Os desafios para implementar as Diretrizes da Educação do Campo em uma escola estadual do município de Aimorés, no leste de Minas Gerais, foram identificados na dissertação de Wender Vicente Teixeira de Moura. A pesquisa indicou obstáculos internos e externos para a implementação e, após estudos sobre o perfil dos alunos e as demandas da comunidade, foram elaboradas estratégias  para colocar as Diretrizes em prática. O trabalho foi apresentado no Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

A partir da experiência como professor e gestor e por meio da observação de que o ensino não está totalmente alinhado com a realidade do meio em que a Escola está inserida, Moura investigou os impeditivos para a Instituição assumir as Diretrizes da Educação do Campo. Ele explica que a Educação do Campo é uma modalidade de Educação Básica destinada aos alunos que vivem nesse meio. Para criar sua própria identidade, essa política leva em conta o respeito aos aspectos culturais, sociais, ambientais, políticos, econômicos e de gênero. 

As referidas diretrizes de Minas Gerais, surgidas a partir de legislação federal, criaram um novo modelo de Educação do Campo, contraposto ao de Educação Rural, para atender a tais especificidades. Segundo Moura, alguns dos desafios identificados para a implementação incluem o “descaso por parte dos órgãos gestores centrais, a não dissociação da política de Educação do campo da antiga Educação Rural e a grande rotatividade de professores nas escolas de interior”. 

Para o estudo, por meio de questionários aplicados aos pais e alunos do Ensino Fundamental e Médio, foram levantados dados sobre os locais onde as famílias dos alunos moram e sobre as atividades econômicas por elas desenvolvidas. Foi feita também uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e em relação a legislação atual. Por fim, todos os professores e especialistas em Educação que trabalham na Escola foram entrevistados a partir de questões sobre os conhecimentos da equipe acerca do tema e sobre qual a posição que adotam diante da viabilidade da implementação das Diretrizes na Escola. 

Para o professor, a Escola em questão tem um ambiente propício às Diretrizes da Educação do Campo. Nesse sentido, ele pontua que “chegou o momento de tornar essa prática mais realista, com a implementação de maneira mais sistematizada, já que lidamos com uma equipe consciente do público diferenciado de alunos e uma comunidade de pais participativos”. 

De acordo com o professor orientador, Julvan Moreira de Oliveira, o estudo demonstra necessidade de conquistas, tanto nos aspectos estruturais, quanto nas questões pedagógicas. Nesse sentido, ele ressalta a importância da articulação política para a elaboração de um projeto educativo pautado na consciência de classe, nas relações de trabalho e na organização e luta das famílias do campo. “Numa conjuntura em que a luta pelos direitos à terra dos indígenas, quilombolas e dos trabalhadores do campo são atacados, a Educação do Campo percebe as populações do campo como sujeitos de direitos. A relação existente entre a Educação do Campo e a luta pela terra marca um dos principais desafios vividos pelos sujeitos do campo.”

Contatos:
Wender Vicente Teixeira de Moura (Mestrando)
wenderm.mestrado@caed.ufjf.br
Julvan Moreira de Oliveira
julvan.moreira@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Prof. Dr. Julvan Moreira de Oliveira ( orientador – UFJF)
Prof. Dr. Luiz Flávio Neubert (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Welessandra Aparecida Benfica (UEMG)

Outras informações: (32) 4009-9359 – Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública