Um filamento flexível, transparente, com diâmetro pouco maior do que um fio de cabelo humano, obtido a partir do vidro, que é capaz de transportar informações a diferentes distâncias. Essas características definem a fibra óptica, uma tecnologia que vem sendo pesquisada no Centro de Pesquisa em Materiais (Cepem) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que pela primeira vez produziu de forma artesanal o material. Resultado abre portas para novas implicações no âmbito da pesquisa.
A capacidade de transmissão e não interferência eletromagnética peculiar do vidro contribuem na expansão da tecnologia da fibra óptica. Hoje, são conhecidos dois tipos de fibras ópticas, as monomodo e as multimodos. O doutorando em física, que integra o projeto de produção da fibra óptica na UFJF, Diogo Rúbio Sant’Anna, explica a diferença entre os modelos: “A monomodo apresenta um único caminho possível de propagação e é a mais utilizada em transmissão de longas distâncias – devido a baixas perdas de informações. Já a fibra multimodo, permite a propagação da luz em diversos modos e é a mais utilizada em redes locais (LAN), devido ao seu custo moderado.”
A fibra óptica feita pelo Cepem foi a primeira realizada na instituição e contou com o trabalho artesanal dos pesquisadores. O estudo analisou o comportamento do material, como as variações a diferentes condições de temperatura, a resistência e o rendimento. “A fibra produzida apresentou um comportamento interessante no que diz respeito à sua dependência com a temperatura. Foi possível observar, através de uma medição preliminar, uma variação no sinal quando a temperatura dela aumenta, podendo ser utilizada como sensor de temperatura. Como a pesquisa ainda está no início, ainda fica difícil estipular um custo”, destaca Sant’Anna.
Possibilidades futuras
A pesquisa abre caminhos para novas parcerias na universidade. Sant’Anna já desenvolve uma colaboração com o professor da Engenharia Elétrica Alexandre Bessa para o desenvolvimento de um sensor óptico de baixo custo para monitoramento de deformações mecânicas. Segundo ele, o projeto tem boas perspectivas de continuidade, inclusive com parcerias dentro da instituição, como o apoio do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT) para solicitação de patente, por exemplo. “A ideia de você ter um material que apresente sempre melhor rendimento pelo menor custo é o que motiva a ciência, mais especificamente a área de materiais, a fim de tornar essas tecnologias mais acessíveis”, afirma o pesquisador.
A coordenadora do Centro de Pesquisa em Materiais e orientadora do projeto, Zélia Ludwig, enfatiza a relevância da descoberta e as contribuições que podem ser viabilizadas para a comunidade acadêmica e para a sociedade. “Essa inovação marca um passo muito importante para a UFJF e para o Cepem, em termos de novas possibilidades de aplicações e expansão das linhas de pesquisa. Abre caminhos para outros pesquisadores e alunos que querem dar uma aplicação para vidros especiais. Esse trabalho vai além do que já foi feito, pois mostra que estamos avançando da pesquisa básica para a aplicada”, diz.
Outras informações: Centro de Pesquisa em Materiais