A comunidade Quilombola de Ilha Funda recebeu a visita de integrantes de dois programas de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora, do campus avançado de Governador Valadares (UFJF/GV), para celebrar o recebimento da certidão de autodefinição como Remanescente dos Quilombos, da Fundação Cultural Palmares. A visita ao quilombo, localizado no município de Periquito, no Médio Rio Doce – MG, representa a atuação em uma série de ações conjuntas e a comemoração de uma demanda acompanhada pelo Núcleo de Agroecologia de Governador Valadares (Nagô) e pelo Centro de Referências em Direitos Humanos da UFJF-GV (CRDH). A comemoração aconteceu no último sábado, 29.
A festividade contou com uma roda de conversa entre membros da comunidade, do povo Pataxó da aldeia Geru Tucunã e da Federação Quilombola de Minas Gerais. No mesmo dia, houve uma celebração religiosa em ação de graças, conduzida pela própria comunidade, que convidou o padre Gustavo, do Município de Periquito, para ministrá-la.
De acordo com o coordenador do Nagô, Reinaldo Duque Brasil, a participação do programa de extensão na celebração representa o reconhecimento das ações cotidianas realizadas em prol de variadas comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais da região. “Nós trabalhamos em parcerias com essas populações, buscando atender algumas demandas necessárias para as melhorias das mesmas. No ano passado, a comunidade de Águas Claras foi reconhecida pela Fundação Palmares e, no o início deste ano, foi a vez da comunidade Quilombola de Água Funda.”
O professor do Instituto de Ciências da Vida (ICV) aponta a importância dos intercâmbios agroecológicos entre as comunidades, a UFJF e o Centro Agroecológico de Tamanduá (CAT). “Nas ações, buscamos momentos de trocas, por meio de diálogos interculturais, visando, principalmente, conhecer e respeitar a experiência deles. No caso de Ilha Funda, desenvolvemos práticas e estudos agroflorestais. Nossa atuação é participativa, dialógica, voltada para a agroecologia e não para o agronegócio.”
“A celebração pelo reconhecimento como comunidade quilombola, pela Fundação Cultural Palmares, da comunidade de Ilha Funda, reforça os direitos culturais à autoafirmação de povos tradicionais, ao território, à memória e à história, todos eles, expressões de direitos humanos, garantidos pela Constituição e pelo direito internacional” , explica a coordenadora do CDRH, Tayara Lemos.
A professora explana que, diante desse reconhecimento oficial, uma série de outros direitos, previstos em legislação, passam a ser garantidos para esses povos. “A presença desses programas de extensão, em ações de campo como esta, tem como princípio a troca de saberes e a experiência da partilha. Docentes, discentes e parceiros ganham com essa aproximação, na medida em que os saberes técnicos e os tradicionais se apresentam de forma horizontal. Sair dos muros da universidade e experimentar as vivências em campo permitem transformações sociais e aprendizados que, muitas vezes, na sala de aula não são possíveis. Isso tudo democratiza o acesso à universidade e concretiza, em uma outra dimensão, a sua própria função social.“
A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, destaca a relação de diálogo com as comunidades e o fortalecimento de saberes, tradicionais e ancestrais, vinculado ao atendimento de direitos para essas populações. “Representam a inserção da UFJF naquele território, buscando modificar realidades e promovendo o desenvolvimento social onde a Universidade está instalada. Uma coisa importante é que, mesmo sendo programas diferentes, eles se articulam e possibilitam que a formação dos estudantes seja redirecionada, à medida que vão para campo e se deparam com determinadas questões, as quais os currículos não dão conta de atender imediatamente.”
Outras informações
(32) 2102-3959 – Pró-reitoria de Extensão (Proex)