursos da área de Saúde, assunto que foi abordado em outras universidades. David destacou que, após reunião entre os coordenadores dos cursos e de estágios, além da avaliação destes com os seus colegiados, foi produzida uma nota para a Universidade recomendando que não houvesse a antecipação.
Foi com muito cuidado que a Universidade decidiu que ainda não estamos numa crise na nossa região, de falta de pessoal, que exija uma medida mais drástica como essa, de antecipação de formatura na área de Saúde.
“Foi com muito cuidado que a Universidade decidiu que ainda não estamos numa crise na nossa região, de falta de pessoal, que exija uma medida mais drástica como essa. Num cenário de agravamento dessa crise, onde ficasse evidente a necessidade cada vez maior de profissionais, aí poderíamos rever esse posicionamento. Ontem o Conselho Federal de Medicina (CFM) produziu uma nota recomendando também a não antecipação de formaturas alegando o mesmo motivo.”
A entrevista abordou a retomada do calendário acadêmico. De acordo com o reitor, foram mobilizados setores da Universidade para avaliar alguns cenários que poderão acontecer. Ele explicou que o processo de saída de isolamento ainda terá que ser construído, no Brasil e no mundo, e que somente depois que todo esse processo for desenhado é que será possível avaliar cenários e traçar as estratégias.
Futuro da gestão
Marcus David ainda falou sobre o futuro da gestão. Lembrou que neste primeiro momento houve uma definição de esforço no enfrentamento da crise, mas que mudanças poderão ocorrer posteriormente, assim como ações planejadas pela gestão.
A UFJF tem uma história muito bonita de crescimento de sua excelência acadêmica. Então queremos voltar a valorizar isso, continuar o esforço para que ela tenha uma pós-graduação cada vez mais desenvolvida e uma pesquisa reconhecida.
“Não tivemos nenhum ajuste e nenhuma mudança na estrutura administrativa. Eu pedi ao pessoal que estava comigo na primeira gestão que permanecesse neste início para fazermos esse enfrentamento, e só depois desse momento é que iremos fazer mudanças na estrutura”, explicou.
“No que se refere às ações, tínhamos estabelecido no nosso programa alguns eixos fundamentais. Tínhamos, em termos de infraestrutura, a obra do Hospital Universitário e o campus de Governador Valadares como grandes desafios para terminarmos nessa gestão. A UFJF tem uma história muito bonita de crescimento de sua excelência acadêmica. Então queremos voltar a valorizar isso, continuar o esforço para que ela tenha uma pós-graduação cada vez mais desenvolvida e uma pesquisa reconhecida. Precisamos atuar na modernização de gestão, utilizando mais tecnologias digitais, e continuar dando enfoque também à sustentabilidade.”