Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 04/02/2019

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/concursos-e-emprego/noticia/2019/02/04/ufjf-abre-vagas-para-professores-substitutos.ghtml

Título: UFJF abre vagas para professores substitutos

As vagas são para o Departamento de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e para o Departamento de Fisioterapia do Idoso, Adulto e Materno-infantil da Faculdade de Fisioterapia (Facfisio).

Por G1 Zona da Mata

04/02/2019 17h37  Atualizado há um mês

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) vai contratar dois professores substitutos para o campus de Juiz de Fora.

Segundo a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe), as vagas são para o Departamento de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e para o Departamento de Fisioterapia do Idoso, Adulto e Materno-infantil da Faculdade de Fisioterapia (Facfisio).

De acordo com o edital de abertura da vaga para o Departamento de Psicologia, o interessado deve ter graduação em Psicologia, com doutorado na área ou em Educação. O atendimento será feito de 8h às 18h30 na secretaria do Instituto de Ciências Humanas (ICH) até sexta-feira (8). O resultado final de deferimento ou indeferimento das inscrições, após interposição de recursos, será publicado no dia 15 de fevereiro. As avaliações começam em 18 de fevereiro, às 8h30, na secretaria do ICH.

Para a oportunidade no Departamento de Fisioterapia do Idoso, Adulto e Materno-infantil, é necessário que o candidato tenha bacharelado em Fisioterapia com especialização (lato-sensu) em Saúde da Criança. As inscrições serão realizadas entre 7 e 15 de fevereiro na Faculdade de Fisioterapia, de 8h às 18h30. A divulgação do resultado final dos inscritos será em 22 de fevereiro. As provas acontecem às 8h30 do dia 25 de fevereiro no anfiteatro no segundo andar da Facfisio.

Outras informações podem ser obtidas na Progepe nos telefones (32) 2102-3929 ou (32) 2102-3914.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Podcast – UFJF no Ar

Data: 04/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/podcast/comportamento/04-02-2019/ufjf-no-ar-mudancas.html

Título: UFJF No Ar – Mudanças

Por CBN

04/02/2019 às 10h18 – Atualizada 04/02/2019 às 10h18

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 04/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/04-02-2019/pais-e-candidatos-questionam-erro-na-divulgacao-das-notas-do-pism.html

Título: Pais e candidatos questionam erro na divulgação das notas do Pism

Problema ocorreu após recurso das questões de língua portuguesa, no dia 18 de janeiro

Por Tribuna

04/02/2019 às 17h44

A divergência entre notas de candidatos excedentes do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) 2019 da UFJF vem causando indignação entre pais e estudantes. O problema teria ocorrido após a publicação de uma terceira listagem de classificação pela Comissão Permanente de Seleção (Copese), no dia 18 de janeiro. O órgão justificou a medida diante da “identificação de um problema técnico nas notas dos concorrentes que solicitaram recurso de língua portuguesa”. Na época, a Copese afirmou que a medida não alteraria a relação dos aprovados, conforme listagem anteriormente divulgada, no dia 15 – data oficial para publicação do resultado final, após os pedidos de recursos. No entanto, a nova classificação, ocorrida no dia 18, teria modificado a nota dos excedentes, o que gerou dúvidas e reclamações. Vale lembrar que a primeira classificação do Pism 2019 foi publicada no dia 8 de janeiro.

Na versão final da lista, divulgada dia 18, alguns participantes do concurso que tiveram a nota diminuída após a apresentação dos recursos (dia 15) teriam ficado com a mesma nota do primeiro resultado divulgado (dia 8), o que não estaria previsto no edital. O resultado levantou suspeitas entre os candidatos e seus familiares. No entendimento desses pais, conforme o parágrafo três da seção II do Edital do Pism 2019, “a nota com o recurso pode ser mantida, aumentada ou diminuída, sendo que a alteração é publicada tão somente junto ao resultado final”, o que indicaria que, após o pedido de revisão, independentemente do resultado, essa seria a nota definitiva. Mas a terceira publicação teria prejudicado a classificação de alguns candidatos, que poderiam ficar melhor posicionados para a segunda chamada.

Um dos responsáveis que preferiu não ser identificado, disse que o filho teve a nota aumentada depois do recurso. No entanto, assim como outros candidatos, sua colocação como excedente foi piorada após a divulgação da terceira lista com as correções, o que diminui as chances de ele ser chamado como excedente. “Eles explicaram que houve um problema técnico com as notas de língua portuguesa. Mas não acreditamos que tenham errado tantas notas. Porque não foram uma ou duas isoladas, eles dizem que foram 49.”

Outro pai de aluno disse que vai acionar judicialmente a universidade, em função do ocorrido. “A segunda planilha que foi divulgada, com as notas dos recursos, foi retirada da página. Não temos mais acesso. Queríamos saber o porquê dessa decisão. Sinto que meu filho foi prejudicado e vou correr atrás, porque esse erro é muito grave e prejudicou muitas pessoas.” Ele ainda diz que considera a justificativa como insuficiente. “Espero por uma resposta mais contundente da UFJF sobre essa questão. Eles precisam reconhecer que esse foi um erro grave e ver o que pode ser feito para não prejudicar os candidatos que aguardam para ser chamados. Queremos saber o que, de fato, aconteceu com a banca e, até mesmo, se eles guardaram o caderno de provas para que possamos ter acesso à correção.”

“Erro de digitação”

Por meio de nota, a Copese/UFJF informou que, em relação ao Edital 04/2018 – retificado pelo Edital 06/2018 -, recebeu 49 recursos relativos ao conteúdo de língua portuguesa. E reforçou que o resultado dos recursos, após análise pela banca específica, foi publicado em 15 de janeiro de 2019. “Ocorre que, em seguida à divulgação, a Copese verificou erro de digitação nas notas dos recursos do conteúdo de Língua Portuguesa. Desse modo, considerando que a Administração tem o dever legal de rever seus atos quando identificar a ocorrência de erros, foram revistos todos os 49 recursos recebidos relativos ao conteúdo em questão. Em seguida, foram corrigidas e publicizadas as notas.”

Ainda de acordo com a universidade, o referido procedimento alterou a classificação dos candidatos. “Todavia, vale destacar que o ajuste não comprometeu a relação de candidatos aprovados.” A UFJF informou ainda que todos os cadernos de respostas do Pism da UFJF, foram arquivados, como sempre ocorreu e que não pode divulgar a formação da banca, para manter o sigilo.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 04/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/04-02-2019/segunda-derrota-faz-jf-volei-apostar-fichas-em-estreia-diante-da-torcida.html

Título: Após segunda derrota, JF Vôlei aposta suas fichas em estreia diante da torcida

Equipe local soma 1 ponto em dois jogos fora de casa na Superliga B e agora se prepara para enfrentar o Lavras na UFJF neste sábado (9)

Por Bruno Kaehler

04/02/2019 às 17h19- Atualizada 04/02/2019 às 17h50

Na noite do último sábado (2), o JF Vôlei foi derrotado pelo Apan Blumenau em Santa Catarina, na disputa de duelo válido pela segunda rodada da Superliga B Masculina, com o placar de 3 sets a 0 (25/19, 25/21 e 31/29) para os donos da casa. Este foi o segundo revés da equipe comandada pelo técnico Marcos Henrique, o Marcão. Quem acompanhou de perto os dois primeiros desafios e lamentou a não obtenção de mais pontos pelo rendimento registrado foi o diretor técnico da equipe, Maurício Bara.

“Os jogos têm demonstrado uma incerteza muito grande. Em Anápolis, no primeiro, tivemos um jogo muito duro em um ginásio com 5 mil pessoas e não falei antes, mas a arbitragem infelizmente teve uma influência significativa e encaminhamos um relatório formal, com vídeo, para a CBV. Já em Blumenau a arbitragem foi impecável, fiz questão de cumprimentar eles. Mas o 3 a 0 não reflete o jogo em si. Lideramos sets em alguns momentos, o último foi 31 a 29. Nosso desempenho foi um pouco abaixo do esperado, mas significativo, e esperamos agora ter desempenho com resultado. Mas não é momento de desespero ou falta de confiança. Blumenau nos colocou em dificuldades, mérito deles. Confesso que há muito tempo não via uma equipe defender tanto”, avalia Bara.

No próximo sábado (9), às 18h, no Ginásio da UFJF, os locais enfim estreiam em casa pela competição nacional. Diante de um adversário indigesto nesta temporada, o Lavras Vôlei, a presença do torcedor será um diferencial no clima do duelo que pode selar a primeira vitória juiz-forana. “Não vencemos o Lavras na temporada ainda, foram três jogos e três derrotas, mas evoluímos muito desde esses confrontos. Dos últimos dez dias, seis deles estivemos viajando e jogando, então a semana de treinos em casa será importante. E queremos ter o torcedor do nosso lado para apoiar e encaminhar a melhor classificação possível”, relata o diretor.

A venda dos ingressos já começou pelo site acesseingressos.com.br para a estreia em casa, e os bilhetes custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 04/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/04-02-2019/frente-fria-reduz-temperaturas-em-juiz-de-fora.html

Título: Frente fria reduz temperaturas em Juiz de Fora

Depois dos 33,6 graus registrados ontem, máxima não passou dos 26,7 nesta segunda-feira

Por Tribuna

04/02/2019 às 19h23- Atualizada 05/02/2019 às 19h27

A aproximação de uma frente fria já modificou o tempo em Juiz de Fora nesta segunda-feira (4). Para alívio dos juiz-foranos, depois de três dias com temperatura máxima acima dos 33 graus, o dia terminou com marcação de 26,7 graus, a menor medição apontada pelos termômetros do 5º Distrito de Meteorologia, instalados no Campus da UFJF, neste ano de 2019. A mínima do dia foi de 19,8.

Para efeitos de comparação, no sábado, a máxima chegou aos 34,2, a maior temperatura oficial na cidade desde setembro de 2015, quando fez 35,3 graus. Já neste domingo, os termômetros chegaram aos 33,6 graus, quase 7 a mais do que o verificado nesta segunda.

Possibilidade de chuva

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura mais amena seguirá durante a semana. Para esta terça-feira (5), os termômetros devem variar entre 21 e 28 graus. Além da redução na temperatura, a atuação da frente fria favorece o transporte de umidade para o Brasil Central e Sudeste, aumentando a nebulosidade e favorecendo a ocorrência de pancadas de chuva por toda Minas Gerais. Para Juiz de Fora, há a possibilidade de trovoadas em áreas isoladas da cidade.

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Veículo: Diário do Poder

Editoria: Notícias

Data: 04/02/2019

Link: https://diariodopoder.com.br/estudantes-do-am-concorrem-a-maior-premio-de-empreendedorismo-estudantil-do-mundo/

Título: Estudantes do AM concorrem a maior prêmio de empreendedorismo estudantil do mundo

O Hult Prize é o maior prêmio de empreendedorismo estudantil do mundo, organizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU)

04/02/2019 às 17:00 | Atualizado às 20:59

Depois da concorrência acirrada na primeira fase do Hult Prize, que contou com mais de 1000 universidades participantes, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) dá mais um passo na competição Hult Prize e é uma das seis universidades brasileiras selecionadas para a segunda fase do Hult Prize, o maior prêmio de empreendedorismo estudantil do mundo, organizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Três equipes representam a Ufam na competição nesta etapa que ocorre em várias cidades do mundo inteiro: a equipe Orbe, que foi classificada para Londres/Grã-Bretanha e é composta pelos alunos Douglas Ferreira, Juliana Tizatto, Thainá Bentes e Yanka Sombra, os quais competem com a proposta de atuar na geração de experiência para os jovens e, dessa forma, possibilitar que sejam empregados com agilidade; a equipe Neptur, classificada para Oslo/Noruega, composta pelos alunos Mariel Justa, Maria Clara Chíxaro e Matheus Pantoja, os quais propõem um modelo de negócio voltado ao turismo amazônico e a equipe Meira, classificada para Madrid/Espanha e é composta pelos alunos  Bruna Lins, Gabriel Saraiva, Lívia Ibernon e Paulo Simonetti, os quais têm a proposta de criar uma rede social que promova a interação entre jovens que buscam emprego e empregadores.

A competidora Thainá Bentes, 21, do 7º período do curso de Medicina, fundadora da empresa Júnior Mediare, a primeira da Região Norte do país na área de Medicina, conta que ficou sabendo da premiação Hult Prize durante o Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ). “Durante o ENEJ eu conheci um amigo que também estava fundando uma empresa júnior em Juiz de Fora (MG) e ele comentou comigo sobre o prêmio. Então, eu me inscrevi e fui selecionada para ser a representante do prêmio junto à Ufam. O mais motivador nessa premiação é que, além de ser a maior premiação estudantil do mundo, congregando mais de 100 países e mais de 1000 universidades, todo ano é proposta uma temática a ser solucionada e nesse ano a temática é o desemprego juvenil. Uma premiação dessas nos faz pensar insistentemente em soluções. Ficamos felizes por estar entre as universidades brasileiras com o maior número de equipes na competição, juntamente com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)”, declara a aluna.

A competidora ressalta ainda que, para arcar com os custos de participar da competição internacional, os selecionados arrecadam recursos virtualmente. “Estipulamos uma meta de 113 mil reais, mas até agora arrecadamos um pouco mais que 2 mil reais. Quem quiser ajudar é só fazer sua doação através do endereço eletrônico  https://www.catarse.me/hultprize_ufam?ref=project_link . Toda ajuda é bem-vinda”, afirmou a estudante.

Sobre o Hult Prize

O Hult Prize é o maior prêmio de empreendedorismo estudantil do mundo, organizado em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU). O prêmio foi criado por Ahmad Ashkar, ex-aluno da Hult International Business School, apoiadora da Hult Prize Foundation, instituição criadora e organizadora do prêmio, com sedes em Nova Iorque, Cidade do México e Beirute.

A premiação completa 10 anos em 2019. Com 9 Startups vencedoras do prêmio de 1 milhão de dólares, prêmio final para o melhor projeto de Startup do mundo, o Hult Prize se consolida como o Prêmio Nobel dos Estudantes, título que é reconhecido por algumas das mais importantes revistas e jornais do mundo.

O prêmio é apoiado pela Clinton Global Iniciative, através de seu fundador, o 42º presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e por Muhammad Yunus, pai do empreendedorismo social e Prêmio Nobel da Paz de 2006, seleciona a melhor Startup, fundada por 3 a 4 alunos de graduação ou pós-graduação, que resolva o tema do ano, baseado nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Mais informações sobre o prêmio podem ser acessadas no endereço eletrônico http://www.hultprize.org/

Leia mais sobre Ciência, Tecnologia e Inovação em BRASIL CTI.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna César Romero

Data: 05/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/05-02-2019/fernanda-tostes-ladeada-por-octavio-fagundes-e-rafael-barino.html

Título: Fernanda Tostes ladeada por Octávio Fagundes e Rafael Barino

Por Cesar Romero

05/02/2019 às 07h30 – Atualizada 04/02/2019 às 19h56

Clima de festa

Mais alunos do Santa Catarina comemoram o sucesso no vestibular. João Stephan Maurício (engenharia computacional/UFJF e ciências da computação/UFMG), Rafael Turolla (administração/UFJF e UFMG), Maria Clara Giacomini (medicina/UFJF), Samuel Mageste (odontologia/UFJF) e Júlio Munck (farmácia/UFJF).

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 05/02/2019

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2019/02/05/capacidade-de-armazenamento-em-barragem-de-rejeitos-em-juiz-de-fora-sera-duplicada.ghtml

Título: Capacidade de armazenamento em barragem de rejeitos em Juiz de Fora será duplicada

Barragem da Pedra, no Bairro Igrejinha, foi visitada nesta terça (5) em ação de fiscalização dos vereadores. A cidade conta também com a Barragem dos Peixes, que está inativa.

Por G1 Zona da Mata

05/02/2019 19h12  Atualizado há um mês

A barragem de rejeitos localizada no Bairro Igrejinha, em Juiz de Fora, vai duplicar a capacidade de armazenamento. A informação foi confirmada ao G1 nesta terça-feira (5) pela empresa Nexa Resources, responsável pela administração da Barragem da Pedra.

De acordo com a assessoria da Nexa, a obra de ampliação da barragem está na fase final, restando somente a instalação do sistema de impermeabilização final e estruturas acessórias como canaletas e sinalizações.

Com a conclusão da obra, a barragem terá capacidade para armazenamento de 3,29 milhões de m³ de rejeitos, ou seja, pouco mais do que o dobro da quantidade suportada atualmente, que é de 1,5 milhão. A barragem passará a ter a altura de 761 metros.

Segundo a empresa, a Barragem da Pedra foi projetada para ser construída em duas etapas e, em maio de 2019 a 1ª fase estará cheia de rejeito. A Nexa explica que ampliação, que teve início no ano passado, está em fase final e, com a conclusão, vai permitir a liberação para uso.

A ampliação da barragem garante que o local tenha pelo menos mais 14 anos de vida útil. A barragem realiza o armazenamento de resíduo industrial da unidade de metalurgia da Nexa em Juiz de Fora.

Vereadores visitam barragens de rejeitos em Juiz de Fora

Visita dos vereadores

Os vereadores de Juiz de Fora visitaram nesta terça as barragens da Pedra e dos Peixes, ambas administradas pela Nexa. Os representantes do Legislativo foram em busca de avaliar as condições dos locais.

A ação dos parlamentares foi motivada pela tragédia ocorrida no dia 25 de janeiro em Brumadinho (MG), quando uma barragem da Vale se rompeu e causou a morte de centenas de pessoas.

A assessoria da Nexa informou ao G1 que além dos vereadores, também participaram da visita membros da comunidade, professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e representantes do Corpo de Bombeiros.

No encontro, a empresa explicou que a Barragem da Pedra tem volume de 1,5 milhão de m³ e encontra-se ativa. Já a Barragem dos Peixes está inativa para disposição de rejeito desde 2012 e o volume é de 800 mil m³.

De acordo com a Nexa, no sistema de gestão de segurança a empresa conta com “instrumentos de monitoramento como piezômetros, poços de monitoramento, inclinômetros e pluviômetros, as barragens possuem uma rotina de inspeção interna quinzenal, avaliação mensal externa dos dados de monitoramento e inspeção”.

A empresa garantiu ainda que todas as barragens possuem laudos técnicos que garantem a estabilidade das operações. Os relatórios são encaminhados sistematicamente aos órgãos fiscalizadores.

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Veículo: JF Clipping

Editoria: Notícias

Data: 05/02/2019

Link: https://www.jfclipping.com.br/2019/02/a3-dossie-expedicao-percorre-rio-e-comunidades-afetadas-por-barragem-noticias-ufjf/

Título: A3 DOSSIÊ: EXPEDIÇÃO PERCORRE RIO E COMUNIDADES AFETADAS POR BARRAGEM – NOTÍCIAS UFJF

UFJF em 05/02/2019 21:22

Por Raul Mourão

“Foi uma bola de boliche bem jogada”, resume o comerciante Manoel Braga, em referência à tragédia em Brumadinho.

O rio e as cidades no caminho da lama são a pista de arremesso. As pessoas e os animais como pinos em um strike trágico que levou a vida de ao menos 134 indivíduos. Mais 199 estão desaparecidos, conforme levantamento do Corpo de Bombeiros, divulgado na segunda, 4. E outros milhares foram afetados pelo rompimento.

Natural de Brumadinho, Manoel viu reduzir, na semana passada, 70% da clientela do bar, localizado em uma comunidade rural, onde mora, às margens do Paraopeba, na divisa de Curvelo e Pompéu, a cerca de 200 quilômetros de Brumadinho. “Paguei R$ 3.900 neste freezer, no mês passado, para usar nas vendas de carnaval. Não sei como vai ser. Temos que esperar, porque a recomendação é de não usarmos a água do rio”, conta Manoel, que perdeu um amigo na tragédia.

Os pesquisadores percorrerão, em três dias, mais de mil quilômetros desde a proximidade da foz do rio Paraopeba, em Felixlândia, até trechos antes do rompimento da barragem em Brumadinho

O depoimento do comerciante é uma das histórias ouvidas pelo grupo de professores e estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da Universidade Estadual de Goiás e do Instituto Federal do Norte de Minas que entram, nesta terça, 5, no segundo dia de expedição. Os pesquisadores percorrerão, em três dias, mais de mil quilômetros desde a proximidade da foz do rio Paraopeba, em Felixlândia, até trechos antes do rompimento da barragem em Brumadinho.

Equipe de professores e alunos em Curvelo, uma das primeiras paradas no trajeto de mil quilômetros a ser percorrido pela expedição

Um dos objetivos da expedição é verificar os danos socioambientais causados pelo rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, onde estavam depositados 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. Até a manhã desta terça, já foram coletadas seis amostras de água em quatro locais visitados.

Os trabalhos são os primeiros em campo da rede de pesquisadores, formada na UFJF, na última semana, para entender a tragédia e propor soluções em diversas frentes de atuação. A expedição se desenvolve em dois eixos simultâneos: “Investigação preliminar de danos ambientais” e “A voz dos invisíveis”. Após o fim do percurso, será desenvolvido um terceiro eixo com os laudos.

Coleta e danos

A análise independente de afluentes e de outros mananciais é um dos diferenciais deste trabalho de campo

Na primeira frente, são ao menos oito municípios visitados para coleta de água e sedimentos do rio Paraopeba, de seus afluentes e outros mananciais utilizados pela população, como poços artesianos. O professor do Departamento de Geociências da UFJF Miguel Felippe explica que a coleta não se restringe ao Paraopeba – principal curso d’água atingido – porque os rejeitos podem se infiltrar no solo, chegando a lençóis freáticos em contato com poços, por exemplo, ou serem levados do Paraopeba para seus afluentes, em refluxo, seja pela diferença de força entre as águas ou cheia do rio. A análise independente de afluentes e de outros mananciais é um dos diferenciais deste trabalho de campo.

A primeira coleta de poço foi realizada na casa do síndico de um condomínio rural, Rui Corrêa Nunes, localizado logo após a Usina Hidrelétrica Retiro Baixo, em Felixlândia. O material será levado para conclusão das análises em laboratório na UFJF. Nesse ponto do rio Paraopeba, não há sinais visíveis da chegada de rejeitos. No entanto, a população mostra-se temerosa, pois há previsão de chegada até o próximo dia 10. “Neste domingo, rancheiros vieram se despedir do rio”, conta Rui.

Águas turvas

Nível de água no Paraopeba baixou próximo à usina em Curvelo

No próprio campo de coleta, está sendo possível atestar o nível de turbidez da água utilizando o aparelho chamado turbidímetro. Conforme o professor Miguel Felippe, o tom turvo pode indicar presença de argila e outros sedimentos. A análise laboratorial indicará a composição do material e a comparação com os elementos de rejeitos de mineração.

Na amostra recolhida na zona rural do município de Papagaios, a cerca de 140 quilômetros de Brumadinho, o nível foi de 30,8 e 31,6 unidades de turbidez (ntu). O resultado é considerado bom, uma vez que, em curso natural de água, são aceitos para usos primários em torno de 100 ntu. Conforme Miguel Felippe, já foram divulgados índices de 2 mil ntu e até de 60 mil ntu em áreas atingidas pelo rompimento.

A verificação preliminar de danos ambientais é feita já no local por meio de um protocolo de avaliação rápida (matriz de Leopold). As alunas de Geografia Isabel Martins e de Ciências Biológicas Gabriela Barreto, supervisionadas por Felippe, verificam, entre outros pontos, a existência de aterramento no leito do rio, alterações de uso da terra e do curso d’água.

Voz dos invisíveis

No segundo eixo, pesquisadores verificam como comunidades foram ou poderão ser afetadas no modo de vida socioeconômico. O foco são aquelas que não recebem tanta atenção dos poderes público e privado ou da mídia.

O grupo quer ouvir os medos e os anseios dessas comunidades, dando voz a elas. Têm como fundamento a pouca atenção recebida por vilas que ficavam entre as três principais atingidas pela barragem do Fundão, em Mariana, em 2015 – Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Barra Longa. “Era como se entre essas três não existisse mais nada”, lembra o professor de Geografia Alfredo Costa, do Instituto Federal – Norte de Minas.

O aluno de pós-doutorado em Geografia da UFJF Ricardo Fernandes, professor da Universidade Estadual de Goiás, também esteve em Mariana, em 2015, três dias após o rompimento. Integrante do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, Fernandes começa a ouvir novamente relatos semelhantes da tragédia ocorrida há três anos.

Contraprovas

Na terceira frente de trabalho, a equipe levará para laboratórios da UFJF as amostras de água e sedimentos para serem analisadas. O objetivo é verificar se há a presença de metais pesados e outros componentes que podem causar danos à saúde e ao ambiente. A partir dos resultados, serão elaborados laudos e orientações técnicas. A expectativa é que os relatórios sejam divulgados entre sete e dez dias após a entrega nos laboratórios.

A equipe da Diretoria de Imagem Institucional acompanha os trabalhos dos professores e alunas na estrada. Veja a cobertura também no perfil da UFJF no Instagram: @ufjf

Por um rio bom de novo

“A questão não é discutir se vai romper outra barragem no futuro ou não. A questão é quando.” Desde o rompimento da barragem de Fundão, o pesquisador Miguel Fernandes Felippe alega que a comunidade acadêmica já sabia que era uma questão de tempo até acontecer algo parecido em outro local de risco.

Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 05/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/05-02-2019/vereadores-de-jf-defendem-protocolo-para-monitorar-barragens.html

Título: Vereadores de JF defendem protocolo para monitorar barragens

Ideia de parlamentares é que laudos realizados pela empresa sejam fiscalizados regularmente por Defesa Civil e Corpo de Bombeiros

Por Gabriel Ferreira Borges e Gracielle Nocelli

05/02/2019 às 19h49- Atualizada 05/02/2019 às 20h45

Após visita, nesta terça-feira (5), às barragens da Pedra e dos Peixes, ambas de propriedade da Nexa Resources – antiga Votorantim Metais -, a Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente da Câmara Municipal defende articulação conjunta entre a Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora e o Corpo de Bombeiros Militar para criação de protocolo de monitoramento das estruturas de barramento por meio da fiscalização dos laudos técnicos emitidos periodicamente. Juntos ao prefeito Antônio Almas (PSDB), visitaram as estruturas de resíduos industriais os vereadores Adriano Miranda (PHS), Kennedy Ribeiro (MDB), Wanderson Castelar (PT) e José Márcio ‘Garotinho’ (PV), todos membros do colegiado, sendo o último, presidente.

Cumprindo programação de visitas às barragens localizadas em Juiz de Fora, a intenção dos parlamentares é propor uma reunião entre a Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros; conforme José Márcio Garotinho, o intuito dos parlamentares já foi manifestado aos representantes dos órgãos públicos. “Não há risco zero; o risco sempre há. É uma estrutura de engenharia que tem que ser constantemente monitorada, fiscalizada e acompanhada por técnicos. Nenhuma barragem se rompe sem haver sinais”, pondera o presidente do colegiado. “Nesta semana ainda, a Comissão de Urbanismo deve fazer uma reunião com a Defesa Civil e com o Corpo de Bombeiros para discutir como eles pensam, como eles agem, como vão proceder, na fiscalização, no controle e no monitoramento desses barramentos. Visitamos, hoje, duas barragens de rejeito, mas temos barragens de armazenamento de água para a distribuição e barragens de armazenamento de água para geração de energia.”

Antes de levar os parlamentares aos barramentos, representantes da Nexa explanaram detalhes a respeito da construção, da operação e do monitoramento das barragens da Pedra e dos Peixes. “A Nexa faz medições temporárias, laudos, monitoramento de deslocamentos de terra, monitoramento de infiltração de água, etc. Segundo os responsáveis, esses relatórios são feitos por empresas externas e encaminhados à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam)”, detalha Zé Márcio. Juntos aos vereadores, visitaram as barragens da Nexa os professores do Departamento de Transportes e Geotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Mário Vicente Riccio Filho e Jordan Henrique de Souza. Conforme Zé Márcio, os membros da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente questionaram a Nexa sobre os planos de emergência das estruturas. “Junto à comunidade, à Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros, a Nexa quer fazer um ensaio. Aplicar o plano de emergência. Os técnicos da UFJF levantaram também a questão de como foi feito o ensaio na área que seria atingida em caso de desastre, além da escala dos desenhos dos planos de emergência.”

Na esfera legislativa, o desdobramento natural das visitas da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente é a realização de audiência pública. Cido Reis (PSB) e Marlon Siqueira (MDB) protocolaram na Câmara Municipal requerimento para a reunião após o rompimento da barragem do Complexo da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Em razão do recesso do Legislativo – a ser encerrado em 15 de fevereiro -, o encontro não foi ainda marcado. Tanto a Casa quanto o presidente da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente estimam a realização neste fevereiro. “Todos os vereadores vão pleitear essa audiência. O tema atinge a todos. A audiência pública deve ocorrer neste mês ainda”, confirmou Zé Márcio. “A audiência pública tem que partir, no mínimo, do conhecimento real da situação. Que a gente avance e já comece a ter um plano preventivo, de ações, de emergência, o protocolo adotado, etc. Não queremos que seja uma audiência primária de simples apresentação da situação das barragens.” Nesta quarta-feira, os vereadores visitam a Represa João Penido.

Almas pede prevenção

O prefeito Antônio Almas, que se fez presente junto aos vereadores, defendeu que o importante é trabalhar em prevenção: “o que significa vigilância; estarmos vigilantes a qualquer barragem, seja de rejeitos, seja de água, como as nossas. Temos certeza de que, do ponto de vista das empresas, é necessário ter comprometimento, assim como nós do Poder Público, para não arredar, não abrir mão de um milímetro do que é a nossa obrigação. Fazer todos as ações concretas para a prevenção desses desastres.” Uma vez que os demais vereadores foram convidados para a visita, compareceram na Nexa Resources os parlamentares Carlos Alberto ‘Casal’ (PTB), Cido Reis (PSB), Vagner de Oliveira (PSC), Júlio Obama Jr. (PHS), Juraci Sheffer (PT), Marlon Siqueira (MDB) e Nilton Militão (PTC). O secretário de Meio Ambiente, Luis Cláudio Santos Pinto, acompanhou o prefeito como membro do Executivo.

Programa discute segurança nas barragens em JF

A segurança das barragens de abastecimento de água, de hidrelétricas e de rejeitos industriais de Juiz de Fora foi discutida nesta terça (5), em programa da CBN Juiz de Fora. Participaram da discussão a capitã do Corpo de Bombeiros Nágela Lamim da Silva Freire; o tenente do Corpo de Bombeiros, Yuri Éder, que integrou a equipe de resgate em Brumadinho; o diretor presidente da Cesama, André Borges; o engenheiro de segurança em barragens e professor da UFJF, Marcos Guerra; e o professor, ambientalista e pesquisador, Wilson Acácio.

Das oito barragens da cidade, três são da Cesama. “Monitoramos as de Chapéu D’Uvas, João Penido e São Pedro. Temos feito avaliações periódicas, pois entendemos que é nossa obrigação garantir a segurança da população. Desde a tragédia em Mariana, intensificamos a proposta de minimizar os riscos”, afirmou André Borges. Na avaliação do especialista Marcos Guerra, o trabalho de monitoramento deve ser permanente. “A barragem deve ser vista como um ser vivo, que tem atuação de microorganismos, fluxo de água constante, ou seja, é uma estrutura diferente de outras construções. Ela sofre modificações e precisa ser percebida diariamente. Um rompimento não acontece de uma hora para outra, ele dá sinais. Além do potencial de risco, é preciso analisar a barragem. O crescimento de vegetação em algum ponto pode indicar infiltração, a saída de animais da região mostra que algo não vai bem”, exemplifica.

Escala de riscos

Marcos esclarece que há uma escala de riscos para barragens. “O índice chega até 18, conforme idade, volume e proximidade do centro urbano. Sobre as barragens da Cemig, os índices são de 9,2 para João Penido; 8,7 para São Pedro; e 8,4 para Chapéu D’Uvas. Ou seja, todas possuem risco médio. É importante saber que sempre que se investe em barragem é necessário investir em monitoramento.” Afirmando que as tragédias em Mariana e Brumadinho poderiam ser evitadas, o especialista diz que a técnica de alteamento a montante já está condenada há muito tempo. “Infelizmente, as mineradoras ignoraram isso.”

O professor Wilson Acácio, que esteve em Mariana, após o desastre em 2015, lamentou que uma situação em proporções maiores não tenha sido evitada. “É uma irresponsabilidade da empresa colocar um refeitório e uma sede administrativa embaixo da barragem. Nós propusemos um projeto de lei que pedia que as comunidades fossem afastadas das barragens numa distância de, pelo menos, dez quilômetros. No entanto, este pedido foi rejeitado.”

Relatando a experiência pessoal e profissional vivida em Brumadinho, o tenente Yuri Éder afirmou que a equipe trabalhou contra o tempo na tentativa de salvar vidas. “Em dez anos no Corpo de Bombeiros, foi a primeira vez que presenciei uma situação dessas.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Sala de Leitura

Data: 05/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/blogs/sala-de-leitura/05-02-2019/os-versos-fortes-e-lucidos-de-duda-masiero-e-laura-conceicao-vao-para-as-paginas-de-empatheia.html

Título: Os versos fortes e lúcidos de Duda Masiero e Laura Conceição vão para as páginas de “Empatheia”

Por Marisa Loures

05/02/2019 às 11h25 – Atualizada 05/02/2019 às 11h29

Elas são poetas. Integram o Coletivo Duas, que, nesta próxima sexta(8), lança o livro “Empatheia” (35 páginas). Fazem resistência com a arte. Duda Masiero, 18 anos. Estudante do curso de Letras da UFJF. Laura Conceição, 22 anos. Jornalista formada pela UFJF e publicitária formada pelo Ces/JF. Na poesia, trazem a voz das minorias sociais. “Tudo o que não é central. E, quando a gente fala em minoria social, não é quantitativamente. É um grupo que, de certa forma, é excluído dos privilégios da sociedade. Acho que nosso trabalho acaba sendo independente muito por isso. A gente não se prende a nenhuma amarra criativa, isso faz com que nosso trampo seja independente meio que por obrigação também, é um trabalho feito para ser livre mesmo”, conta Laura, dona de uma escrita consciente e forte. “Será que eles tão achando/ Que a gente tá gastando/ o dinheiro que/é do nosso patrão?/ Mas na verdade eu não/ Tenho nem patrão/ Pois tô desempregada/ E poesia falada não tem remuneração”, esbraveja ela em “O patrão nosso de cada dia”.

“A gente acredita que nós, como mulheres, por estarmos aqui falando, já é uma conquista muito grande. E é isto o que a gente traz nos nossos versos: a luta feminina, a luta da mulher lésbica, a luta da mulher gorda”, dispara Duda, que se juntou à Laura para criar o Duas com o objetivo de materializar tudo o que idealizavam há algum tempo. A meta é “fazer ecoar por diversos cantos a luta colocada nos versos”. Por isso, ministram oficinas para crianças, recitam poesias  e participam de ataques poéticos em praças públicas e em bares.

Juntas, logo produziram o primeiro zine,  o “Poesia de duas”, que é um folheto poético pequeno. Depois, foram amadurecendo a ideia de lançar uma publicação mais completa. Dessa forma, gestaram o “Empatheia”, um livro confeccionado todo à mão e de maneira independente. Não faltam nos escritos dessas duas artistas o engajamento político e também não faltam palavras de amor. Escrevem antenadas com o momento em que vivem.  “Querem propagar ódio na primavera/ E eu só queria o beijo daquela pessoa/ Poder tá junta/ Sem o ódio na primavera/ Vocês prometem não tirar direito/ Mas se enchem do conceito/ De que feto é gente/ E que preservam/a vida/ Mas exclamam que bandido bom é bandido morto/ Fazem do verão/inverno, inferno, e/ Querem intervenção/ Com o nosso sangue”, brada Duda em “Pancadas de ódio”.

O lançamento do primeiro livro do coletivo está marcado para a próxima sexta-feira, às 19h, no El Loco – Bar de Tapas.  Vai ter bate-papo com as autoras, sarau de poesia e discotecagem com Bruno Tuler. A entrada é gratuita.

Marisa Loures –  “Empatheia” está sendo lançado de maneira independente. Essa foi uma escolha de vocês, ou vocês buscaram esse caminho depois de ter tentado com editoras?

Laura Conceição – A gente não chegou a procurar editoras, porque quis, realmente, trazer a essência de tudo o que a gente foi conquistando. A gente passou mais de um ano vendendo os nossos folhetinhos, então quis fazer desse jeito mesmo. Quis fazer uma edição mais completa e trazer essa essência do folheto do artista independente da poesia. Temos muitos amigos que também vivem disso, vendem a obra deles. Pensamos em fazer um livro dessa forma, justamente, para homenagear toda nossa trajetória através do zine. Tanto que ele tem uma aparência de um zine. É artesanal, a gente fez todos à mão, nós mesmas grampeamos. A gente quis manter essa identidade. Talvez, no futuro, a gente procure alguma editora para fazer algo maior.

“Acho que, até pra falar de amor, a gente está falando do nosso tempo. Não tem como a gente se desvincular do nosso tempo. Nosso tempo é aqui e agora.” Duda Masiero

– Duda, sua poesia e da Laura é muito política e atual. Em “Pancadas de ódio”, por exemplo, você cita algumas questões que vêm sendo muito discutidas hoje em dia, como “bandido bom é bandido morto”, “intervenção” e “tortura”.  As duas se veem fazendo uma poesia que seja desvinculada da política e do tempo de vocês?

Duda Masiero – Acho que, até pra falar de amor, a gente está falando do nosso tempo. Não tem como a gente se desvincular do nosso tempo. Nosso tempo é aqui e agora. Então, se eu posso falar de amor ou de qualquer outra coisa, estou falando do meu tempo, porque a gente está imerso no ódio, imerso em um lugar em que ninguém fala, ninguém se escuta. Se eu posso falar, escrever e me expressar, já estou falando do meu tempo.

“Às vezes, a gente não está vivendo mesmo, está todo mundo enfurnado nas tecnologias, nas redes sociais. Todo mundo lutando por uma aceitação social que acaba sendo uma coisa muito vazia. As pessoas vão perdendo um pouco a identidade de quem são para agradar o outro.” Laura Conceição

– Em uma de suas poesias, Laura, você diz que nasceu na época errada. Isso traduz seu inconformismo com este tempo?

Laura – Acho que é um pouco isso sim. Não que ter nascido antes ou depois fosse mudar alguma coisa. Mas, quando falo “na época errada”, gosto de dizer sobre muitas coisas equivocadas da minha geração. Está tudo muito inflamado às vezes. Às vezes, a gente não está vivendo mesmo, está todo mundo enfurnado nas tecnologias, nas redes sociais. Todo mundo lutando por uma aceitação social que acaba sendo uma coisa muito vazia. As pessoas vão perdendo um pouco a identidade de quem são para agradar o outro. Então, quando falo que nasci na época errada, é um pouco nesse sentido de que não me identifico muito com essas questões da sociedade atual. Mas acredito que não fosse mudar nascer em outra época. É uma crítica relacionada ao inconformismo das questões contemporâneas.

– Laura, em “O patrão nosso de cada dia” há um desabafo: “meu fim será massacrante/ caso contrário, é só coincidência mera/ eu já sei o que me espera/ pois eu conheço a minha terra/ pouca gente me tolera, pois são intolerante.” Você diz que hoje só se ensina Ferreira Gullar e que sua poesia não é marginal, é periférica.  Também diz que é preciso resistir e não parar de recitar. Primeiro, gostaria que explicasse essa diferença entre poesia marginal e poesia periférica. Depois, que falasse sobre essa intolerância. As pessoas, de modo geral, têm muito preconceito com a arte de vocês?

Laura – Em geral, acabo falando poesia marginal porque as pessoas identificam mais. Mas o Sergio Vaz mesmo, que é um poeta lá de São Paulo, diz que a nossa poesia, quando a gente fala marginal, acaba muito sendo confundida com marginalidade no sentido pejorativo da palavra. Então, na verdade, é uma arte periférica e não só no sentido de periferias, de comunidades onde se morar, mas também relacionada a assuntos tratados como periféricos, são assuntos das minorias, assuntos que não são discutidos nos centros. Por isso, prefiro falar que é uma arte periférica no sentido de que não está centralizada. É uma arte de resistência periférica mesmo.

– E voltar com o terceiro lugar do Slam BR- Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, um campeonato nacional realizado em São Paulo em 2017, abriu portas para Laura Conceição?

Laura – Vou linkar com a pergunta sobre o “pouca gente me tolera, pois são intolerante”. Fui representando Minas Gerais e foi um caminho muito difícil por vários motivos. E aí, quando eu voltei, foi um divisor total tanto pra mim, pra eu acreditar que posso trabalhar com aquilo, porque até então eu tinha muito medo. Viver da arte é muito complicado, é muito instável. E aquilo ali acabou provando pra mim mesma que eu poderia viver daquilo. Também pra minha família e para a cena de Juiz de Fora. Vejo muitos poetas aqui muito desacreditados. Acho que ter representado a cidade num campeonato nacional trouxe uma esperança muito grande pra galera que trabalha com isso aqui. A gente tem conseguido um espaço muito maior, mas ainda é muito difícil, até porque a gente toca em feridas, em assuntos que incomodam muito as pessoas. Então, com essa questão do “pouca gente me tolera, porque são tudo intolerante”, eu quis brincar com o jogo de palavras do “intolerante”, tanto no sentido de tolerar, quanto de não ter paciência no mundo em que a gente está vivendo. Então, eu acredito que o nacional foi importante para uma valorização um pouco melhor da cena da cidade. Até nas escolas aonde vou falar com os meninos – “puxa, eu consegui realizar meu sonho, então vocês também vão conseguir”. Acho que isto é uma questão que Juiz de Fora precisa muito: exemplos de pessoas que conseguiram levar o nome da cidade de alguma forma. Eu, às vezes, viajo pelo Brasil para recitar poesia e sempre falo que Juiz de Fora nunca fica atrás de nenhum lugar. A gente tem poetas muito bons aqui.

– Por falar em viver da arte, você é publicitária e jornalista, e a Duda faz Letras. As duas atuam nessas áreas?

Laura – Atuo de freelancer, porque meu foco principal é na minha carreira artística mesmo, mas, para complementar a renda, trabalho como designer gráfico. Mas também gosto muito de redação e acabo fazendo alguns trabalhos de redação mais relacionados ao jornalismo. Acredito que essas duas faculdades somaram para mim no sentido da comunicação em relação à minha arte. No início, eu ficava assim: “gente, eu formei nas duas faculdades e agora quero trabalhar com poesia. Como assim?” Mas depois fui aprendendo que, na verdade, está tudo conectado.

Duda – Acho que a faculdade de Letras pode me ajudar mais na versificação, métrica, rima, mas acredito que a poesia vai além disso. Não é porque faço Letras que vou me prender a isso, porque a poesia não é só a escrita, é o que eu tenho além dessa escrita.

– Também em “O patrão nosso de cada dia”, você diz, Laura, “um salve pra cooperiferia e pro poeta Sergio Vaz”. Então suponho que ele seja uma das referências de vocês. Quais outros poetas representantes da poesia da periferia que merecem ser conhecidos, lidos e ouvidos pelo grande público?

Laura – Ele é uma das grandes referências. O Sergio Vaz criou um sarau lá em São Paulo que se chama Cooperifa, de onde saiu Criolo, o próprio Emicida, que são grandes influências para a gente. Estamos planejando ir ao Cooperifa, e a gente consegue fazer muitas viagens para trabalhar com o dinheiro que arrecadou com os zines que a gente já fez e os livros. O coletivo se autossustenta nesse sentido. Então, o Sergio Vaz inspira muito a gente. Vou falar da galera do Slam, porque venho dos slams, das batalhas de poesia, e esse movimento vem crescendo cada vez mais. Tem uma amiga minha que é a Martina, da favela do alemão, que faz um trabalho essencial lá, que é o trabalho nas escolas. Ela tem o Slam Laje. É uma poeta que eu sempre indico, porque é um trabalho que dá um gás essencial e, realmente, está à margem, porque trata de assuntos que não giram no centro.

Duda – E tem até os poetas de Juiz de fora, porque Juiz de Fora produz muita poesia e, muitas vezes, os poetas não são reconhecidos. Aqui, a gente tem o Slam de Perifa, o Slam da Ágora, e, dentro desses slams, tem muitos poetas incríveis que nos inspiram também e que estão com a gente nessa luta.

– Duda,  em “The future is female”, você fala de um “feminismo pra enriquecer o capitalismo” e fecha o poema clamando para que a sua leitora faça um “feminismo sem valor comercial, mas em potencial mundial”. Esse tipo de feminismo acaba criando um problema para quem quer ser resistência de verdade?

Duda – Sim. Acredito que o feminismo precisa ser mais de ação do que de fala e mais de abraço do que de capital. Então, quando falo de “feminismo pra enriquecer o capitalismo”, é isto: a gente querer comprar um blusa em que está escrito “The future is female”, ou a gente querer consumir alguma coisa que fale do feminismo, e aí, na ação, na hora de estar com uma mana, na hora de apoiar uma mulher, não estar ali presente . A prática não existir e viver de teoria.

Sala de Leitura – quinta-feira, às 9h40, na Rádio CBN Juiz de Fora (AM 1010). Blog no site da Tribuna de Minas.

Lançamento de “Empatheia”

El loco- Bar de Tapas

(Rua José do Patrocínio, 398. Altos dos Passos)

Entrada gratuita

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 05/02/2019

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/05-02-2019/barragem-em-igrejinha-vai-dobrar-capacidade-de-rejeitos.html

Título: Barragem em Igrejinha vai dobrar capacidade de rejeitos

Armazenamento da Barragem da Pedra, da Nexa Resources, que estava próxima do esgotamento, subirá de 1,6 milhão de metros cúbicos de jarosita para 3,5 milhões. Comissão de vereadores visita o local nesta terça

Por Gabriel Ferreira Borges e Gracielle Nocelli

05/02/2019 às 07h07- Atualizada 05/02/2019 às 12h12

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Localizada a 1,2 quilômetro da BR-267, próxima ao km 119, a Barragem da Pedra, de propriedade da Nexa Resources, antiga Votorantim Metais, está em fase final de ampliação. A solicitação para a expansão do reservatório, localizado na região de Igrejinha, foi feita pela empresa junto à Superintendência Regional do Meio Ambiente (Supram/Zona da Mata), em março de 2017, diante da proximidade do esgotamento, previsto para maio deste ano. Com isso, a capacidade do volume de armazenamento subirá de 1,6 milhão de metros cúbicos de resíduos industriais para 3,5 milhões. A Nexa ampliará a crista da estrutura de contenção em dez metros, passando dos atuais 751 para 761. Bem como o comprimento, a altura da barragem aumentará dez metros: de 33 para 43. Apesar de a barragem não ser de resíduos de mineração, mas industriais, sua ampliação preocupa o município e as comunidades do entorno diante da tragédia recente em Brumadinho. Nesta terça-feira (5), vereadores da Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente da Câmara visitam a represa para buscar informações sobre seu quadro atual. Esta visita é restrita aos parlamentares e, por isso, a imprensa não foi autorizada a acompanhar.

A Tribuna acessou o parecer único da Supram/Zona da Mata, datado de dezembro de 2017, avalizando a viabilidade ambiental da obra da Nexa à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O alteamento da barragem foi solicitado em razão do esgotamento da vida útil da atual construção; o volume de resíduos industriais atingirá a capacidade máxima do reservatório em maio, conforme mostra o documento. Questionada pela reportagem, a empresa confirmou a execução da obra e o esgotamento do volume do atual reservatório. “A obra de ampliação da Barragem da Pedra já está em etapa final, restando somente a instalação do sistema de impermeabilização final e estruturas acessórias, como canaletas e sinalizações. Em maio de 2019, a 1ª fase da barragem estará cheia de rejeito e, por isso, precisará que a próxima etapa esteja concluída e liberada para uso”, explicou em nota.

A fase a que se refere a empresa diz respeito ao dique inicial da Barragem da Pedra, cuja implantação foi iniciada pela Nexa em agosto de 2004. Após o fim da obra em agosto de 2006, a estrutura começou a ser operada pela metalúrgica no mês seguinte. Conforme o documento, a vida útil da nova plataforma a ser alteada no local é de 14 anos. “A taxa de enchimento média atual é de 11 mil metros cúbicos mensais de polpa de jarosita. Considerando a taxa de enchimento mensal de 11 mil metros cúbicos a vida útil desta segunda fase é estimada em 14 anos”, informa. A polpa de jarosita, rejeito produzido pela Nexa, é constituída por sulfatos metálicos, contendo ferro, zinco, chumbo, cobre, prata e cádmio, dentre outros, o que a classifica como perigosa. “Por conta de sua classificação, o reservatório foi projetado e instalado com sistema de impermeabilização, drenagem de fundo e sistema de detecção de vazamentos. A jarosita é um resíduo contaminante e, por este motivo, todo o reservatório possui sistema com o objetivo de impedir a contaminação do lençol freático e do solo”, detalha o documento.

Estrutura desativada

Também de responsabilidade da Nexa Resources, a Barragem dos Peixes, localizada próxima à planta da empresa, às margens da BR-267, embora desativada, acumula ainda os rejeitos de polpa de jarosita despejados à época de operação. A estrutura operou até 2007, quando esgotou a capacidade de 870 mil metros cúbicos. “Os rejeitos estão armazenados. Os dados de monitoramento, inspeção e avaliação das estruturas indicam que a condição de segurança da barragem está segura”, informou a empresa. A Barragem dos Peixes foi alteada por meio do método de linha de centro e não por alteamento a montante.

Segurança

A Tribuna entrou em contato com a Limiar Consultoria e Projetos, responsável técnica pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da ampliação da Barragem da Pedra, para obter mais detalhes sobre o relatório, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. A Nexa Resources ressaltou que ambas as barragens possuem laudos técnicos que garantem a estabilidade das operações, e que estes documentos são encaminhados aos órgãos fiscalizadores. “Além de instrumentos de monitoramento, como piezômetros, poços de monitoramento, inclinômetros e pluviômetros, essas barragens possuem uma rotina de inspeção interna quinzenal, avaliação mensal externa dos dados de monitoramento e inspeção e, ainda, emissão de relatório semestral de estabilidade”, ressalta a metalúrgica, por meio de nota.

Condição das barragens de JF será discutida

A Supram/Zona da Mata esclareceu que “é responsável por analisar os aspectos sociais e ambientais antes da concessão da licença ambiental para a realização de uma obra”, além de que “no documento de solicitação feito pela Nexa para a ampliação da Barragem da Pedra constavam as ações mitigadoras destes impactos”. Afirmando que não há motivo para pânico por parte da população, o órgão informou que os aspectos sociais e ambientais foram avaliados antes da aprovação para o início das obras, inclusive pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).

Os relatórios mais recentes disponíveis no banco de dados da Feam datam de 2017. Neles, o órgão afirma que, do total de 698 barragens existentes em Minas Gerais, 96,7% apresentam condições de segurança satisfatórias. “Verificou-se que, no ano de 2017, 22 estruturas cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) apresentaram estabilidade não garantida pelo auditor ou o auditor não concluiu sobre a situação de estabilidade por falta de dados e/ou documentos técnicos.” Nas avaliações individuais das barragens da Pedra e dos Peixes daquele ano, a Feam afirma que “há estabilidade de segurança” em ambas as estruturas.

Comissão visitará a Nexa

Conforme o Relatório de Segurança de Barragens da Agência Nacional das Águas (ANA) de 2017 – última edição publicada pelo órgão -, o dano potencial associado das barragens da Pedra e dos Peixes é classificado como alto, isto é, em caso de rompimento das estruturas, considerada a ocupação da área abaixo da barragem, as consequências seriam graves. Após o desastre ambiental e, sobretudo, humanitário em Brumadinho, os vereadores Adriano Miranda (PHS), José Márcio Garotinho (PV), Kenedy Ribeiro (MDB) e Wanderson Castelar (PT), membros da Comissão de Urbanismo da Câmara Municipal de Juiz de Fora, mobilizaram-se para visitar, nesta terça-feira (5), as construções da Nexa Resources. A intenção dos parlamentares é conhecê-las e, a partir de informações sobre volume, monitoramento e plano de segurança, discutir a situação de ambas.

Minas determina fim de alteamentos a montante

Após vivenciar duas grandes tragédias decorrentes do rompimento de barragens de rejeitos de minério num intervalo de três anos, o Estado de Minas Gerais determinou a extinção das estruturas construídas para tal finalidade por meio da técnica de alteamento a montante, avaliada por especialistas como a mais barata, precária e insegura. Barragens como as da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e do Fundão, em Mariana, foram construídas por meio desta técnica. De acordo com a Resolução nº 2.765/2019, publicada conjuntamente, em 30 de janeiro, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e pela Fundação do Meio Ambiente (Feam) de Minas Gerais, o descomissionamento de barragens alteadas a montante deve ocorrer dentro de dois anos.

A resolução estabelece tanto a extinção de barragens inativas – como a de Brumadinho – , quanto aquelas em operação. Conforme o dispositivo, “fica determinada a descaracterização de todas as barragens de contenção de rejeitos que utilizam ou tenham utilizado o método de alteamento para montante, provenientes de atividades minerárias”. A Semad e a Feam compreendem como descaracterização – termo que, tecnicamente, é compreendido como descomissionamento – o “processo no qual a barragem passa a não operar como estrutura de contenção de rejeito, sendo destinada a outra finalidade”. As companhias responsáveis por barragens em operação, alteadas a montante, devem apresentar à Feam a tecnologia a ser adotada e o plano de trabalho para realizar a mudança em 360 dias. Com relação às barragens inativas, a resolução prevê a criação de um projeto com cronograma para o descomissionamento, a ser apresentado também ao órgão estadual até 30 de julho próximo, com ações e prazos a serem cumpridos. O prazo de descomissionamento das barragens é de dois anos.

Segundo a assessoria da Semad, entretanto, as medidas não se aplicam às barragens da Pedra e dos Peixes, uma vez que a resolução trata de estruturas de contenção de resíduos de mineração, e os barramentos locais são utilizados para armazenamento de rejeitos industriais. Em nota enviada à Tribuna, a assessoria da Nexa informou, ainda, que “nenhuma das duas estruturas foi construída com o método a montante”. As duas foram construídas pelo método de alteamento por linha de centro (ver arte). A prática de alteamento de barragens a montante chama a atenção do Estado de Minas Gerais desde o rompimento da barragem do Fundão; em maio de 2016, Fernando Pimentel (PT), à época governador, por meio do decreto nº 46.993, endureceu a regulamentação dos métodos de fiscalização de estruturas alteadas a montante cujos reservatórios são destinados a resíduos minerais.

Além de determinar a implementação imediata de um plano de ações para adequação de condições de estabilidade e de operação de barragem, o decreto institui auditoria técnica de segurança extraordinária em estruturas “que fazem disposição final ou temporária de rejeitos de mineração (…) que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante”. A auditoria extraordinária é de responsabilidade de “profissionais legalmente habilitados, especialistas em segurança de barragens, externos ao quadro de funcionários da empresa responsável pelo empreendimento”. Em caso de parecer negativo da auditoria técnica, o órgão ambiental responsável pode realizar novas fiscalizações ou, então, determinar a suspensão da barragem, a redução de suas atividades e, inclusive, a desativação da estrutura. Já o plano de ação exigido prevê “medidas e ações emergenciais necessárias à minimização dos riscos de acidentes ou incidentes, sob orientação de profissional tecnicamente habilitado em gerenciamento e operação de barragens”.

Resolução é considerada insuficiente

Especialistas alertam que a resolução publicada na última quarta (30) não é a única resposta para evitar tragédias como as ocorridas em Brumadinho e Mariana. O geógrafo Gerson Romero Filho destaca que, apesar de positiva, a determinação do Estado de Minas Gerais não deve ser a única medida preventiva. “É uma ação importante, pois o modelo de barragem a montante oferece mais riscos. No entanto, nenhuma barragem é totalmente segura, logo, a medida não descarta a necessidade de fiscalização e monitoramento permanentes.”

Concordando que o prazo estipulado de dois anos para a extinção deste modelo é necessário para que sejam feitas as adequações às novas tecnologias, o especialista ressalta que é preciso cobrar das empresas que atuem com responsabilidade.

“Não adianta interditar as atividades econômicas, elas devem continuar, mas de maneira responsável. As comunidades próximas às barragens estão em áreas consideradas de vulnerabilidade, e os empreendedores devem garantir segurança.”

Gerson relembra ocorridos na Zona da Mata que, embora de menor proporção quando comparados às tragédias em Mariana e Brumadinho, também trouxeram impactos econômicos e sociais. “Em 2003, tivemos o rompimento de uma barragem contendo rejeitos de fabricação de papel em Cataguases. Já em 2006 e em 2007, foram rejeitos de lavagem de bauxita em Miraí. Esses vazamentos ultrapassaram os limites de Minas Gerais e atingiram o Estado do Rio de Janeiro.” Desta forma, ele destaca que a fiscalização permanente é a melhor forma de evitar a ruptura das estruturas.

Mário Vicente Riccio Filho, professor do Departamento de Transportes e Geotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica, em contrapartida, que a prática de reutilização de rejeitos adotada por mineradoras pode atrasar o descomissionamento. “No descomissionamento, o reservatório é esvaziado, e a empresa pode revegetar o lugar, reflorestá-lo; fazer algo para o material não ficar exposto. Em muitos casos, as mineradoras reprocessam o próprio material que está na barragem de rejeitos. Isso pode atrasar o descomissionamento, por exemplo. As empresas fazem um pós-processamento do material, uma vez que a extração inicial não consegue tirar todos os minérios possíveis, ou seja, o material que sobra é ‘reminerado’.”

Marco regulatório

Riccio destaca a necessidade de um marco regulatório da mineração que determine o uso de tecnologias modernas de construção. “Na Holanda, por exemplo, grande parte do país está abaixo d’água, então há muitos diques. A preocupação deles com a segurança de diques e barragens é enorme. Os holandeses utilizam fibra óptica, monitoram as construções 24 horas por dia, etc. Há, hoje, uma tecnologia muito grande a ser aplicada, mas, se não houver uma legislação que determina a utilização de métodos mais modernos, muitas vezes mais caros, as empresas vão optar por alternativas mais baratas”, afirma. O professor defende também maior rigor do Ministério Público Federal (MPF) a respeito dos laudos técnicos apresentados pelas empresas.

“Quando uma empresa pede um laudo a um consultor, esse documento deve ser confrontado pelo MPF a outro laudo, dado por um consultor independente.”

Técnicas mais baratas são as mais usadas

São dois os métodos de alteamento mais comuns em barragens de terra, estruturas utilizadas, sobretudo, para a contenção de resíduos minerais e industriais. Os alteamentos de barragens são realizados a montante e a jusante – ambos termos técnicos cujo correspondente é, respectivamente, acima e abaixo, tomando como referência a barragem. Conforme Riccio, tratam-se de técnicas de alteamento cujos materiais de construção são os próprios rejeitos. Portanto, mais baratos. “No método de alteamento a montante, no qual há a sobreposição das barreiras em direção ao interior da massa que deve ser contida à medida em que o reservatório é enchido. Parte do material que é usado para fazer a própria barragem fica sobre o rejeito. É uma condição desfavorável”, explica.

Riccio destaca duas condições para justificar a maior insegurança do método a montante. “Quando o próprio rejeito é utilizado para construir a barragem, o material não é selecionado, ou seja, há menos controle sobre as propriedades desse material. Além disso, parte do próprio material da barragem vai apoiar o seu peso sobre o próprio rejeito.” O geógrafo e técnico em administração José Mário de Oliveira considera o alteamento a montante condenado. “Há casos de barragens com cinco, seis plataformas construídas a montante. Isso já está condenado. Não há mais construções a montante de novas barragens. As plataformas a montante aumentam a suscetibilidade de novos rompimentos”, afirma.

Para Riccio, o alteamento a jusante é mais seguro. “É o método no qual a barragem é alteada em direção oposta à massa de rejeitos. É um pouco melhor, porque o material da barragem é colocado sobre a própria barragem”, justifica. Conforme José Mário, a construção a jusante aumenta a base de ancoragem da barragem.

“É totalmente diferente. No entanto, o volume de terra a ser gasto para fazer o alteamento a jusante é o dobro daquele gasto no alteamento a montante. O método é mais caro e a metodologia de trabalho, mais complexa. A compactação do solo é de baixo para cima.”

O alteamento por linha de centro é outra alternativa, método no qual há a mescla de técnicas a montante e a jusante.

Riscos

Embora Riccio e José Mário considerem o alteamento a jusante mais seguro, ambos ressaltam os riscos de rompimento inerentes a quaisquer métodos de construção. “A rigor, qualquer método vai ter um risco associado”, pontua Riccio. “O importante é fazer um projeto em que o risco calculado seja o menor possível. Como existe o risco, há a instrumentação geotécnica. Quando uma barragem é construída, ela é monitorada ao longo de sua vida útil para observar se alguma patologia está ocorrendo.” José Mário destaca o monitoramento de segurança das estruturas por meio de instrumentos geotécnicos como ponto básico. “O rompimento das barragens não acontece de uma hora para outra. O grande problema é que, quando há a instrumentação (geotécnica), mas não há uma frequência ideal de avaliação ou uma avaliação correta da instrumentação, um rompimento pode ser provocado.”

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Veículo: Estadão

Editoria: Brasil

Data: 05/02/2019

Link: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,minas-tem-28-barragens-sem-estabilidade-atestada,70002708004

Título: Minas tem 28 barragens sem estabilidade atestada

Dentre elas, nove pertencem à Vale. Responsáveis não teriam apresentado documento com informações técnica sobre estado das estruturas

Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo

05 de fevereiro de 2019 | 03h00

RIO – Uma lista oficial das 699 barragens instaladas em Minas Gerais em 2017 revela que pelo menos 28 delas não tinham a estabilidade atestada por auditor ou não tinham apresentado documentação nem informações técnicas para que a estabilidade fosse atestada.  Nove delas são da Vale. Um caso chama atenção: o do município de Nazareno, no sul de Minas. Lá, cinco barragens da Vale Manganês não têm a estabilidade atestada desde 2012. Tanto a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quanto a de Mariana, que romperam, tinham a suposta estabilidade reconhecida por auditores.

expedição rio paraopeba

“Na minha análise, todas estão em risco porque há um conflito de interesse claro nessa autofiscalização”, afirma o coordenador do Núcleo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez. Ele fez um levantamento sobre as barragens reincidentes. “Mas o que dizer daquelas em que o próprio auditor, contratado pela empresa, não garante a estabilidade da barragem?”

A Vale explicou que as barragens de Nazareno foram “descomissionadas”, ou seja, deixaram receber rejeitos. Segundo a empresa, elas foram “devolvidas ao meio ambiente”: ganharam uma camada de solo orgânico por cima, em 2017. Especialistas lembram que a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, não recebia material havia três anos e, mesmo assim, se rompeu. Para eles, o monitoramento da estabilidade é necessário mesmo quando as barragens deixam de ser utilizadas.

A empresa explicou que, depois do colapso da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, decidiu descomissionar todas as suas barragens de rejeitos feitas pelo método a montante. Nele, os rejeitos vão se acumulando em camadas. Segundo a empresa, ao fim do ano passado dez das 19 barragens desse tipo já haviam sido “aposentadas”. Entre elas estão as de Nazareno. O descomissionamento não ocorreu a tempo de evitar a explosão do Córrego do Feijão no último dia 25.

“A situação era muito ruim entre 2012 e 2013, melhorou um pouco em 2014, mas eram muitas barragens sem estabilidade atestada ou sem documentos de forma recorrente, durante anos seguidos”, contou Milanez. “E temos ainda essas barragens órfãs, que não pertencem a ninguém, em que as operações foram encerradas e ninguém sabe o que está acontecendo.”

Outras quatro barragens da Vale apareciam na listagem de 2017 com “estabilidade não garantida pelo auditor”. São elas a das bacias de contenção de sedimentos 1, 2 e 3, em Conselheiro Lafaiete; a Barragem B, em Pato de Minas; e as de Prata 1 e Lagoa Principal, em Ouro Preto. As duas últimas estão sem garantias também desde 2012.  Segundo a Vale, a Barragem B não pertence mais à empresa. A empresa não se posicionou sobre as outras três.

“Toda barragem que tem um atestado de estabilidade tem também um estudo importante sobre a área imediatamente sob risco, que é o chamado “dam break”, que traz um mapa da área que pode ser atingida pelos rejeitos em caso de um rompimento”, explicou o especialista em geomorfologia da UFJF Miguel Fernandes Felippe. “Esse estudo é fundamental para a elaboração do plano de emergência, para o estabelecimento do sistema de alerta e alarme. Sem o atestado de estabilidade, o “dam break” não é público.”

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho   

Para Felippe, a falta de fiscalização não é o único problema. “Existe também a questão normativa, de termos normas técnicas específicas, tipos de mineração permitidos, modelos de barragem que não podem ser usados”, exemplifica. “Mas aumentar o rigor dessas normas técnicas é muito difícil por conta do forte lobby das empresas mineradoras no parlamento brasileiro; as pressões são muito grandes.”

Documento

Por nota, a Vale informou que em 24 de fevereiro de 2017 a Vale obteve a Declaração de Condição de Estabilidade da barragem Prata emitida por auditor externo.

“Pelo fato dessa barragem não se enquadrar na Política Nacional de Segurança de Barragens e ser classificada como Classe I na Deliberação Normativa da Copam Nº 87/2005, não era obrigatória a realização da auditoria externa em setembro de 2017. Em setembro 2018, a estrutura foi auditada por auditor externo e teve a emissão da Declaração de Condição de Estabilidade em 03/09/2018 para o COPAM e 20/09/2018 para a ANM” (Agência Nacional de Mineração), informou a empresa no texto.

Foi reproduzido em: Metrópoles, MSN, Jornais Virtuais, Portal Terra, 24 Horas News, Ipaumirim.

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Veículo: Revista CIPA

Editoria: Notícias

Data: 05/02/2019

Link: http://revistacipa.com.br/agencia-nacional-de-mineracao-lista-barragens-com-rejeitos-toxicos/

Título: Agência Nacional de Mineração lista barragens com rejeitos tóxicos

Em uma lista com 717 barragens de rejeitos de mineração no Brasil, pelo menos 88 têm método de construção de “alteamento a montante ou desconhecido”, segundo uma lista divulgada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Entre elas, 43 são classificadas como barragens de alto dano potencial associado.

O método a montante é o mesmo das barragens da Vale que se romperam em Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019, e é considerado menos seguro por especialistas. Os outros tipos de construção, considerados mais seguros, são alteamento a jusante, linha de centro e etapa única.

Barragens classificadas como barragens de alto dano potencial associado são estruturas consideradas arriscadas no que se refere ao que pode acontecer em caso de rompimento ou mau funcionamento de uma barragem. Essa classificação leva em conta as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais. Ao todo, o Brasil tem cerca de 200 barragens nessas condições.

Além de classificar o dano potencial, a ANM também categoriza as barragens de acordo com o risco de de ocorrência de acidente. Entre as 88 barragens que têm método de construção de “alteamento a montante ou desconhecido”, 12 são consideradas de médio risco.

A maioria (72) é categorizada como estrutura de baixo risco – a mesma classificação da barragem 1 do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu no dia 25 de janeiro deixando centenas de mortos e desaparecidos.

Método mais arriscado

Embora seja bastante comum e mais barato, o método de alteamento a montante – o mesmo usado nas barragens responsáveis pelas tragédias de Brumadinho e Mariana – é considerado obsoleto e o menos seguro por especialistas, em razão dos riscos de acidentes.

No alteamento a montante, a barragem vai crescendo em forma de degraus para dentro do reservatório, utilizando o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério sobre o dique inicial. Este tipo de barragem já é proibido no Chile, por exemplo, e tem sido menos usado nos Estados Unidos e na Europa.

Divergências nos números

O número de barragens a montante do país, no entanto, pode ser ainda maior. A lista publicada pela ANM traz informações sobre 717 barragens de rejeitos. Mas, segundo os dados disponíveis no próprio site da agência, existem hoje no país 839 barragens de mineração.

Levantamento do governo estadual em Minas Gerais identificou a existência de 50 barragens por alteamento a montante no estado. Do total, 27 estão em operação, 22 paralisadas, além da B1 da Mina do Feijão, da Vale, que rompeu em Brumadinho. Na lista da ANM divulgada nesta quinta, porém, o número de barragens com método “a montante ou desconhecido” é de 41.

Outra divergência é em relação ao número de barragens da Vale. A lista da agência identifica 9 no modelo a montante, incluindo a que rompeu em Brumadinho, mas a mineradora afirma que ainda mantém 10 estruturas deste tipo.

Minas Gerais exige eliminação das 50 barragens

Em resolução publicada na quarta-feira (30), a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais determinou que todas as barragens deste tipo sejam eliminadas em 3 anos e deu o prazo de 360 dias para as empresas apresentarem a tecnologia a ser adotada e o plano de trabalho com cronograma. Segundo o governo mineiro, seriam 50.

Um decreto de 2016, publicado após o desastre de Mariana, já proibia no estado o licenciamento de novas barragens e ampliações de estruturas que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante. Mas ainda não havia nenhuma política definida para tratar das barragens em operação ou já desativadas.

A Vale anunciou na terça-feira que irá eliminar as 10 barragens a montante que ainda são mantidas pela empresa. Segundo a empresa, elas estão nas cidades de Ouro Preto, Belo Vale, Congonhas, Brumadinho e Nova Lima, todas em Minas Gerais, nas unidades de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopeba.

Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”, o chamado descomissionamento. Para acelerar o processo, a empresa informou que irá parar a produção de minério de ferro nas áreas próximas, com impacto de 40 milhões de toneladas de minério de ferro e 11 milhões de toneladas de pelotas, ao ano.

Descaracterizar barragens não é simples e também têm risco

Para fazer o chamado descomissionamento e reintegrar as barragens ao meio ambiente há dois caminhos básicos: esvaziar ou aterrar a área, ou então reprocessar o material depositado nas barragens, separando o mineral residual e encaminhando os resíduos sólidos secos para outro local.

Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que o processo de descaracterizar uma barragem não é simples, costuma ter um custo elevado e tampouco a deixa imune a novos acidentes.

A barragem que se rompeu em Brumadinho, por exemplo, apesar de ter conseguido autorização para expandir a operação em dezembro do ano passado, não recebia rejeitos desde 2016 e, ainda assim, virou o mar de lama que deixou centenas de desaparecidos. Segundo informou a Vale, a estrutura estava inativa, não tinha a presença de lago e “encontrava-se em desenvolvimento o projeto de descomissionamento da mesma”.

“Descomissionar barragens deste tipo é necessário, diminui o risco para a população, mas não soluciona o problema”, alerta o especialista em política ambiental e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, Bruno Milanez.

“Assim como a elevação de uma barragem tem risco, o descomissionamento também embute um risco. É um processo muito delicado pois pressupõe esvaziar a barragem ou transferir o material para outro local. Se uma barragem parada já rompe, começar a mexer nestes locais vai exigir um monitoramento ainda mais rigoroso”, acrescenta.

Assim como o projeto de abertura de uma mina ou barragem, o de desativação, reabilitação da área e recuperação da vegetação também depende de licenciamento ambiental.

Se por um lado, o processo de paralisação da produção e do uso das barragens representa um impacto econômico para as mineradoras, parte das etapas do processo de descomissionamento também pode gerar receita.

O projeto de descomissionamento da barragem da Vale que desmoronou em Brumadinho previa um novo processamento, para retirada de minério dos rejeitos acumulados na barragem. A Vale obteve a licença ambiental para essas atividades no final de 2018, mas a empresa negou que tenham sido iniciadas obras no local.

“Em julho de 2016 as operações de beneficiamento do minério da Mina Córrego de Feijão passaram a ser realizadas de forma a seco e, portanto, a Barragem I deixou de receber rejeitos provenientes da referida mina, tornando-se desativada desde então”, afirmou a Vale, em comunicado divulgado na noite de quarta-feira (30).

A Vale ainda não detalhou como será feito o descomissionamento nestas 10 barragens que serão desativadas. Segundo a empresa, os processos de interrupção e desativação deverão enviados para licenciamento do órgão ambiental nos próximos 45 dias.

“Até então se acreditava que com o monitoramento adequado essas barragens eram seguras, esses conceitos possivelmente terão que ser reavaliados”, afirmou na segunda (28), o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, Luciano Siani, segundo a agência Reuters. “Mesmo essas barragens antigas e desativadas, como foi o caso dessa, vão passar por investimentos significativos para zerar o risco”, acrescentou.

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Veículo: Estadão

Editoria: Geral

Data: 05/02/2019

Link: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,estabilidade-da-barragem-de-brumadinho-estava-no-limite-da-seguranca-aponta-relatorio-de-empresa,70002707645

Título: Estabilidade da barragem de Brumadinho estava no limite da segurança, aponta relatório de empresa

Técnicos, presos no dia 29, apontaram 15 pontos que exigiriam atenção, como necessidade de novo radar e medidores de pressão. Vale destacou que estrutura passava por vistorias quinzenais, reportadas à agência federal, e providências vinham sendo executadas  

Renata Batista, O Estado de S.Paulo

04 de fevereiro de 2019 | 18h52

Atualizado 05 de fevereiro de 2019 | 15h13

RIO – O relatório da consultoria alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da barragem que rompeu em Brumadinho (MG), mostra que a base da estrutura estava no limite de segurança previsto pelas normas do País. Em visita a campo, a equipe encontrou 15 pontos que exigiriam atenção, como necessidade de um novo radar e medidores de pressão na estrutura. O documento foi concluído em agosto de 2018. A Vale disse que fazia inspeções constantes – a última em 22 de janeiro, três dias antes do colapso. Nesta terça-feira, 5, os trabalhos de buscas pelas vítimas da tragédia foi retomado diante do tempo bom.

O documento foi apresentado pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende os dois técnicos da empresa presos pela investigação no dia 29, o coordenador do projeto, Makoto Namba, e o consultor em geotécnica, André Jum. Mostra que os profissionais fizeram uma série de recomendações à Vale sobre a barragem, mas atestaram a segurança.

Na semana passada, a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de Namba e Jum por suspeita de homicídio qualificado, crime ambiental e falsidade ideológica. Três funcionários da Vale – César Augusto Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Melo – também foram detidos. Segundo balanço desta segunda, o total de mortos na tragédia era de 134, e o de desaparecidos, 199.

O documento de 265 páginas, elaborado com base em informações fornecidas pela Vale, análises técnicas e vistorias de campo, indica que a apresentação inicial aconteceu em novembro de 2017. A partir daí, foram feitas reinterpretações de ensaios, inclusão de medidas e revisão de dados entre maio e agosto de 2018.

O material mostra que a estabilidade do alteamento estava no limite de segurança pelas regras do País para estruturas desse tipo. Em uma escala onde o fator mínimo de segurança é 1,50, a base da barragem foi registrada como de fator 1,60. “O desempenho se encontra adequado, atendendo às exigências das normas brasileiras”, afirma a consultoria.

Entre as medidas recomendadas estavam a instalação de novo radar para monitorar deslocamentos em frente à barragem – que poderia ter garantido o acionamento das sirenes. Outra sugestão é implementar um conjunto adicional de medidores de pressão (os piezômetros) em “locais estratégicos”. Além disso, recomendam um conjunto de obras de contenção. Apesar de todas recomendações, a Tüv Süd atestou a segurança da barragem.

O relatório também destaca que a Vale não forneceu informações completas à consultoria. A barragem começou a ser construída em 1976 e recebeu dez alteamentos sucessivos de 1982 a 2013. Os técnicos da consultoria receberam informações sobre os alteamentos feitos só a partir de 2003, quando a Vale assumiu a estrutura, que antes pertencia à Ferteco.

“Grande parte da informação oferecida se refere aos últimos alteamentos, sendo que para o dique de partida e os alteamentos iniciais as informações disponíveis não são confiáveis ou inexistem, em especial no que diz respeito aos sistemas de drenagem interna e caracterização física e mecânica dos materiais”, afirma o relatório, na página 84.

“Queremos mostrar que a prisão deles é ilegal e desnecessária, tomada com base em elementos prévios e incompletos. Os dois técnicos fizeram um trabalho extenso, de acordo com as normas internacionais”, diz o advogado de Namba e Jum, fundadores da consultoria no Brasil, vendida para o grupo alemão há cerca de cinco anos.

Nesta segunda, os cinco presos pelo desastre de Brumadinho entraram com pedido de habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Tribunal de Justiça de Minas negou liberdade a eles nesse fim de semana.

Mineradora. Procurada, a Vale informou que a barragem tinha todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração (ANM), sendo a última de 21 de dezembro de 2018.

Conforme a mineradora, a estrutura passou também por inspeções em 8 e 22 de janeiro, com registro no sistema de monitoramento da Vale. As providências técnicas recomendadas vêm sendo normalmente executadas. A mina, diz a empresa, era monitorada por 94 piezômetros e 41 INAs (Indicador de Nível D’Água). As informações dos instrumentos eram coletadas periodicamente e os dados, analisados pelos geotécnicos responsáveis. Dos 94 piezômetros, 46 eram automatizados.

A companhia frisou que não tem nenhuma barragem no País com nível alto de risco, “classificado segundo dois critérios previstos” em portaria da ANM, “categoria de risco e dano potencial associado”.

Água

A Vale informou nesta segunda que duas membranas de contenção de rejeito instaladas no Rio Paraopeba já estão em operação. Elas foram colocadas para proteger o sistema de captação de água em Pará de Minas, que fica a cerca de 40 quilômetros de Brumadinho. As membranas têm 30 metros de comprimento e até 3 metros de profundidade. Funcionam como um tecido filtrante, evitando a dispersão das partículas sólidas, como argila e matéria orgânica. A turbidez da água no local tem preocupado especialistas.

Estruturas dão sinais antes de ruir, afirmam especialistas

Apontado como a causa da tragédia de Brumadinho, o fenômeno da liquefação do solo é conhecido, calculável e evitável, segundo engenheiros e geólogos ouvidos pelo Estado. Todo projeto de engenharia de barragens, dizem, deve levar em consideração essa possibilidade. Segundo eles, o monitoramento bem feito é imprescindível à segurança dessas estruturas.

Os rejeitos de uma barragem de minério são compostos, basicamente, de ferro em partículas muito finas, areia e água. Essa combinação é propensa ao fenômeno da liquefação. Quando o volume e a pressão da água aumentam por algum motivo, o solo tende a se liquefazer.

Na construção de uma barragem, é um dos principais fatores a serem considerados nos cálculos para a construção e a segurança da estrutura. Sobretudo quando ela é ampliada – caso da elevação à montante, técnica de construção usada em Brumadinho e também em Mariana, onde a barragem também ruiu em 2015.

Ainda assim, destacam especialistas, o rompimento de uma barragem por causa desse fenômeno nunca acontece de modo instantâneo As únicas exceções aceitáveis seriam fenômenos extremos, como terremotos.

Além disso, o colapso é um processo que dura algumas semanas, dá sinais claros e pode ser monitorado. “A hipótese da liquefação é uma das levantadas quando se projeta uma barragem”, diz o professor Mario Riccio Filho, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora. “É preciso calcular se a fundação aguenta a carga a ser imposta, se há estabilidade na inclinação, se o piso é adequado, o potencial de liquefação, os pontos em que pode ocorrer, tudo isso.”

A drenagem da água da barragem é outro aspecto crucial, que precisa estar bem azeitado. Em termos de monitoramento, diz, os piezômetros são aparelhos usados para medir a pressão da água em pontos-chave. /COLABOROU ROBERTA JANSEN

Foi reproduzido em: No Minuto

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Veículo: UOL

Editoria: Cotidiano

Data: 05/02/2019

Link: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/02/05/estruturas-de-barragens-dao-sinais-antes-de-ruir-afirmam-especialistas.htm

Título: Estruturas de barragens dão sinais antes de ruir, afirmam especialistas

Roberta Jansen

Rio

05/02/2019 07h39

Apontado como a causa da tragédia de Brumadinho, o fenômeno da liquefação do solo é conhecido, calculável e evitável, segundo engenheiros e geólogos ouvidos pela reportagem. Todo projeto de engenharia de barragens, dizem, deve levar em consideração essa possibilidade. Segundo eles, o monitoramento bem feito é imprescindível à segurança dessas estruturas.

Os rejeitos de uma barragem de minério são compostos, basicamente, de ferro em partículas muito finas, areia e água. Essa combinação é propensa ao fenômeno da liquefação. Quando o volume e a pressão da água aumentam por algum motivo, o solo tende a se liquefazer.

Na edificação de uma barragem, é um dos principais fatores a serem considerados nos cálculos para a construção e a segurança da estrutura. Sobretudo quando ela é ampliada – caso da elevação à montante, técnica de construção usada em Brumadinho e também em Mariana, em Minas, onde a barragem também ruiu em 2015.

Ainda assim, destacam especialistas, o rompimento de barragem por causa desse fenômeno nunca acontece de modo instantâneo. As únicas exceções aceitáveis seriam fenômenos extremos, como terremotos.

Além disso, o colapso é um processo que dura algumas semanas, dá sinais claros e pode ser monitorado. “A hipótese da liquefação é uma das levantadas quando se projeta uma barragem”, diz o professor Mario Riccio Filho, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora. “É preciso calcular se a fundação aguenta a carga a ser imposta, se há estabilidade na inclinação, se o piso é adequado, o potencial de liquefação, os pontos em que pode ocorrer, tudo isso.”.

A drenagem da água da barragem é outro aspecto crucial, que precisa estar bem azeitado. Em termos de monitoramento, diz, os piezômetros são aparelhos usados para medir a pressão da água em pontos-chave. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..

Também publicado em: Diário do Grande ABC, A Crítica, Meon, Hoje em Dia, Guarulhos Web, Jornal de Brasília, R7, Folha da Região, Diário de Pernambuco, Época Negócios, EM.com.br, Repórter Diário, Tarobá News, Correio 24 Horas, O Tempo, Jornal Correio.

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Veículo: Diário Regional

Editoria: Cidade

Data: 06/02/2019

Link: https://diarioregionaldigital.com.br/2019/02/06/comissao-de-urbanismo-professores-da-ufjf-e-tecnicos-da-defesa-civil-visitam-a-represa-dr-joao-penido/

Título: Comissão de Urbanismo, professores da UFJF e técnicos da Defesa Civil visitam a represa Dr. João Penido

Por Savio Duque   6 De Fevereiro De 2019

A Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Juiz de Fora visitou, nesta quarta-feira, 6, a represa Doutor João Penido, localizada na zona Norte da cidade. Vereadores, professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e técnicos da Defesa Civil cumpriram mais uma ação do cronograma criado pela comissão para conhecer barragens localizadas no município e qual é a atual situação de cada uma delas.

A represa Dr. João Penido, que possui 16 milhões de metros cúbicos e abastece toda a cidade, é administrada pela Companhia Municipal de Saneamento (Cesama), que também opera as represas de São Pedro e Chapéu D’Uvas.

Apesar de não constar na lista dos 34 barramentos na Zona da Mata com fiscalização imediata determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA), a represa entrou no radar das inspeções. “Devido ao número de vidas que podem ser comprometidas em caso de um possível acidente, essa barragem tem um dano potencial caracterizado como alto. Contudo, os esforços da Cesama com ações implementadas desde 2016, fizeram com que o risco fosse reduzido para médio”, explica Marcelo Mello do Amaral, diretor de desenvolvimento e expansão da Cesama que esteve à frente da inspeção. Questionado sobre as duas outras barragens geridas pela Companhia de Saneamento, as represas de Chapéu D’Uvas e São Pedro, ele argumentou que ambas não apresentam riscos iminentes.

Na represa Doutor João Penido, Marcelo explica que, medidas já estão sendo tomadas para a criação de um plano de contingência. “Para isso, é necessário que seja avaliado algum cenário de rompimento, ou seja, um estudo capaz de traçar a mancha possivelmente afetada por um acidente. Trata-se de um estudo idealizado pela Cesama, em parceria com a UFJF, para o qual já estamos minutando um convênio. Uma vez estabelecida a mancha que seria atingida no caso de um rompimento, podemos instaurar um programa emergencial, definindo as rotas de fuga e áreas para onde as pessoas possam ser direcionadas e abrigadas”, afirma.

Após visitas técnicas o presidente da Comissão, Zé Márcio pretende se reunir com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros com o intuito de criar um protocolo para acompanhamento das manutenções das barragens.

Na terça-feira, 5, a comissão visitou a Barragem da Pedra e a Barragem dos Peixes, que pertencem ao grupo Votorantim, estando sob responsabilidade da NexaResources. A Barragem dos Peixes, atualmente, encontra-se inativa. As duas barragens, da Pedra e dos Peixes, possuem, respectivamente, 1,5 milhão e 800 mil metros cúbicos e fazem parte dos 34 barramentos na Zona da Mata de fiscalização imediata determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA).

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Veículo: Acessa.com

Editoria: Notícias

Data: 06/02/2019

Link: https://www.acessa.com/cultura/arquivo/noticias/2019/02/06-radio-veiculo-que-mais-reinventa-segue-topo-audiencia/

Título: Rádio, o veículo que mais se reinventa, segue no topo da audiência

Por Joyce Bellei

6/02/2019

Com o avanço das novas mídias, o futuro do rádio é tido por alguns como incerto. Há alguns anos, vem se discutido a manutenção deste meio como fonte de renda para as empresas de comunicação e, também, como canal de informação, música e entretenimento. Afinal, os canais musicais on-line, podcasts e aplicativos estão cada vez mais disseminados. Mas o que faz o rádio, em 2019, ainda ser um forte veículo de massa?

O Ibope aponta que 89% da população brasileira consome esse meio de comunicação. A pesquisa foi aplicada em 13 regiões metropolitanas e traçou o perfil do ouvinte, além de seus hábitos de consumo. Uma característica forte deste veículo é a abrangência. Você pode estar sintonizado a qualquer momento e em qualquer lugar. Para se ter uma ideia, segundo o levantamento da audiência de rádio da Kantar IBOPE Media, cinquenta e dois milhões de indivíduos estão, diariamente, ligados nas programações por 4h36 em média.

O jornalista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Márcio Guerra, afirma que o rádio nunca vai acabar. O especialista, que tem o rádio como uma de suas paixões, faz um diagnóstico das faces deste meio de comunicação. “O rádio se reinventa a cada dia, sem perder a sua essência. Sua queda se deu muito mais por conta de más gestões dos donos do que do veículo e dos radialistas e jornalistas que o fazem. O rádio continua sendo interativo, veloz, responsável, amigo, parceiro dos seus ouvintes. Os seus críticos já não encontram mais argumentos para anunciar seu fim, porque a cada mudança tecnológica ele as incorpora e se mantém firme”, enfatiza.

Da mesma forma a professora de radiojornalismo da Estácio, Tâmara Lis, acredita que o rádio ainda se mostra importante e presente no cotidiano das pessoas porque ele é, como bem disse Cyro César, a mídia da emoção. “A relação que se estabelece entre o locutor/radiojornalista e o ouvinte é de cumplicidade, companhia e confiança. Uma relação de afeto mesmo. Embora tenhamos muitos recursos para nos informar ainda faz bem ouvir a voz de outra pessoa nos contando a notícia”. Para a doutora em comunicação, o fato do rádio falar, prioritariamente, das notícias locais cria também a sensação de pertencimento, o que gera o prazer de nos ver sendo importantes o suficiente para sermos noticiados e também reconhecidos em nossas conquistas. “A comunicação pelo rádio, seja vinda de um aparelho antigo, ou via satélite, se manterá viva e forte enquanto ainda houver do outro lado do rádio gente”, destaca.

Rádio Alô

Em Juiz de Fora, a Rádio Alô FM comprova a força do rádio. Há cinco anos, ela é o primeiro lugar absoluto no Ibope, com cerca de 46 mil ouvintes ligados por minuto à música, ao entretenimento e à interação. Além de ser a rádio mais ouvida de Juiz de Fora e região, a Rádio Alô é a única emissora FM na cidade a atuar no segmento popular jovem. O estilo musical é baseado no sertanejo, no pagode, no pop e no funk. São mais de 2,5 milhões de pessoas em vários municípios ligados na 96,7.

O início da trajetória da Alô nem é tão distante. Ela foi criada em 2008 com o nome de Energia e veio com a percepção de que Juiz de Fora carecia de um formato de rádio popular, mais próxima do ouvinte, com uma comunicação mais direcionada. Seguindo a máxima do meio rádio, onde é preciso se reinventar sempre, em 2010, ela foi incorporada ao Grupo Libertempo, empresa de comunicação que engloba as rádios Cidade – também de Juiz de Fora – Jovem Pan e 107 FM do município de Três Rios (RJ).

Em 2013, o Grupo Libertempo, do empresário Alberto Lavinas, optou por concentrar suas companhias em uma mesma sede, a fim de integrar os seus colaboradores, as atividades e prover uma infraestrutura ainda maior para seu conglomerado. Foi a partir daí que surgiu a necessidade do reposicionamento de marca. A ideia era fortalecer ainda mais a rádio junto aos ouvintes, oferecendo muito mais interação e entretenimento, com locutores e especialistas se empenhando na missão de cativar e interagir de forma contínua com o público final.

Rádio Alô! Uma identidade que, ao mesmo tempo em que mantinha a essência dos então 5 anos de suas atividades como Energia, agora é mais dinâmica e alegre, sem perder a credibilidade com seus conteúdos tanto artísticos, quanto jornalísticos e publicitários. A crença na comunicação, atuação com comprometimento e responsabilidade social, criando vínculos fortes e duradouros com os ouvintes e parceiros são diretrizes da Alô. Uma rádio que toca sucessos, feita para ser a melhor companhia.

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Veículo: Brasil 247

Editoria: Brasil

Data: 06/02/2019

Link: https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/382914/Projeto-de-Lei-quer-desativar-todas-as-barragens-de-‘alteamento-%C3%A0-montante’.htm

Título: PROJETO DE LEI QUER DESATIVAR TODAS AS BARRAGENS DE ‘ALTEAMENTO À MONTANTE’

Pollyanna Maliniak/ALMG

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou um Projeto de Lei em que propõe a desativação de todas as barragens construídas com o método de alteamento à montante no Brasil, similar àquele de Brumadinho; se o projeto for aprovado, todas as barragens construídas nesses moldes serão descomissionadas, ou seja, devem encerrar suas atividades

6 DE FEVEREIRO DE 2019 ÀS 04:35

Brasil de Fato – Um Projeto de Lei (PL) protocolado nesta segunda-feira (4) na Câmara dos Deputados pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) propôs a desativação de todas as barragens construídas com o método de alteamento à montante no Brasil. Esse foi o modelo adotado, por exemplo, na barragem da Mina do Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro.

Se o projeto for aprovado, todas as barragens construídas nesses moldes serão descomissionadas, ou seja, devem encerrar suas atividades. A proposta também inclui a proibição de que, nesse intervalo, barragens desse tipo tenham sua capacidade expandida – incluindo aquelas que já obtiveram licenciamento ambiental para ampliação.

Correia, que foi relator da Comissão Especial de Barragens na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, argumenta que o método de alteamento à montante é o que tem maiores riscos de rompimento: “Nós vamos atacar o lobby das mineradoras no Congresso, e isso só se faz com povo organizado”, promete.

Montante e jusante

Há dois métodos básicos na construção de barragens: os alteamentos à jusante e à montante. Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica o que causa instabilidade no segundo modelo. “A barragem à montante é construída em direção aos rejeitos. À medida que a barragem vai se tornando mais alta – fazendo os subsequentes alteamentos, os ‘degraus’ que vemos –, ela tem uma inclinação, subindo sobre o rejeito. Chega um momento em que se faz a barragem sobre o próprio rejeito, um material, pelo seu teor de água, que não é muito estável”, analisa.

Milanez aponta que, nas barragens à jusante, os níveis são construídos na direção oposta aos rejeitos e utilizam como base o solo compactado. Esse elemento em que se fundam as barragens, tecnicamente chamado de “material de empréstimo”, torna a barragem à jusante mais cara.

É essa diferença de custos que explica a opção das mineradoras privadas pelo método de alteamento à montante.

O deputado Correia defendeu que a sociedade civil seja parte do debate sobre o PL, justamente por conta da influência das mineradoras, por meio de seu poder econômico, em espaços de decisão no Congresso Nacional: “Infelizmente, já sabemos na prática a inviabilidade desse modelo de barragem, pois ele é ‘seguro’ até que caia, trazendo danos irreparáveis à vida humana e ao meio ambiente. Somente a pressão e mobilização populares serão capazes de furar o bloqueio das mineradoras, cujo lobby tem muita influência”.

Um Projeto de Lei (PL) protocolado nesta segunda-feira (4) na Câmara dos Deputados pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) propôs a desativação de todas as barragens construídas com o método de alteamento à montante no Brasil. Esse foi o modelo adotado, por exemplo, na barragem da Mina do Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro.

Se o projeto for aprovado, todas as barragens construídas nesses moldes serão descomissionadas, ou seja, devem encerrar suas atividades. A proposta também inclui a proibição de que, nesse intervalo, barragens desse tipo tenham sua capacidade expandida – incluindo aquelas que já obtiveram licenciamento ambiental para ampliação.

Correia, que foi relator da Comissão Especial de Barragens na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, argumenta que o método de alteamento à montante é o que tem maiores riscos de rompimento: “Nós vamos atacar o lobby das mineradoras no Congresso, e isso só se faz com povo organizado”, promete.

Montante e jusante

Há dois métodos básicos na construção de barragens: os alteamentos à jusante e à montante. Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica o que causa instabilidade no segundo modelo. “A barragem à montante é construída em direção aos rejeitos. À medida que a barragem vai se tornando mais alta – fazendo os subsequentes alteamentos, os ‘degraus’ que vemos –, ela tem uma inclinação, subindo sobre o rejeito. Chega um momento em que se faz a barragem sobre o próprio rejeito, um material, pelo seu teor de água, que não é muito estável”, analisa.

Milanez aponta que, nas barragens à jusante, os níveis são construídos na direção oposta aos rejeitos e utilizam como base o solo compactado. Esse elemento em que se fundam as barragens, tecnicamente chamado de “material de empréstimo”, torna a barragem à jusante mais cara.

É essa diferença de custos que explica a opção das mineradoras privadas pelo método de alteamento à montante.

O deputado Correia defendeu que a sociedade civil seja parte do debate sobre o PL, justamente por conta da influência das mineradoras, por meio de seu poder econômico, em espaços de decisão no Congresso Nacional: “Infelizmente, já sabemos na prática a inviabilidade desse modelo de barragem, pois ele é ‘seguro’ até que caia, trazendo danos irreparáveis à vida humana e ao meio ambiente. Somente a pressão e mobilização populares serão capazes de furar o bloqueio das mineradoras, cujo lobby tem muita influência”.

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Veículo: Infomoney

Editoria: Política

Data: 06/02/2019

Link: https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7910716/piora-na-legislacao-foi-emblematica-para-tragedia-em-brumadinho-diz-professor

Título: Piora na legislação foi emblemática para tragédia em Brumadinho, diz professor

Em entrevista ao InfoMoney, Bruno Milanez diz que Brasil não só deixou de mostrar que aprendeu com o maior desastre ambiental de sua história, como permitiu retrocessos

Brumadinho

(Ricardo Stuckert)

SÃO PAULO – Doze dias após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da Vale (VALE3), em Brumadinho (MG), ainda sobram dúvidas sobre o desastre socioambiental que provocou mais de uma centena de mortes e despejou até 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos sobre o solo, a vegetação, moradias familiares e o rio Paraopeba. Ao mesmo tempo, uma infeliz certeza se cristaliza: a de que alertas de três anos antes, no caso envolvendo a Samarco em Mariana (MG), não foram suficientes para evitar a reedição de um desastre.

Essa é a avaliação de Bruno Milanez, doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), especialista no setor de mineração. Para ele, o Brasil não só deixou de mostrar que aprendeu com o maior desastre socioambiental de sua história, ao não implementar medidas efetivas de aprimoramento da atividade minerária e correções em um sistema débil de fiscalização, como permitiu retrocessos em casos específicos. Nem mesmo o clima de comoção freou o ímpeto pela flexibilização de regras ambientais no próprio palco da tragédia.

“Historicamente, sempre houve no Brasil uma defasagem entre legislação e sua implementação. Mas o que vimos acontecer em Minas Gerais, particularmente durante o governo [Fernando] Pimentel, ironicamente logo após o rompimento da barragem [de Fundão], foi uma piora da legislação. Isso é emblemático para o caso de Brumadinho”, avalia Milanez.

Ele se refere à Deliberação Normativa 217 do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental), que possibilitou à Vale acelerar o licenciamento para alterações na barragem da Mina de Córrego do Feijão. O texto permite, em alguns casos, rebaixar o potencial de risco das barragens, reduzindo o trâmite do processo de licenciamento de três etapas (licença prévia, licença de operação e licença de instalação) para uma. A maior celeridade tem um custo: redução do rigor ambiental e maiores riscos futuros.

Para o especialista, além de retrocessos na legislação, a sucessão de rompimentos de barragens no estado indica falhas no sistema em vigor, de autofiscalização das empresas em seus empreendimentos, modelo que não foi atacado nas recentes mudanças de regulação por que passou a mineração brasileira. Ele acredita que o próprio ambiente econômico do setor contribui ainda mais para o desenvolvimento de uma relação de conflito de interesses entre auditores e empresas auditadas. Uma possível solução para o problema, diz, seria criar um sistema em que o poder de decisão das mineradoras sobre contratos para licenciamento ambiental e monitoramento seja limitado.

Outra proposta mitigadora de danos seria a proibição do uso do método de alteamento a montante em barragens em todo o país – medida já anunciada pela Vale após a segunda tragédia de enormes proporções em um intervalo de pouco mais de três anos. A técnica, aplicada tanto no reservatório I da Mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho como na barragem de Fundão da Samarco (joint venture entre a mineradora brasileira e a anglo-australiana BHP Billiton), em Mariana, consiste na ampliação do dique inicial com o próprio rejeito do processo de benefício do minério como fundação da barreira de contenção. Este é um dos métodos mais simples, mas também menos seguros.

“Em geral, falamos que as barragens a montante possuem maior risco, o que é verdade, mas não se pode confundir isso com a ideia de que as barragens a jusante não têm risco nenhum. Barragens à montante caem, barragens a jusante caem. Banir, criar moratórias, para barragens a montante eu entendo como necessário em um primeiro momento. E, inclusive, pensar na eventual proibição das barragens a jusante futuramente”, afirma.

Em entrevista ao InfoMoney, Milanez falou sobre as oportunidades perdidas pelo Brasil de aprimorar a legislação e implementar medidas para seu cumprimento no campo da mineração. Para ele, um dos grandes desafios a serem enfrentados é a desproporcional capacidade de pressão política das empresas do setor, o que culmina no bloqueio de projetos que possam ser entendidos como contrários à produção e no aparelhamento de órgãos públicos. Ele também apresenta medidas urgentes para se evitar que o filme de sucessivas tragédias volte a se repetir no futuro.

Bruno Milanez é engenheiro de produção, doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia). Foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente coordena o núcleo de pesquisa Poemas (Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade), da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), além de fazer parte do Comitê em Defesa dos Territórios frente à Mineração.

Confira os destaques da entrevista:

InfoMoney – Desde o desastre envolvendo a Samarco, com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), uma série de especialistas chamava atenção para o risco de novas tragédias. Três anos depois, acontece em Brumadinho (MG). O que deveria ter sido feito lá atrás?

Bruno Milanez – Deveriam ter sido tomadas medidas urgentes, que em parte foram feitas de forma pontual, mas não estrutural. Mesmo as que foram tomadas se mostraram ineficazes, especialmente o Plano de Emergência de Barragens. Depois do rompimento [da barragem do Fundão], algumas mineradoras passaram a implementar, mas de forma bastante lenta, tanto que há várias barragens que não contam com o plano. Há casos como o de Brumadinho (MG), onde o sistema estava em implantação, existiam sirenes, protocolo, mas não tinham sido feitas simulações com a população, e não funcionou. E passaram três anos. Dada a incerteza sobre quando ocorreria algum rompimento, isso deveria ter sido preparado o mais rápido possível.

Também deveriam ter sido modificados os processos de monitoramento de barragens. Em Minas Gerais, é um sistema de automonitoramento. Não é uma particularidade do Brasil, ele é usado em outros países, mas esse processo já se mostrou ineficaz no caso de Fundão. Em 2014, caiu uma barragem da mineradora Herculano, em Itabirito (MG), e matou três trabalhadores. Na medição anterior, um perito avaliou que a barragem era estável, não ia cair. No caso de Fundão, em julho um técnico vai lá, avalia a barragem e diz que não vai cair. Em novembro, ela cai. São dois eventos, um ano após o outro. Alguma coisa está errada nesse processo. E agora acontece em Brumadinho. O perito foi lá, disse que era seguro, e a barragem cai. Existe alguma coisa errada nesse método, que pode ser a técnica da aferição ou a forma como se dá a relação entre empresa contratada e contratante no Brasil – o que eu acho mais provável. Isso gera um conflito de interesse que pode dificultar o técnico ter autonomia para dizer que a barragem é instável.

O que me faz suspeitar que o problema não é o protocolo? Quando o perito vai a uma barragem, ele pode dizer: não é estável, pode cair; é estável; ou as informações obtidas não são suficientes para dizer se é estável ou não. No caso de Fundão, o perito disse: “é estável”. Mas, depois do rompimento, quando foram feitas as investigações, percebeu-se que havia piezômetros (equipamento usado para a medição do nível de pressão exercida pelos rejeitos e pela água sobre as estruturas das barragens) em número insuficiente e, dos que existiam, muitos estavam quebrados.

Se o protocolo diz, por exemplo, que tem que ter 20 piezômetros funcionando e só há 5, o fiscal não pode garantir que [a barragem] vai ficar de pé. Isso não é questão de técnica. Alguma coisa aconteceu que eles viam que existiam coisas que não obedeciam ao protocolo, e, apesar disso, foi atestada a estabilidade. Isso aconteceu de novo agora. Temos que defender que isso seja mudado e que se crie outro sistema para evitar esse tipo de conflito de interesse entre empresa auditada e empresa auditora.

IM – Como funciona a burocracia de uma empresa mineradora junto à ANM (Agência Nacional de Mineração) e outros órgãos responsáveis pelo monitoramento e fiscalização do setor? Há críticas de que a Vale ocultou dados relevantes em um relatório resumido sobre a barragem em Brumadinho.

BM – Há dois processos distintos. Uma coisa é o monitoramento da barragem, procedimento relacionado ao órgão do governo responsável pela produção mineral. Este também tem um pé na questão ambiental, mas por um processo interno em que o técnico faz aferições, prepara o laudo e encaminha ao governo do estado, que depois encaminha ao governo federal.

Outro procedimento é o licenciamento ambiental, que ocorre em uma nova obra ou na expansão ou modificação de obra existente, que foi exatamente o que ocorreu em Brumadinho. A Vale queria expandir sua capacidade produtiva e mudar processos importantes. Para fazer isso, precisava que o governo atestasse que a nova tecnologia e a nova escala fossem ambientalmente adequadas. No licenciamento, a empresa que faz o estudo do impacto ambiental, também contratada pela empresa mineradora, apresenta os aspectos ambientais positivos e negativos. Para os negativos, ela diz quais são as medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias. Dependendo da obra, o relatório chega a cerca de 2.500 páginas.

O processo de licenciamento ambiental de grandes obras necessariamente precisa passar por um processo de audiência pública. A própria legislação diz que, além do EIA (Estudo de Impacto Ambiental), tem que ser criado o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), versão simplificada para comunicação pública. Agora, o que entra e o que sai é discricionário da empresa e fica difícil dizer se houve ou não má fé no caso específico.

IM – A principal fragilidade estaria no campo da fiscalização?

BM – Historicamente, sempre houve no Brasil uma defasagem entre legislação e sua implementação. A lei sempre foi mais complexa e mais completa do que a aplicação na prática. Mas o que vimos acontecer em Minas Gerais, particularmente durante o governo [Fernando] Pimentel (PT), e ironicamente logo após o rompimento da barragem [de Fundão], foi uma piora da legislação. Isso é emblemático para o caso de Brumadinho.

Pela legislação anterior, o licenciamento dessas grandes obras deveria ser feito em três etapas. Cada uma tinha seu rito, suas exigências e seu tempo. A partir daí, criou-se a crítica de que o licenciamento atrasa o empreendimento, que é uma meia verdade. De fato, eles levam muito tempo, mas há teses que mostram que, na maior parte do tempo, o documento estava na mão da empresa para refazer o estudo.

Em vez de melhorarem as condições de operação, decidiram permitir que, em vez de três [etapas de licenciamento], as empresas possam fazer uma só. Com isso, o próprio tempo de análise que os técnicos têm é menor, não só porque é uma etapa, mas, no caso específico de Minas Gerais, estabeleceu-se um prazo fixo, independentemente da complexidade do problema. A expansão do Feijão, por exemplo, era muito complexa. Como o técnico tem pouco tempo, ele vai correr e não vai ser tão criterioso. Se ele tivesse julgando o processo com mais tempo, talvez essa questão do piezômetro quebrado tivesse sido identificada e a empresa questionada ou o licenciamento condicionado ao reparo. Ou seja, independentemente da implementação ou da fiscalização, a própria lei é pior do que era em 2014.

Isso sem contar que muitos dos órgãos estão com pessoal e equipamentos insuficientes. Uma forma mais inteligente de fazer o processo mais célere e mais rigoroso seria aumentar a capacidade dos órgãos ambientais, e não torná-los ineficientes e culpá-los pela ineficiência construída.

IM – É possível manter o modelo de autofiscalização com ajustes?

BM – É possível. Outros países da América Latina adotam o modelo no processo de licenciamento ambiental, mas também poderia funcionar nos monitoramentos. Seria simplesmente ter empresas privadas, certificadas junto ao Estado, para fazer o serviço. O processo de escolha não deveria ser discricionário, porque pode correr o risco de ter favorecimento. É possível criar uma série de soluções para fazer um sistema independente. O importante é tirar o peso discricionário da empresa auditada.

IM – Em nível nacional, uma disputa entre mineradoras, ambientalistas e grupos de representação dos trabalhadores se estende há anos. Após uma série de tentativas de se aprovar mudanças nas regras de mineração, o governo Michel Temer editou três medidas provisórias. Duas, foram aprovadas. A MP 789/2017, que alterou o cálculo do CFEM, e a MP 791/2017, que substituiu o DNPM pela ANM. O que se tira de saldo desta medida? Houve mudança efetiva?

BM – É difícil avaliar o desempenho da ANM enquanto ela ainda está em processo de formação. O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) tinha falhas. Até do ponto de vista de operação existia um desequilíbrio. Dentro do setor, havia a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Dois eram agências e só o DNPM era autarquia.

Eram feitas muitas críticas sobre um aparelhamento político que não deveria ocorrer dentro do órgão, particularmente do MDB na época. Agora, transformando de autarquia em agência, acaba com isso? Eu não sei, porque um dos diretores foi uma indicação política de Leonardo Quintão (MDB-MG). A troca não garante que vai ser melhor ou pior, outras coisas precisam vir.

A literatura nacional e internacional sobre regulação demonstra que, pela própria dinâmica de funcionamento, tende a haver uma aproximação muito grande entre agências reguladoras e reguladas, o que não quer dizer que vai acontecer com a ANM. Às vezes, a agência “passa a mão” nas empresas e não faz a pressão necessária.

O que o DNPM não fazia mas que poderia ter sido incorporado pela ANM? Ficou estabelecido que decisões da ANM que impactarem o desempenho econômico das empresas, serão chamadas audiências públicas. No debate da regulamentação da agência, foi proposto que também houvesse audiências públicas quando decisões impactassem comunidades tradicionais, indígenas e locais. Isso seria salutar, mas não foi incorporado. Perdemos a oportunidade de melhorar um dispositivo. Mas ainda é muito cedo, são suspeitas.

IM – Já a MP 790/2017, que de fato tratava de mudanças no código de mineração, caducou. Posteriormente, boa parte das medidas foi adaptada no decreto 9.406/2018. Qual sua avaliação sobre o texto? São esperadas mudanças efetivas?

BM – Qualquer incorporação de questão ambiental na reforma de Temer simplesmente reproduziu o que estava dado antes. A legislação já existia, mas não era colocada em prática. Em vez de trabalhar e entender por que não foi colocada em prática, não se fez nada. No caso de fechamento de mina, de novo foi uma oportunidade perdida. Em uma das audiências públicas [na comissão especial da Câmara], discutiu-se a incorporação de um sistema de provisão de gastos para isso. A empresa abre a mina e vai a uma casa de crédito ou busca um seguro. Há vários mecanismos. Pode haver falência, fechamento ou um desastre como esses, você tem recursos para isso. Isso não foi inventado aqui, é usado na África do Sul, no Chile, e defendido pelo próprio ICMM (International Council on Mining & Metals), o consórcio internacional de empresas mineradoras. Foi apresentada no Legislativo, mas não foi incorporada e o Executivo também não incorporou.

Havia coisas para melhorar, mas foram oportunidades perdidas. Além disso, quando você tira o debate do Legislativo, com todos os problemas que havia, e transforma em decreto, a crítica que pode ser feita é que o processo é menos democrático e perderam a oportunidade ser enriquecido com outros olhares e outras perspectivas.

IM – Olhando de forma genérica, qual o peso da impunidade sobre o atual estado de coisas?

BM – Imagino que sim. Impunidade em todos os níveis, desde o corporativo até o da responsabilização individual. Quando vou avaliar o risco e tenho que pesar a decisão, mas sabendo que não vai me acontecer nada, é quase que apostar e blefar com a vida dos outros. Se eu aposto que não vai cair e ela cai, e o máximo que acontece comigo é mudar de emprego, por que eu não vou correr esse risco? O sistema de punição é importante exatamente para colocar algum limite. Em um sistema em que os incentivos e punições tende a fazer as pessoas priorizarem resultados quase sempre econômicos e também de curto prazo, é preciso ter um contrapeso fora da corporação.

IM – Quando se fala em fragilidades na legislação sobre mineração, é comum a questão do financiamento de campanhas eleitorais e a cooptação do mundo político entrar no debate. Com o fim do financiamento empresarial de campanha, há expectativa de maior autonomia dos parlamentares para legislarem sobre o setor?

BM – Se você fecha uma torneira mas outra continua aberta, apenas passamos a ter um sistema menos transparente e mais difícil de ser fiscalizado. Não apenas no contexto do Brasil, mas considerando ainda novidades nas formas de financiamento, acho que no curto prazo vão encontrar sistemas para se manter o financiamento em uma área cinza, e isso vai manter certo peso nas bancadas. No longo prazo, existe a possibilidade de gerar algum impacto.

IM – Quais seriam as alternativas ao método de alteamento a montante?

BM – As barragens são uma possibilidade tecnológica muito criticada em geral. A gente fala que as barragens a montante possuem maior risco, o que é verdade, mas não se pode confundir isso com a ideia de que as barragens a jusante não têm risco nenhum. Barragens à montante caem, barragens a jusante caem. Banir, criar moratórias, para barragens a montante eu entendo como necessário em um primeiro momento. E, inclusive, pensar na eventual proibição das barragens a jusante futuramente.

Para além disso, no caso do minério de ferro, a melhor possibilidade seria o processo a seco, usado pela própria Vale em algumas operações. Em 2016, a companhia lançou um programa de transição tecnológica para ampliar o uso desse processo em Minas Gerais. A tecnologia está dominada, mas há casos em que não funciona. Então, é possível usar processo a úmido com deslamagem, em que são usadas tecnologias para tirar o excesso da água, transformando o resíduo lamoso em um estado pastoso. No caso de um evento extremo, ele não vai se espalhar pela bacia hidrográfica toda.

Existem entendimentos do próprio setor de que há um problema em termos de sistema de custeio. Quando se faz o custeio curto e grosso, considerando o ponto de despesa operacional, entende-se que essas tecnologias são mais caras, menos competitivas. Porém, quando se faz um sistema de custeio mais apurado e incorpora todas as externalidades de uma barragem, que inclui, dentre outras coisas, desapropriação, limpeza da área, custo do licenciamento e os anos explorados a mais para colocar a empresa para funcionar, monitoramento, fechamento e recuperação ou monitoramento posterior, percebe-se que o sistema a seco não é uma coisa tão louca assim. O problema é que nossos sistemas de custeio em geral não conseguem enxergar essa complexidade.

IM – Quais barragens estariam em situação mais preocupante neste momento e que mereceriam atenção especial para que novas tragédias não ocorram?

BM – Considerando o tamanho do impacto, a mais dramática é Congonhas. Tinha que ser prioridade zero criar imediatamente um processo de monitoramento. Se a gente pensar que, depois do rompimento de Mariana, onde pessoas do setor mineral diziam que a Samarco era um exemplo de operação, e o presidente da Vale, que tem recurso suficiente para investir na segurança de suas barragens, diz “Mariana nunca mais”, e três anos depois a gente tem Brumadinho… Isso mostra que é muito difícil assegurar que as barragens que foram declaradas estáveis são de fato estáveis.

Obviamente, temos que resolver a questão de Brumadinho e a questão do Rio Doce ainda. Há uma série de medidas corretivas que estamos correndo atrás ou deveríamos estar, mas, do ponto de vista preventivo, talvez Congonhas tenha que ser a prioridade. Depois da experiência e de toda a dor que ainda estamos passando do processo de recuperação dos corpos de Brumadinho, não podemos deixar uma barragem daquele tamanho em cima de Congonhas.

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Veículo: Estadão

Editoria: Brasil

Data: 06/02/2019

Link: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,barragem-tinha-margem-de-seguranca-muito-baixa-em-caso-de-liquefacao,70002710558

Título: Barragem tinha margem de segurança muito baixa em caso de liquefação

Dado está em relatório da consultoria alemã Tüv Süd; fenômeno foi apontado como a provável causa do colapso    

Roberta Jansen, O Estado de S. Paulo

06 de fevereiro de 2019 | 18h06

RIO – O relatório da consultoria alemã Tüv Süd, que atestou a estabilidade da barragem que se rompeu em Brumadinho (MG), revela que a estrutura trabalhava com uma margem de segurança muito baixa para a hipótese da liquefação dos rejeitos – fenômeno apontado como a provável causa do colapso. Além disso, o relatório chama a atenção para a presença de um pedregulho de extensão indeterminada no pé da barragem, cujo eventual deslocamento poderia servir de gatilho para a liquefação.

Os rejeitos de uma barragem de minérios são compostos, basicamente, de ferro em partículas muito finas, areia e água. Essa combinação é propensa ao fenômeno da liquefação. Ou seja, quando o volume e a pressão da água aumentam por algum motivo, o solo tende a se liquefazer. Fatores externos, como tremores de terra, também podem servir de gatilho para a liquefação.

No entanto, a margem de segurança da barragem do Córrego do Feijão para a hipótese da liquefação era bem baixa, segundo o relatório. Ela foi estimada em três pontos diferentes em 1,2; 1,18 e 1,09. As normas vigentes para o setor preconizam uma margem de segurança mínima de 1,50 (ou de 50%).

O relatório entende, no entanto, que a barragem atende a norma na condição drenada (ou seja, em condições ideais, quando não há infiltração de água), registrando fatores de segurança de 1,93; 1,76 e 1,60. A norma NBR-13028, de fato, não preconiza um fator de segurança mínimo para o modo de falha liquefação (quando há infiltração de água), mas apenas em condições ideais.

“As obras de engenharia em geral deixam uma margem de segurança extra, em geral de 1,50 ou 50% a mais de resistência”, explicou o professor Mario Riccio, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Algumas obras admitem fatores de segurança um pouco menores, dependendo da situação, quando não há riscos de vidas humanas, por exemplo.”

No entanto, o próprio relatório explica que “as análises de estabilidade sob condições não-drenadas (com água) têm o intuito de avaliar o potencial de ruptura da barragem por liquefação”. Além disso, o relatório também aponta problemas nos sistemas de drenagem da barragem que podem ter levado a algum tipo de infiltração.

“Para que o fenômeno da liquefação ocorra, além da presença dos materiais suscetíveis, há também a necessidade de ocorrência de um gatilho”, ressalta o relatório. Os gatilhos, segundo o documento, podem estar associados a eventos estáticos ou dinâmicos, como o alteamento rápido da barragem, a elevação do nível do reservatório, excesso de equipamentos, detonações, remoção de materiais, movimentação da fundação da barragem, entre outros.

O próprio relatório chama a atenção para um potencial gatilho: “Já no pé da barragem, deve-se atentar ao grande bloco abaixo da estrada. Para determinar com precisão sua extensão, recomenda-se a limpeza da área e a realização do mapeamento geológico de superfície. Esta última deve ser complementada por investigação geofísica para determinação das dimensões não expostas”. E recomenda: “Uma vez realizadas tais investigações, a estabilidade do bloco e seu potencial de comprometimento da estrutura devem ser avaliados. Especialmente, deve-se atentar à possibilidade de que as movimentações deste bloco constituam gatilhos para a liquefação”.

O relatório, de agosto do ano passado, tinha validade de um ano. O documento foi assinado pelo engenheiro Makoto Namba e o consultor em geotécnica André Jum, que chegaram a ser presos, mas foram soltos ontem. O documento, de 265 páginas, foi elaborado com base em informações fornecidas pela Vale, análises técnicas e vistorias de campo.

A Vale informou que a barragem “possuía fator de segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da norma brasileira”. A mineradora disse ainda que “a barragem passava por inspeções de campo quinzenais, todas reportadas à Agência Nacional de Mineração. Todas essas inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura.”

Foi reproduzido em: Mix Vale, Jornal de Brasília, IstoÉ, Jornal do Brasil, Portal Terra, JC Online, EM.com.br, R7.

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