Conferência inicial foi ministrada por Tyler Vanderweele, professor titular da Universidade de Harvard (Foto: Gabriela Maciel/UFJF)

Desafios na Pesquisa em Espiritualidade e Saúde. Essa é a temática do 2º Congresso Internacional de Saúde e Espiritualidade (Conupes), que teve início nesta sexta, 29, reunindo 700 congressistas no Trade Hotel, em Juiz de Fora,  para compartilharem experiências e conhecimentos. O encontro de pesquisadores e profissionais da área de saúde permite ampliar as áreas de estudo e disseminar as pesquisas já existentes.

Com uma plateia com pessoas de 120 cidades diferentes do Brasil e do México, a conferência inicial, ministrada pelo professor Tyler Vanderweele, professor titular da Universidade de Harvard, esclareceu e polemizou ao incentivar a espiritualidade como processo no tratamento médico.

“O envolvimento religioso é determinado por experiências pelo modo como o paciente foi criado, valores, evidências. Mas para aqueles que já se identificam com algum grupo religioso, por exemplo, pode ser razoável encorajar a retomar essa frequência. Não é dizer: você não é religioso, tem que ser religioso. Mas é o contrário. Você já é uma pessoa religiosa, o que você acha de considerar um maior envolvimento nesse sentido para a sua melhora?”

Durante a conferência sobre sua investigação dos efeitos causais da religiosidade e espiritualidade sobre a saúde, Tyler começou explicando sobre a metodologia escolhida, ao afirmar que essa é uma parte essencial para combater alguns críticos céticos da pesquisa e comprovar os dados da melhor forma. Vanderweele também discorreu sobre as análises feitas ao longo dos anos. Ele é o autor do maior estudo já realizado sobre a relação entre as práticas religiosas e o suicídio, pesquisa que levou 14 anos e foi feita com mais de 90 mil pessoas. Ao final, a conclusão de que, sem dúvidas, a prática religiosa e a espiritualidade interferem diretamente na saúde das pessoas e diminuem índices de depressão e suicídio na sociedade.

Referência
O Congresso, que está em sua segunda edição, coloca a Universidade em um patamar de referência no assunto, de acordo com o professor da Faculdade de Medicina da UFJF e fundador do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes), Alexander Moreira. ”É sempre bom termos grupos na Universidade que fazem diálogos com pesquisadores do Brasil e do exterior, que estão de alguma forma liderando essas áreas, trazendo para a Universidade o papel de protagonismo na área.”

A médica e congressista Vera Lúcia da Silva, do Rio de Janeiro, participa de grupos que levam a espiritualidade aos leitos de hospitais. Para ela, a palestra foi de fundamental importância. “No mundo em que vivemos, a comprovação científica é importante. Uma coisa é eu falar como médica e outra é eu falar como religiosa. E eu pude ver nessa palestra a importância de o médico respeitar essa questão. Foi brilhante a palestra justamente por enfatizar a importância da espiritualidade na saúde com comprovação científica e acadêmica.”

O tema principal do congresso foi respondido pelo pesquisador Vanderweele. “Um dos principais desafios desde o início da pesquisa continua sendo  encontrar bases de dados de boa qualidade, estudos que se medem regularmente em vários momentos ao longo do tempo, como a religiosidade e outras variáveis de saúde.” O pesquisador também ressalta que, além de estudar o impacto religioso na saúde, pretende estender o estudo para o bem estar e florescimento humano e averiguar se existe o mesmo impacto.

Promovido pelo Nupes tem mais de 15 palestrantes em sua programação, que continua nesse sábado, 30.

Outras informações
Conupes