Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Política
Data: 25/02/2020
Título: “Candidatos à disputa eleitoral em JF têm 40 dias para definir partido”
Na disputa pela PJF, corre o prazo para que o prefeito Antônio Almas decida se continua no PSDB ou segue para o PDT
A sabedoria popular rege que, no Brasil, o ano só começa após o carnaval. A máxima, todavia, é bem distante da realidade. Ao fim da Festa de Momo, o ano novo já bateu às portas de muitas casas, e a maioria dos brasileiros já arcou com tributos como o IPVA e o IPTU ou com o material escolar dos filhos, por exemplo. O sonho de dias melhores passa pelas discussões políticas, que também não se prendem à data da folia. Para o pleito de outubro, quando serão escolhidos prefeito e vereadores, as movimentações começaram tão logo foram apurados os resultados do sufrágio de 2018. Todavia, o fim do carnaval é um marco importante e, a partir de agora, a expectativa é de que os partidos migrem do campo das sondagens para entrar na seara das decisões, de fato, uma vez que prazos importantes para a contenda começam a se aproximar.
O prazo relevante mais próximo aponta para o dia 4 de abril, quando aqueles que desejam concorrer na eleição devem ter domicílio eleitoral na circunscrição na qual pretendem disputar, estando com a filiação aprovada pelo partido. Ou seja: em 40 dias, o tabuleiro partidário precisa ter todas as suas peças posicionadas. O marco é relevante até mesmo para o atual ocupante da cadeira de chefe do Poder Executivo juiz-forano. Nos últimos meses, o prefeito Antônio Almas (PSDB) tem dado reiteradas mostras de que deve tentar a reeleição. Todavia, ainda não há definição sobre por qual partido sairá candidato.
Filiado ao PSDB desde 2007, Almas já recebeu sondagens do PDT. As conversas até foram mantidas com o deputado federal Mário Heringer, presidente do diretório estadual pedetista e ex-colega de turma de Almas na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com as possibilidades postas à mesa, a decisão precisa ser tomada até o início de abril. O prazo para filiação também vale para outros nomes colocados como possíveis candidatos e que, até agora, não se posicionaram publicamente sobre suas filiações, como a delegada Ione Barbosa e o pastor Aloízio Penido.
Mesmo entre os partidos que já têm seus possíveis candidatos mais acomodados e já regularizados, as próximas semanas serão de decisões. É o caso do PT, que, conforme antecipado na coluna Painel do último domingo, tem um encontro agendado para o próximo dia 20 de março para tratar exatamente de candidaturas. Após avançar três vezes ao segundo turno das eleições municipais, em 2008, 2012 e 2016, a deputada federal Margarida Salomão (PT) já colocou seu nome à disposição dos correligionários para encabeçar mais um projeto da sigla na cidade. Outros dois quadros, no entanto, também se aparecem como opções: o vereador Wanderson Castelar e o sindicalista Paulo Azarias.
Expectativa é que muitos nomes se lancem na disputa
As próximas semanas também serão decisivas para a confirmação ou não das expectativas de que, diante do cenário político polarizado e das novas regras eleitorais, a disputa pela PJF tenha um número elevado de candidatos, maior que em pleitos anteriores. Na última contenda, em 2016, foram sete: o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que acabou reeleito; a deputada federal Margarida Salomão; o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC); o empresário Wilson Rezende (Wilson da Rezato, PSB); o deputado federal Lafayette Andrada (PRB); e as sindicalistas Maria Ângela (PSOL) e Victória Mello (PSTU).
Destes, além de Margarida, Noraldino e Wilson são cotados para voltar a disputa em outubro. O empresário do Grupo Rezato, inclusive, já admite publicamente a intenção de ser candidato. PSOL e PSTU também estudam lançar chapa majoritária. Outro nome que saiu bem fortalecido das últimas eleições e que é bastante especulado para disputar a sucessão municipal é o da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), que foi a mais votada na disputa por cadeiras na Câmara Municipal em 2016 e também a mais citada nas urnas juiz-foranas na corrida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nas eleições de 2018.
Algumas especulações ainda apontam outros nomes. Médico e presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, foi especulado como possível candidato à PJF pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Responsável pelo hospital que fez os primeiros atendimentos ao presidente após o atentado à faca sofrido na cidade durante ato de campanha em 2018, Loures se desfiliou recentemente do PDT, sigla que ajudou a fundar na cidade, e é apontado como uma opção caso os bolsonaristas consigam consolidar o Aliança pelo Brasil, partido ainda em processo de formação.
Outros nomes já foram especulados nos bastidores da política juiz-forano, como uma possível indicação do empresário e urbanista juiz-forano Eduardo Lucas pela Rede; ou do ex-deputado Isauro Calais pelo MDB, caso a legenda que hoje integra o Governo Antônio Almas opte por candidatura própria em outubro.
Prazo também vale para postulantes à Câmara
O prazo para a definição de partidos que se finda no dia 4 de abril também vale para aqueles que pretendem disputar uma cadeira na Câmara, o que tem provocado uma intensa movimentação nos bastidores da política da cidade. A dança de cadeiras deve atingir, inclusive, os atuais vereadores, e vários deles devem aproveitar a janela partidária que se abre no próximo dia 5 de março. Isto porque, conforme as regras eleitorais em vigência, os legisladores municipais têm um hiato de 30 dias antes do prazo final para a definição das filiações e trocar de legenda sem riscos de ter seus mandatos questionados pelas siglas pelas quais se elegeram.
Entre algumas das trocas especuladas, Vagner de Oliveira pode deixar o PSC para seguir para o PSB. Adriano Miranda e Rodrigo Mattos já oficializaram suas saídas do PHS. Ambos ainda estão “sem partido”. O primeiro conversa com o PRTB e o segundo, com o Cidadania, que também pode ser o destino de Wagner França (PTB). O PSL pode receber a filiação de Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e André Mariano (PSC). Já Nilton Militão (PTC) tem acerto com o PSD. Hoje no MDB, Antônio Aguiar é sondado pelo DEM e Marlon Siqueira, pelos Progressistas. Por sua vez, o MDB pode abrigar José Fiorilo, hoje no PTC.
Destes, além de Margarida, Noraldino e Wilson são cotados para voltar a disputa em outubro. O empresário do Grupo Rezato, inclusive, já admite publicamente a intenção de ser candidato. PSOL e PSTU também estudam lançar chapa majoritária. Outro nome que saiu bem fortalecido das últimas eleições e que é bastante especulado para disputar a sucessão municipal é o da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), que foi a mais votada na disputa por cadeiras na Câmara Municipal em 2016 e também a mais citada nas urnas juiz-foranas na corrida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nas eleições de 2018.
Algumas especulações ainda apontam outros nomes. Médico e presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, foi especulado como possível candidato à PJF pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Responsável pelo hospital que fez os primeiros atendimentos ao presidente após o atentado à faca sofrido na cidade durante ato de campanha em 2018, Loures se desfiliou recentemente do PDT, sigla que ajudou a fundar na cidade, e é apontado como uma opção caso os bolsonaristas consigam consolidar o Aliança pelo Brasil, partido ainda em processo de formação.
Outros nomes já foram especulados nos bastidores da política juiz-forano, como uma possível indicação do empresário e urbanista juiz-forano Eduardo Lucas pela Rede; ou do ex-deputado Isauro Calais pelo MDB, caso a legenda que hoje integra o Governo Antônio Almas opte por candidatura própria em outubro.
Prazo também vale para postulantes à Câmara
O prazo para a definição de partidos que se finda no dia 4 de abril também vale para aqueles que pretendem disputar uma cadeira na Câmara, o que tem provocado uma intensa movimentação nos bastidores da política da cidade. A dança de cadeiras deve atingir, inclusive, os atuais vereadores, e vários deles devem aproveitar a janela partidária que se abre no próximo dia 5 de março. Isto porque, conforme as regras eleitorais em vigência, os legisladores municipais têm um hiato de 30 dias antes do prazo final para a definição das filiações e trocar de legenda sem riscos de ter seus mandatos questionados pelas siglas pelas quais se elegeram.
Entre algumas das trocas especuladas, Vagner de Oliveira pode deixar o PSC para seguir para o PSB. Adriano Miranda e Rodrigo Mattos já oficializaram suas saídas do PHS. Ambos ainda estão “sem partido”. O primeiro conversa com o PRTB e o segundo, com o Cidadania, que também pode ser o destino de Wagner França (PTB). O PSL pode receber a filiação de Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e André Mariano (PSC). Já Nilton Militão (PTC) tem acerto com o PSD. Hoje no MDB, Antônio Aguiar é sondado pelo DEM e Marlon Siqueira, pelos Progressistas. Por sua vez, o MDB pode abrigar José Fiorilo, hoje no PTC.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Concurso
Data: 25/02/2020
Título: “UFJF abre vaga para professor substituto de Odontologia”
O regime de trabalho é de 40 horas semanais, e os vencimentos podem chegar a R$ 5.831,21 conforme retribuição por titulação
Já estão abertas as inscrições da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) do processo seletivo para contratação de um professor substituto do Departamento de Odontologia do Instituto de Ciências da Vida do campus Governador Valadares. A área de concentração de atuação é em prótese dentária e oclusão.
As inscrições seguem abertas até 5 de março, na Secretaria do Departamento de Odontologia no campus Governador Valadares (Avenida Doutor Raimundo Monteiro Rezende 330, Centro), das 9h às 12h e das 13h às 18h. O deferimento das inscrições será publicado em 6 de março.
O regime de trabalho é de 40 horas semanais, e os vencimentos podem chegar a R$ 5.831,21 conforme retribuição por titulação – especialização, mestrado e doutorado. A prova didática está agendada para 16 de março, também na Secretaria do Departamento de Odontologia, localizada no campus Governador Valadares.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 25/02/2020
Título: “Recuperação do asfalto em JF pode custar até R$ 1 Bi”
De acordo com a Empav, recomposição do pavimento deve vir associada a outros trabalhos, como o de reconstrução das redes de drenagem; Prefeitura afirma não possuir capacidade financeira para resolver o problema
Os buracos que surgem nas ruas de Juiz de Fora após períodos chuvosos não são mais novidade. No meio dos transtornos causados pela fragilidade da cobertura asfáltica, a população cobra soluções para a pavimentação do município. Para minimizar os problemas, recentemente, a Prefeitura iniciou obras de recomposição feitas a partir de recursos do programa de Financiamento para Infraestrutura e Saneamento (Finisa), firmado com a Caixa Econômica Federal. O investimento total previsto é R$ 50 milhões em pavimentação de vias públicas, além de mais R$ 10 milhões para ações de saneamento urbano e R$ 30 milhões para a recuperação financeira da Empav. Entretanto, os valores para recuperação do pavimento representam somente cerca de 5% do que realmente seria necessário para restauração de todo o pavimento na cidade, estimado em R$ 1 bilhão. O montante é superior ao anunciado anteriormente pela Prefeitura, que estimava custo em R$ 600 milhões. “Quando se fala em R$ 600 milhões, estamos calculando apenas a pavimentação, mas tem muito mais para ser feito. Mas isso pode chegar a quase R$ 1 bilhão, com a necessidade de fazer, em alguns pontos, obras complementares de recuperação de drenagem e base”, diz o diretor-presidente da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav), Fúlvio Albertoni.
Diante da inviabilidade financeira de recuperar toda a malha viária da cidade, a Prefeitura tem adotado critérios para selecionar as vias que passam por recomposição do pavimento. Conforme Fúlvio, a prioridade está em corredores de tráfego essenciais para o transporte público. Além disso, são feitas obras complementares em vias do entorno, com recomposição do asfalto e operações específicas para minimizar os transtornos, intensificados no período chuvoso.
Dos recursos do Finisa, foram liberados, até então, R$ 7,5 milhões. A partir de março, a Caixa Econômica Federal deve liberar cerca de R$ 2,5 milhões por mês. Com o montante, a Empav já recuperou o asfalto de vias dos bairros Democrata, Mariano Procópio, Fábrica e Progresso. Atualmente, as obras estão sendo realizadas em Benfica, na Zona Norte. Dentro do projeto, já estão previstas intervenções nos bairros Borboleta, Vale do Ipê, São Pedro, Santos Dumont, Santo Antônio, Eldorado, Santa Terezinha, Bandeirantes, Ipiranga e Dom Bosco (ver arte).
Reclamações
Frequentemente, a Tribuna recebe reclamações de leitores sobre a situação do asfalto em Juiz de Fora. De Norte à Sul, os problemas são evidenciados. Como exemplos, a reportagem flagrou danos em vias como na Alameda Ilva Melo Reis, que liga os bairros Santo Antônio e Jardim Esperança, na Zona Sudeste, na Rua Florianópolis, em Nova Califórnia, na Avenida Paulo Botti, no Aeroporto, e na Rua Octávio Malvaccini, no Spinaville, na Cidade Alta.
Esta última via foi, inclusive, alvo de manifestação de moradores da região no último dia 17. Eles queixam de danos causados em veículos por conta da deterioração na rua, bem como a dificuldade de locomoção em razão dos diversos buracos no trecho. “É uma via de passagem de caminhões, e a situação está precária”, diz o líder da Associação de Moradores da Cidade Alta, Celso Chapinotte, que aponta a questão em Juiz de Fora como um todo e, em especial, a região que representa. “A Cidade Alta está com volume de obras muito grande. Tem a da BR-440, tem a do (programa habitacional) Minha Casa Minha Vida. Isso aumenta o tráfego e, aquilo que já está destruído, os caminhões e a carga pesada ajudam a deteriorar mais ainda.”
No Recanto dos Lagos, Zona Nordeste, a Rua Maurício Fagundes de Resende também tem sido alvo de reclamações. De acordo com o fisioterapeuta e morador na via, Wélisson Martins, a Empav já esteve no local para fechar alguns buracos, entretanto, nem todos os problemas foram solucionados. “Ali tem tráfego de ônibus, passam alguns caminhões, e está ficando difícil. Tem buraco que já está ocupando meia pista.”
‘A situação está muito complicada’, diz Empav
De acordo com o mestre em engenharia Luiz Cezar Duarte Pacheco, a questão envolvendo o asfalto em Juiz de Fora não está relacionada a qualidade do material, mas sim sua aplicação. Isto porque a massa é fabricada a partir do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), fornecido pela Petrobrás – o mesmo para todo país. O especialista também avalia a brita e a própria usina da Empav como de boa qualidade. “Concluo que a massa asfáltica que está sendo colocada em Juiz de Fora tem uma vida útil abaixo do esperado porque é mal aplicada”, aponta, explicando que, para recuperação asfáltica, são necessários serviços em suas bases. “Se existe buraco, a água penetrou, percolou nos vazios e aquele ponto da base está frágil. Você vai colocar uma massa que pode estar até com boa qualidade em cima de uma região que não tem suporte. Isso vai não ter sucesso. Você tem que cortar o asfalto em aresta viva, substituir a parte que está degradada da base que suporta a camada asfáltica e compactá-la. Não pode deixar ‘oco’”, explica.
Segundo o diretor-presidente da Empav, Fúlvio Albertoni, diferente das operações de tapa-buraco, as intervenções de recuperação asfáltica englobam vias em sua integralidade ou grandes trechos, devendo atender requisitos técnicos e contratuais do Finisa. Desta forma, para realização do serviço, foram avaliadas condições como drenagem pluvial e a própria pavimentação. Além disso, fatores como trânsito de ônibus urbanos, índice de trafegabilidade e reclamações registradas nos canais oficiais da Prefeitura (como o aplicativo Colab e o Espaço Cidadão) também foram considerados. As recuperações asfálticas que serão financiadas pela Caixa também estão restringidas à área urbana.
“Isso gera um pouco de dúvida. Tem ruas piores que não estão sendo asfaltadas e outras que não estão tão ruins assim visualmente, mas que poderão ficar”, exemplifica Fúlvio. “Às vezes, uma rua que é um bairro mais afastado e tem um movimento pequeno, eu não posso pegar o Finisa e usar lá, vou ter que buscar recursos da Prefeitura para fazer isso. E, hoje, os recursos próprios da Prefeitura estão destinados para tapa-buraco. A situação está muito complicada. Enfrentamos um período de chuvas muito longo e ainda ficou uma demanda represada do período passado por causa da questão financeira”, disse, acrescentando como agravante o aumento do preço do dólar, uma vez que a produção da massa asfáltica é baseada em derivados do petróleo, que sofrem oscilações no custo pelo mercado internacional. “Hoje, mais ou menos, quase 80% do custo da pavimentação é massa e 20% é a aplicação.”
Emendas parlamentares
A Empav também trabalha na pavimentação das ruas de Juiz de Fora por meio de aportes de emendas parlamentares. Entretanto, os recursos provenientes dessas emendas são destinados a locais específicos, o que não permite à empresa utilizá-lo em outros pontos, segundo o diretor-presidente da Empav. “Um vereador indicou (a emenda) para aquela rua e eu não posso mudar. Às vezes, aquela rua está melhor do que outras, mas eu não posso pegar e transferir isso”, exemplifica.
Dívida da Empav é estimada em R$ 30 milhões
Parte dos recursos financiados pela Caixa Econômica Federal, através do Finasa – R$ 30 milhões – será destinado para cobrir déficit financeiro da Empav. De acordo com o diretor-presidente, Fúlvio Albertoni, o valor se aproxima ao passivo a descoberto da empresa, que, atualmente, gira em torno deste montante, sendo grande parte relacionado a fatores tributários. Segundo Fúlvio, há uma expectativa quanto a um novo programa de refinanciamento e renegociação de dívidas por parte do Governo Federal, o chamado Refis. “(com ele), podemos ter a redução desse passivo e, com o recurso do Finisa sobrando, podemos investir na Empav e até usar para outras empresas.”
Comissionados
Em agosto de 2019, a Prefeitura de Juiz de Fora anunciou o intuito de reestruturar a Empav. O tema chegou a ser debatido em setembro, em audiência pública na Câmara Municipal sobre a situação financeira da empresa. Dentro do plano, havia a possibilidade de uma reorganização administrativa, que poderia resultar no corte de cargos comissionados de livre nomeação. Segundo o diretor-presidente da Empav, a redução do quadro de comissionados partiu de uma orientação do Ministério Público, por conta das características dos cargos. “Para ser comissionado, tem que exercer cargo de assessoramento ou chefia e, muitas vezes, foram contratadas pessoas para exercer cargos operacionais. Então o Ministério Público apurou isso e orientou que fizéssemos o desligamento”, explica. O novo quadro de comissionados da Empav passou de 74 para 30. De acordo com Fúlvio, os cortes geraram economia de cerca de R$ 200 mil mensais, o que representa redução de quase R$ 2,5 milhões por ano.
Obras na UFJF
No último dia 17, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deu início a obras de recapeamento da pavimentação asfáltica do anel viário do campus, intervenção que está sendo realizada pela Empav ao custo de aproximadamente R$ 2,6 milhões. De acordo com Fúlvio, o trabalho foi possível por conta do atributo da empresa em prestar serviços para instituições públicas e é importante no processo de capitalizalação e busca por autonomia financeira. Também em audiência pública na Câmara Municipal em setembro do ano passado, o diretor-presidente citou a possibilidade de a empresa voltar a prestar serviços para a iniciativa privada. Não houve avanços neste cenário, mas a alternativa não foi descartada e depende do processo de reestruturação da empresa.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 25/02/2020
Título: “Em 2020: Lei Murilo Mendes e reforma do Mascarenhas confirmadas”
Eventos como Corredor Cultural e Pólen estão mantidos, além de novidades na UFJF, como a inauguração da Escola de Artes Pró-Música
Quem já acompanhou pelo menos uma apuração de desfile de escolas de samba já conhece a frase: “o carnaval do ano que vem começa logo depois que divulgam as notas”, ou algo parecido. Pois a sentença vale para a cultura de Juiz de Fora como um todo, pelo menos para os responsáveis por comandar a Funalfa, Zezinho Mancini, e a Pró-Reitoria de Cultura da UFJF, Valéria Faria. No caso da dupla, não existe essa de esperar a folia de momo passar para “começar” o ano.
“Para a gente, o ano começa antes do carnaval. Começa no ano anterior, inclusive, já em setembro, outubro, estamos tratando do carnaval do ano seguinte”, deixa claro o diretor geral da Funalfa. “É um evento muito grande, que envolve uma quantia de dinheiro significativa, muita gente trabalhando e se divertindo também. E vai além daquilo que tange somente à Funalfa, pois temos órgãos estaduais como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros envolvidos, diversas secretarias municipais. E tem sido uma experiência positiva, pois vivemos ainda a crise.”
Se olharmos o calendário, a fala de Zezinho Mancini está de acordo com as atividades da Funalfa, que já no último dia 7 iniciou a programação do carnaval na cidade, o primeiro dos três principais eventos agendados para 2020. Os outros dois são o Corredor Cultural, no final de maio, e a segunda edição do Festival Pólen, que acontece em novembro. “A data do Corredor Cultural ainda está sendo negociada, mas deve acontecer entre 29 e 31 de maio, felizmente este ano o último final de semana vai coincidir com o aniversário de Juiz de Fora. Isso faz com que o Corredor tenha outra amplitude até mesmo dentro da Prefeitura. Precisamos casar mais coisas, como agenda do prefeito, planejamentos de outras secretarias em relação à data”, comenta.
“O Pólen foi bem avaliado por nós e a classe artística, e a ideia é repetir a dose. Deve acontecer entre os dias 9 e 15 de novembro. Ele é uma tentativa de nos adaptar a esse momento financeiro complicado que alguns municípios vivem. É um evento multimídia que contempla, de alguma maneira, muitas áreas da cultura, pois há alguns anos tínhamos o Festival de Teatro, a Bienal da Dança, o JF Foto. Assim não perdemos a oportunidade de tocar essas áreas com um grande evento, já que não há recursos para fazer todos.”
A volta da Lei Murilo Mendes
Além dos eventos, Zezinho Mancini destaca, ainda, a Lei Murilo Mendes, que depois de dois anos em branco deve ter o resultado do edital divulgado em março. No total, a Prefeitura destinou cerca de R$ 1,5 milhão para os projetos que forem aprovados. “O resultado do edital vai trazer grandes eventos para a cidade, pois podemos ter até cinco projetos de incentivos a festivais contemplados, que poderão ocorrer tanto neste ano quanto no próximo, e mais os outros projetos.” De acordo com Zezinho, a Funalfa recebeu cerca de 400 propostas para a Lei Murilo Mendes, e aproximadamente 300 delas passaram para a fase final. A expectativa é que sejam aprovados entre 50 e 60 projetos.
Entre as novidades para 2020, Zezinho destaca a ocupação que deve acontecer no CCBM durante março, na celebração do Mês da Mulher, apenas com artistas mulheres. A Praça CEU, que completa cinco anos de atividades no próximo mês, também deve receber alguma atividade. “Mas quem cuida dessa parte especificamente é a OS (Organização Social) responsável pelo gerenciamento do espaço. Devemos fazer algo contando com a própria comunidade”, antecipa.
“O prêmio Amigo do Patrimônio completa 15 anos em 2020, e será uma ação importante pois a mídia consegue colocar o patrimônio em destaque. Vamos participar de Semana dos Museus, na segunda quinzena de maio, um evento nacional e que temos conseguido participar graças à ação do Luiz Fernando Priamo. A nossa ideia é fazer pelo terceiro ano o Painel Mecanismo de Financiamento Sociocultural, provavelmente em abril, mas essa data ainda não temos certeza por conta dos convidados. Queremos trazer esses big players que têm capacidade de estimular nosso empresariado a fazer mais investimentos na área da cultura.”
Obras no CCBM e novo banheiro no Parque Halfeld
Um evento no radar da Funalfa é a segunda Semana de Artes, no CCBM, que integrou a programação do Festival Pólen, mas agora a Funalfa pretende realizar com maior protagonismo. A data, porém, depende de outra das novidades que o órgão tem para 2020.
“Temos a perspectiva de realizar obras no CCBM este ano. A Prefeitura conseguiu disponibilizar para a Funalfa recursos de R$ 7 milhões para obras de infraestrutura por meio do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), da Caixa Econômica Federal. Vamos concluir o plano de acessibilidade para o Teatro Paschoal Carlos Magno, construir um novo banheiro público no Parque Halfeld com 100% de acessibilidade, e teremos o investimento no Complexo Mascarenhas como um todo”, diz.
Parte desse investimento, de acordo com Zezinho Mancini, será para o concerto do telhado do CCBM, entre outras melhorias, incluindo a Biblioteca Municipal Murilo Mendes, o Mercado Municipal a Praça Antônio Carlos. “Por isso mesmo estamos segurando os editais de ocupação do CCBM, só liberando datas a curto e médio prazo, porque a qualquer momento a gente pode ter que parar para iniciar essa obra, que será muito importante.”
Os R$ 7 milhões de financiamento da Caixa Econômica Federal, mesmo que tenham destinação, ajudam a engordar o caixa da Funalfa e a realizar ações que, com o orçamento atual, seriam difíceis de ser realizadas. De acordo com Zezinho Mancini, a Prefeitura destinou à Funalfa o mesmo orçamento de 2019: depois de separar os valores para gastos fixos, como salários, aluguéis etc., sobra cerca de R$ 1,5 milhão para o carnaval, Corredor Cultural, editais e outros eventos. O acréscimo orçamentário municipal para 2020 fica por conta do R$ 1,5 milhão reservado para a Lei Murilo Mendes. “A Funalfa é muito grande, e às vezes a gente mesmo não tem noção da abrangência da nossa atuação. É nossa responsabilidade fortalecer todos esses lugares onde ela naturalmente acontece. Temos conseguido e vamos fazer bastante coisa, mesmo com pouco recurso, mas coisas plurais e democráticas.”
60 anos da UFJF e muitas atividades para celebrar
Outro agente importante para o fomento da cultura local é a Universidade Federal de Juiz de Fora, por meio da Pró-Reitoria de Cultura. Dentre as novidades agendadas para 2020 estão a inauguração (provavelmente em março) da Escola de Artes do Pró-Música; o projeto da abertura da Galeria Angelo Bigi no Cine-Theatro Central, com 37 obras do artista italiano doadas por Antônio Carlos Duarte; a exposição em homenagem ao centenário da escritora Clarice Lispector, no Espaço Reitoria; e a inauguração, em julho, do Memorial do Movimento Estudantil.
“Apesar da conjuntura adversa para as universidades brasileiras, que ainda enfrentam restrições orçamentárias, as perspectivas para a cultura em 2020 na UFJF são positivas, pois este é um ano comemorativo”, diz a pró-reitora de Cultura da instituição, Valéria Faria. “Nossa instituição completará 60 anos, e teremos ainda a celebração dos 15 anos do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), que serão lembrados com uma exposição dos 25 anos da vinda da coleção do poeta. Além disso, ainda no primeiro semestre teremos a inauguração da Escola de Artes Pró-Música, certamente uma boa notícia para a cultura de Juiz de Fora e região.”
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Veículo: Ambiente Brasil
Editoria: Ciência
Data: 26/02/2020
Título: “A lama que ‘brilha’ e reacende traumas de desastre na bacia do Rio Doce”
Toda vez que Florisval Cardoso esguicha água da mangueira para lavar a calçada suja de lama dura e poeira, o pó preto reluzente aparece.
“Olha aí o minério de ferro brilhando. Ele vai separando da água e da lama e vai ficando, tá vendo? Na minha casa ficou cheio dessa coisa preta. Quando o sol esquenta, ele brilha”, diz.
Em meio à lama e poeira que tomaram conta de Governador Valadares desde o final de janeiro, quando chuvas fortes atingiram todo o Estado de Minas Gerais e o Rio Doce subiu quase quatro metros acima do seu nível normal e transbordou pela cidade, o pó impressiona até quem, como Florisval, já está habituado a ver o rio subir.
Uma semana depois da cheia do rio, que banha Minas Gerais e Espírito Santo com 853 km de extensão, era só andar pela cidade para ver a sujeira que se espalhou em todo lugar: pela rua em que Florisval mora, no quintal, e até dentro de casa. Os mais atigidos foram os bairros próximos ao rio mas, com o trânsito dos carros, a poeira deixou camadas espessas até nos bairros centrais.
Para tirar a lama dos pisos e das paredes, vassoura e rodo não bastam. A massa densa é escura e grudenta, e só sai com equipamentos de alta pressão e produtos pesados, como cloro.
“Nas outras enchentes não juntava nada dentro de casa, era água com areia, você puxava e ficava tudo bem. Agora está tudo impregnado nas paredes”, diz Florisval, apontando para as marcas no quintal de casa para mostrar a altura em que a lama subiu.
“Meu quintal ficou com 45 cm de lama. Dentro de casa, ficaram 70 cm de água”, diz.
Morando à beira do Rio Doce há cerca de 20 anos, o microempreendedor Ageu José Pinto diz que é a primeira vez que vê algo desse tipo. “Nunca vi enchente com essa lama, nem com minério”, diz.
“Achamos que era uma cheia normal, só percebemos quando começamos a limpar a casa. Por mais limpa que esteja, vai ficando aquela tinta mineral brilhosa na cerâmica. E depois que baixou tudo é que começamos a ver que as ruas estavam tomadas de lama, e que tinha muito minério junto.”
Ecos de Mariana
Em 2015, quando rompeu a barragem de Fundão, da mineradora Samarco — empresa controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton —, Governador Valadares teve seu fornecimento de água suspenso por mais de uma semana.
Após a tragédia, que deixou 19 mortos e um rastro de destruição por onde passaram os 40 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) local precisou reaprender como tratar aquela água que se tornou barrenta, turva e cheia de peixes mortos, que os moradores ainda descrevem como parecida com chocolate.
De lá para cá, a relação da cidade com o Rio Doce nunca mais foi a mesma: quem vivia da pesca ou da extração de areia nunca mais pode exercer a profissão. Além disso, muitos moradores desconfiam até hoje da qualidade da água; deixaram de beber a água da torneira e incorporaram o hábito de comprar água mineral.
Para reparar os danos, um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) foi assinado em março de 2016 pela mineradora Samarco, por suas acionistas Vale e BHP Billiton, pelo governo federal e pelos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Conforme o acordo, foi criada a Fundação Renova, a quem cabe, com recursos das mineradoras, tomar as medidas necessárias.
Segundo a Renova, foram indenizadas 142,1 mil pessoas pelos problemas no abastecimento, em um total de R$ 147 milhões; e outras 301 famílias por danos morais, materiais e/ou lucros cessantes, em cerca de R$ 19 milhões entre 2016 e 2019.
A prefeitura destaca que a lama que invadiu ruas e casas em 14 bairros da cidade, deixando centena de desalojados, tinha um cheiro forte, era viscosa e cheia de minério, como nunca a cidade viu.
“O barro fininho e arenoso que ficava nas ruas quando a água baixava nas enchentes anteriores foi substituído por uma lama densa, viscosa, abundante e com visíveis sinais de minério. Um resíduo de limpeza muito mais difícil, demorada e que exige muitos mais recursos”, queixou-se o prefeito André Merlo em nota pública divulgada no dia 4 de fevereiro, quase uma semana depois da cheia.
O prefeito também disse à BBC News Brasil que a relação da Samarco com a cidade está bem “complicada”.
Ele diz que o plano acordado no dia 6 de fevereiro no Comitê Interfederativo (CIF), que reúne representantes dos órgãos públicos e da sociedade, previa que as empresas deveriam “providenciar apoio necessário à limpeza das áreas atingidas com lama e rejeitos, inclusive com a sua destinação ambientalmente adequada, e medidas de mitigação dos efeitos adversos da poluição atmosférica pela poeira”.
“E eles não vieram, nem ligaram. Retiramos 4 mil caçambas de lama, e depois veio a poeira”, diz o prefeito.
A Renova afirma que recebeu pedidos de apoio para recuperação após as chuvas de “diversas prefeituras” e que a fundação “aguarda aprovação, de forma emergencial, em sua governança interna, para poder implementar ações de apoio a esses municípios”.
Para os moradores, como Florisval e Ageu, encontrar o pó brilhante dentro de casa traz de volta o receio de que os rejeitos do minério de ferro jogado no rio durante o desastre de Mariana tenham voltado à superfície com as chuvas. O medo é de que sejam substâncias tóxicas, que façam mal à saúde de quem é exposto a elas.
Investigação técnica
Ainda não dá para provar, no entanto, que o minério ou a lama da enchente sejam mesmo culpa da Samarco. Falta a palavra final da perícia. A prefeitura ajuizou um pedido de perícia na lama espalhada pelas ruas para, no futuro, usar como prova em uma ação judicial contra a Samarco — o prefeito da cidade já anunciou que tem a intenção de processar a empresa.
O argumento da prefeitura é o de que a presença dos rejeitos de minério na lama representou, além das perdas de 2015, mais custos para a cidade. “A utilização extra de mão de obra, maquinário e ferramentas para a retirada desse material, onerando ainda mais os cofres públicos.”
Segundo a procuradora-geral do município, Ana Carla Dias, o objetivo com a análise da lama é construir duas provas. “O primeiro é comprovar que é a mesma lama da Samarco. O segundo é comprovar que o desastre da Samarco em Mariana elevou o nível do nosso rio, de modo que menores quantidades de chuvas causam mais estragos. Basicamente está cheio de lama lá no fundo e, por isso, o rio está mais raso.”
Morando de frente para o rio em uma rua que foi toda tomada pela lama dura e malcheirosa, Ageu tem impressão parecida sobre a mudança do rio Doce desde o desastre de Mariana. “Hoje, se a gente entrar no rio a gente vai pisar em lama. Antes, o fundo do rio era areia.”
Em Valadares, os moradores acompanham o movimento do rio por meio da régua do SAAE que fica na Estação de Tratamento Central para avaliar o volume de captação do abastecimento de água da cidade. De acordo com essa régua, o pico crítico do nível do rio chegou a 3,93 metros no fim de janeiro e atingiu 14 bairros, prejudicando 55 mil pessoas, na estimativa da prefeitura.
Moradores ribeirinhos, no entanto, questionaram a medição, já que na enchente de 2012 o rio chegou a 4,15 metros, segundo o SAAE, e causou menos estragos.
A Fundação Renova diz que foi enviada uma equipe de técnicos para coleta de amostras dos materiais removidos logo após a enchente em diversos pontos da região. Os resultados das análises deverão ser entregues nas próximas semanas.
A Renova também alega ter certeza de que não há nenhum risco para as famílias de Valadares; afirma que não há metais oriundos da barragem do Fundão que representem risco toxicológico à saúde humana, de acordo com pesquisas realizadas em Mariana e Barra Longa e divulgadas em dezembro de 2019.
E, apesar dos estragos causados pela mineradora no rio, alega que anualmente são lançados cerca de 144 milhões de metros cúbicos de esgoto não tratado na bacia do rio Doce, quantidade três vezes maior que o próprio volume de rejeitos vazado da barragem de Fundão, em 2015.
“Conforme já demonstrado a partir de levantamentos realizados pela ANA (Agência Nacional das Águas) e CPRM (Serviço Geológico do Brasil), verifica-se que não houve deposição de material, oriundo do rompimento da barragem de Fundão, a ponto de alterar os níveis de inundação do rio nas regiões próximas ao município de Governador Valadares. O aumento da turbidez em decorrência da remobilização de sedimentos já ocorre sazonalmente nos períodos chuvosos.”
Medo da lama e medo da água
O posicionamento da Samarco contraria a percepção dos moradores e o poder público de Valadares.
“Depois do desastre de Mariana, hoje em dia, qualquer movimento do Rio Doce a água fica com turbidez alta. E isso, provavelmente, é a lama que está no meio do Rio Doce”, afirma o diretor geral do SAAE de Governador Valadares, coronel Sebastião Pereira de Siqueira.
Ele diz, ainda, que a água bruta do rio mudou totalmente desde a tragédia. Mas concorda que a água depois de tradada é segura para o consumo da população.
Siqueira diz que, desde 2015, a água tratada pela SAAE e distribuída aos valadarenses já foi testada várias vezes e se comprovou potável não só pelos laboratórios da empresa, que são certificados pela norma ISO 9001, mas também pelos Ministérios Públicos estadual e federal.
A Renova diz que, atualmente, o rio Doce é enquadrado na classe 2 pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), e isso significa que a água pode ser consumida após tratamento convencional e ser destinada à irrigação.
“A nossa água tratada é potável, isso eu garanto. De seis em seis meses a água é colhida e levada para um laboratório em São Paulo, isento”, diz Siqueira. Mas compreende a desconfiança da população ao lembrar da água espessa e dos peixes mortos na época da tragédia de Mariana, e agora voltar a testemunhar o excesso de lama que veio em 2020.
“Tivemos um excesso de minério visível na lama. Eu, por exemplo, tive prejuízo em bombas do SAAE que ficam submersas, houve danos. O que causou esse estrago? Não sei. Pode ser minério de ferro? Pode. Mas ainda é preciso fazer a perícia para falar”, afirma, cauteloso.
“O MP quer saber. O que veio a mais nessa lama agora? Estão sendo feitas perícias para saber se houve aumento de metais pesados, de toxicidade da lama.”
Florisval, por via das dúvidas, abandonou o hábito de beber água da torneira desde a tragédia causada pela Samarco. “Estamos sofrendo desde aquele desastre de 2015”. Tem receio ainda maior de dar a água para os netos pequenos, que ficam em casa com ele e a esposa depois das aulas.
“Não usamos mais a água para beber. Mal e mal para tomar banho, e tem vezes que sente o corpo coçando”, diz Ageu.
“A gente toma um banho de álcool, porque fica cismado. Tem gente que tem resistência menor, baixa a imunidade e ‘calomba’ o corpo, fica todo vermelho”, afirma ele, que é membro do Conselho Municipal de Direitos Humanos e já ouviu muitas queixas nesse sentido. Ele conta que, hoje, só bebe a água da torneira quem não tem condições de comprar a mineral.
“Infelizmente, nem todo mundo tem.”
Siqueira, do SAAE, diz que a enchente despertou traumas antigos da população.
“Aquele impacto de lama no rio Doce, aquela dúvida sobre o impacto para a saúde, se vai morrer peixe. A sensação das pessoas daquela tragédia antiga, isso volta à tona. Isso volta. Essas empresas têm que responder a essas questões.”
Em janeiro de 2019, uma outra barragem da Vale se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, matando pelo menos 259 pessoas e deixando 11 desaparecidos. Na quinta-feira, a Vale divulgou que teve um prejuízo de R$ 6,672 bilhões no ano passado, resultado influenciado pela tragédia de Brumadinho.
O prefeito André Merlo (PSDB) diz que estão paradas as obras da construção pela Renova da adutora que servirá como uma fonte alternativa de captação de água em Governador Valadares, e começaram no dia 13 de julho de 2018.
O projeto prevê a implantação de uma adutora de 35 km de extensão que levará a água do rio Corrente Grande até as Estações de Tratamento de Água (ETA) Central, Vila Isa e Santa Rita. A previsão inicial de conclusão da obra era para o primeiro trimestre de 2021.
Em nota à BBC News Brasil, a Fundação Renova afirmou que “a nova empresa responsável pela a construção da adutora em Governador Valadares está em fase de seleção e, em breve, substituirá o atual. O processo concorrencial faz parte da política de contratação da Fundação, que trabalha para que as etapas de seleção ocorram com transparência e ética, de forma a permitir entrega com qualidade e rigor técnico”.
O ferro comprovado na lama
O pesquisador Ângelo Márcio Leite Denadai, professor doutor em química da Universidade Federal de Juiz de Fora no Campus Governador Valadares, testou a lama que se acumulou na porta da casa dele durante a enchente e comprovou que o pó preto é óxido de ferro, que se mexe quando puxado por um ímã.
“Levei uma amostra para o laboratório, e, com um imã de neodímio, comprovamos que tem muito material magnético óxido de ferro na lama”, afirma o cientista.
“O óxido de ferro é um dos componentes do minério. Então a presença do óxido de ferro é um indicativo de que o material da lama se trata de minério de ferro. Claro que estudos mais profundos têm que ser levantados. Não estou afirmando que seja lama lá da região do desastre, estou levantando uma forte suposição.”
Denadai sugere que a perícia utilize o óxido de ferro como marcador para determinar a procedência da lama. “Não estamos fazendo papel de perícia, mas de cientista levantando hipóteses”, pondera.
“Há duas situações/hipóteses: existe atividade mineradora com despejo de óxido de ferro no Rio próximo a Valadares? Não. Sabemos que em 2015 houve um despejo de quantidade gigantesca de óxido de ferro no Rio. Levanta-se a suspeita de que seja proveniente do rejeito. Mas só uma perícia contratada pelo poder público poderá dizer.”
Denadai também defende que é preciso investir em tecnologia para monitorar o sobe e desce do rio em situações atípicas como o pós-desastre.
“Existem tecnologias muito sofisticadas. Interferometria eletromagnética, métodos de sonar, a gente sabe que existe. Medir altura de rio com régua em pleno século 21 é um absurdo.”
Fonte: BBC
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Veículo: Click Nova Olímpia
Editoria: Saúde
Data: 26/02/2020
Título: “Cardiologista de Barra dos Bugres integra Diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia-MT”
O ex-secretário de saúde do município de Barra do Bugres, cirurgião, Dr. Egberto Barros destacou a importância para a cidade em ter como integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, regional Mato Grosso, a Dra. Renata Teixeira Ladeira, também atuante como cardiologista em Barra do Bugres e região.
Dra. Renata assume o cargo na Diretoria como Diretora de Comunicação. A solenidade de posse ocorreu no Gran Odara Hotel, em Cuiabá e contou com a presença de importantes Doutores da área. Dona de um currículo invejável, Dra. Renata reside em Barra do Bugres, onde possui uma alta reputação perante a população e pacientes, pelos quais é uma querida profissional e ser humano. Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (1992-1998). Realizou residência médica em Clínica Médica e Cardiologia na Universidade de São Paulo-USP (1999 a 2002). Tem especialização em Unidade Coronária pelo Instituto do Coração (InCor)-HCFMUSP (2003-2004) e Medicina Intensiva (2011). Possui doutorado em cardiologia pelo InCor-HCFMUSP (2004-2009). Atuou como médica intensivista na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), desde 2004 e cardiologista clínica.
” É uma honra para Barra do Bugres ter uma profissional em tão destacado posto técnico. Para nossa família é uma alegria!”, declarou Dr. Egberto Barros, esposo da Dra. Renata.
Durante o evento de posse da Nova Diretoria, foram apresentadas as novidades da nova gestão para dar continuidade e aperfeiçoamento nos trabalhos realizados pela SBC MT.
A Nova Diretoria é composta por:
Presidente: Marcos de Thadeu Tenuta Junior
Vice-Presidente: Fábio Argenta
Diretor Administrativo: Danilo Oliveira de Arruda Júnior
Diretor Financeiro: Roberto Candia
Diretor Cientifico: Júlio César de Oliveira
Diretor Qualidade Assistencial: Gibran Roder Feguri
Diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular: José Silveira Lage
Diretor de Comunicação: Renata Teixeira Ladeira
Diretor de Comunicação do Interior: Edgar Stroppa Lamas e Haitham Ahmad.
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