A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inaugurou a sede do Núcleo de Integração Acadêmica para Sustentabilidade Socioambiental (Niassa) e o viveiro de mudas de sua Fazenda Experimental nesta quarta-feira, 11. A área está localizada às margens da represa de Chapéu d’Uvas, no município de Ewbank da Câmara. O viveiro com capacidade para produção de 20 mil mudas é o primeiro passo no desenvolvimento de técnicas a serem testadas e desenvolvidas com a população do entorno para maior eficiência na recuperação da Mata Atlântica e, consequentemente, mais água para toda região na próxima década.
O viveiro é uma das ações do projeto “Raízes para o Futuro”, desenvolvido pelo Niassa em parceria com a concessionária Via 040, em uma área de mais de dois milhões de metros quadrados e aproximadamente cinco quilômetros de cursos d’água. A cooperação técnica via ao plantio de 37 mil árvores no local. Os trabalhos impactarão diretamente na quantidade e qualidade da água na Represa de Chapéu d’Uvas ao longo do tempo.
O coordenador do Projeto de Restauração de Valores Ecológicos da Mata Atlântica, André Megali Amado, ressalta a proposta de reflorestamento como uma sinergia. “Promover a compensação ambiental, agregando valores sociais, acadêmicos e ambientais, nos mostra como é possível e necessária a atuação de diferentes frentes de ação, formando assim, uma sinergia em prol da sustentação da vida.”
Além dos benefícios para o meio ambiente, para o abastecimento de água da região e para a população, a comunidade acadêmica recebe um laboratório a céu aberto, no qual podem ser desenvolvidas pesquisas e outros projetos, como explica o chefe Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Lyderson Facio Viccini. “Ganhamos um presente, pois a Fazenda se constitui em um laboratório, no sentido de colocar em exercício políticas que possam contribuir para a sustentabilidade. Acima de tudo, é uma forma de exercermos a cidadania, uma vez que garantir o bem comum também é papel da universidade pública.”
Recuperação da biodiversidade
A inauguração foi marcada por uma cerimônia no local. Na ocasião, a vice-reitora da UFJF, Girlene Alves Silva, destacou o entusiasmo e a perseverança dos profissionais da instituição envolvidos no projeto. “A UFJF está oferecendo aqui o que já desempenha muito bem: cuidar de vidas. Continuaremos aplicando este princípio no que tange à sustentabilidade. Todos temos que participar do desafio que está subentendido nesta parceria que propõe a recuperação da biodiversidade.”
Para a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro de Oliveira, a Fazenda é, ao lado do Jardim Botânico, mais uma contribuição da UFJF para a qualidade de vida da sociedade. “A Instituição coloca-se, neste caso, por meio de parcerias, como geradora de conhecimento e de recursos humanos qualificados que oferece, desta forma, mais espaço para ensino, pesquisa e extensão: tripé com o qual a universidade pública se compromete.”
A cerimônia marcou ainda o acordo de cooperação técnica entre a Via 040 e a UFJF. A coordenadora de Meio Ambiente da concessionária, Rejane Olívia Andrade, comemora a inauguração. “Essa parceria é muito especial. Temos certeza de que, com o viveiro e o plantio, este espaço trará muitos frutos, muita água e sementes para todo nosso ambiente.”
A região
A região da Fazenda Experimental teve sua área degradada pelo cultivo do café e de ações do tempo, assim como a intervenção humana. O espaço foi adquirido pela UFJF em maio de 2013. O prefeito da cidade de Ewbank da Câmara, José Maria Novato, destacou a importância da revitalização da área. “Para mim, que cresci na zona rural e conheço toda a região, ver a Fazenda se transformar em um espaço de pesquisa e de desenvolvimento, me deixa muito feliz, pois, assim, temos a certeza de que estamos contribuindo para o futuro.”
A avaliação do presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna, Wilson Guilherme Acácio, aponta no mesmo sentido. “Este espaço, com os projetos que apresenta, será para testes e pesquisas, no sentido de promover o reflorestamento na região. Estamos otimistas para ver se formar aqui um corredor de floresta, de Mata Atlântica.”
Internacionalização
O coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia e do Niassa, Natan Oliveira Barros, destaca a solenidade como um momento histórico também no âmbito na internacionalização. O projeto foi acompanhado por duas alunas da Radboud University Nijmegen na Holanda, Lisanne Hendriks e Rerske Vroom. As intercambistas destacaram que participar de projetos do tipo acrescenta conhecimentos à base de pesquisa que desejam realizar, que não estão disponíveis na Holanda. “Hoje, mais uma peça da engrenagem do conhecimento é colocada em prática, peça-chave para a pesquisa e a extensão”, comemora Barros.
No encerramento da cerimônia, houve o descerramento da placa de inauguração do viveiro de mudas. O coordenador André Amado celebrou a abertura do espaço. “Neste momento, temos aqui o ponto de partida para projetos que serão desenvolvidos e, principalmente, multiplicados pela população do entorno e da região. O que vai gerar muitos frutos, ou melhor, muita água.”