A emoção que acompanha o esporte não está apenas na torcida. Quem decide por uma carreira na área do futebol, por exemplo – seja como atleta, juiz ou narrador –, carrega a responsabilidade de lidar com uma paixão nacional. Para falar sobre o tema, o diretor de Imagem Institucional e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Márcio Guerra, conversou com os alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Duque de Caxias. O encontro fechou as apresentações da Semana de Educação para a Vida, realizada na escola em parceria com o projeto de extensão “A ciência que fazemos”.
Os estudantes receberam o professor que revelou, logo no início, que já esteve do outro lado do auditório. “Minha alegria de estar aqui é que sou ex-aluno da Duque de Caxias. Estudei aqui por dois anos”, contou. Ainda antes disso, durante a sua infância, a preferência por tratores de brinquedo definiu a primeira opção de carreira do professor. Sempre que era perguntado sobre o que seria quando crescesse, Guerra respondia “motorista de trator”. Assim, em tom de conversa, explicou sua trajetória até sua história cruzar com a da Universidade. A menção à infância não foi a toa: o segredo estava justamente lá.
Ainda criança, o professor lembrou que gostava de brincar de futebol de botão. Um sino fazia o trabalho de anunciar o intervalo, quatro velas simulavam a iluminação do campo, a torcida era feita de papelão e um gravador era utilizado para registrar suas narrações das partidas. Um pouco mais velho, foi convidado a fazer parte do jornalzinho da sala pois, segundo sua professora, tinha cara de jornalista. Unindo duas vocações, Guerra decidiu que queria ser jornalista esportivo, e o que começou como uma brincadeira tornou-se sua profissão.
Já no início da faculdade, o pesquisador começou a trabalhar com jornalismo esportivo e, após concluir o curso, seguiu na área. Anos depois, sua paixão e experiência com futebol também motivaram o ingresso na carreira acadêmica. O professor contou para os presentes que as pesquisas não pararam em uma conclusão imediata e os resultados geraram novas hipóteses e, consequentemente, novos estudos.
“O sonho é possível”
Antes de encerrar o bate-papo, Guerra falou com os alunos sobre as possibilidades que a universidade pública proporciona e que a escolha de curso é um momento difícil para pessoas tão jovens – e, justamente por isso, não precisa ser definitivo. O pesquisador conversou com os estudantes sobre como é possível buscar interesses novos e diferentes, mesmo já inseridos em cursos de graduação. “Na universidade pública, é completamente possível”, afirmou.
Quando abriu espaço para perguntas, o pesquisador percebeu o interesse de alguns dos alunos na área de comunicação e os presenteou com alguns livros sobre o tema. Despediu-se com uma mensagem de esperança para quem contemplava as dúvidas sobre o futuro, tão comuns nessa fase da vida. “Não aceitem que digam a vocês que o sonho não é possível”, disse.
Para a aluna Júlia Gomes, a conversa foi tranquilizante. “Foi muito bom pra quem ainda não sabe o que quer fazer, qual caminho quer seguir. Ajudou muito a liberar o estresse de ter que escolher rápido”. O estudante Jonathan Figueiredo saiu da apresentação com uma nova visão sobre quem faz ciência na universidade: “Achei que ele ia falar com uma linguagem mais formal, falando coisas de outro mundo. Ele mostrou pra gente que seguir na faculdade não é um bicho de sete cabeças. Dá pra chegar lá”.
O projeto
O encontro entre os cientistas e a comunidade é uma iniciativa do projeto “A ciência que fazemos”, criado pela Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF. Um dos objetivos da iniciativa é justamente possibilitar a aproximação entre os cientistas e os estudantes da formação de base, levando para dentro das escolas uma fração dos estudos desenvolvidos na Universidade, para mostrar aos alunos que a ciência está mais próxima do que imaginam.
Outras informações:
Conheça o projeto “A ciência que fazemos” – e saiba como levá-lo para sua escola