Os resultados de uma tese de doutorado prometem mexer com a razão e a paixão de torcedores de futebol e interessados pelo tema. Nesta quarta, 16, o professor adjunto de História do Brasil Republicano da Universidade Federal Fluminense (UFF), Renato Soares Coutinho, ministra a conferência “Flamengo: a invenção do clube mais querido do Brasil nos anos 1930”. O evento acontece, às 14h, no anfiteatro 3 do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo link da conferência. Há emissão de certificado para os participantes.
Afinal, por que o Flamengo é o clube mais popular do Brasil? O conferencista dá pistas. “Ao longo do século XX, as pesquisas de popularidade indicam o Flamengo em primeiro. O time tem torcedores espalhados por todo território nacional e fundamenta até hoje seus símbolos e códigos culturais, fortalecendo a máxima de ser o mais querido do país”, comenta.
Professor titular da UFF e professor visitante da UFJF, Jorge Ferreira, responsável pelo evento e pela orientação da tese, explica a relação entre futebol e história. Ele ressalta que “adotar um clube para chamar de seu é expressar determinada identidade social. Por essas e outras razões, o futebol tornou-se objeto de estudo de historiadores, sociólogos e antropólogos”.
Ferreira alerta que a conferência não é feita para ser uma “arena” de exaltação ao clube, mas serve para debater os motivos pelos quais o Flamengo alcançou tamanha popularidade. Seriam as vitórias nos campeonatos? Talvez não. A origem identificada com os trabalhadores? “Esse seria o caso do Vasco”, avalia. “Até os anos 1920, o Flamengo era como a maioria dos outros clubes: lugar elitizado. Alguns falam no poder da Rádio Nacional de alcançar diversos estados do país, irradiando jogos do rubro-negro. Mas a Nacional transmitia igualmente jogos de outros clubes cariocas”, pondera.
(Re)significação simbólica
O desafio da pesquisa é descobrir como uma instituição que surgiu atrelada aos princípios higienistas e excludentes da Primeira República tornou-se, no século passado, um fenômeno de popularidade. Coutinho analisa as transformações administrativas e simbólicas ocorridas no clube no momento de implantação do regime de trabalho profissional no futebol brasileiro. Durante a conferência, vai entrelaçar as ações de publicidade da gestão do presidente José Bastos Padilha (1933-1937) e o processo de (re)significação simbólica, capaz de alterar as identidades do clube por meio da apropriação do discurso nacional-popular que dialogava com os símbolos nacionalistas do Estado nos anos 1930.
Para o professor e coordenador do Laboratório de História Política e Social (LAHPS), Leandro Pereira Gonçalves, a conferência marca uma importante parceria do LAHPS com o Laboratório Brasil Republicano: pesquisadores em História Cultural e Política, vinculado ao Instituto e ao Programa de Pós-graduação em História da UFF. “Através dessa relação será possível uma série de intercâmbios em torno dos estudos da história do século XX e do tempo presente, em especial do Brasil Republicano, em uma perspectiva transnacional, com abordagens variadas em torno da História Política, Cultural e Social”, comenta.
O conferencista
Renato Soares Coutinho é doutor em História Social pela UFF (2013); mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS – 2008); graduado em História (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela UFF (2004). Atua principalmente nos temas: História do Brasil Republicano; Governos Vargas; História do Futebol Brasileiro; Identidade Nacional; e Cultura Política.
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