Uma data muito especial merece ser celebrada com uma programação igualmente distinta: o consagrado espetáculo Valencianas, que reúne o compositor e cantor pernambucano Alceu Valença e a conceituada Orquestra Ouro Preto, terá apresentação inédita em Juiz de Fora neste sábado, dia 30, às 21h, em noite que comemora os 90 anos do Cine-Theatro Central. O evento, promovido pela Pró-reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e patrocinado pela Unimed, teve convites sorteados para a comunidade acadêmica da instituição e para a comunidade externa.
Com arranjos do violinista e compositor paraibano Mateus Freire, Valencianas é uma releitura sinfônica da obra de Alceu Valença. Entre o erudito e o popular, o show mescla os tradicionais ritmos nordestinos, como mandacaru, frevo e coco e a modernidade do pop. O CD da parceria de sucesso levou o título de Melhor Álbum de MPB no Prêmio da Música Brasileira de 2015.
A Orquestra Ouro Preto abre o repertório com a suíte Valenciana, composição de Mateus Freire que tece uma primorosa rede de trechos da obra do cantor pernambucano. Em seguida, Alceu surge no palco com o violão para revisitar seu repertório ao lado da sinfônica, incluindo hits como Sino de Ouro, Cavalo de Pau, Tropicana, Belle de Jour, Coração Bobo e Anunciação. Um bloco da apresentação é dedicado exclusivamente ao instrumental da Orquestra, que ressalta todo o lirismo de Alceu e sua riqueza rítmica na interpretação dos sucessos Estação da Luz, Porto da Saudade e Acende a Luz. A viagem prossegue com o compositor de volta ao palco para a parte final do concerto.
“De certa forma, o Cine-Theatro Central faz parte da história da Orquestra Ouro Preto. Por diversas vezes, tivemos o prazer de nos apresentar nesse belíssimo teatro, um dos mais importantes do país. É com muita alegria e honra que faremos parte da comemoração dos 90 anos deste patrimônio de todos nós, brasileiros”, afirma o diretor artístico e regente titular Rodrigo Toffolo.
Comemorar os 90 anos do cine-teatro com um concerto remete à própria noite de inauguração do Central, em 1929, quando uma orquestra se apresentou para uma plateia seleta composta por autoridades e pessoas da sociedade. O espaço é adequado a esse tipo de formação musical, pois se destaca pela acústica de “qualidade notável”, de acordo com Toffolo.
Parceria afinada
O projeto de Valencianas surgiu em 2012, com o objetivo de homenagear a carreira de Alceu Valença, que então comemorava 40 anos de trajetória, e promover o diálogo entre os universos erudito e popular, “algo que se encontra no DNA da Orquestra Ouro Preto” e está em sintonia com seu experimentalismo. Depois de sete anos, essa parceria está mais afinada do que nunca: “A genialidade de Alceu impressiona, e este diálogo que menciono se dá de forma respeitosa entre os dois universos musicais, mas sempre buscando o prazer de se fazer música”, ressalta o maestro.
Público juiz-forano pode esperar um “concerto inesquecível, que evidencia a genialidade de Alceu, a força de sua música e de sua poesia, e a excelência e versatilidade da Orquestra Ouro Preto”, Rodrigo Toffolo.
Mais que propor o diálogo entre a música erudita e a canção popular, Valencianas procura demonstrar a universalidade artística de Alceu e a diversidade de sua obra. “O desafio é respeitar aquilo que torna a obra de Alceu Valença única. O espetáculo é grandioso e busca evidenciar a maestria do cantor e a nordestinidade inerente à sua obra, capítulo fundamental na história da música de nosso país, que contribuiu, inclusive, para a ideia de música popular brasileira que temos hoje”, afirma Rodrigo Toffolo.
Alceu Valença também celebra o encontro com a Orquestra. “Num mundo dominado pela indústria do entretenimento, onde tudo é dinheiro e há pouco sentimento, a música de concerto é uma forma de transcendência. Este projeto representa uma nova vertente na minha carreira”, celebra o homenageado.
Criada em 2000, a Orquestra Ouro Preto é um grupo jovem e já premiado, que vem se apresentando nas principais salas de concerto do Brasil e do mundo, com trabalho marcado pelo experimentalismo e ineditismo. Segundo o regente Rodrigo Toffolo, o público juiz-forano pode esperar um “concerto inesquecível, que evidencia a genialidade de Alceu, a força de sua música e de sua poesia, e a excelência e versatilidade da Orquestra Ouro Preto”.
O Teatro
O Cine-Theatro Central pertence à UFJF desde 1994, quando Itamar Franco, ao assumir a Presidência da República, repassou pelo Ministério da Educação –na época aos cuidados de Murílio de Avellar Hingel, formado em Filosofia e Letras pela UFJF, ex-secretário de Educação e Cultura de Juiz de Fora e diretor-fundador da Faculdade de Educação – recursos para a compra do imóvel pela universidade.
Naquele mesmo ano, o cine-teatro, já tombado pelo município desde a década de 1980, foi contemplado pelo tombamento em âmbito federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A partir deste momento teve início o trâmite para uma grande reforma e restauração do teatro que, na época, se encontrava muito deteriorado.
Reformas e diversos restauros de manutenção também foram feitos no decorrer dos anos, como por exemplo, em 2009/2010, quando foram revistos sistema elétrico, iluminação, sonorização e cenotécnica, e, posteriormente, em 2014, ano em que se restauraram janelas, ornamentos e ladrilhos, e em que foram realizados tratamento e recomposição de pinturas, além da impermeabilização do terraço e das marquises.
Este ano, o Central está recebendo obras de adaptação e ajustes de segurança, com instalação de corrimãos nas escadas laterais de acesso ao segundo e terceiro andares e estruturas de ferro para proteção do guarda-corpo nesses andares superiores.
“Concluímos a maior parte dessas obras a tempo da realização das comemorações dos 90 anos do Cine-Theatro Central, e estamos muito felizes de poder celebrar essa data especial com um espetáculo do nível de Valencianas, além da edição especial do nosso projeto Palco Central em uma parceria com a Feira de Discos [evento que acontece domingo, dia 31]”, ressalta o diretor Luiz Cláudio Ribeiro (Cacáudio).
“[O Central é] um símbolo da força e da expressão da cultura local, além de ser o palco natural das melhores produções artístico-culturais do circuito nacional que chegam à cidade”, pró-reitora de Cultura Valéria Faria.
Para a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, o aniversário do Central é uma oportunidade de exaltar um espaço que, antes de pertencer à UFJF, tem uma relação antiga e especial com Juiz de Fora e os juiz-foranos, que nele identificam “um símbolo da força e da expressão da cultura local, além de ser o palco natural das melhores produções artístico-culturais do circuito nacional que chegam à cidade”.
A retomada da agenda do Central em 2019 será em abril, quando começam a ser apresentados os espetáculos aprovados nos editais de ocupação artístico-cultural, do projeto Luz da Terra e também do Palco Central.
Projeto Palco Central estende as comemorações
As comemorações pelos 90 anos do teatro continuam no domingo, 31, com o projeto Palco Central. Os DJs Ruan e Lagartixa (festa Inferninho); Alex Paz (RJ) e Juca (festa Avalanche); Pedro Paiva (Vinil é Arte); Snup-in (18 Kilates), Gramboy (festa Bang!) e as bandas A Zagaia e Eminência Parda se apresentam em frente ao teatro, na Praça João Pessoa, das 12h às 20h. O repertório eclético passeia por rock, blues e MPB.
O projeto acontece em parceria com a 4ª Feira de Discos de Juiz de Fora e contará, ainda, com a participação da cervejaria Timboo e de foodtrucks.
Outras informações:
Pró-reitoria de Cultura (32) 2102-3964
Cine-Theatro Central – (32) 3231-4051