As controvérsias e tensões em torno da formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – que divide opiniões entre defensores e opositores do currículo mínimo – são objeto de reflexões por parte de autores de todo o país, reunidos no livro Conhecimentos em Disputa na Base Nacional Comum Curricular, que será lançado durante mesa-redonda nesta sexta-feira, 27, às 14h, no Auditório das Pró-reitorias da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O debate, com mediação do professor da Faculdade de Educação (Faced) Marcus Medeiros, da UFJF, é uma realização das pró-reitorias de Graduação (Prograd) e Cultura (Procult).
A obra é organizada por Fabiany de Cassia Tavares Silva e Constantina Xavier Filha, ambas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A mesa-redonda contará com as presenças de Fabiany e Elizabeth Macedo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), pesquisadora das políticas públicas de Estado para currículos e autora do prefácio do livro. Presidente eleita da International Association for the Advancement of Curriculum Studies desde 2013, Elizabeth Macedo busca em suas pesquisas “mapear as redes de demandas (ou de poder) em ação durante a elaboração da norma centralizada, bem como durante os processos de implementação nos estados”.
Conhecimentos em Disputa na Base Nacional Comum Curricular apresenta 18 artigos, nos quais os autores abordam análises críticas sobre questões epistemológicas e políticas nas formulações da BNCC e proposições para a educação infantil, fundamental e média, buscando problematizá-las em vários aspectos.
Há ainda textos sobre questões como diversidade e relações étnico-raciais na área de linguagens do ensino fundamental; os desafios da educação especial e currículos inclusivos; a formação de professores; o ensino de educação física e a educação musical no ensino fundamental. O artigo sobre esse último tema é de autoria do supervisor do Centro Cultural Pró-Música e professor Marcus Medeiros, da UFJF, em parceria com Luciana Del-Ben, da UFRGS. O texto faz uma análise das propostas para a música no ensino fundamental em três versões da BNCC – segundos os autores, testemunhos visíveis de diferentes sentidos em disputa para a música na educação básica brasileira.
Para Medeiros e Del-Ben, a versão final da BNCC apresenta uma visão estética limitadora, porque, ao definir conteúdos e metodologias, restringiu a liberdade dos professores no desenvolvimento de suas práticas educativo-musicais nas escolas. Apesar de não ser a situação ideal, a proposta é considerada um avanço “em direção à construção de um espaço mais consolidado para a música nos currículos das escolas de educação básica no Brasil”.
O livro destina-se a professores, pesquisadores e alunos de graduação e de pós-graduação, atuantes nas múltiplas áreas das ciências humanas e sociais, em particular no campo da educação. A definição de uma base nacional comum para o país ajuda nas discussões das redes municipais, estaduais e escolas particulares que, a partir desse conteúdo mínimo essencial, precisam construir seus referenciais e currículos com base em suas realidades locais. As mudanças propostas devem entrar em vigor em 2020.
Outras informações: Pró-reitoria de Cultura – (32) 2102-3964