Com o título de Patrimônio Imaterial de Juiz de Fora, o Grupo Divulgação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estreia mais um espetáculo, desta vez com o encerramento do curso do Núcleo de Adolescentes. A fragilidade da existência humana é o tema de “Os Cegos e a Morte”, que entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 21, às 20h, e cumpre curta temporada – até sábado, 23 – no teatro do Forum da Cultura. A entrada é franca.
O espetáculo conta com dois textos do dramaturgo belga Michel de Ghelderode (1898-1962), “Os Cegos” (1933) e “O Estranho Cavaleiro” (1920 ou 1924). Na primeira parte – “Os Cegos” -, três pessoas estão em busca do caminho de Roma, onde planejam obter a benção do papa e conseguirem o milagre da visão. Mas o trio nunca saiu da região de Flandres, na Bélgica, e ignora os conselhos de um caolho, afinal “em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Os cegos pensam escutar os sinos da capital italiana, quando na verdade, seguem a ouvir os de Bruxelas.
Já na segunda parte, “O Estranho Cavaleiro”, um grupo de idosas vive em um asilo à espera da Morte. Quando esta tem a sua chegada anunciada, começa a desordem entre elas. Mas a iminência da finitude também traz reflexão. Para José Luiz Ribeiro, também diretor do espetáculo, a questão da “inconsequência” do ser humano é o que une os dois textos.
“Ghelderode retrata uma sociedade em transformação e em muita dificuldade. Os cegos têm um caminho, indicam para eles aonde podem cair e eles não acreditam. É uma população que caminha cegamente para um lugar, como se não tivesse resposta. E em “O Estranho Cavaleiro”, que é justamente a Morte, o autor mostra a torpeza da vida. Todas estão velhas e aguardando a Morte. Mas ela leva justamente uma criança, é uma ação rodrigueana”, conta.
O trabalho é considerado “fora da curva” pelo próprio José Luiz Ribeiro. Porém, existem pelo menos dois motivos para a escolha desses textos em particular. “Normalmente o teatro com adolescente é muito voltado para as angústias do jovem e nesse trabalho nós quisemos dar uma interpretação mais aberta. Primeiro, eles convivem com a morte de avô, de avó, esse momento acontece. E convivem ainda com a inconsequência do mundo. Por isso nós escolhemos esses dois textos”, finaliza.
O Forum da Cultura fica localizado na Rua Santo Antônio 1.112, no Centro da cidade.
Outras informações: (32) 3215-3850 (Forum da Cultura-UFJF)