Exposição pode ser visitada até 30 de abril  (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)


Com o objetivo de pensar o espaço urbano de maneira mais sustentável, o projeto de extensão “Projeto e mobilidade urbana”, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), promoveu na quinta-feira, dia 14, a solenidade de abertura da exposição “Juiz de Fora para as pessoas: Marechal Deodoro e Batista de Oliveira na lógica das ruas completas”, que apresentou para o público projetos desenvolvidos pelos alunos com propostas de modificações nas ruas centrais. O evento aconteceu às 19h, no  Espaço Cultural Correios, e reuniu estudantes e professores da UFJF e autoridades da cidade.

Dentre os presentes estavam o reitor da UFJF, Marcus David; o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas; a analista sênior da World Resources Institute Brasil, Ariadne Samios; o secretário executivo da Frente Nacional dos Prefeitos, Gilberto Perre; a pró-reitora de extensão, Ana Livia Coimbra; o diretor da FAU, José Gustavo Francis Abdalla; e o coordenador do projeto, Fernando Lima. A ideia foi discutir sobre a importância de se pensar uma cidade com mais qualidade para a população.

Fernando Lima: “Esta é uma grande oportunidade de não apenas discutir a cidade, mas propor soluções” (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

 

A iniciativa faz parte de um um acordo de cooperação técnico-científica entre a Faculdade de Arquitetura da UFJF, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e o World Resources Institute (WRI Brasil), que atua em diferentes cidades do país, refletindo sobre mobilidade a partir da lógica de ruas completas. Esse convênio visou dar suporte à elaboração e à implementação de projetos relacionados à sustentabilidade, bem como à disseminação de conhecimento, mediante a realização de uma disciplina extensionista que foi desenvolvida na Faculdade de Arquitetura ao longo de 2018.

O coordenador do projeto, Fernando Lima, trabalhou com duas turmas que desenvolveram propostas de  adequação das ruas Marechal Deodoro e Batista de Oliveira, com objetivo de conscientizar e promover maior qualidade de vida para pessoas que convivem no espaço urbano. Cerca de 40 alunos participaram dos projetos expostos. Para Lima, a exposição é o resultado de um trabalho em equipe que visa beneficiar a coletividade. “Esta é uma grande oportunidade de não apenas discutir a cidade, mas propor soluções”.

Segundo o professor, reunir universidade, órgãos externos e o poder público pensando a mobilidade é essencial para que os projetos não fiquem restritos ao ambiente acadêmico, impactando diretamente a sociedade. “Essa exposição também é sobre uma ideia de universidade pública propositiva, antenada e integrada com o poder público, que busca contribuir para resolução de problemas. Nosso intuito é mostrar para as pessoas a relevância dos conhecimentos gerados pela UFJF.”

Para o reitor Marcos David, aliar o ensino, a pesquisa e a extensão neste projeto é motivo de orgulho (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

 

Da universidade para as ruas

Para formar uma rede nacional de discussão sobre cidades mais sustentáveis, o WRI Brasil selecionou diversos municípios brasileiros, incluindo Juiz de Fora. A ideia é reunir forças para melhorar a qualidade de vida das pessoas que utilizam o espaço urbano. A primeira universidade a fazer parte do projeto foi a UFJF, que buscou, a partir do compartilhamento do conhecimento gerado em salas de aula, propor soluções e melhorias trabalhando em parceria com a Prefeitura. Para o reitor Marcos David, aliar o ensino, a pesquisa e a extensão neste projeto é motivo de orgulho. “Uma das principais missões de uma universidade pública é contribuir na melhoria da qualidade de vida da população de um modo geral mas, especialmente, da população da cidade em que está instalada. Esse projeto nos realiza enquanto instituição, porque é a universidade cumprindo o seu papel”.

Para o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, a parceria com a UFJF é fundamental no desenvolvimento da cidade. “Muitas coisas são pensadas no ambiente acadêmico e eu acredito que essa interação com o poder público municipal é essencial. Agradeço o trabalho brilhante desenvolvido pelos alunos e acredito que de mão dadas podemos construir uma cidade para todos, cada vez mais humana e gostosa de se viver.” De acordo com Almas, o empenho dos estudantes em pensar soluções é primordial para o aperfeiçoamento do Centro urbano de Juiz de Fora.

O prefeito Antônio Almas ressaltou que o empenho dos estudantes em pensar soluções é primordial para o aperfeiçoamento do Centro urbano de Juiz de Fora (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

A iniciativa faz parte dos mais de 500 projetos de extensão desenvolvidos pela UFJF. Segundo a pró-reitora de Extensão, Ana Livia Coimbra, “é função da universidade pública articular o conhecimento produzido na melhoria de vida das pessoas na cidade”. Além de conciliar teoria e prática, a ação extensionista contribui em uma formação mais completa dos alunos. “Para os estudantes é uma oportunidade muito importante de colocar em prática a teoria que aprendem em sala de aula. Esta iniciativa é uma perfeita articulação dos saberes e competências de nossos estudantes para o bem-estar social”.

Durante a elaboração dos projetos, os estudantes fizeram trabalho de campo com entrevistas, fotografias, levantamento de fluxo de pessoas e um estudo com os ambulantes. Segundo a aluna do curso de Arquitetura, Marcela Martins, a experiência foi essencial para sua formação. “A oportunidade de refletir sobre isso me trouxe outra percepção acerca da minha atuação profissional, expandiu o meu olhar.” Além disso, para ela foi importante perceber como seu trabalho impacta na relação das pessoas com o espaço em que vivem. “Ter a chance de mostrar para a população de Juiz de Fora que é possível interagir de outra forma com a cidade me deixa muito feliz.”

Impacto social  

De acordo com o diretor da FAU, José Gustavo Francis Abdalla, não é a primeira vez que os estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo atuam em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora, propondo avanços para a cidade. Segundo ele, essas cooperações são importantes pois impactam, positivamente, no cotidiano do município. “Nossos alunos são propulsores de ideias novas. E essa exposição é fruto de análises e concepções inovadoras que, em um contexto central da cidade, mexe com toda a comunidade juiz-forana. Os jovens arriscam mais e isso é muito importante.”

Além da exposição, uma das ações do projeto foi uma intervenção urbana na Rua Marechal Deodoro com a ampliação provisória das calçadas e a ocupação do espaço com plantas, mesas e cadeiras para que as pessoas pudessem usufruir, ainda que em menor escala, de uma rua voltada para elas. Para a analista sênior da WRI Brasil, Ariadne Samios, o momento foi muito importante porque ela pôde perceber a parceria entre a academia e o governo. “Das cidades que participam do projeto, Juiz de Fora é a que mais teve essa sinergia entre a universidade e o município. É, com certeza, o nosso exemplo de sucesso. Pudemos perceber que essa cooperação potencializou a intervenção e a exposição As ideias desses projetos precisam ser ampliadas, para que Juiz de Fora sirva como exemplo para as cidades de seu entorno.”  

Pró-reitora Ana Lívia: “É função da universidade pública articular o conhecimento produzido na melhoria de vida das pessoas na cidade”(Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Para Ariadne, envolver a cidade e os estudantes na mudança de paradigma sobre planejamento urbano é essencial para uma cidade mais sustentável. “Trazer os alunos para essa discussão faz com que a gente comece a formar os profissionais que um dia irão planejar as cidades.” O secretário de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora, Rodrigo Tortoriello, também ressalta o fato de que os projetos expostos pensam uma cidade mais humanizada e acolhedora a partir do olhar de futuros profissionais. “Se a gente conseguir deixar esse legado, e que essas pessoas trabalhem de maneira diferente, podemos construir uma cidade com mais qualidade de vida, mudando esse ambiente em que vivemos que é pensado e construído apenas para automóveis. Eu acho isso fundamental para um futuro melhor.”

Cidade para as pessoas

O intuito de se trabalhar com os alunos foi estimulá-los a pensar em formas de melhorar o Centro da cidade, de modo a criar um ambiente mais saudável e seguro para as pessoas. Sendo assim, a escolha das ruas Marechal Deodoro e Batista de Oliveira como objeto de estudo se deve ao fato de elas estarem em uma área que é foco de atenção da Prefeitura. Em breve, o local deve receber alguma intervenção dentro dos princípios de ruas completas.

A lógica de ruas completas baseia-se em princípios para dar segurança e conforto aos pedestres e aos usuários de todos os meios de transporte, tendo como base a distribuição do espaço de maneira mais democrática, beneficiando a todos. O conceito vem aliado também à segurança viária, tornando as ruas mais seguras para a população, como explica o secretário executivo da Frente Nacional dos Prefeitos, Gilberto Perre. De acordo com ele, é preciso um novo olhar sobre a cidade para evitar problemas crescentes como alagamentos, atropelamentos e acidentes de trânsito. “Foi muito importante ver que os alunos estão buscando criar espaços urbanos mais amigáveis, evitando esses eventos indesejáveis e melhorando o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. São coisas simples, mas que nossas cidades acabam se esquecendo ou deixando de lado.”

A exposição pode ser visitada até 30 de abril, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h30, com entrada gratuita. O Espaço Cultural Correios está localizado na Rua Marechal Deodoro 470, no Centro.

Outras informações: (32) 2102-3403 (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-UFJF)