Um jogo de cartas desenvolvido por uma aluna do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV) promete ajudar estudantes do ensino médio a compreender melhor conceitos como hereditariedade e divisão celular. O “Genética em Jogo” foi idealizado junto ao Mestrado Profissional em Ensino de Biologia (Profbio) por Isaura Azevedo Carvalho, que demonstrou a eficácia do material didático em sua dissertação, apresentada na última sexta-feira, 30.
Há 15 anos lecionando biologia na rede pública, Carvalho afirma que a dificuldade dos alunos nas aulas de genética foi a motivação para ir além do conteúdo teórico e criar uma estratégia mais lúdica de aprendizado, que consiste basicamente em uma série de cartas onde constam dez características de supostas pessoas. O estudante precisa encontrar em outros cartões os alelos – formas de um determinado gene – que correspondem àquelas características e montar o genótipo.
Ao todo, 364 alunos do terceiro ano do ensino médio de duas escolas públicas de Ipatinga, no Vale do Aço, testaram a metodologia e, segundo Carvalho, o resultado foi muito bom. “Os estudantes conseguiram compreender e assimilar melhor os conceitos e desenvolver habilidades de cooperação dentro de sala”, destacou a professora.
Devido ao sucesso do experimento, o objetivo agora é disseminar o jogo para o maior número possível de educadores, como explica o docente do Profbio e orientador do trabalho, João Eustáquio Antunes. “A gente está avaliando a possibilidade de patente e, caso não seja possível, a sua utilização pode ser útil para qualquer escola. Se seguir a metodologia, que está descrita na dissertação, qualquer professor vai poder aplicar e obter o resultado”, afirma. Na opinião de Antunes, o “Genética em Jogo” é “um avanço para o conhecimento na área de biologia.”
Profbio: novas metodologias para o ensino de biologia
O “Genética em Jogo” foi apenas um dos trabalhos desenvolvidos pela primeira turma do Profbio da UFJF-GV. Ao todo, 14 estudantes do programa apresentaram suas dissertações nos últimos dois meses, a maioria delas voltadas para o uso de metodologias alternativas e inovadoras no ensino de ecologia, saúde, zoologia e demais temas da biologia. Muitas dessas produções já resultaram, inclusive, em trabalhos encaminhados para a publicação em congressos.
Por isso, segundo o coordenador do Profbio na UFJF-GV, as dissertações produzidas pelos primeiros mestrandos “atendeu a todas as expectativas”. Na opinião de Antônio Frederico de Freitas Gomides, o programa – cuja segunda turma já está em andamento – “vai trazer muitos frutos para a região, principalmente no preparo de professores para atuarem no ensino de biologia para o ensino médio das escolas públicas.”