A Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza nesta semana a 80º Semana Brasileira de Enfermagem. O tema deste ano são “Os desafios da Enfermagem para uma prática com equidade.” A programação do evento inclui palestras com especialistas da área, mesas-redondas, minicursos, oficinas e workshops abertos para os alunos e demais profissionais da área. O evento teve início nesta segunda-feira, 13, e termina na sexta-feira, 17.
Nesta terça feira, o evento foi aberto com uma mesa-redonda em que foram discutidas as políticas de saúde para população vulnerável e a questão da população de rua e da população carcerária. Estiveram presentes na mesa a professora do departamento de enfermagem da UFJF, Zuleyce Maria Lessa, a doutoranda em saúde coletiva pela UFJF, Denicy de Nazaré Pereira, e a coordenadora do Núcleo de Saúde da Penitenciária Professor Ariosvaldo de Campos Pires, Natália Daibert.
A professora Zuleyce Lessa iniciou o debate abordando as políticas de saúde para populações de caráter vulnerável. Para Zuleyce, é importante que temas como o desse ano sejam discutidos cada vez mais para a formação e complementação dos profissionais da área. Sobre a garantia do acesso à saúde por populações vulneráveis, a professora frizou que ainda temos um longo caminho para termos um atendimento que contemple as reais necessidades de uma grande parcela da sociedade brasileira. “Muitas vezes, como essas populações ditas vulneráveis estão à margem da sociedade, não é garantido para elas, por exemplo, os princípios do SUS por uma série de fatores. Quando tem acesso, muitas vezes chegam nos hospitais e não conseguem obter os exames necessários. De forma generalizada, para aqueles que vivem à margem da sociedade, é muito mais difícil de se alcançar uma saúde digna.”
Natália Daibert abordou os aspectos da população carcerária e o acesso à saúde garantidos aos detentos. Ela destacou que apesar de muitas vezes ser esquecida pela população, a questão do atendimento à saúde e ao SUS é de extrema importância para o preso, uma vez que possui apenas esta possibilidade de atendimento. Para Daibert, a enfermagem é o elo do preso com o meio externo, garantindo o acesso aos direitos dos detentos como cidadãos. “É preciso destacar que as pessoas cumprindo pena no sistema penitenciário estão privadas apenas de sua liberdade, mas não dos direitos sociais inerentes à sua condição de sujeito de direitos. Por isso, utilizamos inclusive a expressão “pessoas privadas de liberdade” quando nos referimos à eles.”
A professora Denicy finalizou a mesa apresentando as questões relativas às populações em situações de rua. A professora salientou que a enfermagem como campo precisa ser “múltipla e se relacionar com outras áreas de conhecimento, uma vez que tratamos de questões diretamente relacionadas à políticas públicas que vão além do campo da enfermagem por si própria.” Denicy apontou, ainda, que o enfermeiro tem um papel importante para garantir direitos relativos a aspectos sociais e políticos. “É preciso entender o contexto das populações em situação de rua e se adaptar à uma realidade que é muito diferente da nossa.”
A Semana da Enfermagem é promovida pela Associação Brasileira de Enfermagem Nacional (Aben) e acontece anualmente desde 1940. Nesta edição, a organização optou por um tema que permitisse a compreensão da prática como uma ação de garantia das igualdades da sociedade. Para a professora do curso de enfermagem e coordenadora do evento, Izabela Palitot, esta é uma ótima oportunidade para que a área discuta um tema que muitas vezes é esquecido pelas autoridades. “Com o evento, nós estamos propondo uma série de questões sobre os desafios diários dos profissionais em promover uma atenção à saúde de uma maneira equânime para toda a população. A semana da enfermagem deste ano foi elaborada de maneira que conseguíssemos abarcar e atender essa temática.”
A Semana de Enfermagem tem programação até a próxima sexta-feira, 17. Os eventos começam às 8h e vão até as 17h.
Outras informações: (32) 2102 -3821 – Faculdade de Enfermagem