O árbitro Igor Monteiro, doutorando da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi convocado para a Copa do Mundo de Futebol para atletas com paralisia cerebral. A competição será disputada na cidade de Sevilha, na Espanha, entre os dias 6 e 20 de julho. Monteiro tem um tipo de paralisia cerebral – a hemiparesia – condição que dificulta o movimento completo de uma metade do corpo (no caso, o seu lado esquerdo), fato que não o impediu de buscar pelo sonho de ser árbitro de futebol, tendo feito a graduação e o mestrado na própria Faefid.
O Mundial é mais um grande evento esportivo na carreira do jovem, porém já experiente árbitro. Monteiro possui experiência em mundiais da categoria de base e em jogos do Campeonato Brasileiro PC. Em 2016, o profissional atuou nos Jogos Paralímpicos do Rio. Atualmente, é representante dos árbitros americanos no Comitê de Arbitragem da Federação Internacional de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral (IFCPF, em Inglês).
“A sensação é de um sonho realizado. Quando comecei a apitar, jamais imaginei que sairia de Juiz de Fora. Para quem é fã de futebol, ter uma oportunidade dessas é algo mágico. Quando eu li que teríamos partidas disputadas no Centro de Treinamento do Sevilla FC, me emocionei muito. Passa um filme na cabeça da gente. Imagina você pisando num gramado tão especial, com as melhores seleções, para uma Copa do Mundo. Eu acho que nem em meu melhor sonho, poderia sonhar com algo tão lindo. Nem começou ainda e eu não queria que acabasse nunca”, afirma.
O começo na arbitragem foi em torneios amadores em Juiz de Fora, porém Monteiro conheceu o Futebol de 7 para pessoas com paralisia cerebral durante uma aula do professor e ex-árbitro Álvaro Quelhas, na UFJF, em 2013. “Em uma das aulas do curso de Licenciatura, o professor conversava com os alunos sobre o que cada gostava dentro da Educação Física. Naquele momento, eu estava muito empolgado com a arbitragem e disse ao Álvaro que eu era árbitro de futebol. Ele já sabia que eu tinha hemiparesia e me fez um convite para atuar como árbitro no Campeonato Brasileiro PC; o professor acreditou que seria importante para a modalidade ter um árbitro com a mesma deficiência que os jogadores”, conta.
O Futebol sob outras perspectivas
Como aluno, na conclusão do curso de graduação, Monteiro apresentou um trabalho sobre a violência contra a arbitragem no futebol amador de Juiz de Fora. Em 2016, concluiu o mestrado na instituição com uma dissertação sobre a trajetória de mulheres na arbitragem do futebol profissional. Agora, no doutorado, pretende investigar a vida das mulheres que escolheram a arbitragem de futebol como carreira e a participação delas no futebol amador.
O trabalho é uma das investigações desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Educação Física, Gênero, Saúde e Sociedade (GEFSS), que conta com a coordenação da professora da Faefid, Ludmila Mourão.
Segundo Monteiro, a Universidade o ajudou a enxergar o futebol a partir de outras perspectivas. “Comecei a perceber esse fenômeno sociocultural que é o futebol moderno sob um outro prisma; essa Instituição de Ensino me fez crescer muito pessoalmente e enquanto um jovem professor. Sou muito grato aos professores e professoras, técnicos, alunos e alunas, terceirizados e a toda a comunidade acadêmica pelas valorosas contribuições”, encerra.
Outras informações: (32) 2102-3292 – Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid)