Em sua primeira noite em Juiz de Fora, o Pint of Science 2019 reuniu cerca de 250 pessoas para brindar a ciência sem moderação. Deixando de lado a rigidez da sala de aula, pesquisadores incentivaram bate-papos em três bares pela cidade – Na Garganta, Bar do Luiz e Arteria – contando com a leveza e a descontração típica desses ambientes informais. O evento é o maior festival de divulgação científica internacional e segue até esta quarta-feira, 22, com temas e cientistas diferentes em cada local – mas sempre começando às 19h30 e seguindo até às 21h30. A programação completa está disponível online.
A revolução das energias renováveis
Sediando o Pint of Science pelo segundo ano consecutivo, o bar Na Garganta recebeu os pesquisadores André Marcato e Nathan Barros para o painel “A revolução das energias renováveis”. Embora oriundos de áreas diferentes – energia elétrica e ecologia, respectivamente –, os professores dialogaram entre si e responderam as perguntas dos presentes de forma conjunta, com um complementando a fala do outro.
A bióloga Janaína Medeiras, que foi ao evento pela primeira vez, destacou essa interação entre os pesquisadores como um dos pontos positivos. “Quando ouvi cada um deles dizer de onde era, me desanimei inicialmente porque achei que seriam duas coisas muito distantes uma da outra. Mas acabei vendo esse diálogo e me interessei pela conversa”, ela confidenciou, logo após enviar uma pergunta para ser lida pelos pesquisadores. “Agora, entendi como é preciso que profissionais dos dois campos conversem para que o avanço tecnológico e ambiental aconteça de um jeito coerente.”
Escola: espaço político e de transformação social
No Arteria – que também é palco para as edições do Ciência ao Bar –, os pesquisadores Fernando Penna e Fernando Tavares inauguraram as apresentações do evento. Penna abriu o painel falando sobre a relação intrínseca entre a política e a escola. “A educação é essencial e demanda investimento em termos de capital e recursos, mas também demanda o nosso engajamento constante. É preciso pensar na educação como um bem comum: está na hora de entender que ela é uma questão pública porque todos nós devemos participar das decisões que envolvem essa questão. Nós precisamos lutar por ela”, explica.
Já Tavares guiou uma conversa descontraída sobre a produção educacional no Brasil. O pesquisador levantou questões sobre como a educação pode transformar uma sociedade e como a formatação das escolas brasileiras comprometem nossa formação social. “Em qualquer lugar do mundo onde se tem sucesso, ele se dá via educação. Vivemos na sociedade do conhecimento”. Ao final das apresentações, as perguntas dos ouvintes se estenderam até o final da noite. A proposta dos bate-papos é justamente esclarecer dúvidas e apresentar as últimas descobertas nas áreas do conhecimento que estão sendo abordadas.
No limite do desenvolvimento
No Bar do Luiz, os pesquisadores Fernando Perobelli e Ricardo Freguglia tiveram uma conversa descontraída sobre crescimento e desenvolvimento econômico, aproximando esse tema (às vezes inacessível) do cotidiano de todas as pessoas. “Economia é quase como o futebol. Todo mundo entende um pouco, e ninguém entende completamente”, começou Perobelli. Durante sua fala, o professor diferenciou o crescimento econômico do desenvolvimento econômico. O primeiro, explicou, é o resultado dos processos produtivos, refletido, entre outras coisas, no seu Produto Interno Bruto (PIB). O desenvolvimento, por sua vez, corresponde ao aumento da qualidade de vida das pessoas envolvidas nesses processos produtivos, que pode ser medido através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo.
Em seguida, o professor Ricardo Freguglia abordou essas questões no plano microeconômico, focado nas relações interpessoais e seu impacto na economia. “A grande economia das cidades e países, que o professor Perobelli abordou agora, está ligada à forma como as pessoas se relacionam, entre si e com as instituições.”
“Nós já sabemos que campanhas bem executadas de cuidados pré-natais podem auxiliar no desempenho escolar destas crianças, mais a frente. Esse desempenho escolar, mais tarde, vai ser essencial na formação de profissionais mais produtivos. E profissionais produtivos levam ao crescimento econômico”, exemplificou. Para movimentar toda essa estrutura, o pesquisador afirmou ser necessário que as informações circulem. Essas redes de contatos tem capacidade para gerar experiências de economia compartilhada; exemplos são desde espaços de coworking, passando pelo empréstimo de bicicletas em grandes cidades até empresas e tecnologias como o Uber.
Confira os painéis do Pint of Science nesta terça-feira
Confira os painéis do Pint of Science nesta quarta-feira