Profissionais de diversas áreas da saúde têm atuado de forma conjunta para prevenir, combater a propagação e tratar os infectados pelo novo coronavírus no Brasil. Na linha de frente destas ações estão aqueles da área de enfermagem. A profissão nasceu como prática social ligada aos elementos que compõem a existência e a vida humana em todos os parâmetros, na questão da prevenção, promoção e reabilitação da saúde.
De acordo com o professor e diretor da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcelo da Silva Alves, neste momento de pandemia, é importante lembrar que a enfermagem sempre exerceu papel fundamental nas ações de proteção aos indivíduos, considerando os determinantes sociais que estão envolvidos na questão da transmissão e do aumento do número de casos.
“Devemos à enfermagem, principalmente, a profilaxia e a prevenção de doenças que são imunopreveníveis, como a questão das vacinas, por exemplo. Em outras epidemias que tivemos, como cólera, Aids e H1N1, a enfermagem sempre esteve como protagonista. Apesar de ainda ser uma profissão não tão valorizada como merece, estamos no caminho da frente e colaborando fortemente para a vida”, afirma. O professor ainda ressalta o papel da Universidade nesse contexto. “Tentamos ao máximo colocar o trabalho da Faculdade de Enfermagem a serviço da sociedade, não apenas formando enfermeiros e mestres, mas principalmente desenvolvendo ações fundamentais para sociedade, família e grupos”, diz.
Capacitação permanente
Para a vice-reitora da UFJF, Girlene Silva, diretora da faculdade de Enfermagem entre 2010 e 2014, a presença desses profissionais no combate ao novo coronavírus deve ser preponderante, principalmente no que se refere à prevenção. “É fundamental a participação do profissional de enfermagem nesse momento. É um trabalhador indispensável num cenário como esse, assim como outros trabalhadores da área de saúde. A enfermagem atua desde a promoção à saúde, no que se refere a evitar e orientar como se evita a doença. No campo dos cuidados ao paciente, está na linha de frente nos três níveis de atenção”, destaca.
“É fundamental a participação do profissional de enfermagem nesse momento. No campo dos cuidados ao paciente, ele está na linha de frente nos três níveis de atenção”
Girlene enfatiza que para que possam desempenhar seu papel com eficácia, além das questões técnicas e práticas, os profissionais devem ser atualizados diariamente sobre a doença. “Estou falando de informações corretas, o que exige capacitação permanente, visto que é uma situação muito nova para nós trabalhadores. É natural que essas informações sejam incorporadas de uma forma muito rápida para que a gente possa prestar um cuidado à população de uma forma mais segura, e também para aqueles que estão cuidando, diz.
Outra preocupação de quem atua na área é que as instituições ofereçam as condições necessárias para o trabalho desses profissionais, e para que não coloquem a si e a outras pessoas em risco. “É uma doença que tem componentes de transmissão que podem ser evitados por EPI (equipamentos de proteção individual). As instituições precisam assegurar luvas, máscaras, capotes e gorros, para que o trabalhador, aos se paramentar, utilize esse equipamento e se proteja, como também àqueles que está cuidando, contribuindo para que a transmissão do vírus não se propague”, ressalta.
Prática social
“Queremos neste momento atual resgatar esse papel de prática social (…), mostrando que também sabemos trabalhar com o sofrimento humano num momento delicado como o que estamos vivendo”
De acordo com a professora de Enfermagem, Érika Andrade, que atua com a saúde pública em Juiz de Fora, essas condições estão sendo oferecidas. “Estamos vendo um esforço muito grande dos órgãos públicos da cidade para garantir os equipamentos necessários para que o profissional não seja exposto, principalmente aquele que vai estar na linha de frente. Esse profissional precisa estar protegido de um modo muito prático para que ele continue na ativa. No contexto da pandemia, os enfermeiros estão contribuindo na identificação das pessoas com sintomas, nas orientações de combate à doença, nos contatos diretos às pessoas infectadas e nas ações de prevenção”, afirma..
Marcelo da Silva Alves ressalta que esta é uma oportunidade de mostrar à sociedade a importância do trabalho dos profissionais da área, para que estes possam ser cada vez mais reconhecidos. “Queremos neste momento atual resgatar esse papel de prática social, tentando reativar essa questão da enfermagem na rua, mostrando o seu trabalho, lidando também com as questões existenciais do sujeito, mostrando que nós, além de tudo que já fazemos, também sabemos trabalhar com o sofrimento humano num momento de delicadeza social como o que estamos vivendo”.