“Uma nova história e um recomeçar”. A frase expressa a esperança de uma das 32 recuperandas – não é possível saber a autoria, já que a carta não foi assinada – da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Governador Valadares, que participaram na última terça-feira, 10, de capacitação promovida por um projeto de extensão do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV). Essas dezenas de mulheres aprenderam técnicas de preparação de salgados. A atividade é uma das muitas iniciativas do “Laboratório do Amanhã”, que já ministrou cursos de empreendedorismo e de higiene e segurança alimentar.
De acordo com a coordenadora do projeto e professora do curso de Administração da UFJF-GV, o principal objetivo da capacitação e das demais ações do projeto é que “quando essas mulheres saiam do cárcere, consigam empreender em casa e na própria comunidade, ou quem sabe abrir um negócio”, driblando, desta forma, a falta de empregabilidade tão comum entre os oriundos do sistema prisional. Sobre a atividade da última terça-feira, Juliana Goulart afirma que as reeducandas “se dedicaram, acompanharam as receitas, colocaram a mão na massa e aprenderam”.
No cronograma do projeto estão previstas outras ações, como o segundo e o terceiro módulos do curso de empreendedorismo, oficina de design de sobrancelhas, maquiagem e exercícios físicos que podem ser praticados dentro do estabelecimento prisional para melhorar a postura e diminuir o sedentarismo.
Com a sua atuação, o “Laboratório do Amanhã” espera ajudar o maior número possível de reeducandas a seguir a vida com dignidade após deixarem o estabelecimento prisional. E está funcionando. Pelo menos é o que concluímos ao ler o relato de Letícia Spínola, que fez questão de escrever uma carta para a equipe do projeto, em que agradece o grupo “por acreditar em nós, na nossa oportunidade de recuperar e nos ensinando como enfrentar o mundo lá fora, abrindo pra gente várias janelas de oportunidades”.