Obra de Nelson Ramos (Foto: Divulgação)

No exato momento em que se torna inadiável que a humanidade molde suas ações em prol da sobrevivência da natureza e do próprio planeta, a Pró-reitoria de Cultura (Procult) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza a partir desta sexta-feira, dia 6, a mostra “Gravura contemporânea”, trazendo à Galeria Espaço Reitoria uma série de serigrafias doadas pelo Banco Bozano Simonsen ao Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) em 2011. A coleção representa a visão de diferentes artistas sobre a contundente relação entre o desenvolvimento socioeconômico e a utilização dos recursos e das reservas naturais de que dispomos. 

Devido às dimensões das peças (1,70 cm) e ao espaço físico disponível na Reitoria, para a atual mostra foram selecionados 11 trabalhos, todos com abordagens que não se desgastaram depois de quase três décadas de sua concepção. Antônio Henrique Amaral; Arcângelo Ianelli; Carlos Vergara; Flávio Shiró; Geoff Rees; Gonçalo Ivo; Laura Anderson; Nelson Ramos; Siron Franco; Tomie Ohtake;  e Victor Hugo Irazabal estão reunidos nesta coletiva, que se pretende um grito renovado na luta pela preservação do meio ambiente.

O recorte apresentado no campus integra o lote de 25 serigrafias que chegou ao Mamm com a proposta de representar um roteiro de discussão das peças sob o ponto de vista da linguagem visual e de sua relação transversal com a ecologia. A doação veio no rastro do “Projeto Bozano Arte e Natureza” realizado pelo Instituto Arte na Escola/Fundação Iochpe, que incluiu a publicação de um livro pela Editora Ventura Cultural e a formação de um acervo capaz de provocar reflexões inclusive com finalidades didáticas.

Ecos 

“Amazônia à margem” é o título que o venezuelano Irazabal deu à sua obra, fazendo reverberar uma preocupação que é de todos, enquanto o “Alerta”, do uruguaio Nelson Ramos prevê o drama das questões acerca da ecologia, ainda hoje sem solução. O representante dos Estados Unidos, Geoff Rees intitulou sua obra como “Abaixo do recife”, enquanto a mexicana Laura Anderson interpretou “Os frutos irão passar as promessas das flores”.  Da mesma forma, ecoam “Peles e tripas do Brasil”, de Siron; “O canto da terra”, de Shiró; “No silêncio da Mata”, de Ianelli; “Ameaça”, de Amaral; e “Rio São Francisco – Vista de Iboitirama”, de Gonçalo Ivo. Os japoneses naturalizados brasileiros, Tomie Ohtake e Vergara não nomearam suas obras.  

Obra Rio São Francisco, de Gonçalo Ivo (Foto: Divulgação)

As peças desta coletiva foram realizadas no contexto da segunda edição da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1992, (conhecida internacionalmente como Rio 92, Eco 92 ou Cúpula da Terra), deixando como legado artístico um álbum a partir da exposição intitulada “Eco Art”, que aconteceu no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro com a participação de 120 artistas de 22 países do continente americano. 

Os trabalhos trazem interpretações diversas sobre como a humanidade vem encarando sua relação com o planeta. Já em 1992, cada uma das obras era criada com o objetivo de provocar a comunidade política internacional sobre a necessidade de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza, o que se faz uma necessidade premente ainda agora.

Com entrada franca, a exposição pode ser visitada de segunda-feira a sexta-feira das 8h às 20h, e aos sábados das 8h às 12h, até 3 de abril.

A Galeria Espaço Reitoria fica localizada no prédio da Reitoria, no Centro do campus.

Outras informações: 2102-3964 (Procult-UFJF)