A infecção pelo SARS-CoV2 afeta principalmente o sistema respiratório dos pacientes. Uma vez contaminado, o paciente com Covid-19 pode sofrer da chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave, que, por sua vez, pode comprometer não só o sistema respiratório, mas também de outros órgãos do organismo, caso não seja tratada em tempo hábil.
A afirmação é do professor do departamento de Fisioterapia do campus Governador Valadares (UFJF-GV), Cristino Carneiro Oliveira. Membro do Núcleo de Estudos em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Cristino ressalta que esta síndrome é definida como a incapacidade aguda do sistema respiratório em manter a ventilação ou oxigenação adequadas dos pulmões com consequências para o sangue e demais tecidos. “O paciente pode desenvolver dificuldade respiratória e queda da oxigenação em poucas horas e apresentar aumento da frequência respiratória, extremidades cianóticas (roxas ou azuladas) e alterações do estado de consciência”.
O agravamento ocorre com a evolução do quadro infeccioso inicial e edema nos pulmões com consequente dificuldade de ventilá-los e tratá-los de maneira usual, sendo necessário que o paciente seja internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “A internação em UTI se faz necessária para fornecimento de ventilação artificial realizada por aparelhos disponíveis somente nestes ambientes dentro dos hospitais”, destacou Cristino.
Ex-membro do corpo multiprofissional para pacientes com doenças cardiorrespiratórias em enfermarias, UTI e centro de reabilitação pulmonar do Hospital Albert Einstein de São Paulo, Cristino destaca que no ambiente hospitalar o profissional que está na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus atua diretamente no manejo do suporte ventilatório que alguns pacientes podem necessitar em caso de Insuficiência Respiratória Aguda.
O suporte ventilatório visa aliviar o esforço dos músculos respiratórios evitando sua fadiga e diminuindo o seu consumo de oxigênio. De acordo com Cristino este tratamento pode ser realizado através de ventilação mecânica invasiva e não-invasiva. “Nas duas situações, a ventilação artificial é conseguida com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas para manter os pulmões abertos. A diferença entre elas fica na forma de uso pelo paciente, enquanto na ventilação invasiva utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea, isto é, um tubo oro ou nasotraqueal (menos comum) ou uma cânula de traqueostomia, na ventilação não-invasiva, utiliza-se uma máscara como interface entre o paciente e o ventilador artificial. Sendo este último evitado em casos de Covid-19 por facilitarem a propagação do vírus em ambientes fechados”, destacou Cristino.
Não são todos os pacientes acometidos pelo novo coronavírus que precisam do suporte ventilatório, mas existe a preocupação da escassez do número de aparelhos respiratórios utilizados no tratamento de casos mais graves, como ocorreu em alguns países fortemente atingidos pela pandemia.
Mais um motivo para que a população que puder fique em casa e tenha cuidados de higiene, colaborando assim com o achatamento da curva de contaminação por coronavírus no Brasil, minimizando o número de contágios e, consequentemente, a sobrecarga dos serviços de saúde.