Miriam mostrou como a evolução das cozinhas em casas brasileiras está diretamente ligada ao período escravista (Foto: Alexandre Dornelas)

Esta sexta-feira, 29, último dia da 2ª Semana da Consciência Negra da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi marcado pela palestra “Histórias Contadas x Histórias Vividas: Seu Lugar é na Cozinha”. A discussão, que aconteceu no auditório da Faculdade de Engenharia, foi guiada pela arquiteta, urbanista e projetista, Miriam Carla do Nascimento Dias.

Durante a palestra, Miriam mostrou como a evolução das cozinhas em casas brasileiras está diretamente relacionada com o período escravista pelo qual o país passou. Em uma narrativa ilustrada com exemplos, a arquiteta explica como as nossas construções sofreram influência direta da arquitetura africana e muçulmana, mostrando que até mesmo a disposição dos cômodos de uma casa está relacionada a questões escravistas. “Existem histórias que foram contadas de maneira que colocam o ouvinte em um ambiente mágico, em uma ilusão. A realidade, no entanto, muitas vezes não é exatamente assim”, diz Miriam. 

Em seu discurso, Miriam mostra que a cozinha é um espaço de aproximação entre pessoas que tem perdido esse valor, principalmente em tempos de tecnologia e urbanismo. Falar sobre isso, então, é projetar uma reconstrução histórica e uma abordagem técnica que pode interferir na forma como os novos projetistas irão pensar os espaços de casas. “A palestra contribui no sentido de trazer uma abordagem sobre imigrantes africanos que trouxeram uma contribuição muito maior para nossa arquitetura, para a maneira como construímos nossas casas e nossas residências, uma cultura que a gente usa e não sabe que é deles. É importante que conheçamos nossa história para construir nosso futuro”, complementa.