
Fazenda Experimental está localizada no município de Ewbank da Câmara (Foto: Leandro Mockdece/UFJF)
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inaugurou a sede do Núcleo de Integração Acadêmica para Sustentabilidade Socioambiental (Niassa) e o viveiro de mudas de sua Fazenda Experimental nesta quarta-feira, 11. A área está localizada às margens da represa de Chapéu d’Uvas, no município de Ewbank da Câmara. O viveiro com capacidade para produção de 20 mil mudas é o primeiro passo no desenvolvimento de técnicas a serem testadas e desenvolvidas com a população do entorno para maior eficiência na recuperação da Mata Atlântica e, consequentemente, mais água para toda região na próxima década.

Viveiro tem capacidade para 20 mil mudas. Projeto prevê plantio de 37 mil árvores. (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
O viveiro é uma das ações do projeto “Raízes para o Futuro”, desenvolvido pelo Niassa em parceria com a concessionária Via 040, em uma área de mais de dois milhões de metros quadrados e aproximadamente cinco quilômetros de cursos d’água. A cooperação técnica via ao plantio de 37 mil árvores no local. Os trabalhos impactarão diretamente na quantidade e qualidade da água na Represa de Chapéu d’Uvas ao longo do tempo.
O coordenador do Projeto de Restauração de Valores Ecológicos da Mata Atlântica, André Megali Amado, ressalta a proposta de reflorestamento como uma sinergia. “Promover a compensação ambiental, agregando valores sociais, acadêmicos e ambientais, nos mostra como é possível e necessária a atuação de diferentes frentes de ação, formando assim, uma sinergia em prol da sustentação da vida.”
Além dos benefícios para o meio ambiente, para o abastecimento de água da região e para a população, a comunidade acadêmica recebe um laboratório a céu aberto, no qual podem ser desenvolvidas pesquisas e outros projetos, como explica o chefe Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Lyderson Facio Viccini. “Ganhamos um presente, pois a Fazenda se constitui em um laboratório, no sentido de colocar em exercício políticas que possam contribuir para a sustentabilidade. Acima de tudo, é uma forma de exercermos a cidadania, uma vez que garantir o bem comum também é papel da universidade pública.”
Recuperação da biodiversidade

“A UFJF está oferecendo aqui o que já desempenha muito bem: cuidar de vidas”, considera Girlene. (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
A inauguração foi marcada por uma cerimônia no local. Na ocasião, a vice-reitora da UFJF, Girlene Alves Silva, destacou o entusiasmo e a perseverança dos profissionais da instituição envolvidos no projeto. “A UFJF está oferecendo aqui o que já desempenha muito bem: cuidar de vidas. Continuaremos aplicando este princípio no que tange à sustentabilidade. Todos temos que participar do desafio que está subentendido nesta parceria que propõe a recuperação da biodiversidade.”
Para a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro de Oliveira, a Fazenda é, ao lado do Jardim Botânico, mais uma contribuição da UFJF para a qualidade de vida da sociedade. “A Instituição coloca-se, neste caso, por meio de parcerias, como geradora de conhecimento e de recursos humanos qualificados que oferece, desta forma, mais espaço para ensino, pesquisa e extensão: tripé com o qual a universidade pública se compromete.”

“Este espaço trará muitos frutos, muita água e sementes para todo nosso ambiente”, projeta Rejane. Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
A cerimônia marcou ainda o acordo de cooperação técnica entre a Via 040 e a UFJF. A coordenadora de Meio Ambiente da concessionária, Rejane Olívia Andrade, comemora a inauguração. “Essa parceria é muito especial. Temos certeza de que, com o viveiro e o plantio, este espaço trará muitos frutos, muita água e sementes para todo nosso ambiente.”
A região
A região da Fazenda Experimental teve sua área degradada pelo cultivo do café e de ações do tempo, assim como a intervenção humana. O espaço foi adquirido pela UFJF em maio de 2013. O prefeito da cidade de Ewbank da Câmara, José Maria Novato, destacou a importância da revitalização da área. “Para mim, que cresci na zona rural e conheço toda a região, ver a Fazenda se transformar em um espaço de pesquisa e de desenvolvimento, me deixa muito feliz, pois, assim, temos a certeza de que estamos contribuindo para o futuro.”
A avaliação do presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna, Wilson Guilherme Acácio, aponta no mesmo sentido. “Este espaço, com os projetos que apresenta, será para testes e pesquisas, no sentido de promover o reflorestamento na região. Estamos otimistas para ver se formar aqui um corredor de floresta, de Mata Atlântica.”
Internacionalização

“Mais uma peça da engrenagem do conhecimento é colocada em prática”, comemora Barros. (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
O coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia e do Niassa, Natan Oliveira Barros, destaca a solenidade como um momento histórico também no âmbito na internacionalização. O projeto foi acompanhado por duas alunas da Radboud University Nijmegen na Holanda, Lisanne Hendriks e Rerske Vroom. As intercambistas destacaram que participar de projetos do tipo acrescenta conhecimentos à base de pesquisa que desejam realizar, que não estão disponíveis na Holanda. “Hoje, mais uma peça da engrenagem do conhecimento é colocada em prática, peça-chave para a pesquisa e a extensão”, comemora Barros.

“Temos aqui o ponto de partida para projetos que serão desenvolvidos e, principalmente, multiplicados pela população”, comemorou Amado (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
No encerramento da cerimônia, houve o descerramento da placa de inauguração do viveiro de mudas. O coordenador André Amado celebrou a abertura do espaço. “Neste momento, temos aqui o ponto de partida para projetos que serão desenvolvidos e, principalmente, multiplicados pela população do entorno e da região. O que vai gerar muitos frutos, ou melhor, muita água.”