Veículo: Toque de Bola
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: Cross Country: Amanda conquista Copa Brasil e vai ao Sul-Americano
[Texto não copiável]
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: Atleta do Cria/UFJF vence Copa Brasil de Cross Country – Notícias UFJF
UFJF em 28/01/2019 17:47
A atleta do Projeto Cria da Universidade Federal de Juiz de Fora (Cria/UFJF), Amanda Aparecida Oliveira, venceu a prova dos 10km Feminino Adulto da Copa Brasil Caixa de Cross Country, disputada neste domingo, 27, no Parque Ecológico do Tietê, Zona Leste de São Paulo.
Amanda fechou a prova com o tempo de 38m23s. O Cria venceu ainda as provas em equipe dos 10 km Feminino Adulto em Grupo e de 8 km Sub-20 Masculino em Grupo.
O evento, caracterizado por ser realizado em ambientes rústicos e em áreas arborizadas, exige dos atletas um conjunto de habilidades, como agilidade, resistência e atenção para superar os obstáculos durante todo o percurso. Os melhores colocados representarão o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Cross Country, no dia 23 de fevereiro, em Guayaquil, no Equador.
Amanda destaca ter conhecido o Cria por meio do professor Jorge Perrout, que após ver seu desempenho em corridas a convidou para fazer parte do projeto. “Eu me sinto muito orgulhosa do resultado e continuarei melhorando e dando o meu melhor. Agradeço a UFJF por acreditar no meu potencial e talento. Vou continuar focada, pois tenho o objetivo de conseguir ir para o Mundial na Dinamarca”, diz.
Segundo a atleta, as oportunidades recentes de aprimorar conhecimentos têm auxiliado no desempenho nas competições. “Estive em um camping da equipe Pinheiros e tive a oportunidade de conhecer outros atletas, inclusive olímpicos, que me deram várias dicas e destacaram que eu tenho bastante potencial. Essa conquista só me fez ter ainda mais vontade de lutar sempre pelos meus objetivos”.
Estrutura
De acordo com o coordenador do projeto Cria/UFJF, Jorge Perrout, a fórmula utilizada para alcançar resultados positivos nos campeonatos nacionais e internacionais, juntamente com a treinadora e doutoranda Gabriela Fernandes Lopes, têm sido o suporte dado pela Pró-reitoria de Extensão (Proex) e pela Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid/UFJF). “Nós temos trabalhado há seis anos com o apoio da UFJF. É importante destacar que os nossos resultados são alcançados por temos a Faefid, que nos disponibiliza as instalações e equipamentos de ponta, o que possibilita treino de qualidade, e a Proex nos ajuda com bolsas de extensão, o que faz com que os alunos da Faculdade nos dêem todo tipo de apoio”.
Perrout, também professor da Faefid, aponta que ter ao lado alunos da pós-graduação participando do projeto é fundamental para o seu bom funcionamento. “Outro aspecto importante é o fato de termos em nossa pós uma linha de pesquisa relacionada ao atletismo. Com a participação dos alunos do mestrado e doutorado passamos a ter também envolvimento da pesquisa e ampliação do nosso grupo de recursos humanos”, ressalta.
O Cria
O projeto é aberto para novos alunos a partir dos 12 anos, com a possibilidade de permanência por prazo indefinido. Inicialmente, os candidatos são testados em todas as provas para a verificação do potencial em cada uma delas. Para iniciar no Cria, basta comparecer à pista de atletismo da Faefid, onde são realizados os treinamentos, às 8h ou às 14h30, às segundas, quartas e sextas.
Copa Brasil
Realizada desde 1987, a Copa Brasil Caixa de Cross Country completou a 33ª edição. Este ano, as disputas tiveram a participação de mais de 250 atletas de 57 clubes, que fizeram seis provas, no masculino e no feminino, em um percurso de 2 mil metros.
O evento, que abre o calendário nacional da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) de 2019, é também seletivo para o Sul-Americano de Cross, em fevereiro. Serão convocados os quatro primeiros colocados na categoria adulta e Sub-20 e os dois primeiros na categoria Sub-18, individual, no masculino e no feminino.
Outras informações sobre o projeto podem ser encontradas na página do Cria no Facebook.
Contato
(32) 2102-3292 (Secretaria da Faefid)
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: Rumo Certo
Editoria: Atletismo
Data: 28/01/2019
Título: Mineiros brilham na Copa Brasil e estão confirmados no Sul-Americano de Cross, em Guayaquil
rumocerto 28 Janeiro , 2019 Atletismo, Corrida e caminhada, Destaque Sem Comentários
*Reportagem: Priscila Oliveira
Os mineiros da Zona da Mata brilharam nos 10km adulto da Copa Brasil de Cross Country, realizada neste domingo, 27, no Parque Ecológico de Tietê, em São Paulo (SP). Abrindo o calendário de eventos da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) na nova temporada, pelo menos dois deles se destacaram entre mais de 250 atletas de 57 clubes e foram alguns dos brasileiros que carimbaram passaporte para o disputadíssimo Campeonato Sul-Americano de Cross, em Guayaquil (Equador), no mês de fevereiro. O CRIA/UFJF também venceu por equipes, com 32 pontos.
É hexa!
Favorito ao título principal, o grande nome do evento foi o atleta Gilberto Lopes (Pé de Vento/Caixa), de São Miguel do Anta, novamente. Nome de destaque no atletismo nacional e com 29 anos, ele completou a prova em 32min06s e segue imbatível na competição, com seis títulos.
“Foi uma prova difícil e, devido ao horário de largada, o calor dificultou muito o desempenho de todos. Estou muito feliz pelo hexa! Já conheço Guayaquil – fui vice-campeão sul-americano de cross adulto, em 2010. O clima é bem parecido com São Paulo: muito úmido e quente. O local das disputas ainda não foi divulgado, mas sempre temos algumas surpresas. Quero fazer um bom resultado lá”, comemora.
Apesar do desafio, ele está focado na disputa de outra competição internacional, em breve. “Agora vou me concentrar no treinamento para a Maratona de Hamburgo, dia 28 de abril, na Alemanha. A última maratona que corri foi em Beirute, no Líbano, em novembro, onde fui 4º colocado no Campeonato Mundial de Maratona”.
Muito feliz
Já entre as mulheres, não teve para ninguém. Amanda Oliveira (Fac. Granbery/Ed.Física / Real Mercês/Sicoob/NutriMais), natural de Mercês e aos 21 anos, foi para cima das adversárias e cruzou a linha de chegada com louvor. A marca de 38min23s lhe assegurou não só o título, mas a tão sonhada vaga para representar o país no subcontinente. “O campeonato foi ótimo, muito bom! Consegui correr direitinho, no meu ritmo, e fazer uma prova tranquila, apesar dela ser um pouco pesada, por conta dos obstáculos. Acompanhei o pelotão na primeira volta, depois fui me distanciando, no mesmo ritmo. Fiz uma excelente prova e os treinos no Esporte Clube Pinheiros me ajudaram muito. Estou imensamente orgulhosa de mim mesma, muito feliz! Vou representar o Brasil pela primeira vez e espero dar o melhor de mim para integrar a Seleção Brasileira no Equador”, conta emocionada.
Vale lembrar que esse feito também marca a superação da atleta – terceira colocada no torneio em 2018. Ela bateu na trave para participar do Campeonato Pan-Americano da modalidade, em El Salvador, não desanimou e agora é pura gratidão a quem faz parte dessa trajetória. “Agradeço o apoio que tive do CRIA UFJF, para representá-lo na Copa Brasil; aos meus treinadores, Zirlene Santos e Jorge Perrout; ao Jorge Castilho e às meninas do Pinheiros, que me ajudaram muito nos treinos e na torcida. Em especial, à minha família maravilhosa, que sempre torce por mim, além dos meus amigos de corrida, de Mercês, ao Reinaldo Simplício, e a todos. Estou muito feliz”.
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Veículo: Acessa.com
Editoria: Cultura
Data: 28/01/2019
Título: Concerto para Cecy abre celebração dos 100 anos de casarão do Forum da Cultura
Da redação
Em virtude das comemorações do centenário do casarão do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora, o espaço localizado na Rua Santo Antônio, número 1112, vai receber, no dia 1º de fevereiro, sexta-feira, a partir das 19h30, o Concerto para Cecy, com o pianista Bernard Rodrigues e Orquestra Juiz de Fora.
Como parte das celebrações, além do concerto, o espaço recebe uma mostra sobre os primeiros anos do casarão e seus moradores, da construção deste até a época em que o mesmo foi adquirido pela Faculdade de Direito, em meados dos anos 1950.
A mostra reúne retratos das famílias que habitaram a casa desde a sua construção, assim como objetos datados de meados de 1900 até 1920, período em que a mesma foi residência do casal Maria Cecília Schlobach Valle e Clóvis Guimarães Mascarenhas, seus primeiros moradores.
Ainda no dia 1º serão entregues homenagens a personalidades importantes para a história do local, tais como representantes dos primeiros moradores da casa, assim como dos habitantes da mesma entre os anos 1928 e 1950, Roque Domingues de Araújo e familiares (homenagens póstumas).
Serão homenageados também os ex-reitores da UFJF Gilson Salomão e Michel Bechara, o ex-diretor da Faculdade de Direito da UFJF na época em que a mesma se situava no prédio, Benjamin Colucci, sendo estas também homenagens póstumas, além do atual reitor da instituição, Marcus Vinicius David, e do ex-diretor do Forum da Cultura, José Luiz Ribeiro.
Breve história
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Remontando ao ano de 1919, a construção do casarão foi realizada em um terreno adquirido pelo fazendeiro Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho como presente para sua filha, Maria Cecília Schlobach Valle, por ocasião de seu casamento com Clóvis Guimarães Mascarenhas, filho do empresário Bernardo Mascarenhas.
A casa, construída com linhas elegantes e vitrais que reproduzem rosas vermelhas, foi vendida por Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho em 1928, em virtude da transferência da família – Clóvis, Maria Cecília e filhos – para a cidade do Rio de Janeiro, em função de negócios do clã Mascarenhas.
Adquirida pelo comerciante de Cataguases Roque Domingues de Araújo, a casa foi morada da nova família até os anos 1950, quando a viúva de Roque, Hercília, faz uma permuta com a Faculdade de Direito e a casa, ampliada e reformada, passa a ser a sede do curso e do gabinete do reitor da UFJF, recebendo o nome de Edifício Benjamin Colucci.
Já em 1971, com a mudança da Faculdade de Direito para o Campus, o lugar foi convertido em espaço cultural, nomeado “Forum da Cultura”. Em 1972 passa a abrigar um teatro, um museu e uma galeria de arte, além do Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação e do Coral Universitário. Todos ainda em atividade.
Homenagem a Cecy
Maria Cecília Schlobach Valle, filha do fazendeiro Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho e sua esposa, Etelvina de Carvalho Schlobach, se casou em 1919 com Clóvis Guimarães Mascarenhas e passou a habitar o espaço hoje conhecido como Forum da Cultura. Da união do casal nasceram nove filhos.
A casa, construída em estilo italiano, recebeu o nome de Villa Cecy, tendo por modelo as tradicionais villas italianas, com forte influência neoclássica. Cecy, como era comum às jovens abastadas da época, recebeu educação refinada, alinhada à cultura francesa, se tornando aluna da professora Haydée França.
Quando solteira, Cecy se apresentou como pianista em concertos públicos, especialmente em eventos beneficentes. Pensando nisso, as atrações da noite de abertura das comemorações do centenário vão celebrar essa ilustre primeira moradora do casarão.
Logo após as homenagens, o pianista do coral da UFJF, Bernard Rodrigues, vai tocar Pas des écharpes, de Chaminade, composição interpretada por Cecy no dia 20 de agosto de 1915, em benefício das vítimas da seca.
Por fim, a Orquestra Juiz de Fora executará o concerto em homenagem a Cecy, com clássicos como a Primavera, de Vivaldi, Serenata, de Mozart, e Stand By Me, de autoria de Ben King, Jerry Leiber e Mike Stoller.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Esportes
Data: 28/01/2019
Título: Futsal Feminino UFJF realiza seletiva na sexta-feira
Por Tribuna
28/01/2019 às 21h22
Na próxima sexta-feira (1), o Futsal Feminino UFJF irá realizar uma seletiva para atletas das categorias sub-15, sub-17 e adulta, às 14h na Quadra Multiuso da Faefid (UFJF). As participantes devem ter disponibilidade para comparecer aos treinos do turno da tarde três vezes por semana, nas terças, quintas e sextas-feiras. As interessadas podem fazer sua pré-inscrição através do link, com preenchimento de formulário on-line, ou no momento da seleção. A inscrição é gratuita. No dia, a participante deve estar uniformizada com short, meião e tênis. Para as categoria sub-17 e adulta a experiência pode fazer diferença no teste.
O projeto, que tem como objetivo viabilizar e estimular a modalidade do futsal feminino, além de trabalhar na formação de atletas, espera aprovar cerca de 20 a 30 meninas. Para o treinador e bolsista Tales Carvalho, os objetivos do segundo ano de projeto são ainda maiores. “Queremos participar das competições regionais buscando títulos, aumentar a visibilidade do projeto e ter jogos fora de Juiz de Fora, tentando entrar no cenário da região e mineiro. Além de manter a campanha da equipe sub-17, que terminou o ano de 2018 invicta”, comenta. Os treinos começam no dia 5 de fevereiro. Mais informações estão disponíveis nas redes sociais Facebook e Instagram.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: UFJF inicia matrículas presenciais dos aprovados pelo PISM nesta terça
Candidatos devem comparecer aos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares até sexta (1º).
Por G1 Zona da Mata
28/01/2019 12h32 Atualizado há um mês
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inicia a partir desta terça-feira (29), a matrícula presencial de aprovados na chamada regular do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism). O procedimento será realizado nos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares até a próxima sexta-feira (1º).
Conforme o curso escolhido, o candidato precisa comparecer em horários e datas específicos, publicados no cronograma da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara). (confira abaixo)
Em Juiz de Fora, as matrículas acontecem no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH). Já em Governador Valadares, os candidatos devem comparecer ao prédio da Faculdade Pitágoras, na Avenida Dr. Raimundo Monteiro Rezende, 330.
A lista da documentação necessária para a matrícula presencial e os modelos de declaração que devem ser impressos e preenchidos estão disponíveis no site da Cdara. As exigências variam de acordo com o grupo de acesso do estudante. Os candidatos devem conferir se entregou tudo que foi solicitado para evitar que a matrícula seja indeferida.
Os candidatos aprovados, na chamada regular, para ingresso no segundo semestre também devem realizar a pré-matrícula on-line e a matrícula presencial durante esta semana.
As pessoas que não foram aprovados na chamada regular devem acompanhar os editais de reclassificação. O primeiro será divulgado às 12h do dia 13 de fevereiro, no site da Cdara.
A divulgação das notas dos módulos I e II do Pism serão divulgadas no dia 12 de fevereiro, com pedidos de recurso no dia 13 e o resultado final sai no dia 20 do mesmo mês.
Cronograma matrículas Campus Juiz de Fora
Local: anfiteatro Prédio Novo ICH
Terça-feira (29):
08h30 às 10h: Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Direito;
10h às 11h30: Letras, Letras-Libras, Jornalismo, Rádio, TV e Internet, Psicologia e Serviço Social;
13h30 às 15h: Filosofia, Geografia, História, Turismo e Pedagogia.
Quarta-feira (30):
08h30 às 10h: Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design e Música;
10h às 11h30: Enfermagem, Educação Física, Medicina Veterinária e Fisioterapia;
13h30 às 15h: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia de Produção e Engenharia Computacional.
Quinta-feira (31):
08h30 às 10h: Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Sistemas de Informação;
10h às 11h30: Engenharia Elétrica, Ciência da Computação;
13h30 às 15h: Ciências Biológicas, Nutrição e Odontologia.
Sexta-feira (1º):
08h às 10h: Medicina e Farmácia;
10h às 11h30: Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental e Sanitária, Física, Matemática e Química.
13h30 às 15h: Ciências Exatas e Estatística.
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Link: https://jfclipping.com.br/2019/01/28/a3-dossie-as-margens-noticias-ufjf/
Título: A3 Dossiê: Às Margens – Notícias UFJF
UFJF em 28/01/2019 12:42
No último dia 25, uma barragem de rejeitos de minério da Vale S/A se rompeu em Brumadinho (MG) na Mina Feijão. A Barragem I não estava em operação, possuía 11 milhões de metros cúbicos de rejeito, que tomaram a sede administrativa da empresa e a comunidade de Vila Ferteco. A tragédia é a maior deste tipo em número de mortes – 58 confirmadas até o momento e cerca de 300 desaparecidos.
O fato remete diretamente ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Em 5 de novembro de 2015, 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineradora Samarco atingiram comunidades da Bacia do Rio Doce, de Mariana (MG) até Linhares (ES), deixando 19 mortos. Em setembro de 2018, a equipe da Revista A3 esteve no local do acidente para acompanhar pesquisas da UFJF na região e entender os impactos após três anos da tragédia. O material compõe um dossiê especial a ser publicado durante este mês.
“Você tem um e-mail?”, pergunta o encarregado de controlar o acesso à Bento Rodrigues. Sandro responde que não, não tem e-mail de autorização e nem precisa. “Sou dono disso aí, são minhas terras”, irrita-se e sai do carro para retirar o cone que impede a aproximação das pessoas do distrito. Sandro Sobreira foi o guia desta reportagem na visita às ruínas da comunidade devastada.
“Já estou acostumado”, diz, querendo esconder a indignação que ainda lhe resta após três anos de luta pela reparação. Nascido e criado em Bento Rodrigues, ele possuía um terreno de dez mil metros quadrados no local – não restou nada da casa, da mercearia e da pequena loja de brinquedos em nome da família. Atualmente, Sandro mora em Mariana com a mãe de 76 anos, em uma casa alugada pela Samarco. O tio Henrique, seu vizinho em Bento, também foi deslocado, “mas morreu em 2016, entrou em depressão e não aguentou”, conta o sobrinho.
De acordo com Sandro, os cerca de 600 moradores do distrito tiveram cinco minutos para saírem correndo na tarde daquele 5 de novembro. “Nossa sorte foi que o ônibus estava no ponto perto da escola, e foi todo mundo entrando”. Ninguém avisou. Não havia sirene, rota de fuga, treinamento ou carro da empresa para resgate das pessoas. Nas ruínas, hoje, placas novas indicam a cada esquina para qual direção correr. “Deve ser para os bichos, né”, ironiza o morador. As Hilux agora também passam, a todo tempo, monitorando o território vazio.
Desde o rompimento da barragem, o acesso é controlado pela Samarco por questões de segurança, em acordo firmado com a Prefeitura de Mariana, Defesa Civil e Ministério Público de Minas Gerais. A entrada dos moradores só foi permitida quase um ano depois e gerou grande frustração na comunidade. “A gente não podia entrar, mas ladrão eles deixavam, saiam com caminhão cheio”, refere-se Sandro aos saques feitos nas casas da parte alta do lugar, não atingida pela lama. Estão sem portas, janelas, telhas e totalmente vazias por dentro.
Alguns dos moradores se juntaram para reformar duas dessas casas. Lá eles pernoitam quando vão às festas tradicionais como a do padroeiro São Bento e de Nossa Senhora de Mercês ou mesmo para comemorar o aniversário de algum conterrâneo. As portas da cidade fantasma foram abertas com a morte da irmã de Sandro, Suely Sobreira, que faleceu de doença renal nove meses após o rompimento da barragem e foi enterrada no local. No grupo de Whatsapp chamado “Loucos pelo Bento” eles se articulam em relação às pautas de negociação, compartilham memórias e afetos.
A história de Sandro Sobreira é parte do coro de vozes ao longo da Bacia do Rio Doce que grita por justiça. A tragédia se refaz cotidianamente diante do desafio em reparar os danos dos milhares de atingidos e o número total deles cresce a cada dia.
Em Mariana, onde o processo corre na própria comarca, separado do restante da bacia, são cerca de 3 mil pessoas cadastradas. A cidade dispensou o formulário apresentado pela Fundação Renova, responsável pelas ações de reparação das áreas e comunidades atingidas. O processo é feito, então, por meio de outro formulário, criado e aplicado pela assessoria técnica dos atingidos, a Cáritas.
De Bento até a foz do rio Doce, no Espírito Santo, foram realizados cerca de 30 mil cadastros até agora. O montante a ser gasto com ações de reparação e compensação chega a R$ 4,5 bilhões. Mas não há possibilidade de reconstrução de Bento – os moradores também não querem, preferem que o lugar seja tombado, assim como o segundo distrito atingido pela onda de lama, Paracatu de Baixo. Os dois já tiveram seus planos de reassentamento aprovados e, no caso de Bento, as obras já começaram.
Os moradores dessas duas localidades agora finalizam, individualmente, as negociações com a Renova sobre o lote ou a futura casa. Uma das exigências da comissão de atingidos é a preservação do traçado dos distritos e o posicionamento de cada casa.
Para Sandro Sobreira, no entanto, esta questão não é fácil de ser resolvida. Ele enfrentou alguns problemas relacionados à disposição de seu terreno e à posição dos vizinhos. Segundo a assessoria técnica da Cáritas, essa tem sido uma queixa recorrente entre os atingidos. Apesar de participarem de extensas reuniões de levantamento das expectativas, os projetos das residências nem sempre batem com a descrição dos moradores.
Paracatu de Baixo
A lama rapidamente tomou o rio Gualaxo do Norte e chegou ao distrito de Paracatu de Baixo, duas horas e meia após o rompimento da barragem. A comunidade, localizada a cerca de 30km de Mariana, conseguiu ser avisada por um helicóptero dos bombeiros que pousou no campo de futebol, orgulho dos moradores locais. Os oficiais avisaram que todos deveriam correr em direção aos morros, não daria para pegar nada além de documentos. Em poucos minutos, as casas, a escola, a igreja, tudo foi coberto de lama.
Três anos depois, algumas pessoas que moravam na parte mais alta da cidade ainda estão lá – não se adaptam ao estilo de vida urbano. “Tem gente que não consegue usar sapato, por exemplo”, conta Luzia Motta Queiroz, integrante da Comissão de Atingidos. O clima hostil de Mariana também não facilita: “na escola, eles chamam os meninos de pé de lama”.
Segundo Luzia, a maioria das pessoas do distrito é analfabeta ou semianalfabeta e, além da dificuldade de entendimento em relação ao processo judicial e toda burocracia envolvida, há traços culturais muito fortes. “A única coisa que sabem fazer é viver, plantar e criar. O homem tem a palavra e a mulher não pode falar nada, mesmo que o marido esteja errado. E filho não manda em pai.”
Com o passar do tempo, no entanto, eles aprenderam mais sobre os trâmites, passaram a registrar todas as conversas e decisões por ofício, com apoio da Cáritas. “A surpresa dos poderosos foi que eles acharam que todo mundo iria negociar qualquer coisa. Mas, não.” Os moradores têm o promotor Guilherme de Sá Meneghin como referência e confiam no trabalho dele diante da ação coletiva. Luzia, contudo, acha que Bento Rodrigues acabou recebendo mais atenção, pois é a “vitrine” da Samarco e, assim, a luta das pessoas de Paracatu de Baixo por reconhecimento tem sido particularmente difícil.
Barra Longa
Exceto pelas marcas nos coqueiros às margens do Gualaxo, não existem mais sinais dos estragos causados pelos rejeitos em Barra Longa. A cidade foi uma das poucas na Bacia do Rio Doce a ter seu centro urbano atingido e, logo nos meses seguintes ao desastre, foi reconstruída pela Samarco. A praça, submersa na lama e nos escombros, está nova em folha assim como os prédios ao redor, o parquinho e a academia a céu aberto instalada pela empresa.
Ao contrário de Mariana, Barra Longa não possui relação com a atividade mineradora. Os cerca de 6 mil moradores da cidade encontram seu sustento nos pequenos comércios, no artesanato e nas fazendas do entorno. De acordo com a coordenadora da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), Verônica Medeiros Alagoano, a presença das empresas pode ser uma novidade incômoda para os moradores.
“O povo entende que a Fundação Renova é a Samarco. Na prática, é isso o que acontece, porque, apesar desse escopo de fundação, o que a Renova faz é blindar as empresas e, ao invés de mediar a reparação, acaba sendo o impedimento.” A principal queixa refere-se ao conceito de atingido – parte dos moradores acredita que toda população sofreu os impactos do rompimento da barragem, já que as obras para tirar a lama e reconstruir o local alteraram negativamente a dinâmica da cidade.
Já a Renova não enxerga dessa forma e, segundo Verônica, traz uma visão muito limitada do processo, não contemplando avanços registrados em situações semelhantes no Brasil e no exterior. Assim, os primeiros meses da assessoria em Barra Longa, em meados de 2017, foram dedicados ao levantamento das demandas dos moradores, reunidas em um documento. A maioria dessas pautas, conta Verônica, ainda não foram atendidas, mas o conceito de atingido virou campo de disputa. “A Renova entende que ela é o grande sujeito desse processo, a grande juíza das questões. O que nós percebemos nos territórios é que não existe nada, nem ninguém, acima dela.”
De seu jardim decorado com orquídeas, a artesã Maria Aparecida Lanna avista a passagem do Gualaxo. Naquela madrugada de 2015, porém, a cena bucólica se desfez, a lama cobriu seu quintal e quase carregou seu carro. Na casa ao lado, sua sogra de 82 anos ficou ilhada por vários dias. “Meu marido subia em uma escadinha para conversar com ela e nós ficávamos tomando conta da altura da lama. Se subisse mais, a gente derrubaria o muro para resgatar. E eu estava com minha mãe idosa aqui. Um médico da Defesa Civil nos disse explicitamente: ‘se vocês quiserem sua mãe até o Natal, vocês tem que tirar ela daqui’, por causa da poeira.”
A coordenadora da Aedas explica que, nos esforços para remover a lama do centro da cidade, durante as primeiras semanas após o desastre, a Samarco depositou os rejeitos em diversos pontos nas redondezas de Barra Longa. “Quando essa lama chega no centro da cidade, a Samarco não sabe o que fazer com isso. E, com ações muito impensadas, ela levou esses resíduos para outros lugares, onde não tinha lama. Nos morros, no Parque de Exposição…”. Na verdade, três anos após o desastre ainda não há um consenso sobre o que fazer com os rejeitos, se eles devem ou não ser amontoados, retirados do fundo do rio e das margens ou mesmo se ainda é possível retornar ao estado anterior da bacia.
“A gente voltava para casa com a pele brilhando, da poeira que os caminhões levantavam”, confirma Maria Aparecida. A propriedade de seu marido, João, foi um dos pontos escolhidos pela mineradora para depositar os resíduos. “Foi tudo muito rápido, não tinha tempo para pensar. Quando perguntaram se podiam deixar a lama lá, acho que ele não imaginava a grandiosidade do impacto. Virou um novo canteiro de obra, em frente onde ele fazia queijo, tirava leite. A lama continua lá, mas eles plantaram grama por cima, então realmente não dá para ver.”
Alguns dos animais também foram levados pela enxurrada e resgatados mais a frente, atolados no Gualaxo. Maria conta que, na época, a fazenda produzia cerca de 2 mil litros de leite por dia. Atualmente, esse número caiu quase pela metade. Maria Aparecida também perdeu boa parte dos seus bordados – deixados para lavar e secar no quintal.
Ela reconhece que outros vizinhos sofrerem mais: “teve gente que perdeu tudo, seus móveis, suas lembranças, suas fotos, sua história. Antes eu não conseguia nem conversar sobre esse assunto, me dava uma coisa ruim, mas o tempo abranda as coisas. A poeira da lama abaixou, isso está melhor. Mas a cabeça das pessoas não melhorou ainda”.
As perdas foram sentidas também nas relações de trabalho. A coordenadora da Aedas aponta que, ignorando as demandas dos moradores por empregar os profissionais locais nas obras de reparos, como pedreiros e jardineiros, a fundação preferiu trazer trabalhadores externos.
Na última semana de setembro, durante a apuração deste dossiê, a equipe da Revista A3 se deparou com um grupo de moradores que, em protesto, bloquearam a entrada de carros da Fundação Renova em Barra Longa. Reunidos na entrada da cidade, bem ao lado da ponte sob o Rio Gualaxo, eles enumeraram suas profissões – garimpeiros, pescadores, cortadores de cana, costureiras, manicures, faxineiras. “Até manicures e costureiras?”, pergunta a repórter. “É lógico”, responde rápido Raquel Coelho. “As mulheres foram muito atingidas porque elas perderam a renda delas. Tudo ficou caro em Barra Longa. A vida é outra.”
Uma olhada rápida para o grupo e a força das mulheres se revela nas histórias.“Eu plantava uma horta aqui e foi tudo embora. A gente plantava, garimpava, e até hoje não fomos reconhecidos, nada foi resolvido. Fiz o cadastro há três anos. Moramos lá no meio”, aponta Rosa Ferreira para sua casa. “O barranco tá quase chegando no asfalto. Minha casa caiu e eu tive que levantar ela do meu próprio bolso, e eles ainda falam que não temos direito. Marcam reunião e não vem. O que a gente faz numa situação dessas?”
Segundo a moradora, a rua está cedendo e representantes da Renova insinuam que não seria culpa da empresa já que o local não foi atingido diretamente pela lama. “Eles falam que não é culpa deles, é da gente que fez as coisas mal feitas. Eles não querem reconhecer que eles são responsáveis. Eles querem dizer que a gente não colocou engenheiros na casa da gente. E lá na represa? Eles não colocaram engenheiros? E ela [a barragem] não desceu? A gente não fez casa para segurar lama, mas sim para morar e viver tranquilo.”
Gesteira
Localizada na área rural de Barra Longa, a comunidade de Gesteira já estava acostumada com as cheias do rio Gualaxo. Em 1979, uma grande enchente destruiu as casas e as famílias se fixaram na parte mais alta da cidade, conhecida como “mutirão”. Em novembro de 2015, apesar do alerta de que uma barragem havia se rompido, os moradores esperavam algo parecido com mais uma enchente – alguns chegaram a levantar seus móveis, outros subiram nas lajes das casas para monitorar a enxurrada. O que viram, porém, foi bastante diferente de qualquer experiência anterior. No escuro da noite, eles saíram em direção aos morros do local às pressas.
Moacir Carneiro estava em sua casa no “mutirão” e a perda foi do lote, às margens do rio, onde ele plantava toda sorte de verduras, legumes e frutas, para seu próprio sustento e dos filhos. Apesar de ser um atingido diretamente, só recebeu seu cartão de auxílio emergencial dois anos depois da tragédia. Segundo ele, foi com a chegada da Aedas, assessoria técnica dos atingidos de Barra Longa, que a comunidade começou a entender mais sobre seus direitos.
A lama ainda está depositada nos lotes às margens do rio. Não é possível plantar ou pescar e Moacir se vê, pela primeira vez na vida, tendo que comprar hortaliças. Os vizinhos sempre se ajudaram, trocando alimentos – quem tinha milho trocava por feijão, e assim por diante. A solidariedade permanece, mas a esperança anda abalada. Com 74 anos, Moacir não sabe se vai conseguir ver a “nova Gesteira”, referindo-se ao reassentamento.
Médio Doce
Depois de passar por Barra Longa, os rejeitos ganham o Rio Doce – parte do volume (cerca de 10 milhões de metros cúbicos) é retido na Usina Hidrelétrica de Risoleta Neves e o restante segue atingindo pequenas cidades e comunidades rurais até chegar à região metropolitana do Vale do Aço e, posteriormente, à Governador Valadares. Com cerca de 300 mil habitantes, a cidade é a mais populosa da bacia.
O rio corta toda a área urbana e é o único manancial de abastecimento para a população. Com a chegada da lama no dia 8 de novembro, a captação de água teve que ser interrompida e o abastecimento só foi reestabelecido uma semana depois. Durante esses dias, caminhões pipa foram escoltados até a cidade e filas imensas se formaram nos postos de distribuição de água. As aulas na UFJF também foram interrompidas, assim como centenas de serviços.
O morador do distrito de Baguari, Elmirio Eugênio Guimarães, conhecido como Mirim, recorda o episódio: “nossa comunidade humilde sempre usufruiu do rio Doce com pesca para manutenção, lavando roupas em suas margens e irrigação das plantações. De repente, vimos suas águas sendo devastadas por aquela lama resultando em peixes mortos e pessoas simplesmente tentando sobreviver”. O distrito fica às margens do rio a 20 quilômetros do centro de Valadares e possui cerca de 2 mil moradores.
Além da falta de abastecimento, pequenas comunidades como Baguari e de povos tradicionais, quilombolas e indígenas, tiveram seus modos de vida profundamente alterados desde o rompimento da barragem. Pesquisadores da UFJF têm estreitado relações com essas comunidades por meio de projetos de extensão, oficinas e iniciativas como a Caravana Territorial da Bacia do Rio Doce. Realizada em abril de 2016, com a participação de 150 pessoas em quatro rotas diferentes, percorridas nos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.
A Caravana reuniu mais 60 organizações em rede como coletivos, associações, grupos de pesquisa e movimentos sociais. Entre eles, o Núcleo de Agroecologia da UFJF em Governador Valadares, sob coordenação do professor Reinaldo Duque. O objetivo da ação foi o de produzir leituras compartilhadas sobre o crime socioambiental, analisar os impactos, mobilizar ações de denúncias e reivindicações e apontar saídas de desenvolvimento territorial sustentáveis.
Na região do Médio Doce, a constatação é de que vários empreendimentos têm gerado problemas de manutenção dos recursos hídricos – como a instalação de barragens para hidrelétricas e de minerodutos e a expansão da monocultura de eucalipto. De modo geral, segundo Duque, a região é historicamente marcada por conflitos e disputas de terras com indígenas e camponeses. O resultado é degradação ambiental, concentração fundiária e perda da diversidade biológica e cultural.
Nas aldeias Krenak, localizadas às margens do rio, perto da cidade de Resplendor, a relação do povo com o Watu (rio Doce) não é mais a mesma. “Toda nossa coletividade era voltada para o rio”, explica Shirley Krenak. Além da pesca, o sentido do rio é espiritual e banhar em suas águas também é um ato de purificação, que acontece no dia a dia e em rituais especiais como no nascimento de uma criança. “É fundamental para o índio que seus filhos saibam nadar, e minha filha não tem mais essa opção”, diz. Segundo Shirley, o impacto do rompimento da barragem para os Krenak é “espiritual, alimentar e psicológico”, e a luta pela recuperação deve ser compartilhada por toda sociedade.
“O nome dos Krenak deveria ser resistência, não existe povo que resistiu mais contra a maldade do que o meu”, relembra ela sobre o processo de colonização, de espoliação das terras, a perseguição durante a ditadura militar, os assassinatos, estupros e roubos. “E agora, para arrebentar com tudo, vem a morte do nosso Watu.” Ainda assim, ela tem esperança quanto a recuperação do Watu e a luta pelos direitos da mãe natureza.
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Veículo: Falandoverdades
Editoria: Denúncias
Data: 28/01/2019
Título: “Idéia de Universidade para todos não existe” diz Ministro da educação de Bolsonaro
28/01/2019 Denúncias
Valor Econômico
O Ministério da Educação (MEC) estuda alterar pontos da reforma do ensino médio aprovada durante o mandato de Michel Temer. Mas a proximidade com o ensino técnico, um dos pilares das mudanças propostas pelo ex-presidente, deve ser mantida e é defendida pela atual gestão para inserir os jovens mais rapidamente no mercado de trabalho. “A ideia de universidade para todos não existe”, afirma Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, em entrevista exclusiva ao Valor, a primeira desde que foi indicado ao cargo, em novembro do ano passado.
Segundo ele, não faz sentido um advogado estudar anos para virar motorista de Uber. “Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação”, diz. Para o novo comandante do MEC, o retorno financeiro dos cursos técnicos é maior e mais imediato do que o da graduação, o que pode a diminuir a procura por ensino superior no Brasil.
“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”, diz Vélez, ressaltando que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha. Segundo o ministro, não está em estudo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas é urgente reequilibrar seus orçamentos. O ministro também defende a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), iniciado por Temer.
Cercado de seus principais assessores e secretários de primeiro escalão durante a entrevista, Vélez diz que elabora apenas as diretrizes do que deverá ser a marca de sua gestão à frente do MEC, com metas alinhadas ao slogan “Menos Brasília, mais Brasil” do governo de Jair Bolsonaro. Os diagnósticos e elaboração de programas ficam a cargo de seus secretários, que ainda estão se debruçando sobre as medidas de gestões anteriores.
Além do ministro, falaram ao Valor Luiz Antônio Tozi (secretário-executivo), Tania Leme de Almeida (secretária de educação básica), Carlos Francisco de Paula Nadalim (secretário de alfabetização) e Mauro Luiz Rabelo (secretário de ensino superior).
A linha de ação central do novo governo, diz, será “uma virada brusca” do MEC para atender os municípios com apoio financeiro e técnico. “As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas”, afirma. Os detalhes que vão viabilizar a iniciativa, porém, são desconhecidos.
Tido como ministro da ala dos “ideológicos” de Bolsonaro, Vélez critica o que chama de ideologia de gênero nas escolas, que ensinam “menino a beijar menino e menina a beijar menina”. Questionado sobre a inexistência de evidências empíricas que sustentem tal tese, limitou-se a dizer que essa não é uma pauta que o interesse. “Mas se houver demanda da sociedade, vamos discutir”, diz. No ano passado, o projeto da Escola Sem Partido, principal síntese dessa linha de pensamento, foi engavetado em Comissão da Câmara. Não está descartada, porém, a volta de sua tramitação.
Vélez afirma que montou seu gabinete com “amigos de Londrina (Paraná)” e “aluninhos” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de onde vieram outros três secretários: Marco Antônio Barroso Faria, da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres); Alexandro Ferreira de Souza, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec); e Bernardo Goytacazes de Araújo, da Secretaria de Modalidades Especiais. O terceiro núcleo é formado por egressos do Centro Paulo Souza, de São Paulo.
Nascido em Bogotá, na Colômbia, Vélez tem 75 anos e se naturalizou brasileiro em 1997. Graduou-se em filosofia e teologia na Colômbia. É mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutor na mesma área pela Universidade Gama Filho, também do Rio. É professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
A prioridade dos cem primeiros dias no MEC será o programa Alfabetização Acima de Tudo, que será conduzido por Nadalim, cuja experiência anterior era como coordenador da escola de sua família em Londrina, o Mundo Balão Mágico. Ele possui um blog e canal no YouTube onde tece críticas contundentes a educadores de contribuição inquestionável, como Paulo Freire, pedagogo brasileiro mais reconhecido, e Magda Soares, professor emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nadalim é conhecido por defender o controverso método fônico, que relaciona letras a sons, em detrimento do construtivista. Apesar de suas posições pessoais, Nadalim garante que vai convocar uma conferência nacional para ouvir especialistas de todas as vertentes em alfabetização, em data a ser definida.
Vélez também é entusiasta das escolas cívico-militares, um projeto que, em sua avaliação, é viável economicamente. Sem detalhar como o programa será tocado, o ministro diz que as escolas que desejarem aderir manterão seus modelos pedagógicos. A diferença, diz, virá com o modelo de gestão que será trazido por militares. Segundo ele, exemplos já existentes mostram que basta “meia dúzia” de militares para que os traficantes parem de aliciar os jovens.
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Veículo: Blog da Cidadania
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: Mais uma face do retrocesso: Ministro da Educação diz que universidades tem que ser para as elites
28 de janeiro de 2019adminDestaque, Todos os posts, Últimas notícias
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O Ministério da Educação (MEC) estuda alterar pontos da reforma do ensino médio aprovada durante o mandato de Michel Temer. Mas a proximidade com o ensino técnico, um dos pilares das mudanças propostas pelo ex-presidente, deve ser mantida e é defendida pela atual gestão para inserir os jovens mais rapidamente no mercado de trabalho. “A ideia de universidade para todos não existe”, afirma Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, em entrevista exclusiva ao Valor, a primeira desde que foi indicado ao cargo, em novembro do ano passado.
Segundo ele, não faz sentido um advogado estudar anos para virar motorista de Uber. “Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação”, diz. Para o novo comandante do MEC, o retorno financeiro dos cursos técnicos é maior e mais imediato do que o da graduação, o que pode a diminuir a procura por ensino superior no Brasil.
“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”, diz Vélez, ressaltando que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha. Segundo o ministro, não está em estudo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas é urgente reequilibrar seus orçamentos. O ministro também defende a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), iniciado por Temer.
Cercado de seus principais assessores e secretários de primeiro escalão durante a entrevista, Vélez diz que elabora apenas as diretrizes do que deverá ser a marca de sua gestão à frente do MEC, com metas alinhadas ao slogan “Menos Brasília, mais Brasil” do governo de Jair Bolsonaro. Os diagnósticos e elaboração de programas ficam a cargo de seus secretários, que ainda estão se debruçando sobre as medidas de gestões anteriores.
Além do ministro, falaram ao Valor Luiz Antônio Tozi (secretário-executivo), Tania Leme de Almeida (secretária de educação básica), Carlos Francisco de Paula Nadalim (secretário de alfabetização) e Mauro Luiz Rabelo (secretário de ensino superior).
A linha de ação central do novo governo, diz, será “uma virada brusca” do MEC para atender os municípios com apoio financeiro e técnico. “As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas”, afirma. Os detalhes que vão viabilizar a iniciativa, porém, são desconhecidos.
Tido como ministro da ala dos “ideológicos” de Bolsonaro, Vélez critica o que chama de ideologia de gênero nas escolas, que ensinam “menino a beijar menino e menina a beijar menina”. Questionado sobre a inexistência de evidências empíricas que sustentem tal tese, limitou-se a dizer que essa não é uma pauta que o interesse. “Mas se houver demanda da sociedade, vamos discutir”, diz. No ano passado, o projeto da Escola Sem Partido, principal síntese dessa linha de pensamento, foi engavetado em Comissão da Câmara. Não está descartada, porém, a volta de sua tramitação.
Vélez afirma que montou seu gabinete com “amigos de Londrina (Paraná)” e “aluninhos” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de onde vieram outros três secretários: Marco Antônio Barroso Faria, da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres); Alexandro Ferreira de Souza, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec); e Bernardo Goytacazes de Araújo, da Secretaria de Modalidades Especiais. O terceiro núcleo é formado por egressos do Centro Paulo Souza, de São Paulo.
Nascido em Bogotá, na Colômbia, Vélez tem 75 anos e se naturalizou brasileiro em 1997. Graduou-se em filosofia e teologia na Colômbia. É mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutor na mesma área pela Universidade Gama Filho, também do Rio. É professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
A prioridade dos cem primeiros dias no MEC será o programa Alfabetização Acima de Tudo, que será conduzido por Nadalim, cuja experiência anterior era como coordenador da escola de sua família em Londrina, o Mundo Balão Mágico. Ele possui um blog e canal no YouTube onde tece críticas contundentes a educadores de contribuição inquestionável, como Paulo Freire, pedagogo brasileiro mais reconhecido, e Magda Soares, professor emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nadalim é conhecido por defender o controverso método fônico, que relaciona letras a sons, em detrimento do construtivista. Apesar de suas posições pessoais, Nadalim garante que vai convocar uma conferência nacional para ouvir especialistas de todas as vertentes em alfabetização, em data a ser definida.
Vélez também é entusiasta das escolas cívico-militares, um projeto que, em sua avaliação, é viável economicamente. Sem detalhar como o programa será tocado, o ministro diz que as escolas que desejarem aderir manterão seus modelos pedagógicos. A diferença, diz, virá com o modelo de gestão que será trazido por militares. Segundo ele, exemplos já existentes mostram que basta “meia dúzia” de militares para que os traficantes parem de aliciar os jovens.
Do Valor
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Veículo: Valor Econômico
Editoria: Brasil
Data: 28/01/2019
Título: ‘Ideia de universidade para todos não existe’, diz ministro da Educação
Por Hugo Passarelli | De Brasília
Vélez: “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual” O Ministério da Educação (MEC) estuda alterar pontos da reforma do ensino médio aprovada durante o mandato de Michel Temer. Mas a proximidade com o ensino técnico, um dos pilares das mudanças propostas pelo ex-presidente, deve ser mantida e é defendida pela atual gestão para inserir os jovens mais rapidamente no mercado de trabalho. “A ideia de universidade para todos não existe”, afirma Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, em entrevista exclusiva ao Valor, a primeira desde que foi indicado ao cargo, em novembro do ano passado.
Segundo ele, não faz sentido um advogado estudar anos para virar motorista de Uber. “Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação”, diz. Para o novo comandante do MEC, o retorno financeiro dos cursos técnicos é maior e mais imediato do que o da graduação, o que pode a diminuir a procura por ensino superior no Brasil.
“As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”, diz Vélez, ressaltando que busca um modelo parecido ao de países como a Alemanha. Segundo o ministro, não está em estudo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas é urgente reequilibrar seus orçamentos. O ministro também defende a continuidade do enxugamento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), iniciado por Temer.
Cercado de seus principais assessores e secretários de primeiro escalão durante a entrevista, Vélez diz que elabora apenas as diretrizes do que deverá ser a marca de sua gestão à frente do MEC, com metas alinhadas ao slogan “Menos Brasília, mais Brasil” do governo de Jair Bolsonaro. Os diagnósticos e elaboração de programas ficam a cargo de seus secretários, que ainda estão se debruçando sobre as medidas de gestões anteriores.
Além do ministro, falaram ao Valor Luiz Antônio Tozi (secretário-executivo), Tania Leme de Almeida (secretária de educação básica), Carlos Francisco de Paula Nadalim (secretário de alfabetização) e Mauro Luiz Rabelo (secretário de ensino superior).
A linha de ação central do novo governo, diz, será “uma virada brusca” do MEC para atender os municípios com apoio financeiro e técnico. “As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas”, afirma. Os detalhes que vão viabilizar a iniciativa, porém, são desconhecidos.
Tido como ministro da ala dos “ideológicos” de Bolsonaro, Vélez critica o que chama de ideologia de gênero nas escolas, que ensinam “menino a beijar menino e menina a beijar menina”. Questionado sobre a inexistência de evidências empíricas que sustentem tal tese, limitou-se a dizer que essa não é uma pauta que o interesse. “Mas se houver demanda da
sociedade, vamos discutir”, diz. No ano passado, o projeto da Escola Sem Partido, principal síntese dessa linha de pensamento, foi engavetado em Comissão da Câmara. Não está descartada, porém, a volta de sua tramitação.
Vélez afirma que montou seu gabinete com “amigos de Londrina (Paraná)” e “aluninhos” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de onde vieram outros três secretários: Marco Antônio Barroso Faria, da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres); Alexandro Ferreira de Souza, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec); e Bernardo Goytacazes de Araújo, da Secretaria de Modalidades Especiais. O terceiro núcleo é formado por egressos do Centro Paula Souza, de São Paulo.
Nascido em Bogotá, na Colômbia, Vélez tem 75 anos e se naturalizou brasileiro em 1997. Graduou-se em filosofia e teologia na Colômbia. É mestre em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutor na mesma área pela Universidade Gama Filho, também do Rio. É professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
A prioridade dos cem primeiros dias no MEC será o programa Alfabetização Acima de Tudo, que será conduzido por Nadalim, cuja experiência anterior era como coordenador da escola de sua família em Londrina, o Mundo Balão Mágico. Ele possui um blog e canal no YouTube onde tece críticas contundentes a educadores de contribuição inquestionável, como Paulo Freire, pedagogo brasileiro mais reconhecido, e Magda Soares, professor emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nadalim é conhecido por defender o controverso método fônico, que relaciona letras a sons, em detrimento do construtivista. Apesar de suas posições pessoais, Nadalim garante que vai convocar uma conferência nacional para ouvir especialistas de todas as vertentes em alfabetização, em data a ser definida.
Vélez também é entusiasta das escolas cívico-militares, um projeto que, em sua avaliação, é viável economicamente. Sem detalhar como o programa será tocado, o ministro diz que as escolas que desejarem aderir manterão seus modelos pedagógicos. A diferença, diz, virá com o modelo de gestão que será trazido por militares. Segundo ele, exemplos já existentes mostram que basta “meia dúzia” de militares para que os traficantes parem de aliciar os jovens.
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Veículo: Minas Hoje
Editoria: Zona da Mata
Data: 28/01/2019
Link: http://minashoje.com/2019/01/ufjf-inicia-matriculas-presenciais-dos-aprovados-pelo-pism-nesta-terca/
Título: UFJF inicia matrículas presenciais dos aprovados pelo PISM nesta terça
Por Redação – 28 de janeiro de 20190
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) inicia a partir desta terça-feira (29), a matrícula presencial de aprovados na chamada regular do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism). O procedimento será realizado nos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares até a próxima sexta-feira (1º).
Conforme o curso escolhido, o candidato precisa comparecer em horários e datas específicos, publicados no cronograma da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara). (confira abaixo)
Em Juiz de Fora, as matrículas acontecem no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH). Já em Governador Valadares, os candidatos devem comparecer ao prédio da Faculdade Pitágoras, na Avenida Dr. Raimundo Monteiro Rezende, 330.
A lista da documentação necessária para a matrícula presencial e os modelos de declaração que devem ser impressos e preenchidos estão disponíveis no site da Cdara. As exigências variam de acordo com o grupo de acesso do estudante. Os candidatos devem conferir se entregou tudo que foi solicitado para evitar que a matrícula seja indeferida.
Os candidatos aprovados, na chamada regular, para ingresso no segundo semestre também devem realizar a pré-matrícula on-line e a matrícula presencial durante esta semana.
As pessoas que não foram aprovados na chamada regular devem acompanhar os editais de reclassificação. O primeiro será divulgado às 12h do dia 13 de fevereiro, no site da Cdara.
A divulgação das notas dos módulos I e II do Pism serão divulgadas no dia 12 de fevereiro, com pedidos de recurso no dia 13 e o resultado final sai no dia 20 do mesmo mês.
Cronograma matrículas Campus Juiz de Fora
Local: anfiteatro Prédio Novo ICH
Terça-feira (29):
08h30 às 10h: Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Direito;
10h às 11h30: Letras, Letras-Libras, Jornalismo, Rádio, TV e Internet, Psicologia e Serviço Social;
13h30 às 15h: Filosofia, Geografia, História, Turismo e Pedagogia.
Quarta-feira (30):
08h30 às 10h: Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design e Música;
10h às 11h30: Enfermagem, Educação Física, Medicina Veterinária e Fisioterapia;
13h30 às 15h: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia de Produção e Engenharia Computacional.
Quinta-feira (31):
08h30 às 10h: Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Sistemas de Informação;
10h às 11h30: Engenharia Elétrica, Ciência da Computação;
13h30 às 15h: Ciências Biológicas, Nutrição e Odontologia.
Sexta-feira (1º):
08h às 10h: Medicina e Farmácia;
10h às 11h30: Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental e Sanitária, Física, Matemática e Química.
13h30 às 15h: Ciências Exatas e Estatística.
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Veículo: Tearfund
Editoria: Destaques
Data: 28/01/2019
Link: http://tearfundbrasil.org/um-novo-rompimento-de-barragem-era-questao-de-tempo-afirma-pesquisador/
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
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Veículo: Inter Press Service
Editoria: Economia e Comércio
Data: 28/01/2019
Link: http://www.ipsnoticias.net/2019/01/tsunamis-mineros-se-convierten-repetidas-tragedias-brasil/
Título: Tsunamis mineros se convierten en repetidas tragedias en Brasil
Por Mario Osava
RÍO DE JANEIRO, 28 ene 2019 (IPS) – Brasil seguirá sufriendo tsunamis mineros como el que ha ocasionado la muerte de más de 300 personas en Brumadinho el 25 de enero, que repite el colapso de otro dique de residuos que provocó 19 muertes y ahogó en fango el río Doce en 2015.
Es el dramático diagnóstico de Julio Cesar Grillo, superintendente del gubernamental Instituto Brasileño de Medio Ambiente (Ibama) en Minas Gerais, el estado brasileño más afectado por la maldición de la minería, grabada en su propio nombre.
Desde 2002, en Minas Gerais, en el sureste del país, se ha roto cada dos años en promedio una de las balsas que almacenan los relaves, los residuos minerales mezclados con barro estéril.
Es un récord que concentra 25 por ciento de estos accidentes a nivel mundial, que promedia el número de dos por año, destacó Grillo a IPS.
En ese estado se localizan 220 de las 449 presas de relave incluidas en el Programa Nacional de Seguridad de Presas de la Agencia Nacional de Minería, órgano regulador del gobierno central. En total en el país hay 839 depósitos de relaves, pero los demás no se incluyen en el programa por no representar un peligro.
La rotura del embalse Fundão el 5 de noviembre de 2015 en Mariana, un municipio de 60.000 habitantes en el centro del estado, era hasta ahora la mayor catástrofe ambiental de Brasil. El fango mineral extinguió la vida a lo largo de los 500 kilómetros del río Doce, que transportó la contaminación hasta el océano Atlántico.
La letalidad casi 20 veces mayor de Brumadinho, un municipio de 39.000 habitantes a 85 kilómetros de Mariana, se debe básicamente a que el centro administrativo de la mina Feijão (frijol), explotada por la empresa Vale, estaba a 1,6 kilómetros cuesta abajo de la represa Córrego do Feijão (riachuelo del frijol).
El relave de Brumadinho era de 12,7 millones de metros cúbicos, un cuarto del volumen del de Mariana.
Los daños ambientales serán menores, pero la tragedia humana mucho peor, reconoció Fabio Schvartsman, el presidente de Vale, la principal compañía minera de Brasil y la mayor exportadora mundial de hierro, antes de conocer los datos de las pérdidas humanas.
Al estallar el dique, poco después del mediodía del viernes 25, gran parte de los trabajadores de la mina, estimados en 427 por la empresa, estaban almorzando. En pocos minutos el barro sepultó todo el complejo administrativo, incluyendo el comedor.
No sonó la alarma prevista en caso de accidentes, según sobrevivientes.
En la mañana de este lunes 28, hora local, el Cuerpo de Bomberos, que coordina la búsqueda de sobrevivientes, anunció la confirmación de 60 muertos, solo 19 identificados.
Los desaparecidos eran 292, sepultados entre una masa de entre 15 y 20 metros de barro tóxico, y se logró rescatar 192 personas, entre las cuales ha decenas de heridos.
¿Cómo fue posible construir allí el centro administrativo, una trampa en la línea de destrucción del tsunami de fango?
“Los empresarios mineros no admiten que pueda ocurrir lo peor, aunque sepan que no hay riesgo cero. Ignoran el principio de la precaución, eluden las normas y minimizan los daños. Es el capitalismo salvaje”, resumió Grillo en su diálogo con IPS
Su convicción de que las tragedias se repetirán se debe a esa actitud de las firmas mineras y la imposibilidad de aprobar una legislación adecuada, al menos en el singular caso de Minas Gerais.
Un proyecto de ley regional elaborado tras la tragedia de 2015, con participación de órganos de control como Ibama y el Ministerio Público (fiscalía), organizaciones ambientalistas y comunidades, fue rechazada en la Asamblea Legislativa de Minas Gerais, pese al apoyo de más de 50.000 firmas de electores, lamentó Grillo.
Las empresas mineras presionan a los legisladores, reconoció, coincidiendo en ello con el único diputado que votó por la propuesta, el socialdemócrata João Vitor Xavier. Los opositores al proyecto argumentaron que una ley tan rígida “volvería inviable la minería”.
Evitar nuevas tragedias mineras solo sería posible eliminando esas balsas de relave, con “la disposición en seco de los desechos”, según Grillo, ingeniero de 66 años volcado a innovaciones tecnológicas y luchas ambientales.
“Hay cinco técnicas ya comprobadas en Minas Gerais, incluso por la Vale, que le quitan agua al relave, haciéndolo casi sólido, un residuo que se puede aprovechar en la construcción, para hacer hormigón o base de pavimentación de carreteras”, explicó.
Eso incluye la filtración y otras técnicas de tratamiento que se descartan porque representarían costos adicionales.
“Podría reducir utilidades en 0,5 o uno por ciento, nada excepcional. Pero las empresas prefieren arriesgar, maximizar las ganancias”, señaló el superintendente de Ibama, en el cargo desde diciembre de 2017.
Y tragedias más graves están al acecho.
En Paracatu, 430 kilómetros al noroeste de Brumadinho, el depósito de relave es de 475 millones de metros cúbicos, 12 veces el de Fundão en Mariana, realzó Grillo.
Además, sus desechos son más letales, porque incluyen arsénico y cianuro, ya que se trata de un yacimiento de oro, no de hierro como los de Mariana y Brumadinho.
Esa mina es explotada por el grupo canadiense Kinross Gold, que controla 22 por ciento de la producción de oro en Brasil, y con presencia también en Chile, América del Norte, África y Rusia.
“Perderíamos el río São Francisco por más de un siglo”, si se rompe el dique en Paracatu, advirtió Grillo. Ese río es uno de los ríos más largos de Brasil, con una extensión total de 2.830 kilómetros, y la mayor fuente de energía eléctrica de la región del Nordeste del país.
Las muertes serian incalculables, no solo porque el barro sepultaría las poblaciones ribereñas, sino también porque se envenenaría el agua de millones de familias, en la cuenca de 641.000 kilómetros cuadrados.
Una mortandad más inmediata es un riesgo para Congonhas, 50 kilómetros al sureste de Brumadinho, donde “en cinco minutos el relave sumergiría un barrio de más de 20.000 habitantes, ubicado a 300 metros abajo del dique”, teme el ingeniero ambientalista.
La repetición de esas tragedias es previsible también para Bruno Milanez, profesor de la Universidad Federal de Juiz de Fora, la segunda mayor ciudad de Minas Gerais, por detrás de su capital, Belo Horizonte.
“No discutimos si habrá otros accidentes, sino cuando ocurrirán”, dijo en entrevista al diario Folha de São Paulo del 28 de enero. Las empresas expanden sus minas cuando sube el precio del mineral y recortan costos de mantención en la baja, luego estallan sus presas de relave, explicó el especialista, quien coordina un núcleo de investigación sobre minería y ambiente.
Belo Horizonte, con sus 2,5 millones de habitantes, está rodeada de minas que han ido rebajando sus cerros y amenazan sus aguas.
Brumadinho, a 40 kilómetros en línea recta, integra la región metropolitana. El depósito de relave estallado ahora ya contaminó el río Paraopeba, una fuente que será reemplazada por otros manantiales, aseguraron las autoridades hídricas.
El barro ahora deberá escurrir ahora hasta ser contenido en la represa hidroeléctrica de Retiro Baixo, a 220 kilómetros río abajo. “El sacrificio de esa fuente de energía evitará daños ambientales más graves”, que podrían llegar al São Francisco, comentó Grillo.
Mientras, hay minas cuyos residuos amenazan el Parque Rola Moça y las sierras del Curral y de Piedade, todas en las cercanías de Belo Horizonte.
Las maniobras empresariales dificultan la prevención de accidentes. Hay empresas que se declaran en quiebra luego de explotar los yacimientos durante algún tiempo, dejando detrás pesados pasivos ambientales.
Vale, fundada en 1942 como estatal y privatizada en 1997, es socia de la mina accidentada en Mariana y tiene otras 140 unidades en Brasil.
En el caso de Brumadinho, logró autorización para expandir la mina, presentando la propuesta junto con la desactivación del relave.
“Me abstuve en la votación porque el paquete presentado juntó un proyecto positivo y otro negativo”, porque profundizar la excavación minera contaminaría la napa freática que abastece la población aledaña, concluyó Grillo.
La tragedia humana y ambiental de Brumadinho sucedió apenas tres días después de que el presidente Jair Bolsonaro, de extrema derecha, se jastase en el Foro Económico Mundial de Davos, en Suiza de que “somos el país que más preserva el medio ambiente en el mundo”. En las redes sociales, cientos de usuarios esperan quela catástrofe sirva, al menos, para que su gobierno contenga su promesa de reducir las reglas de preservación ambiental.
Edición: Estrella Gutiérrez
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Veículo: Folha de S. Paulo
Editoria: Cotidiano
Data: 28/01/2019
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Bruno Milanez, estudioso da economia da mineração, diz que empresas não conseguem avaliar o risco de suas obras
28.jan.2019 às 2h00
Ana Carolina Amaral
SÃO PAULO
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não está no território. A Vale tem pouco poder de pressão sobre clientes, porque vende commodity. Ela obedece o preço que a China impõe, não captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor compra ação de outra empresa. Então o que a mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como as operações da Vale são concentradas no Brasil, os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o fenômeno da porta giratória: empresas contratam pessoas com cargos no governo e representantes de empresas passam a ocupar esses mesmos cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma discussão sobre terras indígenas mais ligada ao agronegócio. Acredito que até o final do governo, o setor vai tentar emplacar lei complementar à Constituição para mineração em terras indígenas. Não agora, porque está todo mundo atento por conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as obras são feitas às pressas. Quando o preço cai, empresas cortam custos de manutenção e monitoramento. Um estudo americano mostra uma tendência de pico na frequência de rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a dependência do poder das mineradoras. Precisamos reequilibrar essa correlação de forças, para que trabalhadores e comunidades tenham voz e capacidade de tomar decisão sobre o que ocorre no seu território. O modelo de mineração que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é necessário.
RAIO-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração.
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Veículo: UOL
Editoria: Cotidiano
Data: 28/01/2019
Título: Minas Gerais tem um rompimento de barragem a cada 2 anos, diz estudo.
O rompimento da barragem de minérios em Brumadinho (MG) é o primeiro de grandes proporções desde o desastre que deixou 19 mortes em Mariana, também em Minas, há três anos. O desastre ocorrido na sexta-feira (25), no entanto, é o sétimo a atingir Minas Gerais em apenas 13 anos, uma média superior a um rompimento de barragem a cada dois anos (1,85 ano).
O levantamento é parte do livro “A questão mineral no Brasil – Antes fosse mais leve a carga”, publicado em outubro de 2016, 11 meses depois do rompimento da barragem de Fundão, no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana.
Até a publicação do livro, seis rompimentos haviam ocorrido entre 2006 e 2015. Com Brumadinho, esse número é de ao menos sete. “A tabela precisa ser atualizada agora com Brumadinho”, afirmou ao UOL um dos autores do livro, o doutor em política ambiental da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Bruno Milanez, elevando para sete o número de ocorrências.
“Foi uma pesquisa baseada em documentos do Ibama e em notícias sobre o assunto em Minas Gerais. Esses dados nunca foram contestados nem apontados outros rompimentos até Brumadinho.” – Bruno Milanez, doutor em política ambiental da UFJF
Os rompimentos foram:
2006: Mineradora Rio Pomba Cataguases, na cidade de Miraí
Consequência: Vazamento de 1,2 milhão de m³ de rejeitos contaminando córregos, matando peixes e interrompendo o fornecimento de água.
2007: Mineradora Rio Pomba Cataguases, na cidade de Miarí
Consequência: Vazamento de 2,2 milhões de m³ de material que inundou as cidade de Miraí e Muriaé, desalojando mais de 4 mil pessoas
2008: Companhia Siderúrgica Nacional, na cidade Congonhas
Consequência: Rompimento da estrutura que ligava o vertedouro (escoamento) à represa da Mina Casa de Pedra, causando aumento do volume do Rio Maranhão e desalojando 40 famílias
2008: Empresa não informada pelo Ibama, na cidade de Itabira
Consequência: Vazamento de rejeito químico de mineração de ouro.
2014: Herculano Mineração, na cidade de Itabirito
Consequência: Vazamento causou a morte de três pessoas e feriu uma.
2015: Samarco Mineração, na cidade de Mariana
Consequência: Rompimento causou o derramamento de 54 milhões de m³ de rejeitos, causando 19 mortes, desalojando 600 famílias, interrompendo o abastecimento de água e afetando a fauna e a flora fluvial e marinha.
2019: Vale, na cidade de Brumadinho
Consequência: Até o fechamento da reportagem, o vazamento de 12,7 milhões m³ de rejeitos deixou 60 mortos e 292 desaparecidos. Em 1986, o rompimento de uma barragem do Grupo Itaminas, no município de Itabirito, causou a morte de sete pessoas. Em 2001, vazamentos da estrutura de rejeitos da Mineração Rio Verde, em Nova Lima, matou cinco pessoas e assoreou 6,4 km do córrego Taquaras. “Em metade dos casos de rompimento houve vítimas fatais e, em pelo menos três ocasiões, famílias foram desalojadas”, diz o estudo. “Com exceção dos dois casos de Mineradora Rio Pomba Cataguases, ocorridos em Miaraí, os outros eventos se deram no quadrilátero ferrífero, onde há maior concentração de barragens de mineração.”.
Média deve se manter
Para Milanez, a falta de uma análise de risco durante o licenciamento das barragens em Minas deve manter a frequência dos acidentes nos próximos anos porque “a flexibilização nas leis não traz esse componente.” Além da falta de estrutura para os órgãos de fiscalização, sem equipamentos e pessoal suficiente, o especialista critica o fato de a auditoria das barragens ficar a cargo das próprias companhias mineradoras.
“Por conta da falta de pessoal, os órgãos técnicos não têm condição de avaliar todos os projetos, e confiam nas auditorias feitas pelas empresas contratadas pelas próprias mineradoras” – Bruno Milanez, doutor em política ambiental da UFJF .
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: UFJF participa de encontro para discutir ações após rompimento de barragem em Brumadinho – Notícias UFJF
UFJF em 28/01/2019 11:32
Representantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participam nesta segunda-feira, dia 28, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de reunião na qual se discutirão medidas de curto e longo prazo relativas ao rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale do Rio Doce, em Brumadinho (MG).
Do encontro participarão, também, representantes das universidades Federal do Espírito Santo (Ufes) e de Ouro Preto (Ufop) e pesquisadores do Programa Participa UFMG Mariana-Rio Doce.
Da UFJF estarão presentes a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, o pesquisador e professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica, Bruno Milanez, e a pesquisadora e professora da Faculdade de Direito, Manoela Roland.
O Programa Participa UFMG Mariana-Rio Doce foi fundado após o crime ambiental ocorrido na cidade mineira de Mariana em 2015, quando uma barragem, também da Vale do Rio Doce, rompeu. Por meio dele, mais de 60 professores buscam ações de engajamento em diversas áreas.
A pró-reitora de extensão, Ana Lívia Coimbra, ressalta a importância desse encontro na UFMG mediante o cenário atual. “Nesse momento crítico é necessário a conjugação de esforços de pesquisadores, extensionistas de todas as universidades públicas mineiras para analisar esse contexto e pensar conjuntamente ações para minimizar os efeitos desse possível crime ambiental. Nesse sentido, nós estamos nos unindo à UFMG hoje em uma reunião para que a gente pense em como articular todos esses projetos que já existem após o crime ambiental ocorrido em Mariana. Para que a gente continue fazendo o trabalho que os pesquisadores fazem de alertar que Minas é um Estado de permanente ascensão por conta das relações estabelecidas entre essas mineradoras, o território, as comunidades e o próprio Governo.”
O pesquisador Bruno Milanez destaca a intenção da UFJF neste encontro. “É uma iniciativa que já surgiu em 2015, a partir do rompimento de fundão quando UFMG, Ufes e Ufop se reuniram para estabelecer uma força tarefa de ações imediatas. A Universidade pública, no seu papel, tenta apoiar as pessoas atingidas. É mais uma linha de assessoria e extensão, atendimento médico, garantias de direito e, imagino, pensar uma agenda de médio a curto prazo de pesquisa e intervenção. A proposta da nossa ida é colocar também a UFJF dentro desse esforço para entender como a nossa Universidade pode colaborar nesse trabalho.”
A professora Manoela Roland, aponta as contribuições levadas para o encontro. “Eu acho que nós estamos levando uma vontade de colaboração, inegavelmente, mas também o acúmulo de pesquisas que a gente já realizou no caso do Rio Doce identificando, inclusive, os pontos mais problemáticos que nós não gostaríamos que se repetisse agora, uma vez que a gente vai se envolver e viu que muitos pesquisadores de diversos centros de pesquisa, acabaram sendo coniventes com esse processo que favoreceu a própria empresa.”
Outras informações: (32)2102-3968 (Diretoria de Imagem Institucional-UFJF)
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: Diário do Centro do Mundo
Editoria: Essencial
Data: 28/01/2019
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, diz pesquisador da UFJF
Publicado em 28 janeiro, 2019 6:05 am
A jornalista Ana Carolina Amaral entrevistou Bruno Milanez, doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na Folha de S.Paulo.
(…)
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
(…)
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Veículo: O Morungaba
Editoria: Política
Data: 28/01/2019
Link: http://www.omorungaba.com.br/noticia/2-politica/3902-crime-em-brumadinho-era-questao-de-tempo
Título: Crime de Brumadinho era questão de tempo
Por Folha de S. Paulo – O Estado de S. Paulo – O Globo
Publicado em 28/01/2019
BRASILNEWS, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2019 – 14h10m – Horário de Verão – RESUMO DE DESTAQUES DO NOTICIÁRIO, editado pela Mais Comunicação-SP, http://www.maiscom.com (*) (COM O RESUMO DE DOMINGO, 27/1/19)
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Bruno Milanez, estudioso da economia da mineração, diz que empresas não conseguem avaliar o risco de suas obras. Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez, reporta Ana Carolina Amaral. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.” (Folha de S. Paulo)
Mais um desastre
Tragédia em Brumadinho atesta incapacidade do Estado em obrigar empresas a garantir a segurança. Ainda demorará um tanto até que o impacto humano e ambiental do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), na sexta-feira (25), possa ser propriamente avaliado.
Algumas lições preliminares, entretanto, já podem ser extraídas desse lamentável desastre. A primeira deriva do fato acabrunhante de que não se trata de tragédia inédita no gênero. Há apenas três anos o país consternou-se diante das 19 mortes e da incrível devastação desencadeadas pelo colapso de uma barragem da Samarco, que varreu do mapa a localidade de Bento Rodrigues (MG).
Pouco ou quase nada se fez desde então. A não ser, por óbvio, as suspeitas medidas usuais: instalaram-se comissões para tratar do assunto. Resultado? Nenhum. (…) Há 4.510 barragens cobertas pela PNSB e 41 órgãos com jurisdição sobre elas, mas somente 33 fazem alguma fiscalização. Meros 154 funcionários estão disponíveis para isso, e muitos deles acumulam outras atividades. No ano passado, nada mais que 3 a cada 100 desses reservatórios foram de fato visitados. (…) (Folha de S. Paulo)
Cai a chance de encontrar sobreviventes do desastre
Ninguém foi socorrido com vida neste domingo; 58 corpos foram encontrados, e há 305 desaparecidos. No terceiro dia de resgates após rompimento de barragem em Brumadinho (MG), as condições de trabalho pioraram e nenhum sobrevivente foi encontrado. Segundo o comandante da operação do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Eduardo Angelo, a chance de se localizarem pessoas com vida a partir de agora é “bem pequena”. Ele pediu, porém, que as famílias não percam a esperança. “Já aconteceu? Sim, já teve gente soterrada por mais de 30 dias, só que isso normalmente é um ponto fora da curva”, afirmou. Até o momento, 58 corpos foram localizados (17 identificados). Há ainda 305 pessoas desaparecidas. Sobreviventes resgatados são 192. Os trabalhos de resgate no domingo tiveram que ser suspensos às 5h30, quando houve alerta de rompimento da barragem 6, que armazena água. O risco foi descartado no início da tarde, mas, mesmo com a retomada dos trabalhos, houve dificuldades. “À medida que vamos avançando na lama, a gente encontra corpos. A cada corpo encontrado, agente faz o trabalho e retorna”, afirmou o comandante. A expectativa é que a partir de hoje a lama mais sólida permita aos bombeiros fazer buscas com cães farejadores.
Também poderão ser usados equipamentos de auxílio trazidos por uma missão de especialistas israelenses. Bloqueio de recursos da Vale sobe para R$ 11 bilhões. Vale terá que reestruturar imagem, dizem analistas. (Folha de S. Paulo)
Desaparecidos chegam a 305 e mortos somam 58 em MG
Equipes suspenderam resgate por quase 10 horas e nenhum sobrevivente foi encontrado no 3º dia de buscas. As buscas por sobreviventes em Brumadinho (MG) foram suspensas ontem por quase 10 horas, depois que um toque de recolher foi acionado por causa do risco de desabamento da barragem 6. Moradores tiveram de se deslocar para áreas mais altas e o acesso ao centro da cidade foi fechado. A operação de resgate foi retomada somente às 15 horas, depois de descartado o risco de desmoronamento. Com isso, nenhum sobrevivente foi localizado no terceiro dia de buscas, o que deixou parentes desesperados. “Com o passar do tempo, as chances de encontrar (pessoas vivas) diminuem”, disse o tenente- coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil.
Segundo o governo de Minas, o número de desaparecidos subiu para 305 e o de mortos, para 58 – um segundo ônibus com corpos foi localizado à noite, mas não havia informação de quantas pessoas estavam dentro dele. (O Estado de S. Paulo)
Alarme, medo e dor no ‘vale da morte’
Corpos encontrados já passam de 50. Há 305 desaparecidos. Sirenes tocaram de madrugada por risco em outra barragem. Clima na cidade é de aflição, e moradores protestam, escrevem Ana Lucia Azevedo e Cleide Carvalho.
Após o trauma do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na sexta-feira, moradores de Brumadinho foram acordados ontem por sirenes, que alertavam para o risco de colapso em outro reservatório da Vale, desta vez, de água. Cerca de três mil pessoas foram orientadas a deixar suas casas às pressas, ainda de madrugada.
Uma operação de drenagem da barragem, vizinha à que se rompeu, eliminou o risco de novo acidente. Durante toda a manhã, as buscas ficaram interrompidas e parentes de vítimas protestaram contra a falta de informações. No fim do dia, autoridades disseram que o número de corpos encontrados já chegava a 58, com mais de 300 desaparecidos. O resgate continua difícil, principalmente na área do ‘mar de lama’ próximo à barragem, aonde apenas helicópteros conseguem chegar. A prefeitura de Brumadinho teme o colapso financeiro do município. (O Globo)
Desastre deve ser o maior acidente trabalhista do país
O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, afirmou em entrevista ao O Globo, para Cássia Almeida, que o número de funcionários da Vale mortos nas instalações em Brumadinho deve transformar a tragédia no maior acidente trabalhista da História do país. O Ministério Público do Trabalho vai entrar com ação cobrando R$ 1,6 bilhão da mineradora. No total, a Justiça já bloqueou R$ 11 bilhões da companhia. A empresa diz que não se eximirá de obrigações e avalia ‘as providências cabíveis’. (O Globo)
Caso deve ser o pior acidente de trabalho do País
O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, avalia que o rompimento da barragem da Vale deve se tornar o pior acidente de trabalho do País, superando o desabamento de um pavilhão em Belo Horizonte, em 1971, quando 69 trabalhadores morreram. (O Estado de S. Paulo)
Despreparo
A tragédia de Brumadinho escancara o quanto o Brasil está despreparado para um ciclo de crescimento com responsabilidade social, que deve ser o objetivo, comenta Cida Damasco. (O Estado de S. Paulo)
Bloqueio de contas da Vale vai a R$ 11 bilhões
A Justiça determinou o bloqueio de mais R$ 5 bilhões da Vale – até agora, já são R$ 11 bilhões bloqueados. Segundo consultores, as ações da empresa começam a refletir o impacto do desastre hoje. “O mercado deve punir a Vale”, diz um deles. (O Estado de S. Paulo)
‘Nos guiamos pelo cheiro dos corpos’
“Brigadistas apontam para o barro. É um corpo. Um deles se volta para mim e penso que serei expulso. Acabei ajudando no resgate”, conta André Borges. “Estamos nos guiando pelo cheiro dos corpos”, diz um deles. (O Estado de S. Paulo)
Animais
Voluntários salvam animais e oferecem ‘energia positiva’. (Folha de S. Paulo)
Sem resultados
Política de segurança de barragens faz 8 anos sem resultados. (Folha de S. Paulo)
Precária
Fiscalização segue precária como antes, escreve José A. L. Sampaio. (Folha de S. Paulo)
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Veículo: Conversa Afiada
Editoria: Brasil
Data: 28/01/2019
Link: https://www.conversaafiada.com.br/brasil/empresas-mineradoras-se-dao-o-licenciamento
Título: Empresas mineradoras se dão o licenciamento!
Milanez: vai ser uma Brumadinho a cada dois anos!
publicado 28/01/2019
O Conversa Afiada reproduz da Fel-lha trechos de entrevista de Bruno Milanez a Ana Carolina Amaral:
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
(…) Folha: A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Bruno Milanez: Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Folha: Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Bruno Milanez: Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
Folha: O que mais precisaria mudar?
Bruno Milanez: Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Folha: Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
Bruno Milanez: As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes. (…)
Em tempo: Bruno Milanez, 43 anos, é coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração
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Veículo: Revista Bula
Editoria: Crônicas
Data: 28/01/2019
Título: O rompimento da barragem de Brumadinho não é acidente: é crime praticado pelas mineradoras e políticos
POR ÉLIDA RAMIREZ
EM CRÔNICAS
Sem dinheiro e com muitas preocupações. Assim pegamos a estrada. Passaríamos o final de semana em Tiradentes para energizar janeiro, que já na primeira quinzena parecia ter girado uma centena de dias no calendário. Assim que chegamos fomos almoçar, e antes do fim da primeira cerveja uma cena marrom tomou a televisão do restaurante. Ficamos de pé. Ver para crer. Outra vez. O rompimento de mais uma barragem de rejeitos de mineração nos lançava na lama da desolação. Eu, que habitava meus problemas particulares de modo tão intenso, quase havia me esquecido de como as irresponsáveis e gananciosas mineradoras — e os políticos eleitos por nós — negligenciam nossas vidas.
Nosso grupo de viagem, Renata e eu (jornalistas), Eugênio (meu pai, historiador), meu marido Fabrício (biólogo) e a pequena Liz, filhota de um ano, todos nascidos e criados em meio às montanhas, testemunhávamos, de pontos de vista aguçados por nossas profissões, outro crime com precedentes, cometido pelas exploradoras do minério de ferro. Embora não tivéssemos nenhuma responsabilidade direta, o senso de cidadania unia nosso estarrecimento e latejava mudo em cada um de nós. E a mesma pergunta silenciosa urrava: até quando assistiríamos à mineração tendo aval no Legislativo, Executivo e na sociedade civil para matar pessoas e destruir o meio ambiente, impunemente e por dinheiro?
Sim, são assassinos. Acidente é algo improvável e imprevisível. Estamos há 17 anos registrando rompimentos bianuais de barragens em Minas Gerais, com causas específicas ou variadas, julgados em processos que nada concluem. Não é preciso ser especialista para saber que são mais do mesmo. Estão esburacando nossa terra para sustentar a industrialização de outras nações. Possuem licença para explorar sem medida tudo o que está aí e autorização legal para monitorarem sua segurança. Ineficientemente, dadas as mortes e estragos frequentes. Mas a justiça nunca é feita, e os desastres são tratados como isolados e incontroláveis.
Balela. Para mim, todo aquele que contribui para a manutenção desse esquema carrega consigo o cheiro do sangue. E é responsável pelo desequilíbrio ambiental do País, comprometendo, inclusive, o futuro de gerações. Não entendo como dormem, sabendo que milhares de famílias, histórias e ecossistemas foram dizimados pela busca insana do lucro. Fico transtornada, mas nem por isso me perco em minha passionalidade. Estudos corroboram minhas reflexões.
Para Bruno Milanez, doutor em Política Ambiental, Mariana anunciou Brumadinho em 2015. Isso só para falar dos últimos eventos. “O projeto Mar de Lama Nunca Mais já havia feito recomendações para o fim do automonitoramento das barragens pelas mineradoras. E como nenhuma providência havia sido tomada, a gente já discutia quando um novo rompimento aconteceria, porque era certeza que ele viria”. O especialista explica ainda, de forma didática, que as mineradoras ‘descuidam’ das medidas de segurança quando há baixa no preço do produto, e não associam as fragilidades de monitoramento e de licenciamento ambiental aos rompimentos. Para ele, existe uma “visão de mundo, no setor, que barragens não se rompem. E isso fez com que a Vale, por exemplo, construísse um restaurante logo embaixo de uma delas”.
Olha, Bruno, peço licença para atravessar seu pensamento com minha revolta construtiva e indago: uma empresa siderúrgica de porte internacional, com ações valorizadas em todo o mundo, tem como precaução a cultura da fé, porque a fé não costuma falhar? Honestamente, se isso é fato, eu me preocupo ainda mais. Porém, acredito muito mais no desrespeito generalizado aliado à certeza da impunidade garantida pelo ciclo corrompido, estruturado no Estado desde a época colonial. A equação é simples: mineradoras financiam políticos. Esses, em troca, abrem as pernas na concessão de licenças e leis de fiscalização especialmente frágeis. Chefes da mineração ocupam postos em entidades reguladoras da atividade e seguem defendendo os interesses do capital. Os moradores e trabalhadores são ignorados, até mesmo nas discussões sobre as ações de impacto em suas comunidades. São iludidos pela esperança de crescimento local e se apegam à máxima de que a vida vai melhorar, e apenas executam as ordens nas minas de metais e de votos. Sem saber, são o ouro mineiro contemporâneo, pois, através da suposta democracia, viabilizam a manutenção do sistema, independente do partido que vencer a eleição. É um mecanismo de doutrinação mentiroso, que só traz boa vida àqueles que estão no topo da montanha e que não morrem em desmoronamentos. É lamentável, e talvez, incorrigível.
Hoje estamos aflitos por Brumadinho. Os olhos do mundo voltados para mais uma tragédia em nossas Minas Gerais. É tudo tão desavergonhadamente esfregado em nossas caras que, às vezes, temos dificuldade de enxergar e agir. Sinto necessidade e obrigação de reagir. Escrever, denunciar, protestar. E, ao tentar fazer isso, como cidadã, jornalista e ativista, vislumbro um cenário de pouca mudança. A imprensa está presa ao seu papel de vender o drama sem comprometer-se demais. Grandes veículos são financiados por mineradores e seus parceiros. Municípios dependem da arrecadação da atividade para sobreviver. O Executivo e Legislativo, locais e nacionais, se rebaixaram tanto que já perderam, com as calças, a moral. Nativos precisam de comida e trabalho. Até ONGS, pesquisadores e artistas já dependeram em algum momento do dinheiro sujo de lama, em forma de patrocínios. Essas empresas da morte, sob o pretexto da prosperidade, criaram um mecanismo de exploração tão sofisticadamente ramificado que terminaram infiltrados em nossa (sobre)vivência. E tiram, pouco a pouco, nosso bem mais precioso: a força desbravadora e independente do mineiro, agora preso no minério. Aquilo que já foi nosso incentivo libertário hoje é o que nos torna cada vez mais impotentes. Como podemos nos movimentar e quebrar o ciclo? A triste verdade é que não sabemos mais como existir fora do esquema desse mercado.
O problema é que ainda há muita lama para rolar. E quem pagará o preço será sempre a parte frágil. É por isso que aquele silêncio incômodo, presente em nosso grupo de viagem, ainda dorme e acorda com a gente.
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Veículo: Notícias Ao Vivo
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: Verdade sobre tragédia em Brumadinho aparece e vira ‘escândalo nacional’Para especialistas, o que aconteceu em Minas Gerais era uma “tragédia anunciada”.
Hugo Cristóvão 3 dias atrás
Nessa semana, a tragédia que atingiu a cidade de Brumadinho, Região Metropolitana de Minas Gerais, abalou o Brasil. Enquanto corpos ainda são resgatados, as primeiras perguntas sobre quem seriam os culpados já aparecem, assim como as verdades dos fatos. Para vários especialistas, o que se vê em Brumadinho é um verdadeiro escândalo.
Isso acontece porque eles creem que Brumadinho, assim como o que houve em Mariana, era uma ‘tragédia anunciada”. Para o doutor em política ambiental pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Bruno Milanez, a tragédia em Brumadinho só faltava a data para acontecer. Ele impressiona com os relatos sobre como tudo se desenrolou.
Especialistas dizem que tragédia em Brumadinho já estava anunciada
O professor diz que a academia e o Ministério Público sinalizaram sobre os riscos da mineradora e de barragens na região, mas que os gestores da Vale do Rio Doce acreditavam que o local era mesmo seguro. O acadêmico lembra o fato, por exemplo, do refeitório da empresa estar localizado embaixo da barragem.
Ele lembrou ainda que, em dezembro, houve uma licença para ampliação da capacidade da barragem de Brumadinho e fala que os governos tem dado “licenças a jato” para as companhias, tudo em novo do dinheiro, mas sem pensar no social.
Depósitos com doações a Brumadinho são saqueados por bandidos
O Brasil ainda chora a tragédia que aconteceu na região de Brumadinho, em Minas Gerais. Até o final da noite desse domingo, 27 de janeiro, as autoridades haviam confirmado pelo menos 58 mortos, além de mais de 300 pessoas desaparecidas. Em meio à tanta dor, há gente solidária. As vítimas de Brumadinho já receberam doações de todo o Brasil.
No entanto, alguns galpões lotados de doação já teriam sido saqueados por bandidos. Oficialmente, as autoridades pedem que, por hora, não enviem comida ou outros insumos para a região. A Polícia também diz para ter cuidado com mensagens no WhatsApp, que divulgam contas bancárias para ajudar a região. Esses números não seriam verdadeiros.
O golpe no WhatsApp é comum e não é novo. A mensagem diz que o internauta pode enviar qualquer quantia de dinheiro para um determinada conta bancária. No entanto, essa conta não seria para auxiliar as vítimas de Brumadinho, mas sim seria administrada por um golpista.
O resgate em Brumadinho passará a ter ajuda extra nessa segunda-feira, 28 de janeiro, quando mais de 100 militares de Israel vão ajudar na busca de corpos. Eles tem tecnologia de sonar de submarino para localizar os corpos.
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Veículo: Jornal GGN
Editoria: Economia
Data: 28/01/2019
Link: https://jornalggn.com.br/blog/jorge-alexandre-neves/vale-de-lama-quando-a-racionalidade-falha
Título: Vale de lama: quando a racionalidade falha, por Jorge Alexandre Neves
SEG, 28/01/2019 – 19:45
ATUALIZADO EM 28/01/2019 – 19:51
Vale de lama: quando a racionalidade falha, por Jorge Alexandre Neves
Em minhas aulas de introdução à Sociologia, costumo dar um exemplo relacionado ao meio ambiente para os alunos entenderem a abrangência da concepção sociológica de ação racional, em particular em contraponto à visão excessivamente parcimoniosa do conceito de Homo Economicus. Falo para os alunos sobre a diferença do consumo per capita de água em condomínios nos quais o pagamento da conta é individualizado e naqueles nos quais ele é coletivo. No primeiro caso, mantidos constantes alguns fatores (como o tamanho do imóvel), o consumo per capita de água é menor. No segundo caso, tem-se um pequeno caso de Tragedy of the Commons, no qual as pessoas sobreutilizam o recurso natural, no caso a água, pois seu benefício marginal por cada unidade de água consumida será bem maior do que o seu custo marginal. Numa situação como essa, predomina o comportamento típico do Homo Economicus e forma-se um típico “Dilema do Prisioneiro”. Este jogo deriva da racionalidade específica desse ser abstrato da economia neoclássica (ortodoxa). O interessante começa quando coloco a seguinte situação para os alunos: haverá pessoas que, mesmo diante do fato de que teriam um retorno marginal líquido muito maior sobreutilizando água, decidirão por poupá-la, pois acreditam que se está lidando com um recurso não-renovável e que, portanto, o ato da utilização parcimoniosa da água faz sentido. Tradicionalmente, na economia neoclássica essa ação seria vista como irracional, ao passo que, para nós sociólogos tem-se uma “ação racional com relação a valores”.
Um dos papas da economia neoclássica, Gary Backer, ganhador do Prêmio Nobel em 1992, publicou um interessante livro reunindo alguns de seus escritos intitulado The Economic Approach to Human Behavior. Logo na introdução, ele afirma que a análise econômica se sustenta em três pressupostos: a) os atores são racionais (agem como Homo Economicus); b) as preferências são exógenas e estacionárias e; c) os mercados são eficientes. Entre outros, Amartya Sen (Rational Fools) e Albert Hirschman (Against Parsimony) escreveram brilhantes trabalhos mostrando a limitação dessa abordagem, do ponto de vista da própria economia. Sem tocar nos demais pressupostos, acredito que o rompimento da barragem de resíduos da Vale em Brumadinho é bastante provocativo para a discussão do primeiro deles.
Recebi de dois dos muitos ex-alunos meus que trabalham hoje com consultoria na área socioeconômica, neste caso com projetos de análise e mitigação dos impactos da mineração em Minas Gerais, a seguinte mensagem:
“Hoje, fizemos umas contas sobre custos de engenharia versus custos ambientais em Mariana. Alguns especialistas dizem que uma obra preventiva em Mariana teria custado cerca de R$ 100 milhões. Estima-se que a Renova já tenha gasto em Mariana R$ 6,5 bilhões. Ou seja, 65 vezes mais. Se somarmos a isso custos indiretos, como valor de ações em mercados internacionais, a conta deve aproximar-se de R$ 10 bilhões. Sinceramente, não nos parece nem um pouco razoável a política ambiental das empresas de mineração. Aliás, a tal efetividade do setor privado pode ser vista nas horas de emergência (o setor público arcará com grande parte dos custos)”.
Mais de uma dezena de bilhões de reais da Vale já foram bloqueados pela justiça e multas milionárias já foram aplicadas pelo poder público, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho. Não há a menor dúvida de que a empresa Vale terá despesas iguais ou maiores aos bilhões de reais que já teve com o rompimento da barragem de Mariana. Por que a empresa se expõe a tal risco no lugar de providenciar obras que custariam uma minúscula fração do que irá gastar para mitigar os impactos do novo rompimento de barragem?
A entrevista do Prof. Bruno Milanez à Folha de São Paulo traz uma afirmação interessante: “Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade”. Essa fala do professor explicita a falha da racionalidade por parte de agentes do setor privado. Uma empresa como a Vale, cheia de engenheiros que, supostamente, são atores extremamente racionais, mas que terminam se sustentando em algo mais próximo de crenças.
Outros dois ganhadores do Prêmio Nobel em Economia escreveram sobre a limitação do comportamento racional instrumental. Herbert Simon discutiu os limites cognitivos da racionalidade, ao passo que Keneth Arrow analisou limites mais objetivos. Ambos mostram que a ação racional instrumental do Homo Economicus é um instrumento extremamente falho de tomada de decisão.
Golove e Eto, da Universidade da Califórnia-Berkeley, ao analisar a necessidade da regulação pública no mercado de energia, resumem bem uma das principais razões pelas quais a racionalidade falha – levando a falhas de mercado – em setores econômicos complexos:
“A ideia de cadeia de barreiras (ou falhas) pode representar terreno fértil para explicar porque análises que focam em aspectos muito específicos de mercados podem identificar apenas pequenas ineficiências enquanto que o mercado como um todo pode ser muito mais ineficiente e assim prover o potencial para alavancar de forma significativa a identificação das ligações que podem levar a intervenções produtivas” (tradução minha).
Eles resumem bem o problema central. Em situações econômicas complexas, há interações entre falhas que tornam o fenômeno muito mais complexo do que se costuma considerar. A análise de risco costuma considerar dois fatores: probabilidade e impacto. No caso da barragem de Brumadinho, a probabilidade de ocorrência de ruptura da barragem era considerada baixa, mas o impacto era sabidamente alto. Como o primeiro fator, a probabilidade, é mais difícil de mensurar, o impacto deveria ter sido mais levado em consideração. Adicionalmente, é sabido entre os especialistas em análises cognitivas na área, que, quando algo tem elevado risco (probabilidade e/ou impacto), nós, seres humanos, temos uma tendência natural de subestimá-lo. É uma falha cognitiva comum à maioria das pessoas(1).
O setor de mineração tem altíssima externalidade negativa, como essas rupturas de barragem bem mostram. Logo, as falhas de mercado tendem a ser abundantes. Mais ainda se há sérias falhas de racionalidade, como parece ser o caso. Adicionalmente, o elevado nível de competição no mercado de minério de ferro e as pressões dos acionistas em nível mundial forçam a Vale a subestimar o risco de suas operações. O gasto que a empresa já teve e ainda terá com a ruptura da barragem de Mariana somado aos gastos que terá com a ruptura da barragem de Brumadinho seria, provavelmente, mais do que suficiente para fazer obras de engenharia para reforço de todas as suas barragens com elevado risco. Infelizmente, contudo, a incapacidade de agir de maneira realmente racional (2) levará a empresa a, mais uma vez, subestimar o risco futuro.
A situação de uma grande mineradora como a Vale é aquela identificada por Jon Elster em seu livro Ulysses and the Sirens, qual seja, precisa que uma força externa lhe obrigue a agir racionalmente, controlando sua volição irracional. Para além das terríveis externalidades negativas que a ação irracional da Vale está tendo, seus próprios acionistas e gestores ganharão, no longo prazo, com o aumento da regulação e um maior rigor técnico dos órgãos públicos sobre sua atuação. O Estado brasileiro precisa salvar as pessoas e a própria empresa da ação irracional da Vale.
(1) Por sua vez, quando algo tem baixo risco, tendemos a superestimá-lo.
(2) Levando em consideração a cadeia de riscos que interagem quando se considera todas as suas barragens de resíduos.
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Veículo: Brasil 247
Editoria: Brasil
Data: 28/01/2019
Título: NOVA TRAGÉDIA-CRIME ERA QUESTÃO DE TEMPO, AFIRMA PESQUISADOR
O doutor em política ambiental pela Universidade de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez, afirma que a tragédia-crime de Mariana anunciou a tragédia-crime de Brumadinho ainda em 2015; ele diz: “a gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam”; para ele, a visão de mundo e a concepção de sociedade do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério
28 DE JANEIRO DE 2019 ÀS 07:18 // INSCREVA-SE NA TV 247
247 – O doutor em política ambiental pela Universidade de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez, afirma que a tragédia-crime de Mariana anunciou a tragédia-crime de Brumadinho ainda em 2015. Ele diz: “a gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam”. Para ele, a visão de mundo e a concepção de sociedade do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério.
Milanez diz: “eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que “a licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei. Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. ‘O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário’.”
Sobre os riscos embutidos na política frouxa de fiscalização no Brasil, ele diz: “as mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.”
Milanez também fala sobre os impactos ambientais: “aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos. É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.”
Ele acrescenta: “existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados. Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.”
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Veículo: FSAvi
Editoria: Conteúdo
Data: 28/01/2019
Link: https://www.fsavi.com.br/l/a-tragedia-e-brumadinho-era-apenas-uma-questao-de-tempo-quando-fsp/
Título: A TRAGÉDIA DE BRUMADINHO ERA APENAS UMA QUESTÃO DE TEMPO: QUANDO? – FSP
28/01/2019
TRAGÉDIA EM BRUMADINHO ENTREVISTA DA 2ª
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Bruno Milanez, estudioso da economia da mineração, diz que empresas não conseguem avaliar o risco de suas obras
Ana Carolina Amaral SÃO PAULO
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não está no território. A Vale tem pouco poder de pressão sobre clientes, porque vende commodity. Ela obedece o preço que a China impõe, não captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor compra ação de outra empresa. Então o que a mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como as operações da Vale são concentradas no Brasil, os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o fenômeno da porta giratória: empresas contratam pessoas com cargos no governo e representantes de empresas passam a ocupar esses mesmos cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma discussão sobre terras indígenas mais ligada ao agronegócio. Acredito que até o final do governo, o setor vai tentar emplacar lei complementar à Constituição para mineração em terras indígenas. Não agora, porque está todo mundo atento por conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as obras são feitas às pressas. Quando o preço cai, empresas cortam custos de manutenção e monitoramento. Um estudo americano mostra uma tendência de pico na frequência de rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a dependência do poder das mineradoras. Precisamos reequilibrar essa correlação de forças, para que trabalhadores e comunidades tenham voz e capacidade de tomar decisão sobre o que ocorre no seu território. O modelo de mineração que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é necessário.
RAIO-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração (Folha de S.Paulo, 28/1/19)
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Veículo: A Semana
Editoria: Meio Ambiente
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/2019
Por Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira / Estadão Conteúdo
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Folha de São Paulo – Versão em Espanhol
Editoria: Brasil
Data: 28/01/2019
Título: El sector minero cree que las represas no se rompen, dice especialista
‘Cuando cae el precio del mineral, las primeras áreas que sufren los cortes son mantenimiento y control’
l lodo destruye casas y las plantaciones del municipio de Brumadinho – Pedro Ladeira/Folhapress
28.ene.2019 12h21
Ana Carolina Amaral
SÃO PAULO
Mariana anunció Brumadinho en 2015, según el doctor de Política Ambiental de la Universidad Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “No se discutió si habría otros colapsos, sino cuándo ocurrirían.”
Para Milanez, la visión de mundo del sector minero impidió que los avisos de la academia y del Ministerio Público fueran tomados en serio. “Ellos creen que las represas son seguras, de verdad. Si no lo creyeran, no habrían instalado el comedor de la mina debajo de una”.
La licencia concedida en diciembre para la ampliación de obras en Brumadinho muestra, de acuerdo con Milanez, que en la práctica el licenciamiento está siendo flexibilizado, como ensayo ante el cambio de ley.
“Las empresas mineras prueban brechas para flexibilizar el licenciamiento. El ejecutivo da una cierta autonomía para “innovar”, vamos a decirlo así, y cuando estas prácticas son repetidas, se tornan medidas legales. Entonces, lo que era una excepción se convierte en regla. Se va probando, algunas veces sale bien y otras no”, explica.
El especialista asegura que, cuando cae el precio del mineral, las primeras áreas que sufren los cortes son mantenimiento y control, y defiende más participación de la comunidad en las decisiones del uso del terreno. “El modelo de minería que Brasil ha adoptado es un mal, y no es necesario”.
Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA
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Veículo: Folha de São Paulo – Versão em Inglês
Editoria: Brasil
Data: 28/01/2019
Título: Expert: Mining Companies Don’t Expect Dams To Collapse
Environmental specialist says that businesses don’t do adequate risk assessments
Jan.28.2019 4:37PM
Ana Carolina Amaral
SÃO PAULO
The 2015 Mariana dam collapse was a clear sign that the recent disaster at Brumadinho was going to happen, says Bruno Milanez, an environmental policy researcher at Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “We didn’t discuss if other collapses were going to happen, but when they would happen.”
According to him, the mining industry’s mindset prevented it from taking the warnings from academics and the State Attorney seriously. “They think that dams are safe. If they didn’t, they would put their employees’ cafeteria under one of them.”
The speed in which the license to expand Vale’s Brumadinho operation shows, says Milanez, that the rules to grant environmental permits have already been loosened for practical purposes, as a sort of trial for changing the regulations.
The mining companies are always looking for loopholes in their environmental licensing. The Executive branch gives them some autonomy to “innovate,” so to speak, and once those practices become repeated, there are legal measures to set them in the law. That’s how exceptions become rules. They try here and there. Some experiments take hold, and others don’t,” he says.
Milanez says that when ore prices fall, the first areas to get budget cuts are maintenance and monitoring. He defends that the surrounding communities have more say in how the companies use the lad. “The mining model that Brazil adopted is evil. And not a necessary one.”
Translated by NATASHA MADOV
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Veículo: Medyascope
Editoria: Notícias
Data: 28/01/2019
Título: Baraj kazasından sonra ikinci bir çöküntü tehlikesi Brezilya’da paniğe yol açtı
28 Ocak 2019
Brezilya’nın Brumadinho kasabasında aşırı yağış nedeniyle maden barajının çatlaklarından sızan çamur 58 kişinin ölümüne, 305 kişinin ise kaybolmasına neden oldu. Yaşanan çöküntüden sonra Brezilya’nın madencilik devi Vale, olası ikinci bir çöküntü ihtimaline karşı bölge sakinlerini yüksek bölgelere tahliye etti. Birçok Brezilyalı yaşanan bu son olayı, madencilik endüstrisindeki sistemin işlemediğinin bir kanıtı olarak görüyor.
Brezilya’nın maden endüstrisinin merkezi olan Minas Gerais eyaletinde bulunan Brumadinho kasabasında çöken baraja benzer 400’den fazla maden barajı bulunuyor. Üç yıl önce, buna benzer bir maden barajının patlaması sonrasında 19 kişi hayatını kaybetmişti. The New York Times’ın haberine göre Federal Juiz de Fora Üniversitesi Endüstri Mühendisliği Bölümünden Prof. Bruno Milanez bazı barajların çökmeye müsait olduğu halde yıllarca çalışmaya devam ettiğini belirtti. Milanez’e göre asıl korkutucu olan ise Mariana ve Brumadinho’daki barajlarda böyle bir tehlikenin rapor edilmemiş olması.
Afet bölgesindeki incelemeleri sonucu Çevre Bakanı Ricardo Salles maden barajları için daha sıkı tedbir ve düzenlemelerin gerektiğini belirtti. Bölge sakinlerinden Ademir Caricato ise, yaşanan olaya rağmen geçen yıl Vale yetkililerinin barajın tehlike arz etmediğini söylediklerini belirtti.
Kamuoyunda endişe sürerken, vatandaşların çok azı, Brezilya Devlet Başkanı Jair Bolsonaro’nun doğal kaynaklara zarar veren endüstrilerdeki düzenlemeleri arttıracağına dair verdiği sözü tutacağına inanıyor.
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Veículo: Câmbio Político
Editoria: Reportagens
Data: 28/01/2019
Link: https://cambiopolitico.com/tsunamis-mineros-se-convierten-en-repetidas-tragedias-en-brasil/100343/v
Título: Tsunamis mineros se convierten en repetidas tragedias en Brasil
Agregado por admin el 28-01-2019.
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Por Mario Osava
RÍO DE JANEIRO, 28 ene 2019 (IPS) – Brasil seguirá sufriendo tsunamis mineros como el que ha ocasionado la muerte de más de 300 personas en Brumadinho el 25 de enero, que repite el colapso de otro dique de residuos que provocó 19 muertes y ahogó en fango el río Doce en 2015.
Es el dramático diagnóstico de Julio Cesar Grillo, superintendente del gubernamental Instituto Brasileño de Medio Ambiente (Ibama) en Minas Gerais, el estado brasileño más afectado por la maldición de la minería, grabada en su propio nombre.
Desde 2002, en Minas Gerais, en el sureste del país, se ha roto cada dos años en promedio una de las balsas que almacenan los relaves, los residuos minerales mezclados con barro estéril.
Es un récord que concentra 25 por ciento de estos accidentes a nivel mundial, que promedia el número de dos por año, destacó Grillo a IPS.
En ese estado se localizan 220 de las 449 presas de relave incluidas en el Programa Nacional de Seguridad de Presas de la Agencia Nacional de Minería, órgano regulador del gobierno central. En total en el país hay 839 depósitos de relaves, pero los demás no se incluyen en el programa por no representar un peligro.
La rotura del embalse Fundão el 5 de noviembre de 2015 en Mariana, un municipio de 60.000 habitantes en el centro del estado, era hasta ahora la mayor catástrofe ambiental de Brasil. El fango mineral extinguió la vida a lo largo de los 500 kilómetros del río Doce, que transportó la contaminación hasta el océano Atlántico.
La letalidad casi 20 veces mayor de Brumadinho, un municipio de 39.000 habitantes a 85 kilómetros de Mariana, se debe básicamente a que el centro administrativo de la mina Feijão (frijol), explotada por la empresa Vale, estaba a 1,6 kilómetros cuesta abajo de la represa Córrego do Feijão (riachuelo del frijol).
El relave de Brumadinho era de 12,7 millones de metros cúbicos, un cuarto del volumen del de Mariana.
Los daños ambientales serán menores, pero la tragedia humana mucho peor, reconoció Fabio Schvartsman, el presidente de Vale, la principal compañía minera de Brasil y la mayor exportadora mundial de hierro, antes de conocer los datos de las pérdidas humanas.
Al estallar el dique, poco después del mediodía del viernes 25, gran parte de los trabajadores de la mina, estimados en 427 por la empresa, estaban almorzando. En pocos minutos el barro sepultó todo el complejo administrativo, incluyendo el comedor.
No sonó la alarma prevista en caso de accidentes, según sobrevivientes.
En la mañana de este lunes 28, hora local, el Cuerpo de Bomberos, que coordina la búsqueda de sobrevivientes, anunció la confirmación de 60 muertos, solo 19 identificados.
Los desaparecidos eran 292, sepultados entre una masa de entre 15 y 20 metros de barro tóxico, y se logró rescatar 192 personas, entre las cuales ha decenas de heridos.
¿Cómo fue posible construir allí el centro administrativo, una trampa en la línea de destrucción del tsunami de fango?
“Los empresarios mineros no admiten que pueda ocurrir lo peor, aunque sepan que no hay riesgo cero. Ignoran el principio de la precaución, eluden las normas y minimizan los daños. Es el capitalismo salvaje”, resumió Grillo en su diálogo con IPS
Su convicción de que las tragedias se repetirán se debe a esa actitud de las firmas mineras y la imposibilidad de aprobar una legislación adecuada, al menos en el singular caso de Minas Gerais.
Un proyecto de ley regional elaborado tras la tragedia de 2015, con participación de órganos de control como Ibama y el Ministerio Público (fiscalía), organizaciones ambientalistas y comunidades, fue rechazada en la Asamblea Legislativa de Minas Gerais, pese al apoyo de más de 50.000 firmas de electores, lamentó Grillo.
Las empresas mineras presionan a los legisladores, reconoció, coincidiendo en ello con el único diputado que votó por la propuesta, el socialdemócrata João Vitor Xavier. Los opositores al proyecto argumentaron que una ley tan rígida “volvería inviable la minería”.
Evitar nuevas tragedias mineras solo sería posible eliminando esas balsas de relave, con “la disposición en seco de los desechos”, según Grillo, ingeniero de 66 años volcado a innovaciones tecnológicas y luchas ambientales.
“Hay cinco técnicas ya comprobadas en Minas Gerais, incluso por la Vale, que le quitan agua al relave, haciéndolo casi sólido, un residuo que se puede aprovechar en la construcción, para hacer hormigón o base de pavimentación de carreteras”, explicó.
Eso incluye la filtración y otras técnicas de tratamiento que se descartan porque representarían costos adicionales.
“Podría reducir utilidades en 0,5 o uno por ciento, nada excepcional. Pero las empresas prefieren arriesgar, maximizar las ganancias”, señaló el superintendente de Ibama, en el cargo desde diciembre de 2017.
Y tragedias más graves están al acecho.
En Paracatu, 430 kilómetros al noroeste de Brumadinho, el depósito de relave es de 475 millones de metros cúbicos, 12 veces el de Fundão en Mariana, realzó Grillo.
Además, sus desechos son más letales, porque incluyen arsénico y cianuro, ya que se trata de un yacimiento de oro, no de hierro como los de Mariana y Brumadinho.
Esa mina es explotada por el grupo canadiense Kinross Gold, que controla 22 por ciento de la producción de oro en Brasil, y con presencia también en Chile, América del Norte, África y Rusia.
“Perderíamos el río São Francisco por más de un siglo”, si se rompe el dique en Paracatu, advirtió Grillo. Ese río es uno de los ríos más largos de Brasil, con una extensión total de 2.830 kilómetros, y la mayor fuente de energía eléctrica de la región del Nordeste del país.
Las muertes serian incalculables, no solo porque el barro sepultaría las poblaciones ribereñas, sino también porque se envenenaría el agua de millones de familias, en la cuenca de 641.000 kilómetros cuadrados.
Una mortandad más inmediata es un riesgo para Congonhas, 50 kilómetros al sureste de Brumadinho, donde “en cinco minutos el relave sumergiría un barrio de más de 20.000 habitantes, ubicado a 300 metros abajo del dique”, teme el ingeniero ambientalista.
La repetición de esas tragedias es previsible también para Bruno Milanez, profesor de la Universidad Federal de Juiz de Fora, la segunda mayor ciudad de Minas Gerais, por detrás de su capital, Belo Horizonte.
“No discutimos si habrá otros accidentes, sino cuando ocurrirán”, dijo en entrevista al diario Folha de São Paulo del 28 de enero. Las empresas expanden sus minas cuando sube el precio del mineral y recortan costos de mantención en la baja, luego estallan sus presas de relave, explicó el especialista, quien coordina un núcleo de investigación sobre minería y ambiente.
Belo Horizonte, con sus 2,5 millones de habitantes, está rodeada de minas que han ido rebajando sus cerros y amenazan sus aguas.
Brumadinho, a 40 kilómetros en línea recta, integra la región metropolitana. El depósito de relave estallado ahora ya contaminó el río Paraopeba, una fuente que será reemplazada por otros manantiales, aseguraron las autoridades hídricas.
El barro ahora deberá escurrir ahora hasta ser contenido en la represa hidroeléctrica de Retiro Baixo, a 220 kilómetros río abajo. “El sacrificio de esa fuente de energía evitará daños ambientales más graves”, que podrían llegar al São Francisco, comentó Grillo.
Mientras, hay minas cuyos residuos amenazan el Parque Rola Moça y las sierras del Curral y de Piedade, todas en las cercanías de Belo Horizonte.
Las maniobras empresariales dificultan la prevención de accidentes. Hay empresas que se declaran en quiebra luego de explotar los yacimientos durante algún tiempo, dejando detrás pesados pasivos ambientales.
Vale, fundada en 1942 como estatal y privatizada en 1997, es socia de la mina accidentada en Mariana y tiene otras 140 unidades en Brasil.
En el caso de Brumadinho, logró autorización para expandir la mina, presentando la propuesta junto con la desactivación del relave.
“Me abstuve en la votación porque el paquete presentado juntó un proyecto positivo y otro negativo”, porque profundizar la excavación minera contaminaría la napa freática que abastece la población aledaña, concluyó Grillo.
La tragedia humana y ambiental de Brumadinho sucedió apenas tres días después de que el presidente Jair Bolsonaro, de extrema derecha, se jastase en el Foro Económico Mundial de Davos, en Suiza de que “somos el país que más preserva el medio ambiente en el mundo”. En las redes sociales, cientos de usuarios esperan quela catástrofe sirva, al menos, para que su gobierno contenga su promesa de reducir las reglas de preservación ambiental.
Edición: Estrella Gutiérrez
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Veículo: The Irish Times
Editoria: Notícias – Mundo
Data: 28/01/2019
Título: Anger grows at mining company after Brazilian dam disaster
Death toll rises to 60 with almost 300 still missing after tragedy in Minas Gerais
Mon, Jan 28, 2019, 06:45 Updated: Mon, Jan 28, 2019, 21:37
Brazilian firefighters are picking through treacherous mud in the search for survivors or bodies after a dam collapse that buried an iron mining company’s buildings and inundated nearby neighbourhoods with ore waste.
The confirmed death toll rose to 60, with 292 people still missing, according to the fire department in the southeastern state of Minas Gerais.
No one was recovered alive on Sunday, a stark difference from the first two days of the disaster when helicopters whisked people out of the mud.
The death toll is expected to grow “exponentially”, Minas Gerais fire department said.
Search efforts were extremely slow because of the treacherous sea of reddish-brown mud that surged out when the mine dam breached on Friday afternoon.
The mud was up 24ft deep in some places, forcing searchers to walk carefully around the edges of the muck or slowly crawl on to it so they would not sink.
Rescue teams on Monday focused their searches on areas around the Vale mining company, where many workers were eating lunch when the dam ruptured.
Vale is the world’s largest producer of iron ore, the raw ingredient for making steel. The Brazilian company’s American depository shares plunged 15.8 per cent on Monday on the New York Stock Exchange.
Helicopters looking for bodies took off and landed non-stop, while on the ground, dozens of rescuers with tracking dogs were searching for bodies through the mountains of mud.
Rescue efforts were suspended for about 10 hours on Sunday because of fears that a second mine dam in Brumadinho was at risk of failing.
About 24,000 people were told to get to higher ground, but by afternoon civil engineers said the second dam no longer posed a risk.
Areas of water-soaked mud appeared to be drying out, which could help firefighters get to areas previously unreachable, but it was slow going for the search teams and some residents started searching on their own for relatives.
Throughout the weekend, there was mounting anger at Vale and questions arose about an apparent lack of a warning siren ahead of Friday’s collapse.
Vale said the area has eight sirens, but “the speed in which the event happened made sounding an alarm impossible”.
Brazil’s acting president Hamilton Mourao told reporters a government taskforce on the disaster response is looking at whether it could or should change Vale’s top management. Public-sector pension funds hold several seats on the miner’s board.
“The question of Vale’s management is being studied by the crisis group,” said Mr Mourao, who is serving as acting president for some 48 hours while president Jair Bolsonaro recovers from surgery. “I’m not sure if the group could make that recommendation.”
Senator Renan Calheiros called for Vale’s board of directors to step down and attorney general Raquel Dodge told reporters that its executives could be held responsible.
Over the weekend, courts froze about $3 billion (€2.6bn) from Vale assets for state emergency services and told the company to report on how it would help victims.
The carpet of mining waste also raised fears of widespread environmental contamination and degradation.
According to Vale’s website, the waste is composed mostly of sand and is non-toxic, but a UN report found that the waste from a similar Brazilian disaster in 2015 “contained high levels of toxic heavy metals”.
That dam, operated by Vale and Australian mining company BHP Billiton, collapsed in the city of Mariana in Minas Gerais, killing 19 people and forcing hundreds from their homes.
About 250,000 people were left without drinking water and thousands of fish died. An estimated 60 million cubic meters of waste flooded nearby rivers and eventually flowed into the Atlantic Ocean. – Agencies
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Veículo: Minas Hoje
Editoria: Capital
Data: 29/01/2019
Link: http://minashoje.com/2019/01/tecnica-de-construcao-de-barragem-era-igual-em-brumadinho-e-mariana/
Título: Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana
Por Redação – 29 de janeiro de 20190
Em três dias, foram localizados 60 corpos da lama de barragem rompida em Brumadinho
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Brasil Agro
Editoria: Meio Ambiente
Data: 29/01/2019
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não está no território. A Vale tem pouco poder de pressão sobre clientes, porque vende commodity. Ela obedece o preço que a China impõe, não captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor compra ação de outra empresa. Então o que a mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como as operações da Vale são concentradas no Brasil, os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o fenômeno da porta giratória: empresas contratam pessoas com cargos no governo e representantes de empresas passam a ocupar esses mesmos cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma discussão sobre terras indígenas mais ligada ao agronegócio. Acredito que até o final do governo, o setor vai tentar emplacar lei complementar à Constituição para mineração em terras indígenas. Não agora, porque está todo mundo atento por conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as obras são feitas às pressas. Quando o preço cai, empresas cortam custos de manutenção e monitoramento. Um estudo americano mostra uma tendência de pico na frequência de rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a dependência do poder das mineradoras. Precisamos reequilibrar essa correlação de forças, para que trabalhadores e comunidades tenham voz e capacidade de tomar decisão sobre o que ocorre no seu território. O modelo de mineração que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é necessário.
RAIO-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração (Folha de S.Paulo, 28/1/19)
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Veículo: Estadão
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Obsoleta, técnica de construção de barragem era a mesma em Brumadinho e Mariana
Depósitos foram erguidos com método mais barato e de risco; MG vetou formato para novas licenças em 2016
O Estado de S. Paulo, O Estado de S.Paulo
29 Janeiro 2019 | 03h00
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
A única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo
Luciano Siani, Diretor financeiro da Vale
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. / BRUNO RIBEIRO, DENISE LUNA, GIOVANA GIRARDI, JOSÉ MARIA TOMAZELA, MARCO ANTÔNIO CARVALHO e VICTOR VIEIRA
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Veículo: Portal Mantena
Editoria: Mantenense Ausente
Data: 29/01/2019
Link: http://www.portalmantena.com.br/novo/?p=43088
Título: Mantenense Ausente é 1º lugar em Jornalismo pela UFJF
29 de janeiro de 2019
Estamos felizes pela vitória da nossa amiga, a jovem mantenense ausente Carol Rangel, filha do casal mantenense Dr. Carlos & Deila, que conquistou mais um resultado positivo em sua vida.
Ela foi a primeira colocada no vestibular para o Curso de Jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.
E como sua mãe mesmo disse, em sua rede social, “A Deus toda honra e toda glória por sua vida, seu testemunho e suas conquistas. Alegre, amiga, centrada, sonhadora, romântica sonha alto e ao longo de sua vida estudantil fez grandes conquistas e ao encerrar seu Ensino Médio conquista o Primeiro Lugar em Jornalismo na UFJF pelo ENEM.
Não temos dúvidas que sua vida acadêmica será pautada de grandes vitórias. Parabéns filha amada, siga em frente em busca dos seus sonhos.
Deus continue te abençoando!”. Parabéns Carol.
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Veículo: Diário Regional
Editoria: Cidade
Data: 29/01/2019
Título: Situação das barragens em Juiz de Fora será discutida
Por Caroline Delgado 29 De Janeiro De 2019
Com a tragédia em Brumadinho na última sexta-feira, 25, que deixou até o momento 65 pessoas mortas e 279 desaparecidos, após o rompimento da barragem I do Córrego do Feijão, a população de Juiz de Fora começou a questionar a situação das barragens na cidade.
De acordo com as organizações, em Juiz de Fora, existem, pelo menos, oito barragens. São elas: as barragens de abastecimento das represas, Chapéu d’Uvas e Dr João Penido, cujo a Companhia Municipal de Saneamento (Cesama) é responsável. Já a Votorantim e Nexa Resources são encarregados por duas barragens de rejeitos de Juiz de Fora: a barragem da Pedra e a barragem dos Peixes, que se encontra inativa. Além disso, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) administra as barragens das usinas hidrelétricas de Joasal e Marmelos.
Diante disso, alguns membros públicos protocolaram um pedido de audiência pública para ‘discutir a real situação das barragens de Juiz de Fora’. Um deles é o vereador Marlon Siqueira (MDB), que por meio da assessoria, informou que recebeu notificações de vários juiz-foranos. “Só com boa informação combatemos o pânico e garantimos o acesso aos direitos. Após a calamidade de Brumadinho, recebi diversos pedidos de informação de moradores próximos a essas barragens, preocupados com a situação. Na função fiscalizatória do vereador, não poderia me furtar em promover este debate”.
No requerimento de solicitação, o vereador pede que seja considerados a comoção popular e “o imenso e catastrófico impacto humano, ambiental e social de calamidades como o rompimento de barragens” Foram convocados e convidados para a audiência representantes da Secretaria do Meio Ambiente, Atividade Urbanas, Cesama, Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e entre outras empresas. O pedido da reunião foi solicitado.
A reportagem do Diário Regional entrou em contato com a Cesama, Cemig e Nexa e aguarda retorno.
Relatório mostra 45 barragens com risco de rompimento no Brasil
Em um relatório divulgado pela Agência Nacional das Águas (ANA), no fim de 2018, mostrou que o risco de rompimento das barragens no Brasil subiu de 25 para 45. De acordo com os dados, o país possui mais de 24 mil barragens.
Das 45 barragens que estão vulneráveis, cinco delas estão em Minas Gerais. Pelo relatório, as barragens Minas Engenho 1 e 2, em Nova Lima, B2 e B2, em Rio Acima apresentam algum tipo de problemas. Na lista, no entanto, não consta a barragem Mina do Feijão, em Brumadinho, que se rompeu na última sexta-feira, 25.
Ainda de acordo com o relatório, em 2017, 780 barragens foram fiscalizadas por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente ou por três agências reguladoras federais. No caso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), não foi classificada como crítica.
Cerca de 3.543 barragens foram classificadas por categoria de risco e 5.459 quanto ao dano potencial associado, sendo que 723 foram classificadas simultaneamente como de risco e alto potencial de dados.
O documento divulgado pela ANA se baseia em informações enviadas pelas entidades ou órgãos fiscalizadores de segurança de barragens no Brasil. O documento é remetido pela agência ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que o remete ao Congresso Nacional.
Encontro
Nessa segunda-feira, 28, representantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participaram de uma reunião cujo tema era ‘Medidas de curto e longo prazo relativas ao rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale do Rio Doce, em Brumadinho.
Outras faculdades também estiverem presentes. Da UFJF, a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, o pesquisador e professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica, Bruno Milanez, e a pesquisadora e professora da Faculdade de Direito, Manoela Roland compareceram ao debate.
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Veículo: Associação Congregação de Santa Catarina
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Link: http://congregar.acsc.org.br/aluna-do-csc-alcanca-pontuacao-maxima-na-redacao-do-enem
Título: Aluna do CSC alcança pontuação máxima na redação do Enem
Postado por admin
De todos os estudantes que realizaram o Enem 2018, apenas 0,0013% alcançou a pontuação máxima na redação. Neste grupo está Amabile Cirilo da Silva, 17 anos, aluna do Colégio Santa Catarina (MG), onde estudou nos últimos três anos. Com o excelente desempenho, a jovem espera garantir vaga pelo Sisu no curso de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A jovem conta que quando acessou o resultado do Enem, não acreditou no que viu. “Chamei minha mãe e disse que achava que tinha tirado mil. Aí ela disse: acha, não, você tirou mil. Demorei para acreditar”, conta entre risos. “A gente sempre espera um bom resultado, ainda mais que eu me esforcei e estudei bastante, mas nota máxima, eu realmente não imaginava. Foi uma feliz surpresa”.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, 112.559 candidatos zeraram a redação. Neste grupo, encontra-se Amabile, junto com outras 54 pessoas que obtiveram a nota máxima, dois a mais que no ano anterior. O tema da dissertação – “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da internet” -, chegou a assustar a aluna do CSC. “Levei um susto quando li pela primeira vez, porque ninguém esperava aquela temática. Cheguei a ficar com medo, mas aí eu reli os textos motivacionais com calma, e comecei a pensar em outros assuntos, que poderia usar, sem tangenciar. Até porque não é difícil falar de tecnologia e computador, não é? São questões bem ligadas à nossa realidade”, explica a jovem, revelando que falou um pouco de Fake News e usou a Escola de Frankfurt como argumento.
Professor de Literatura de Amabile no primeiro ano do Ensino Médio e, depois, professor particular de Redação, Eliandro Andrade, fala da satisfação de ver a jovem colhendo o fruto que semeou. “A Amabile tem uma característica capaz de promover o sucesso: a insistência. Desistir não fazia parte do seu processo educacional, pois, mesmo doente, literalmente ‘quebrada’, não deixava de frequentar as aulas e mantinha as redações em dia. Ela é símbolo de luta, dedicação, insistência, características necessárias para o sucesso em todas as instâncias da vida.”
O Diretor do CSC, Flávio Sousa, também deixou o seu recado à aluna. “A excelência nos resultados é uma construção feita a muitas mãos e com muita generosidade. Temos que reconhecer o esforço e a disciplina do estudante. Há o papel importante da escola, desde o Infantil até o Ensino Médio, com professores generosos, buscando oferecer o máximo de repertório possível aos alunos. E há a família, de onde vem a base e que se esforça, inclusive financeiramente, para oferecer uma educação de qualidade aos seus filhos. O Colégio Santa Catarina celebra e reconhece o papel de todos e todas nessas conquistas. Somos muito gratos pela confiança. E abraçamos cada um, certos de que o tempo sempre reconhecerá o esforço genuíno de todos”.
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Link: https://jfclipping.com.br/2019/01/29/situacao-das-barragens-em-juiz-de-fora-sera-discutida/
Título: Situação das barragens em Juiz de Fora será discutida
Diário Regional em 29/01/2019 09:27
Com a tragédia em Brumadinho na última sexta-feira, 25, que deixou até o momento 65 pessoas mortas e 279 desaparecidos, após o rompimento da barragem I do Córrego do Feijão, a população de Juiz de Fora começou a questionar a situação das barragens na cidade.
De acordo com as organizações, em Juiz de Fora, existem, pelo menos, oito barragens. São elas: as barragens de abastecimento das represas, Chapéu d’Uvas e Dr João Penido, cujo a Companhia Municipal de Saneamento (Cesama) é responsável. Já a Votorantim e Nexa Resources são encarregados por duas barragens de rejeitos de Juiz de Fora: a barragem da Pedra e a barragem dos Peixes, que se encontra inativa.
Além disso, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) administra as barragens das usinas hidrelétricas de Joasal e Marmelos.
Diante disso, alguns membros públicos protocolaram um pedido de audiência pública para ‘discutir a real situação das barragens de Juiz de Fora’. Um deles é o vereador Marlon Siqueira (MDB), que por meio da assessoria, informou que recebeu notificações de vários juiz-foranos. “Só com boa informação combatemos o pânico e garantimos o acesso aos direitos. Após a calamidade de Brumadinho, recebi diversos pedidos de informação de moradores próximos a essas barragens, preocupados com a situação. Na função fiscalizatória do vereador, não poderia me furtar em promover este debate”.
No requerimento de solicitação, o vereador pede que seja considerados a comoção popular e “o imenso e catastrófico impacto humano, ambiental e social de calamidades como o rompimento de barragens” Foram convocados e convidados para a audiência representantes da Secretaria do Meio Ambiente, Atividade Urbanas, Cesama, Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e entre outras empresas. O pedido da reunião foi solicitado.
A reportagem do Diário Regional entrou em contato com a Cesama, Cemig e Nexa e aguarda retorno.
Relatório mostra 45 barragens com risco de rompimento no Brasil
Em um relatório divulgado pela Agência Nacional das Águas (ANA), no fim de 2018, mostrou que o risco de rompimento das barragens no Brasil subiu de 25 para 45. De acordo com os dados, o país possui mais de 24 mil barragens.
Das 45 barragens que estão vulneráveis, cinco delas estão em Minas Gerais. Pelo relatório, as barragens Minas Engenho 1 e 2, em Nova Lima, B2 e B2, em Rio Acima apresentam algum tipo de problemas. Na lista, no entanto, não consta a barragem Mina do Feijão, em Brumadinho, que se rompeu na última sexta-feira, 25.
Ainda de acordo com o relatório, em 2017, 780 barragens foram fiscalizadas por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente ou por três agências reguladoras federais. No caso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), não foi classificada como crítica.
Cerca de 3.543 barragens foram classificadas por categoria de risco e 5.459 quanto ao dano potencial associado, sendo que 723 foram classificadas simultaneamente como de risco e alto potencial de dados.
O documento divulgado pela ANA se baseia em informações enviadas pelas entidades ou órgãos fiscalizadores de segurança de barragens no Brasil. O documento é remetido pela agência ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que o remete ao Congresso Nacional.
Encontro
Nessa segunda-feira, 28, representantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participaram de uma reunião cujo tema era ‘Medidas de curto e longo prazo relativas ao rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale do Rio Doce, em Brumadinho.
Outras faculdades também estiverem presentes. Da UFJF, a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, o pesquisador e professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica, Bruno Milanez, e a pesquisadora e professora da Faculdade de Direito, Manoela Roland compareceram ao debate.
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 29/01/2019
Título: Começa matrícula presencial dos aprovados no Pism
Processo vai até a próxima sexta-feira (1 de fevereiro). Alunos devem se atentar a horário e data para matrícula
Por Tribuna
29/01/2019 às 10h53- Atualizada 29/01/2019 às 19h02
Começaram, nesta terça-feira (29), as matrículas presenciais dos candidatos aprovados do módulo III do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) da UFJF. As matrículas vão até a próxima sexta-feira (1º de fevereiro), nos campus de Juiz de Fora e Governador Valadares. O cronograma com as datas e horários de cada curso está disponível na página da Cdara, onde também está a lista da documentação necessária para a matrícula. Os documentos exigidos variam de acordo com o grupo de vagas do candidato.
Matrícula presencial, feita no prédio novo do ICH, movimenta campus da UFJF nesta terça-feira (Foto: Olavo Prazeres)
As matrículas começam às 8h30 e vão até as 15h, todos os dias, divididas por cursos. Em Juiz de Fora, o procedimento é realizado no anfiteatro do novo prédio do Instituto de Ciências Humanas (ICH). Os primeiros candidatos que precisarão ir até o local são os aprovados em bacharelado interdisciplinar em ciências humanas e direito.
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Veículo: IstoÉ Dinheiro
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/19 – 11h15
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Segurança Ocupacional ES
Editoria: Saúde e Segurança do Trabalho
Data: 29/01/2019
Título:
Acidente de trabalho em Brumadinho, MG. Este blog reafirma seu slogan: “segurança do trabalho: o que vale é a prevenção”, mas a Vale não pensa assim
29 de janeiro de 2019 | Saúde e Segurança do Trabalho | Bruno, de, Federal, Fora, Juíz, MG, Milanez, negligência, riscos, SESMT, Universidade | 3 Comentários |
Por Emily Sobral
Twitter: @EmilySobral Periscope: @emiliasobral61
Estou cobrindo o setor de segurança do trabalho há exatos 10 anos. De lá até hoje o que vejo são as empresas que cumprem as normas regulamentadoras de segurança ocupacional porque são obrigadas, para não serem fiscalizadas e multadas. Sim, há muitas companhias que entendem que investir em saúde e segurança de seus trabalhadores reduz afastamentos e punições. Há um estudo que mostra que para cada real que uma empresa investe em segurança do trabalho, haverá quatro de retorno. Mas, mesmo assim, há outras que não querem saber se a legislação que protege o empregado contra os riscos do ambiente existe.
O Brasil é um país incomparável para o bem e para o mal. Já, as grandes empresas mantêm um aparato de segurança do trabalho denominado Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), que conta com uma equipe de profissionais para avaliar os riscos e propor medidas protetivas. Então, como entender a tragédia da mineradora da Vale, em Brumadinho, em MG, que figurará como um dos maiores acidentes de trabalho da história do País? Depois de cinco dias de buscas já foram encontrados 65 corpos de trabalhadores e 279 ainda estão desaparecidos. Haja paciência com o descaso, com a falta de análise segura, com a negligência, com a ganância e com a incompetência brasileiras!
O setor de mineração é seguramente de alto risco e, o principal, é o rompimento da barragem. Segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez, em entrevista ontem ao portal UOL, “existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair”. O doutor explicou ainda que as barragens são construídas com a técnica à montante, que é o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, o usado em Brumadinho. O resultado disso o mundo está vendo agora. Que fique uma lição desta tragédia: análise de risco e ações preventivas eficientes, não para acionista ver.
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Veículo: Banda B
Editoria: Nacional
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Super Notícia
Editoria: Cidades
Data: 29/01/2019
Título: Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana
Depósitos foram erguidos com método mais barato e de risco; MG vetou formato para novas licenças em 2016
PUBLICADO EM 29/01/19 – 08H54
Estadão Conteúdo
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: O Tempo
Editoria: Cidades
Data: 29/01/2019
Título: Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana
Depósitos foram erguidos com método mais barato e de risco; MG vetou formato para novas licenças em 2016
PUBLICADO EM 29/01/19 – 08h54
ESTADÃO CONTEÚDO
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Tribuna do Interior
Editoria: Cotidiano
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado 29/01/2019 às 11:15 – por Estadao Conteudo
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Blog da Cidadania
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Construção de Mariana e Brumadinho tinham a mesma técnica obsoleta
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
Do Estadão
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Veículo: Jornal do Comércio
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Jornal do Cruzeiro
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/2019 12:00
Técnica de alteamento à montante é considerada obsoleta e de maior risco por especialistas
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Jornal de Brasília
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Brasil – 29/01/19 – 11:15
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: IstoÉ
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Link: https://istoe.com.br/barragens-que-ruiram-em-brumadinho-e-mariana-tinham-modelo-ultrapassado/
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/19 – 11h15 – Atualizado em 29/01/19 – 11h35
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: A Crítica
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Jornal do Oeste
Editoria: Cotidiano
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Tribuna da Bahia
Editoria: Cidade
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura
Tribuna da Bahia, Salvador
29/01/2019 13:13 | Atualizado há 6 dias, 3 horas e 52 minutos
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Racismo Ambiental
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
28 de janeiro de 2019 Destaque, Racismo Ambiental Combate Racismo Ambiental
Bruno Milanez*, estudioso da economia da mineração, diz que empresas não conseguem avaliar o risco de suas obras
Por Ana Carolina Amaral, Folha de S. Paulo
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não está no território. A Vale tem pouco poder de pressão sobre clientes, porque vende commodity. Ela obedece o preço que a China impõe, não captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor compra ação de outra empresa. Então o que a mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como as operações da Vale são concentradas no Brasil, os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o fenômeno da porta giratória: empresas contratam pessoas com cargos no governo e representantes de empresas passam a ocupar esses mesmos cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma discussão sobre terras indígenas mais ligada ao agronegócio. Acredito que até o final do governo, o setor vai tentar emplacar lei complementar à Constituição para mineração em terras indígenas. Não agora, porque está todo mundo atento por conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as obras são feitas às pressas. Quando o preço cai, empresas cortam custos de manutenção e monitoramento. Um estudo americano mostra uma tendência de pico na frequência de rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a dependência do poder das mineradoras. Precisamos reequilibrar essa correlação de forças, para que trabalhadores e comunidades tenham voz e capacidade de tomar decisão sobre o que ocorre no seu território. O modelo de mineração que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é necessário.
Raio-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração.
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Veículo: JCNET.com.br
Editoria: Nacional
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Estadão Conteúdo
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Bonito.net
Editoria: Artigos
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
2019-01-29 15:00:18
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Repórter Diário
Editoria: Cidades
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Da Redação há 6 dias Cidades
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: O Diário
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Correio do Papagaio
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo
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Veículo: Leia Agora
Editoria: Meio Ambiente
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29 de janeiro de 2019
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
Direto Estadão conteúdo, Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi e José Maria Tomaze
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Veículo: Folha da Região
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
por Agência Estado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Folha Vitória
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração
Redação Folha Vitória
29 de Janeiro de 2019 às 11:18 Atualizado 29/01/2019 15:13:03
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Diário da Jaraguá
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo
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Veículo: Dom Total
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo
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Veículo: Diário dos Campos
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/2019 às 11:19 – por Agência Estado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo
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Veículo: Jornal do Brasil
Editoria: País
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Infomoney
Editoria: Economia e Política
Data: 29/01/2019
Título: Culpar Bolsonaro por Brumadinho é uma catástrofe intelectual
Não dúvidas de que as omissões da Vale e do poder público são o motivo número 1 de revolta da população. Causa também revolta, em qualquer pessoa intelectualmente honesta – seja de esquerda ou de direita -, a exploração política da tragédia
Causa revolta a tragédia de Brumadinho (MG) se repetir três anos depois do desastre de Mariana. Causa mais revolta ainda a tragédia ser causada pelo fator humano, e não por variáveis incontroláveis da natureza, como terremotos e furações. De outro modo: vidas poderiam ter sido salvas.
Conforme relatado pelo pesquisador Bruno Milanez, em entrevista à Folha de São Paulo, o desastre em Brumadinho decorreu das tentativas das mineradoras em i. flexibilizar o licenciamento (“testam brechas”), ii. da falta de percepção de risco das empresas do setor, iii. do autolicenciamento (estudo ambiental é feito por empresas contratadas pelas mineradoras), iv. da falta de distanciamento entre barragens e comunidades e v. da construção de degraus adicionais após o licenciamento (Brumadinho começou com 18 metros e terminou com 85 metros) . O que tem em comum entre esses casos? O fator humano, numa combinação perversa entre irresponsabilidade das empresas com leniência do setor público.
Não há dúvidas de que as omissões da Vale e do poder público são o motivo número 1 de revolta da população brasileira. Causa também revolta, em qualquer pessoa intelectualmente honesta – seja de esquerda ou de direita -, a exploração política da tragédia. Setores do jornalismo colocam Bolsonaro como o grande culpado pelo desastre, mesmo que ele tenha apenas menos de um mês de governo, e as fiscalizações e licitações ocorreram anterior ao seu mandato. Chegamos ao cúmulo de Bolsonaro ser culpado pelo o que ele pensa sobre o meio ambiente.
Atribuir esse tipo de culpa a Jair Bolsonaro é uma vigarice intelectual por dois motivos. Primeiro, porque ninguém pode ser condenado por um pensamento, e sim pelos seus atos. Culpar o pensamento de Bolsonaro sobre questões ambientais, por uma tragédia claramente originada em governos anteriores, é admitir que já vivemos no romance 1984 (George Orwell), no qual existe o “pensamento crime”. Alguns poderiam dizer: “Ah, mas se ele pensa assim, mais tragédias irão ocorrer”. Recorrendo a um pouco de lógica, pergunta-se: como alguém já pode ser julgado por futuras tragédias que ainda não ocorreram?
Outro motivo de desonestidade intelectual é relacionar diretamente flexibilização ambiental com leniência com grandes questões de meio ambiente. Não necessariamente flexibilização ambiental significa permitir leis frouxas para a construção de barragens. Conforme defendido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a ideia é flexibilizar e desburocratizar questões menores, justamente para os técnicos terem mais tempo e recursos para avaliar questões de grande impacto ambiental, como as barragens, por exemplo.
Aliás, diga-se de passagem, a pauta ambiental é prioridade entre os conservadores, conforme observou Roger Scruton. De acordo com o filósofo inglês, os conservadores querem preservar o meio ambiente, pois “acreditam que a coisa mais importante que os vivos podem fazer é radicar-se, construir um lar deixa-lo como legado para os filhos” (ver “como ser um Conservador)”.
Ora, se a preocupação com o meio ambiente é uma pauta conservadora, por que justamente os conservadores são os primeiros a serem culpados pelas questões ambientais? Segundo Scruton, é que a causa conservadora “foi poluída pela ideologia do grande capital, por ambições globais das empresas multinacionais e pela supremacia da economia sobre o pensamento dos políticos modernos”. Além desses fatores, segundo ele, “a verdade no ambientalismo foi obscurecida pela propaganda alvoroçada dos ambientalistas e pela imensidão de problemas que nos apresentam”.
Apesar da disputa de quem é o dono da causa e das divergências entre conservadores e ambientalistas, Scruton mostra que é possível uma convergência de pensamento entre ambos. Para ele, o sentimento de pertença a um território une conservadores e ambientalistas por uma mesma causa. Dessa forma, num processo espontâneo, de baixo para cima, a população cobrará leis e fiscalização mais duras das autoridades locais a fim de garantirem a preservação ambiental.
É importante salientar que o culpado pelas catástrofes ambientais não é o livre mercado em si, mas justamente o capitalismo de compadrio fomentado pela relação promíscua entre interesses privados e estatais. É perfeitamente possível haver desenvolvimento capitalista com respeito ao meio ambiente. Alguns países altamente desenvolvidos economicamente, com muito mais livre mercado que o Brasil, têm um senso de preservação ambiental bem maior que o nosso. É o caso dos americanos pressionado o Congresso para a construção e parques nacionais, das iniciativas na Noruega e Suécia no uso de energia limpa, da Irlanda que adotou uma legislação restritiva a sacolas de polietileno, entre outros exemplos (ver Scrutton, Como ser um Conservador).
Dessa forma, a flexibilização ambiental pode ser benéfica, na medida em que permite mais desenvolvimento econômico (geração de renda e emprego), desde que não traga riscos a vidas humanas e à natureza. Portanto, antes de criticar Bolsonaro por suas posições ambientais, deve-se entender melhor qual é o posicionamento do atual governo nessas questões, compreendendo que há gradações de flexibilizações ambientais.
Tratar “flexibilização ambiental”, sem fazer as devidas distinções entre os casos – poda de árvore é diferente de construção de barragens – ou é um raciocínio simplista, ou é desonestidade intelectual. Diga-se de passagem, conforme observou o jornalista Caio Copolla, a pronta resposta do governo federal em Brumadinho foi impecável (aqui).
Por fim, a ideologização dessa questão não vai levar a nada – a não ser benefício a grupos de interesse. Culpar o atual governo pela catástrofe é desonesto intelectualmente, mas cobrá-lo daqui para frente é um exercício propositivo de cidadania a fim de evitar novas catástrofes.
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Veículo: Terra
Editoria: Cidades
Data: 29/01/2019
Título: Brumadinho: barragem era do mesmo tipo obsoleto que Mariana
Depósitos foram erguidos com método mais barato e de risco; MG vetou formato para novas licenças em 2016
O Estado de S. Paulo
29 JAN 2019
03h10
atualizado às 07h47
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento a montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento a montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. / BRUNO RIBEIRO, DENISE LUNA, GIOVANA GIRARDI, JOSÉ MARIA TOMAZELA, MARCO ANTÔNIO CARVALHO e VICTOR VIEIRA
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Veículo: Diário do Centro do Mundo
Editoria: O Essencial
Data: 29/01/2019
Título: Crime: obsoleta, técnica de construção de barragem era a mesma em Brumadinho e Mariana
Publicado em 29 janeiro, 2019 8:02 am
O Estado de S.Paulo informa que as barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração. Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
De acordo com a publicação, segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo, completa o Estadão.
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Veículo: Correio do Povo
Editoria: Notícias – Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens de Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado, diz balanço de 2016
Dados da Secretaria de Meio Ambiente de MG apontam que estruturas tinham maior risco de ruptura
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração. Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No país, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Promessa em 2016
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Na segunda-feira, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.” Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado. O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender essas solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método.
Procurada na segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Carta Capital
Editoria: Economia
Data: 29/01/2019
Título: A explosão das commodities gerou minas mais inseguras no Brasil
POR RFI
Muitas são antigas e defasadas, outras foram construídas às pressas. A segurança piorou quando o minério caiu de preço
A rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), expõe mais uma vez as falhas do modelo de mineração de grande porte no Brasil. Muitas barragens são antigas e defasadas, como a acidentada, e outras são resultado de um procedimento acelerado de construção, para a atender à demanda internacional do boom das commodities, nos anos 2000. O resultado são obras duvidosas do ponto de vista dos riscos.
As grandes corporações, como a Vale, promoveram uma corrida para suprir principalmente a expectativa de demanda por minério de ferro da China, maior importadora mundial, para sustentar o crescimento espetacular do país na última década.
“A China tem um papel fundamental nessa expansão, que acontece em dois níveis: na economia real e na economia especulativa. Ambas, juntas, estimulam a expansão mineral no Brasil. À medida que existe a expectativa de preços, que nas commodities são voláteis, as empresas têm grande pressa em expandir as suas minas ou abrir minas novas para aproveitar o período de bonança”, explica o pesquisador Bruno Milanez, especialista da Universidade Federal de Juiz de Fora na interação entre a mineração, a economia e o ambiente.
“Muitas obras são feitas a toque de caixa e aumenta muito a pressão sobre os órgãos reguladores. Consequentemente, o que se espera é que as obras construídas durante essa etapa tendem a ter mais falhas.”
Modelo ineficaz
Além disso, nessa corrida contra o tempo, muitas mineradoras contraíram dívidas abissais e, quando os preços do minério caíam, os primeiros setores a sofrer cortes eram os de manutenção e segurança. Milanez ressalta que esse descuido foi “claramente” o que levou à tragédia na barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, há três anos.
“Pela experiência latino-americana, é um modelo que não funciona, do ponto de vista de segurança, de desenvolvimento e até de crescimento econômico de longo prazo”, resume Milanez. “Há pesquisadores que trabalham com a hipótese de sairmos desse extrativismo irresponsável e irmos para o extrativismo do necessário. Seria buscarmos trabalhar em escalas menores, voltadas para as necessidades do consumo nacional e regional. Isso já diminuiria consideravelmente os impactos e riscos que estão associados à mineração.”
Enquanto o modelo de extrativismo intensivo permanecer, Milanez avalia que é “ingenuidade” esperar que as companhias adotarão procedimentos mais seguros, afinal são mais custosos. Cabe ao Estado fortalecer o licenciamento e a fiscalização para evitar novas tragédias.
Peso econômico da mineração
O x da questão é que, até hoje, governo após governo, o peso econômico sempre enterrou as preocupações socioambientais – a mineração representa 4% do PIB brasileiro e concentra 180 mil empregos diretos e 2,2 milhões indiretos. O setor fornece insumos para a metalurgia, petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas e responde por 11% das exportações brasileiras.
É por isso que, na prática, o poder das mineradoras parece se sobrepor ao do Estado. O licenciamento acaba saindo antes da avaliação dos riscos, que é feita por contratados pela própria mineradora. A fiscalização é claramente insuficiente: um relatório de novembro da Agência Nacional de Águas indicou que, das mais de 24 mil barragens do país, 790 servem para a contenção de rejeitos da mineração, e apenas 3% tiveram uma vistoria adequada.
Impacto nos mercados
O impacto financeiro de tragédias como a de Brumadinho é relativo. Nos mercados, as ações da Vale despencaram, mas podem não tardar a se recuperar. André Perfeito, a economista-chefe da Necton Investimentos, avalia que o tamanho do prejuízo será proporcional à resposta do governo à tragédia: se houver rigor, a “punição” será maior.
“Se pegamos o exemplo da própria Vale, a ação chegou a cair mais de 50% depois de Mariana. E desde lá até quinta-feira, já tinha subido mais de 500%. Por isso, fica muito evidente que é mais uma questão de regulação, de multas, da atuação do Ibama. Ou seja, depende muito do governo”, afirma o analista. “Eu confesso que estou bastante curioso para ver como o governo Bolsonaro vai reagir a isso, já que eles se mostraram bastante indiferentes com a questão ambiental.”
Gestão de resíduos
No exterior, a tendência é encontrar soluções rentáveis para lidar com o problema dos resíduos da produção mineral, uma alternativa para limitar a necessidade de barragens. A redução ou a reciclagem dos rejeitos ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar do potencial na construção, como para a fabricação de tijolos ou a pavimentação de estradas e calçadas.
A consultora em sustentabilidade estratégica e economia circular Beatriz Luz, fundadora da Exchange4Change Brasil, ressalta que a última tragédia obriga todo o setor a se repensar. “Tem um caso de uma mineradora canadense, a Teck, que virou a maior recicladora de resíduos eletroeletrônicos do país. Era a maior mineradora do Canadá e se tornou a maior recicladora”, conta a consultora. “Isso é uma mudança sistêmica: refletir sobre as suas matérias-primas, aplicar as suas habilidades em outro contexto e continuar crescendo de uma forma diferente.”
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Veículo: O Eco
Editoria: Reportagens
Data: 29/01/2019
Título: “No caso do minério de ferro, existiria a possibilidade de abrir mão de construir barragens”, afirma Bruno Milanez
Por Vandré Fonseca
terça-feira, 29 janeiro 2019 23:55
Logo após rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, uma tragédia que deixou 19 mortos e danos ambientais incalculáveis, ((o))eco ouviu o engenheiro de Produção Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. Ele chamava a atenção para os critérios de avaliação na segurança de barragens em Minas Gerais. Na época, entre 450 barragens cadastradas voltadas à mineração no estado, havia 27 delas classificadas com ‘Estabilidade Não Garantida”, ou seja, os auditores não podiam garantir que estivessem seguras.
Desde então, dois graves acidentes envolvendo barragens de mineração ocorreram no país. Em fevereiro do ano passado, uma lagoa de rejeitos de bauxita da Hydro Alunorte, em Barcarena, no Pará, transbordou afetando comunidades do entorno. E agora, o rompimento da barragem em Brumadinho, da Vale, ainda mais grave do que de Mariana, apesar da previsão de um impacto ambiental menor.
Para o engenheiro Bruno Milanez, a mineração é necessária e não deve ser encarada como um mal, mas é preciso que a atividade se torne mais segura. Bruno Milanez possui doutorado em Política Ambiental na Lincoln University (Nova Zelândia) e atuou como pesquisador no Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, e também como técnico de planejamento e pesquisa no IPEA. Desde 2010 é professor na Universidade Federal de Juiz de Fora e coordena o Grupo de Pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (Poemas).
O Eco voltou a conversar com ele esta semana. Milanez, que está de férias, conversou conosco por telefone, e reafirmou as críticas que faz ao sistema de avaliação de riscos, entre elas, sobre a relação das auditorias contratadas para a avaliação e as mineradoras. Para ele, falta também a participação da sociedade no sistema. “No caso de minério de ferro, existiria a possibilidade de se abrir mão de construir barragem”, afirmou durante a entrevista.
*
O Eco: Como uma barragem avaliada como segura se rompe dessa maneira, causando essa tragédia?
Bruno Milanez: Vamos voltar um pouco atrás. Não foi só essa barragem considerada segura que se rompeu. Os três últimos grandes rompimentos que a gente teve em Minas Gerais, Mineração Herculano em Itabirito (2014), barragem do Fundão (Mariana, 2015) e essa, a barragem 1, em Brumadinho, foram atestadas como estáveis pelos auditores contratados pelas empresas. Então, como eu entendo, existe um problema na relação entre os auditores e as empresas para estabelecer essa questão de estabilidade, seja pelos critérios adotados, seja pela forma como as empresas escolhem e contratam os seus auditores em Minas Gerais.
O senhor fala do estado de Minas Gerais, mas isso, é geral para o país ou é isolado? Porque nós temos casos, por exemplo, no Pará.
Embora no Pará não tenha sido rompimento, tenha sido transbordamento. Eu prefiro falar de Minas Gerais porque os três casos de rompimento foram no estado de Minas Gerais, embora a própria ANA (Agência Nacional das Águas), a própria Procuradoria Federal, falam da adoção da metodologia de Minas Gerais para o sistema nacional. Eu acho problemático. Se o sistema é falho no estado de Minas Gerais, então é importante verificar quais as causas dessas falhas e se essas mesmas questões se apresentam em outros estados. É claro que a gente vai ter que discutir isso nos outros estados. Mas eu prefiro não generalizar para me ater ao que está acontecendo. Uma coisa importante para manter em mente é que não é uma questão exclusivamente da Vale. A própria Samarco era meio Vale e mas não era toda, a própria Herculano não era Vale. E se a gente voltar um pouco mais atrás, lá em Cataguases, em Muriaé, também não era Vale. Então, é um problema do sistema de monitoramento. Estou me referindo a Minas Gerais.
Já dá para identificar alguns pontos que estão errados nesse sistema?
Bom, o que eu e outras pessoas discutem isso têm avaliado, um dos pontos que mais chamam a atenção, é o potencial conflito de interesse entre a empresa auditora e a empresa auditada. Uma vez que a empresa tem liberdade de escolher quem vai auditá-la e remunerá-la, você pode gerar uma situação de coerção . Não sei se acontece ou não, mesmo simbolicamente, um medo do auditor se obrigar a atualização da empresa e, no futuro, ser visto como muito rígido e não ser mais contratado para exercer essa atividade. Mas são hipóteses, eu não posso afirmar. Seria necessário conversar com os auditores para perceber como isso funciona. Outro problema é que, ao menos no caso de licenciamento ambiental, pessoas que eu conheço e que trabalham em licenciamento dizem que ao elaborar o licenciamento, muitas vezes, eles chegavam na empresa e em vez deles coletarem os dados, as empresas ofereciam os dados prontos. Todo o relatório era produzido, de boa-fé, a partir dos dados da empresa. Eu não sei se ocorre na auditoria. Se os auditores se baseiam em dados fornecidos pelas empresas. Pode ser que haja falhas nas coletas desses dados que a gente não está percebendo. Por exemplo, saiu uma matéria ontem, no Intercept [Vale sabia de problemas na barragem e omitiu riscos em documento público], dizendo que alguns dos piezômetros da barragem estavam quebrados. Se a norma diz que eu tenho que ter x piezômetros funcionando, eu tenho dados gerados por y que é menor do que x, eu não vou ter dados suficientes para testar a estabilidade.
A matéria do Intercept mostra também que esse relatório de 2015, que fala dessa falha, foi simplificado para 2017, onde alguns pontos negativos foram retirados.
Ali tem uma questão, sem entrar no mérito de dizer que houve uma omissão intencional, que simplificar é a intenção do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Quais são os dados que são retirados, quais são os dados que são mantidos, no momento, ainda é de decisão da empresa. O importante é perguntar, acho que o Intercept perguntou, por quê aqueles dados foram retirados. Mas a simplificação é natural. A questão é: o que entra e o que sai. É ali que está o mal da questão. Você ter a expectativa de colocar um relatório de 3 mil páginas é quase pedir “não leiam!” É importante que o RIMA e o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) estejam disponibilizados para a população. Quem tivesse interesse acadêmico ou outro poderia ter acesso. Deveria de antemão ser concedido o acesso aos dois antes do licenciamento, antes da audiência pública.
É um problema de falha de engenharia, como a prisão dos engenheiros que atestaram a segurança da barragem pode nos levar a pensar, ou é um problema de procedimento legal, de fiscalização ou de licenciamento?
Existe um problema de gestão. Para saber se houve problema de engenharia, teria que esperar mais dados, a perícia. Muitos dados sobre a barragem do Fundão a gente teve no decorrer da investigação policial. Pra quem está de fora, como estou acompanhando por dados oficiais e as notícias que estão sendo veiculadas na imprensa, não dá para tirar qualquer conclusão antecipada se houve falha de engenharia naquele caso ou não.
Sobre o Fundão, o que a gente pode falar? Já dá para dizer se houve falha de engenharia ou só gestão mesmo?
No Fundão, houve uma alteração de estrutura, no formato da barragem, que não era previsto no projeto inicial e houve falhas operacionais. Segundo os relatórios do Ministério Público do Trabalho, nos relatórios apresentados posteriormente em reuniões que houve dentro da Samarco, falava-se que a drenagem não estava funcionando direito. Têm fotos de trincas, têm fotos de rachaduras. Então, eles estavam, naquele momento, tentando consertar a barragem. No final das contas, eles perceberam que esses danos afetaram a estabilidade. Mas se no momento da auditoria, o auditor achou que não eram estruturais e resolveu, mesmo achando que estava instável, conceder o atestado de estabilidade, é uma coisa que o auditor tem que responder.
Com a flexibilização do licenciamento ambiental poderia afetar a questão das barragens?
Acho que, em projetos perigosos ou de alto impacto como esse, quanto mais olhos você tiver sobre o projeto, quanto mais questionamentos, mais críticas, maior as chances de perceber falhas e corrigi-las antes que desastres ocorram. Uma vantagem do licenciamento em si é que ele prevê, com todas as falhas, necessidade de ser melhorado, uma audiência pública, que é um momento para se apontar falhas, seja para o órgão licenciador, seja para a própria empresa, e buscar correções. Então, se obras e barragens passam, obrigatoriamente, pelo processo de auditoria, você pode ter um olhar mais criterioso sobre aquele processo. Esse é um caminho. Existem outras propostas dentro o movimento dos atingidos e entre trabalhadores. Por exemplo, no caso de barragens, que sejam constituídas comissões permanentes de segurança que envolvam tanto parte da comunidade próxima potencialmente impactada quanto trabalhadores. E aí, eles vão periodicamente vistoriar. Seria uma fiscalização permanente, com os principais interessados, potencialmente quem pode perder a casa ou a vida, no caso os trabalhadores ou moradores das comunidades. Eles são muito mais criteriosos do que um engenheiro, um gerente que tem 20 barragens sob a sua supervisão. Então é caminhar para uma gestão mais participativa que envolvam trabalhadores que tenham conhecimentos técnicos, que conhecem o dia-a-dia da área, sabem se está defeituoso ou não. Envolver a comunidade poderia ser uma forma de se tentar minimizar esses riscos, embora, a perspectiva seria como a função ou o poder de parar a operação. Mas ter uma função dessas, que recomenda mas não é seguido, porque vai dar prejuízo, é complicado. E às vezes, até vai colocar os trabalhadores numa situação complicada. Seria importante para algumas barragens definir critérios a serem cumpridos, sejam de localização, de tamanho ou de tecnologia. Seria importante que algumas barragens fossem definidos critérios, para que algumas barragens, a confirmar as características fosse localização. Aí é um passo além.
A gente está usando algum tipo de barragem, algum tipo de tecnologia que deveria ter sido abandonada?
Dependendo de quão rigoroso você quer. Mas existem pessoas, mesmo dentro do setor mineral, que defendem que a tecnologia barragem deva ser descartada para minério de ferro, porque você já tem tecnologia suficiente para abrir mão das barragens. Você pode, dependendo do teor do seu minério, usar processo a seco, que é o que a Vale faz em algumas minas do Norte e em algumas minas do Sul. Se por alguma questão tecnológica, geológica, o processo a seco é pouco eficiente, dá para fazer processo a úmido e depois você faz a deslamagem, que é retirar o excesso de água e os rejeitos que são mais pastosos e não vão escorrer tanto. A chance de um vazamento assim é muito menor. E o volume que ele (rejeito) ocupa é muito menor, porque tirou boa parte da água.
Então, no caso de minério de ferro, existiria a possibilidade de se abrir mão de construir barragem. O caso de Brumadinho e Fundão, é minério de ferro mesmo. Isso é uma medida muito radical, talvez se deva pensar num cronograma para daqui a vinte anos, pensar como implementar isso. Mas pensar imediatamente quais vão ser os critérios? Barragem à montante é a que tem o maior risco. Fundão era à montante. Então que se defina, por exemplo que à montante não se constrói mais. Define-se uma segurança real, o que não se pode mais construir. Barragem cujo impacto ambiental vai ser gigantesco, o volume máximo da barragem tem que ser de x metros cúbicos… Esses critérios poderiam ser estabelecidos. Entendendo que toda barragem tem seu risco, mas você vai estar minimizando o impacto e consequentemente vai estar minimizando a amplitude do impacto e o risco de forma geral.
Em outras entrevistas, você falou que em média ocorre um acidente a cada dois anos em barragens.
Mais ou menos. Isso é Minas Gerais. Mas eu deveria ter dito que ocorrem falhas, que incluem ruptura total, alguns casos de ruptura parcial, existem alguns casos que caem só pedaços e não cai tudo, existem problemas de extravasamento, como foi o caso da Hydro Norte. Mas quando têm falhas de natureza, há casos de alagamento, de pessoas desapropriadas. Então, nesse rol de falhas, a gente está falando em oito falhas de 2001 a 2019, oito falhas em dezoito anos. Eu puxei a média um pouco para baixo para dar número redondo. Seria um rompimento a cada dois anos ponto alguma coisa.
Já é possível falar sobre os impactos ambientais?
Eu prefiro não falar dos impactos ambientais de Brumadinho. Até porque eu aprendi acompanhando e estudando nesses três anos de rompimento de Fundão que qualquer previsão feita agora subestima os impactos reais. Porque a reação desse rejeito com o ambiente é muito complexo. Primeiro vai ter que ver por onde ele vai se dispersar. No caso do Rio Doce, a Samarco até hoje alega que ali só tinham minério de ferro e areia. Tinha manganês também, mas várias pessoas começaram a perceber que a água estava contaminada com mercúrio. O rejeito removeu o mercúrio que estava no leito do rio e expôs as pessoas. Eu não faço ideia do rejeito que estava no leito do Paraopeba. Então, se daqui a pouco aparece cromo, titânio que está lá no leito, que as pessoas estão bebendo titânio, isso é um impacto que não estava no previsto. E eu não faço ideia de como prever isso. É uma complexidade tão grande que é muito difícil prever qualquer coisa. Não se consegue prever até onde o rejeito vai, o que dirá os impactos. E os grupos atingidos, você vai para além do impacto ambiental. Os impactos econômicos foram os mais diversos possíveis. Então, três anos depois do rompimento, teve um grupo de camaroeiros de uma localidade do Espírito Santo, que não moravam ao longo do rio, mas iam para o rio pescar camarão e não podiam mais pescar camarão porque a pesca foi proibida. Dois anos depois, esse grupo foi reconhecido como atingido. Então, é tão dinâmico isso que não dá. Eu não me sinto confortável de antecipar o tamanho do impacto. Somar tudo, imaginar que estamos em risco de 300 mortes, R$ 11 bilhões não paga tudo.
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Veículo: Band
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Palco dos dois desastres, Minas Gerais tem registro de outras 53 represas com essa tecnologia, 27 de propriedade da Vale.
Do Estadão Conteúdo – 29/01/2019 – 15:22 Atualizado em 29/01/2019 – 15:27
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na última semana, respectivamente, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo mais econômico de alteamento à montante, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração [27 de propriedade da Vale], segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.-
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz um novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes [de Mariana, em 2015, e Brumadinho] é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”.
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica: em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, Lacerda diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama em um eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não houve desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento, que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender essas solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. O processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou: o decreto sobre barragens é uma “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. A empresa disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
O Ministério Público Federal também pediu à União, em 2016, que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por esse método. Procurada na segunda-feira, 28, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Museu do Amanhã
Editoria: Observatório do Amanhã
Data: 29/01/2019
Título: Tecnologia e novas práticas: caminhos para evitar tragédias ambientais da mineiração
OBSERVATÓRIO DO AMANHÃ
A tragédia do rompimento da barragem de rejeitos de minério em Brumadinho, três anos depois do acidente em Mariana, nos leva à pergunta: o armazenamento dos rejeitos em barragens, como é feito hoje, é a única solução? Existem outras tecnologias, estudos e caminhos alternativos? O jornalista Emanuel Alencar, editor de conteúdo do Museu do Amanhã, escreveu um artigo no Globo sobre o assunto. Leia abaixo.
Por Emanuel Alencar*
Os mares de lama que varreram o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e parte de Vila Feterco, em Brumadinho, deixaram centenas de mortos e já alteraram irreversivelmente ecossistemas e cursos hídricos. Os desastres ambientais com perdas humanas de valor incalculável (melhor falar em ecocídios) representam um alerta sobre a exaustão do modelo de exploração mineral do país. Após o rompimento da barragem de Bento Rodrigues, conversei com Bruno Milanez, pesquisador de avaliação dos impactos da cadeia minero-metalúrgica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). No bate-papo, questionei sobre o método de depósitos de rejeitos de minérios aplicados majoritariamente no Brasil, notadamente em Minas Gerais. Ele foi contundente: é imprescindível a adoção de um modelo menos exploratório e mais regulado. Há que se pensar em alternativas ao método de “alteamento para montante”, o mais barato e também mais inseguro.
Em 2016, o órgão ambiental estadual de Minas (Feam) havia identificado 27 barragens de mineração tidas como “não seguras”. A estrutura colapsada de Mariana foi curiosamente considerada segura pela auditoria. Tragicamente o mesmo ocorre agora, com a barragem de alteamento do Córrego do Feijão – o discurso é de incredulidade, dadas as garantias de que o rompimento seria extremamente improvável. O site da Feam informa que “a Barragem B1 da Vale possuía laudo de um auditor (contratado pela Vale) de 2018 garantindo sua estabilidade entregue à Agência Nacional de Mineração (AMN)”. Questões que colocam em xeque a confiabilidade dos sistemas de auditoria, todos eles. “A total falta de controle dessas barragens de rejeitos da mineração chama a atenção”, disse-me Milanez, há três anos.
Como os danos socioambientais de acidentes que envolvem rejeitos tóxicos são de difícil reparação, prevenir é o único caminho. Pelo mundo, há inclusive movimentos de resistência ao modelo de construção de novas barragens. Na Costa Rica e nas Filipinas, medidas extremas proibiram a mineração metálica a céu aberto em determinados territórios. É claro que são países com economias menos ancoradas na mineração – na Costa Rica, 0,1% do PIB, e nas Filipinas algo como 1% –, mas chama a atenção o papel da sociedade civil nos processos decisórios nas agendas de desenvolvimento. Desastres com fortes impactos geraram mudanças de paradigmas, como mostra a publicação “Diferentes Formas de Dizer Não – Experiências internacionais de resistência, restrição e proibição ao extrativismo mineral”, da Fase. Vale a leitura.
No Brasil, onde a mineração responde a quase 5% do PIB, é preciso discutir com urgência alternativas que gerem menos impactos ao meio ambiente e à população, como tecnologias para substituir as barragens de rejeitos de alteamento para montante. E que novas tecnologias são essas? Há ao menos dois tipos de modelos de “tratamento” dos rejeitos mais ambientalmente adequados. Um deles é a filtragem a vácuo e a disposição dos rejeitos em pilhas. O outro é a produção de pastas sólidas, por meio de um processo de separação do sólido e do líquido – um processo conhecido como espessamento. Em ambos os casos, atesta o engenheiro Roberto Galery, professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as tecnologias podem substituir as barragens, historicamente bastante suscetíveis a problemas (basta lembrar que Brumadinho é a oitava tragédia do tipo no Brasil, embora disparada a mais terrível).
Esses processos são estudados no Brasil, mas as alternativas podem custar o dobro em relação à tradicional disposição em barragens. Então, a equação que o empresário se depara é: custo operacional em alta em preços oscilantes do minério. Está criado o cenário que cria barreiras às inovações pelo ponto de vista dos custos. O novo e absurdo episódio deve acelerar a busca por horizontes mais sustentáveis. Uma das possibilidades é o reaproveitamento de sílica dos rejeitos para a construção civil e o uso da lama para a confecção de tijolos. Não temos outra alternativa: a substituição dos procedimentos deverá acontecer. Enquanto isso, a recuperação dos passivos será dolorosa e longa – e as perdas de vidas e cicatrizes, permanentes.
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Veículo: Segurança Ocupacional
Editoria: Saúde e Segurança no Trabalho
Data: 29/01/2019
Título: Acidente de trabalho em Brumadinho, MG. Este blog reafirma seu slogan: “segurança do trabalho: o que vale é a prevenção”, mas a Vale não pensa assim
29 de janeiro de 2019
Por Emily Sobral
Estou cobrindo o setor de segurança do trabalho há exatos 10 anos. De lá até hoje o que vejo são as empresas que cumprem as normas regulamentadoras de segurança ocupacional porque são obrigadas, para não serem fiscalizadas e multadas. Sim, há muitas companhias que entendem que investir em saúde e segurança de seus trabalhadores reduz afastamentos e punições. Há um estudo que mostra que para cada real que uma empresa investe em segurança do trabalho, haverá quatro de retorno. Mas, mesmo assim, há outras que não querem saber se a legislação que protege o empregado contra os riscos do ambiente existe.
O Brasil é um país incomparável para o bem e para o mal. Já, as grandes empresas mantêm um aparato de segurança do trabalho denominado Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), que conta com uma equipe de profissionais para avaliar os riscos e propor medidas protetivas. Então, como entender a tragédia da mineradora da Vale, em Brumadinho, em MG, que figurará como um dos maiores acidentes de trabalho da história do País? Depois de cinco dias de buscas já foram encontrados 65 corpos de trabalhadores e 279 ainda estão desaparecidos. Haja paciência com o descaso, com a falta de análise segura, com a negligência, com a ganância e com a incompetência brasileiras!
O setor de mineração é seguramente de alto risco e, o principal, é o rompimento da barragem. Segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez, em entrevista ontem ao portal UOL, “existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair”. O doutor explicou ainda que as barragens são construídas com a técnica à montante, que é o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, o usado em Brumadinho. O resultado disso o mundo está vendo agora. Que fique uma lição desta tragédia: análise de risco e ações preventivas eficientes, não para acionista ver.
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Título: Época Negócios
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração
29/01/2019 – 11H31 – ATUALIZADA ÀS 11H31 – POR ESTADÃO CONTEÚDO
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas.
No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora. “No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas.
É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo. Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco.
“Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio.
Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Correio Braziliense
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração
AE Agência Estado
postado em 29/01/2019 13:40 / atualizado em 29/01/2019 13:43
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira (28/1), o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 29/01/2019
Título: Especialista alerta que barragens do município estão próximas a comunidades
Engenheiro Marcos de Oliveira Guerra defende planos de contingência, emergência e fiscalização
Por Gracielle Nocelli
29/01/2019 às 07h02- Atualizada 29/01/2019 às 09h49
Com a tragédia ocorrida em Brumadinho, muitos juiz-foranos passaram a questionar as condições as barragens na cidade, número que chega a, pelo menos, oito, sendo três de usinas hidrelétricas, três de abastecimento e duas de resíduos industriais. O engenheiro e especialista em segurança de barragens, Marcos de Oliveira Guerra, afirma que os riscos de rompimento na cidade são medianos. “Há uma escala de avaliação que considera diferentes fatores, como prejuízos ambientais e sociais, por exemplo. Este índice pode chegar a 18 de pontuação. As barragens de Juiz de Fora, em 2016, atingiam em torno de 11.” Na prática, ele explica que isto significa que é preciso ficar em alerta e realizar as fiscalizações e as manutenções das estruturas com periodicidade. “Qualquer obra de engenharia é perecível. Tudo que é material tem seu ciclo de vida.” Um dos aspectos que exige atenção, segundo ele, é a localização destas barragens. “Estão todas na cabeceira do município, próximas às comunidades. É preciso planos de contingência, emergência e fiscalização.”
O especialista esteve presente na audiência pública convocada pelos vereadores em 2016 e sugeriu a criação de uma comissão específica com participação popular, do poder público e dos responsáveis pelas barragens para definir procedimentos de fiscalização. “Não sei se a ideia foi adiante, pois eu não fui convidado para integrar nenhum grupo. Infelizmente, ainda falta sensibilização para os riscos relativos a este tema.” De acordo com Marcos, as barragens de rejeito são as mais preocupantes. “A forma como são construídas no Brasil, com a técnica a montante, oferece muita insegurança. Na realidade, eles fazem um montinho para parar o rejeito e vão subindo esta estrutura conforme o armazenamento de resíduo aumenta. É um sistema barato, precário e muito instável.”
Considerando as barragens de rejeitos “um desrespeito à população brasileira”, Marcos cobra a necessidade de maior empenho por parte do poder público. “O que aconteceu em Brumadinho é criminoso, é caso de polícia. Construíram um refeitório desconsiderando os riscos da barragem. Este tipo de estrutura é fácil de ser rompido. Com as privatizações, o monitoramento das condições das estruturas ficaram a cargo das próprias empresas. As nossas autoridades devem responsabilizar criminalmente os envolvidos. Já são três anos da tragédia de Mariana, e ninguém foi responsabilizado, isto é um absurdo. De um lado você tem mineradoras que objetivam lucro fácil e que agem com irresponsabilidade e desconhecimento. De outro, os nossos dirigentes e governantes que não identificam e punem os responsáveis por estes crimes hediondos.”
Comissão da Câmara diz acompanhar condições
O presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Trânsito, Meio Ambiente e Acessibilidade da Câmara de Juiz de Fora, José Márcio (Garotinho, PV), informou que, desde 2016, tem acompanhado de forma mais próxima as condições das barragens da cidade. “Após o desastre em Mariana, realizamos uma audiência pública, em fevereiro de 2016, sobre o assunto. Naquele ano, visitamos os locais para saber como é feito o monitoramento. Após as chuvas fortes do final de 2018, nos reunimos novamente com representantes da Cesama que garantiram que continuam com as manutenções.”
José Márcio relata as condições verificadas nas barragens administradas pela Cesama. “A de Chapéu D’Uvas tem um volume maior de água e foi construída em concreto armado, portanto, é mais resistente. Neste tipo de barragem é possível prever a possibilidade de rompimento, pois o próprio material mostra isso. Já a de São Pedro possui um volume bem menor de água e foi feita com uma mistura de concreto e terra”, diz. “Das três, a que precisa de maior atenção é a de João Penido, pois foi erguida apenas com terra.”
Segundo ele, a barragem da Usina da Picada, também para a captação de água e de responsabilidade da Votorantim Energia, conta com alarme para casos de acidentes. “A empresa nos mostrou que possui um sistema de monitoramente aprimorado.” Com relação às barragens da Pedra e dos Peixes, administradas pela Nexa Resource e que são de rejeitos, José Márcio informou que a última visita foi realizada em 2016 junto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, e que as condições apresentadas à época também eram satisfatórias. “Os riscos de rompimento de qualquer barragem existem, por isso, o mais importante é a fiscalização e a manutenção constantes.”
“A forma como são construídas no Brasil, com a técnica à montante, oferece muita insegurança. Na realidade, eles fazem um montinho para parar o rejeito e vão subindo esta estrutura conforme o armazenamento de resíduo aumenta. É um sistema barato, precário e muito instável.”
Representantes da UFJF vão a Brumadinho
Representantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) seguiram para Brumadinho nesta segunda-feira (28), onde irão participar de uma reunião para discutir medidas de curto e longo prazo relativas ao rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale. O encontro contará com a participação das universidades Federal do Espírito Santo (Ufes) e de Ouro Preto (Ufop) e de pesquisadores do Programa Participa UFMG Mariana-Rio Doce, fundado após o crime ambiental em Mariana.
A Tribuna entrou em contato com o pesquisador da área Bruno Milanez, um dos representantes da UFJF no encontro. O especialista, que vem estudando a situação ocorrida em Mariana, informou que irá se dedicar a entender o que ocorreu em Brumadinho. “É uma iniciativa que já surgiu em 2015, a partir do rompimento de Fundão, quando UFMG, Ufes e Ufop se reuniram para estabelecer uma força-tarefa de ações imediatas. A universidade pública, no seu papel, tenta apoiar as pessoas atingidas. É mais uma linha de assessoria e extensão, atendimento médico, garantias de direito e, imagino, pensar uma agenda de médio a curto prazo de pesquisa e intervenção.”
Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, divulgada nesta segunda (28), Bruno afirma que, dentre as mudanças necessárias para evitar tragédias como a de Mariana e a de Brumadinho, estão medidas como estabelecer distância mínima de dez quilômetros entre as barragens e as comunidades, e impor limite ou proibir estruturas construídas com a técnica à montante, considerada o tipo mais comum, mais barato e menos seguro.
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Veículo: A Tarde
Editoria: Notícias – Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Estadão Conteúdo – Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: ES Hoje
Editoria: Capa
Data: 29/01/2019
Link: http://eshoje.com.br/barragens-que-ruiram-em-brumadinho-e-mariana-tinham-modelo-ultrapassado/
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Capa/Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29 de janeiro de 2019
por Redação Multimídia ESHOJE
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira
Estadao Conteudo
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Veículo: Blog do Colares
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Link: http://www.blogdocolares.com/2019/01/hydro-construiu-barragem-em-area-de.html
Título: Hydro construiu barragem em área de proteção de comunidades com ordem de Jatene
Ismael Moraes – advogado socioambiental*
Uma grande área de 2.500 hectares de floresta e de nascentes faz parte do Projeto do Distrito Industrial de Barcarena, criado por lei e por decreto em 1978, como Área de Proteção Ambiental para servir de amortecimento dos impactos potenciais que a planta industrial da Alunorte /Albrás poderiam causar às comunidades circundantes.
Para garantir que a proteção de comunidades por meio dessa Reserva Ecológica fosse mantida inalterada, o governo, em 1981, impôs essa condição na escritura pública de venda e compra e outras avenças, lavrada nas notas do Cartório Conduru, Livro nº 20-B, Fls. 169/172, do 4º Ofício de Notas e no Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício da Comarca de Belém.
Em 2015, Jatene fez o que nenhum governo até então havia feito – e nem a proprietária anterior, a Vale, com toda a sua longa folha corrida de delinquências, tivera coragem de pedir: autorizou que a Norsk Hydro construísse a barragem DRS2 sobre essa Área de Proteção. E deu essa autorização para que a gigantesca barragem fosse erguida a apenas 80 metros da comunidade Bom Futuro e a cerca de 200 metros da Vila de Itupanema. A DRS2 tem altura de mais de 50 metros, como a de um prédio de 25 andares.
Ou seja, o ato de Jatene é ilegal não apenas por que autorizou a construção em Área de Proteção instituída por lei e sacramentada em Cartório. O ato de Jatene constitui crime contra a humanidade por que banaliza a vida de centenas de famílias: a construção da barragem foi autorizada praticamente sobre as casas, e o rompimento da barragem DRS2 seria implacável; ninguém escaparia, e tudo seria engolido por lama em poucos minutos.
Em três ações, duas na Justiça Estadual e uma na Federal, as comunidades de Barcarena por meio da associação Cainquiama pedem que a barragem DRS2 seja desfeita e recomposta a floresta cuja devastação Jatene autorizou. A Procuradoria Geral do Estado do Pará, estando à frente o advogado Ophir Cavalcante Jr., defendeu e segue defendendo os interesses da Hydro Alunorte, afirmando que as comunidades não tem direito a ter a Área de Proteção por que uma Lei Municipal de Barcarena transformou a Reserva Ecológica em “área industrial”, e que deve ser mantida a barragem no mesmo lugar onde está, a poucos metros das casas.
A lei estadual instituiu a Reserva Ecológica como parte da concepção do Projeto do Distrito Industrial de Barcarena justamente como instrumento de redução de impactos. E o artigo 225, §3º da Constituição Federal garante que quando a lei estadual que institui, é a lei estadual que revoga. Bruno Milanez, pesquisador de Política de Mineração e Meio Ambiente da Universidade Federal de Juiz Fora /MGEngenheiro de Produção e doutor em Política Ambiental da Mineração, afirma em entrevista concedida hoje ao site Folha Uol (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/01 /um-novo-rompimento-de-barragem-era-questao-de-tempo-afirma-pesquisador.shtml), que a distância mínima entre barragens e comunidades deve ser de 10 km.
* Twitter @ismaeladvogado
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Veículo: UOL
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira, São Paulo e Rio)
Fonte: Estadão Conteúdo
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Veículo: Aqui Notícias
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Por Estadão
29 de janeiro de 2019
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira
Estadao Conteudo
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Veículo: Diário de Pernambuco
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Por: AE
Publicado em: 29/01/2019 10:52
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: RIC Mais
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
29/01/2019 | 11h15 – Jornalismo
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira, São Paulo e Rio)
Fonte: Estadão Conteúdo
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Veículo: Brasil Agro
Editoria: Conteúdo
Data: 29/01/2019
Título: Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Bruno Milanez, estudioso da economia da mineração, diz que empresas não conseguem avaliar o risco de suas obras.
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015, segundo o doutor em política ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez. “A gente não discutia se haveria outros rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral impediu que os alertas da academia e do Ministério Público fossem levados a sério. “Eles acreditam que barragens são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para ampliação de obras em Brumadinho mostra, de acordo com Milanez, que o licenciamento já está sendo flexibilizado na prática, como balão de ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção e monitoramento e defende mais participação da comunidade nas decisões de como usar o território. “O modelo de mineração que o Brasil adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma licença “express” para ampliar atividades na região da barragem que se rompeu em Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do licenciamento ambiental aventada pelo governo federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o licenciamento. O Executivo dá uma certa autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e quando essas práticas passam a ser repetidas, são tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí, o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor de que barragens não rompem. Eles acreditam que elas são seguras, de verdade. Se não acreditassem nisso, não colocariam o refeitório embaixo de uma [como era em Brumadinho]. Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer lá em 2015. A universidade sugeriu, em documentos técnicos, uma série de operações de monitoramento da barragem; o Ministério Público também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da avaliação. Preocupado com crescimento econômico, o governante está de antemão disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto ambiental é feito por empresa contratada pela empreiteira. Existe um interesse, para garantir o contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e ignorar negativos. Isso já pode ser um autolicenciamento, caso haja projeto de lei que equipare o estudo de impacto ambiental à concessão de licença. É preciso mudar como as empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km, entre barragens e comunidades. E impor limite ou proibir barragens construídas com a técnica à montante, o tipo mais comum, mais barato e o menos seguro, usado em Mariana e em Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens menores, mas foram alteradas, ficando com mais degraus. A de Brumadinho foi construída com 18 metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85 metros. Com isso, vão dosando homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi rápido não é motivo. Poderia ter salvado moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer cenário que a gente trace de imediato subestima impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão independente e não financiada pelas mineradoras. O acesso a essas informações também precisa ser público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes mineradoras. O Legislativo estadual eleito em 2014 era diretamente financiado por mineradoras. Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também têm ocupação estratégica. Os assentos das empresas são controlados pelo setor mineral, o governo normalmente é pró-mineração e os assentos de ONGs são ocupados por aquelas com projetos financiados por mineradoras. Não é por acaso que o licenciamento feito em dezembro na região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não está no território. A Vale tem pouco poder de pressão sobre clientes, porque vende commodity. Ela obedece o preço que a China impõe, não captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor compra ação de outra empresa. Então o que a mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como as operações da Vale são concentradas no Brasil, os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o fenômeno da porta giratória: empresas contratam pessoas com cargos no governo e representantes de empresas passam a ocupar esses mesmos cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma discussão sobre terras indígenas mais ligada ao agronegócio. Acredito que até o final do governo, o setor vai tentar emplacar lei complementar à Constituição para mineração em terras indígenas. Não agora, porque está todo mundo atento por conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as obras são feitas às pressas. Quando o preço cai, empresas cortam custos de manutenção e monitoramento. Um estudo americano mostra uma tendência de pico na frequência de rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a dependência do poder das mineradoras. Precisamos reequilibrar essa correlação de forças, para que trabalhadores e comunidades tenham voz e capacidade de tomar decisão sobre o que ocorre no seu território. O modelo de mineração que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é necessário.
RAIO-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de produção e doutor em política ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), foi pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração (Folha de S.Paulo, 28/1/19)
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Veículo: Exame
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana foram proibidas no Chile
Chamado de alteamento à montante, o modelo é mais econômico e também tem sido usado com menos frequência na Europa e nos EUA
Por Estadão Conteúdo
Publicado em 29 jan 2019, 11h36
São Paulo e Rio — As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas.
No Chile, o modelo já foi proibido e na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
Chamado de alteamento à montante, o modelo é mais econômico. Nele, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016.
O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”.
Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No país, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025.
Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método.
“Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio.
Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades.
“São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações.
Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias.
Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método.
Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso.
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Veículo: Minas Hoje
Editoria: Capital
Data: 29/01/2019
Link: https://minashoje.com/2019/01/tecnica-de-construcao-de-barragem-era-igual-em-brumadinho-e-mariana/
Título: Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana
Por Redação
29 de janeiro de 2019
Em três dias, foram localizados 60 corpos da lama de barragem rompida em Brumadinho
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
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Veículo: Mix Vale
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
Posted on 29 de janeiro de 2019
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Bruno Ribeiro, Denise Luna, Giovana Girardi, José Maria Tomazela, Marco Antônio Carvalho e Victor Vieira
Estadao Conteudo
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Veículo: SERJUSMIG
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Título: Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana
29 de Janeiro de 2019 14:26:53
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas, por exemplo, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um dam break, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia.
Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas.
Fonte: O Tempo
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Veículo: Estado de Minas Gerais
Editoria: Geral
Data: 29/01/2019
Título: Barragens que ruíram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na mineração (27 de propriedade da Vale), segundo balanço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O próprio documento do Estado indica que esses tipos de barragem têm “maior risco de ruptura”.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse é um modelo “bem mais arriscado”. Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável. A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido do lado de fora.
“No País, ainda há muitas dessas, e as que já existem têm de ser reforçadas. É preciso que os novos empreendimentos usem outros métodos, mais seguros. É um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao prejuízo que decorre de um rompimento”, afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
Nesse tipo de depósito, o maciço da barragem é formado com camadas de rejeito seco. “Faz o primeiro dique e vai lançando o rejeito, até atingir a altura, quando se faz novo alteamento. É como fazer uma escada, com vários degraus. Há sempre o risco de acumular água e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente é maior.”
Em agosto de 2016, após a tragédia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milhões de toneladas de rejeitos até 2025. Na época, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que não utiliza barragens e costuma encarecer o preço do minério. Procurada, a empresa não informou se levou o plano adiante.
Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale destacou o fato de as duas tragédias envolverem esse método. “Até agora, a única informação relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) é que foram duas barragens construídas com método de alteamento à montante, mais antigo”
Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens são bombas-relógio. Ele explica que, em barragens úmidas, é preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deformação da barragem em todas as profundidades. “São tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento.”
Além disso, ele diz que é necessária a instalação de um “dam break”, aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.
Proibições
Em reação ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licenças para barragens com essa tecnologia. Para estruturas já existentes, não exigiu desativação, mas auditorias técnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.
O decreto também não suspendeu processos já em andamento que pediam liberação ou ampliação de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Ministério Público de Minas entrou com ação civil pública contra o Estado para também suspender esses solicitações. Segundo a Promotoria, na época havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse método. Na Justiça, o processo está parado desde outubro de 2017.
Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens é “importante mudança na legislação” sobre o tema e destacou a exigência de auditorias. Disse ser favorável a ampliar a medida e estudar a “descaracterização” das barragens existentes com essa tecnologia, além de fomentar técnicas alternativas.
Em 2016, o Ministério Público Federal também pediu à União que não aprovasse mais planos de lavras com barragens de contenção de rejeitos de mineração por este método. Procurada nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração não informou se mudou a orientação sobre isso. No Chile, o modelo já foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, também tem sido menos usado nas últimas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo
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Veículo: O Globo
Editoria: Opinião
Data: 29/01/2019
Link: https://oglobo.globo.com/opiniao/artigo-modelo-de-barragens-em-xeque-23409796
Título: Artigo: Modelo de barragens em xeque
No Brasil, onde a mineração responde por quase 5% do PIB, é preciso discutir alternativas que gerem menos impactos
Emanuel Alencar
29/01/2019 – 00:00
Os mares de lama que varreram o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e parte de Vila Feterco, em Brumadinho, deixaram centenas de mortos e desaparecidos e já alteraram irreversivelmente ecossistemas e cursos hídricos. Os desastres ambientais com perdas humanas de valor incalculável (melhor falar em ecocídios) representam um alerta sobre a exaustão do modelo de exploração mineral do país. Após o rompimento da barragem de Bento Rodrigues, conversei com Bruno Milanez, pesquisador de avaliação dos impactos da cadeia minero-metalúrgica da Universidade Federal de Juiz de Fora. Questionei sobre o método de depósitos de rejeitos de minérios aplicados majoritariamente no Brasil, notadamente em Minas. Ele foi contundente: é imprescindível a adoção de um modelo menos exploratório e mais regulado. Há que se pensar em alternativas ao método de “alteamento para montante”, o mais barato e também mais inseguro.
Em 2016, o órgão ambiental estadual de Minas (Feam) identificara 27 barragens de mineração tidas como “não seguras”. A estrutura colapsada de Mariana foi curiosamente considerada segura pela auditoria. Tragicamente, o mesmo ocorre agora, com a barragem de alteamento do Córrego do Feijão — o discurso é de incredulidade, dadas as garantias de que o rompimento seria extremamente improvável. O site da Feam informa que “a Barragem B1 da Vale possuía laudo de um auditor (contratado pela Vale) de 2018 garantindo sua estabilidade entregue à Agência Nacional de Mineração (AMN)”. Questões que põem em xeque a confiabilidade dos sistemas de auditoria, todos eles. “A total falta de controle dessas barragens de rejeitos da mineração chama a atenção”, disse-me Milanez, há três anos.
Como os danos socioambientais de acidentes que envolvem rejeitos tóxicos são de difícil reparação, prevenir é o único caminho. Pelo mundo, há inclusive movimentos de resistência ao modelo de construção de novas barragens. Na Costa Rica e nas Filipinas, medidas extremas proibiram a mineração metálica a céu aberto em determinados territórios. É claro que são países com economias menos ancoradas na mineração — na Costa Rica, 0,1% do PIB; nas Filipinas, algo como 1% —, mas chama a atenção o papel da sociedade civil nos processos decisórios nas agendas de desenvolvimento. Desastres com fortes impactos geraram mudanças de paradigmas, como mostra a publicação “Diferentes formas de dizer não — Experiências internacionais de resistência, restrição e proibição ao extrativismo mineral”.
No Brasil, onde a mineração responde por quase 5% do PIB, é preciso discutir com urgência alternativas que gerem menos impactos ao meio ambiente e à população, como tecnologias para substituir as barragens de rejeitos de alteamento para montante. E que novas tecnologias são essas? Há ao menos dois tipos de modelos de “tratamento” dos rejeitos mais ambientalmente adequados. Um deles é a filtragem a vácuo e a disposição dos rejeitos em pilhas. O outro é a produção de pastas sólidas, por meio de um processo de separação do sólido e do líquido — um processo conhecido como espessamento. Em ambos os casos, atesta o engenheiro Roberto Galery, professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais, as tecnologias podem substituir as barragens, historicamente bastante suscetíveis a problemas (basta lembrar que Brumadinho é a oitava tragédia do tipo no Brasil, embora disparada a mais terrível).
Esses processos são estudados no Brasil, mas as alternativas podem custar o dobro em relação à tradicional disposição em barragens. Então, a equação com que o empresário se depara é: custo operacional em alta em preços oscilantes do minério. Está formado o cenário que cria barreiras às inovações pelo ponto de vista dos custos. O novo e absurdo episódio deve acelerar a busca por horizontes mais sustentáveis. Uma das possibilidades é o reaproveitamento de sílica dos rejeitos para a construção civil e o uso da lama para a confecção de tijolos. Não temos outra alternativa: a substituição dos procedimentos deverá acontecer. Enquanto isso, a recuperação dos passivos será dolorosa e longa — e as perdas de vidas e cicatrizes, permanentes.
Emanuel Alencar é jornalista e editor de conteúdo do Museu do Amanhã
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Veículo: Der Standard
Editoria: Internacional
Data: 29/01/2019
Link: https://www.derstandard.de/story/2000097142101/schlammkatastrophe-in-brasilien-mit-ansage
Título: Zahl der Toten nach Dammbruch in Brasilien steigt auf 65
Nach dem Dammbruch werden Vorwürfe gegen Bergbaufirmen und Politik laut: Sicherheitsratschläge sollen kontinuierlich ignoriert worden sein
Susann Kreutzmann aus São Paulo 29. Jänner 2019, 07:58
Hoffnung, weitere Überlebende zu finden, haben die Retter kaum noch. Inzwischen ist der Schlamm, der das Leben in der Kleinstadt Brumadinho im Südosten Brasiliens vernichtet hat, im Inneren steinhart geworden. An einigen Stellen haben sich die rotbraunen tödlichen Schlammmassen auf bis zu 15 Meter aufgetürmt. Der Chef der Rettungskräfte, Oberst Eduardo Angelo, versucht, den Anwohnern das Unfassbare zu vermitteln. Am Montag keimte kurz Hoffnung auf, als die Retter einen blauen Kleinbus entdeckten. “Aber als wir uns vorgearbeitet hatten, haben wir nur Leichen und noch mehr Leichen gefunden”, sagt Angelo.
Der Dammbruch der Mine Córrego do Feijão in unmittelbarer Nachbarschaft von Brumadinho ist eine der größten Tragödien in Brasiliens Bergbaugeschichte: Bis Dienstag haben die Rettungskräfte 65 Leichen geborgen, 279 Menschen werden noch vermisst. Mehr als 200 konnten lebend aus dem Schlamm gerettet werden. Die langfristigen Umweltschäden sind noch nicht absehbar.
Haftbefehle für Mitarbeiter
In die Verzweiflung der Menschen mischt sich Wut – auf das Bergbauunternehmen Vale und die Politik, von der die Expertenratschläge die Sicherheit im Bergbau betreffend kontinuierlich ignoriert werden. Für den Umweltwissenschafter Bruno Milanez war der Dammbruch in Brumadinho eine Katastrophe mit Ansage. Es werde immer nur über Verbesserungen der Sicherheit diskutiert, wenn ein Unglück geschehen sei – nicht vorher, sagt Milanez der Tageszeitung Folha de São Paulo.
Am Dienstag bekräftigte das Bergbauunternehmen Vale, dass es in vollem Umfang mit den Behörden zusammenarbeite. Zuvor wurden Haftbefehle für drei Mitarbeiter des Unternehmens ausgestellt.
Die bisher größte Umweltkatastrophe in Brasilien ereignete sich 2015, als auch ein Damm eines Rückhaltebeckens in dem Ort Mariana, ebenfalls im Bundesstaat Minas Gerais, brach. Damals kamen 19 Menschen ums Leben. Mehrere Ortschaften wurden von der Schlammlawine begraben und der Fluss Rio Doce so verunreinigt, dass er praktisch tot ist. Der Vale-Konzern, das weltweit größte Eisenerz-Minenunternehmen, gehörte mit zu den Betreibern der Mine.
Vorschläge vom Staatsanwalt
Damals hatten Experten und auch die brasilianische Staatsanwaltschaft eine Reihe von Vorschlägen eingereicht, wie solche Katastrophen künftig verhindert werden könnten. Doch diese wurden von der Politik nie umgesetzt. Der jetzt gebrochene Damm in Brumadinho wurde von den Experten schon damals als hochgradig unsicher eingestuft.
“In der Praxis wird die Lizenz für eine Mine vor der Prüfung vergeben”, sagt Milanez. Dabei gehe es vor allem um ökonomische Interessen. Die Bergbauunternehmen diktierten der Politik die Sicherheitsvorgaben. So sei die 2014 in Minas Gerais verabschiedete Bergbaugesetzgebung von den Minenbetreibern finanziert worden. In Zeiten fallender Rohstoffpreise sparten die Unternehmen zudem zuerst bei den Sicherheitsmaßnahmen und auch beim Monitoring.
Eine der Empfehlungen nach dem Unglück in Mariana lautete, dass zwischen einem Auffangbecken und der nächsten Wohnsiedlung mindestens zehn Kilometer Entfernung sein müssen. Auch im Fall von Brumadinho hätte so das Ausmaß der menschlichen Tragödie verringert werden können.
Anders als bei Staudämmen an Talsperren werden Dämme für Rückhaltebecken in Minen meist in Etappen gebaut, was die Gesamtkonstruktion instabiler und Qualitätskontrollen schwieriger macht. Demnach betrug beispielsweise die 1976 ursprünglich geplante Höhe des Damms von Brumadinho 18 Meter. Durch zahlreiche Erweiterungen ist dieser dann auf rund 85 Meter angewachsen.
Lizenz im Expressverfahren
Brasilianischen Medien zufolge wurde die Lizenz für die letzte Erweiterung im Dezember in einem Expressverfahren erteilt. Dabei wurden verschiedene Sicherheitsstufen übersprungen. Der an der entscheidenden Sitzung beteiligte Vertreter der Umweltbehörde Ibama habe starke Einwände gehabt und warnte vor einem Brechen des Damms, sei aber überstimmt worden. Unklar ist, ob genau diese Erweiterung letztendlich zum Bruch des Damms geführt hat. (Susann Kreutzmann aus São Paulo, 29.1.2019)
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Veículo: DQ Yam
Editoria: Notícias
Data: 29/01/2019
Link: https://dq.yam.com/post.php?id=10623
Título: 四年前悲劇重演 「安全」的巴西水壩潰堤釀數十人死、數百人失蹤
[Texto em Chinês]
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Veículo: Infobae
Editoria: América – The New York Times
Data: 29/01/2019
Título: El colapso de la represa de Vale desata la indignación de los brasileños contra las mineras
Por Manuela Andreoni y Shasta Darlington
29 de enero de 2019
En una foto proporcionada por el Departamento de Bomberos de Minas Gerais, una vista aérea de las secuelas de una presa colapsada que pertenecía a la gigantesca empresa minera brasileña Vale S.A., cerca de la ciudad de Brumadinho, en el sudeste de Brasil, el 25 de enero de 2019. La presa estalló el viernes, inundando casas cercanas, sumergiendo coches y autobuses bajo un río de lodo y dejando a 200 personas desaparecidas, según los socorristas que los buscaban. (Minas Gerais Fire Department via The New York Times)
BRUMADINHO, Brasil — Tres días después de que el colapso de una represa liberara un torrente de lodo y residuos mineros que ha ocasionado la muerte de al menos 60 personas y ha dejado a 292 desaparecidas en la ciudad brasileña de Brumadinho, los residentes tuvieron que evacuar el 27 de enero conforme una segunda presa amenazaba con colapsar. Esta situación generó pánico e indignación entre los habitantes que han denunciado la poca responsabilidad de la poderosa industria minera de Brasil ante el suceso.
Las sirenas sonaron antes del amanecer, activadas por las fuertes lluvias y los niveles peligrosamente altos del agua en una represa ubicada en un complejo de mineral de hierro de la empresa Vale S. A. Rescatistas en busca de sobrevivientes del desastre decidieron dejar esa tarea para enfocarse en evacuar a los residentes hacia un área de mayor altura.
Para el final del día, a los residentes se les permitió volver a sus hogares. Sin embargo, para muchos brasileños, esta última advertencia fue una evidencia más clara de que el sistema que regula a la industria minera no funciona, lo que pone en riesgo las vidas de las personas y hace peligrar al medioambiente.
Aun así, pocos esperan que las políticas sean más estrictas durante el gobierno del nuevo presidente, Jair Bolsonaro, que durante su campaña prometió restringir las multas y facilitar las regulaciones a la minería y a otras industrias que explotan los recursos naturales.
Hay más de cuatrocientas represas mineras como la que colapsó en Brumadinho en el estado de Minas Gerais, el centro neurálgico de la industria minera brasileña. Hace tres años, otra represa similar explotó en la ciudad de Mariana, a 120 kilómetros, y causó la muerte de diecinueve personas y desencadenó uno de los peores desastres ambientales en la historia brasileña. Esa represa era propiedad de Vale y la companía minera angloaustraliana BHP.
Algunas represas que han sido consideradas “inestables” han continuado operando durante años, dijo Bruno Milanez, un profesor de Ingeniería Industrial en la Universidad Federal de Juiz de Fora. Lo preocupante, dijo, es que las estructuras que colapsaron en Mariana y Brumadinho fueron certificadas como “estables”.
En Brasil, auditores independientes verifican la seguridad de las represas mediante inspecciones regulares y el análisis de registros por escrito. El problema, según expertos como Milanez y Luiz Jardim, un profesor de Geografía en la Universidad Estatal de Río de Janeiro, es que las mineras eligen y contratan a los auditores y proporcionan toda la documentación.
Y eso no ha cambiado en los tres años que han pasado desde el desastre de Mariana, afirma Jardim. El marco regulatorio se ha relajado luego de que la caída en los precios internacionales de las materias primas ha obligado a las compañías mineras a reducir costos lo que, según afirman los expertos, en algunos casos se ha traducido en llenar las represas por encima de su capacidad, reducir los presupuestos de seguridad y el fracaso en establecer sistemas de emergencia.
“Estos no son eventos excepcionales. Las represas se rompen. Más lo harán”, dijo Jardim. “Ya sea que el sistema de monitoreo tiene defectos o las compañías han encontrado la manera de manipularlo”.
Fabio Schvartsman, director ejecutivo de Vale, dijo que todavía investigan la causa de la ruptura del 25 de enero. La represa de Brumadinho ha estado inactiva durante tres años y fue certificada como estable en diciembre pasado.
No obstante, un representante de Ibama, la agencia federal de protección del medioambiente, advirtió en ese entonces que las represas de Brumadinho no estaban libres de riesgo.
“Se romperán ante cualquier negligencia por parte de quienes se encargan del manejo de riesgos”, dijo el representante, de acuerdo con anotaciones de una reunión en diciembre del concejo estatal sobre las regulaciones mineras que fueron enviadas a The New York Times.
En la reunión, los miembros del concejo votaron sobre la solicitud de Vale para conseguir un permiso que expandiera las operaciones en el complejo minero que incluía a la represa Brumadinho. Maria Teresa Corujo, una activista, fue la única integrante en votar en contra.
“Siento una mezcla de dolor, asco, odio e indignación”, dijo sobre la aprobación y agregó que la industria minera en el estado de Minas Gerais “domina todos los niveles de poder, coopta y amenaza”.
Uno de los pocos cambios concretos después de la tragedia de Mariana fue un requerimiento para que las compañías mineras instalen alarmas en las comunidades en riesgo debido a las rupturas de las represas.
Aunque las sirenas sonaron previo a la evacuación del 27 de enero, los residentes de Brumadinho dijeron que no hubo advertencia previa sobre el torrente letal del 25 de enero.
“Nos dijeron que si algo ocurría en algún momento, una alarma se activaría para darnos tiempo de sacar todo”, dijo Dari Pereira, de 39 años, un operador de maquinaria que escapó con su familia segundos antes de que un río de fango arrasara con su casa el viernes.
No hubo tiempo para sacar la ropa, el auto, ni siquiera a las mascotas, dijo Pereira. Escuchó un extraño sonido de crujido; después, el grito de su suegra en la casa de al lado sobre que la represa se había roto. Él corrió y se llevó a los niños. “Segundos después de que corrimos, vi a una ola llevarse todo, la casa, todo”, dijo.
El domingo, refugiado en la casa de su hermana, fue despertado por las sirenas que advertían de una nueva amenaza. “Tuve tanto miedo”, expresó. “Pensé: ‘¡No otra vez, Dios mío!'”.
De nuevo, la familia huyó solo con la ropa que traían puesta, contó mientras estaba sentado en una clínica local con una pequeña mochila de ropa donada y sin una idea clara de su futuro.
Mientras intentaban comprender lo que habían perdido, muchos residentes se preguntaron por qué no fueron advertidos sobre los riesgos.
Ademir Caricato, un líder comunitario en el vecindario de Parque da Cachoeira, donde alrededor de cuarenta casas fueron destruidas y hasta el momento una persona sigue como desaparecida, dijo que los representantes de Vale les dijeron a los residentes el año pasado que la presa representaba poco peligro.
“Nosotros seríamos los primeros en morir”, recuerda que dijo uno de los empleados, al señalar que las oficinas administrativas de la mina están justo debajo de la represa.
Raquel Dodge, procuradora general de Brasil, anunció la creación de un equipo especial para investigar el caso de la tragedia de Brumadinho, y los jueces ordenaron a Vale que destinara 11.000 millones de reales (alrededor de 2900 millones de dólares) para pagar los daños causados por el colapso de la represa.
No obstante, los expertos afirman que están escépticos de que las cosas mejoren bajo el gobierno del nuevo presidente de extrema derecha, Bolsonaro, quien basó su campaña en una plataforma a favor de los negocios y abiertamente hostil a las regulaciones ambientales. Prometió abrir áreas protegidas a la minería y eliminar la “industria” de multas ambientales.
Después de visitar la zona de la tragedia, tanto él como su ministro de Medioambiente, Ricardo Salles, dijeron que las represas mineras necesitan una regulación más estricta. Pero cuando Salles fue el jefe ambiental del estado de São Paulo intentó, sin éxito, facilitar que las mineras obtuvieran certificados de seguridad y de impacto ambiental.
Posterior a la tragedia de Mariana, Vale y BHP destinaron 780 millones de dólares a crear un fondo para reparaciones, y llegaron a un acuerdo que valía mucho más con los procuradores brasileños estatales y federal. Sin embargo, los críticos afirman que la poca responsabilidad personal (lo que incluye a las penas de prisión) de los responsables genera una sensación de impunidad.
“Nadie ha sido condenado personalmente. Todos los gerentes y directores han seguido adelante y tienen vidas normales”, dijo Milanez. “Las posibilidades de que Brumadinho termine de la misma manera son muy altas”.
2019 New York Times News Service
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Veículo: G1
Editoria: Economia
Data: 29/01/2019
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
Trabalho deve retirar os rejeitos da barragem e revitalizar a região; especialistas ouvidos pelo G1 explicam que o processo é caro e demorado. Cidade de MG foi palco de tragédia após barragem romper.
Por Karina Trevizan, G1
29/01/2019 22h35 Atualizado há 6 dias
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”.
Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhõespara “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”. A mineradora estima que o processo de descomissionamento ocorrerá ao longo dos próximos 3 anos.
Segundo a empresa, além da barragem do Córrego do Feijão, que rompeu em Brumadinho, serão desativadas 9 estruturas localizadas nas unidades de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopebas, todas em Minas Gerais.
Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes.
Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios.
Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento.
A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
“Não existe risco zero. Qualquer que seja a estrutura ou tecnologia, vai gerar algum tipo de risco. Por isso que o monitoramento é importante”, alerta Felippe.
Reaproveitar rejeitos da mineração poderia acabar com as barragens
Reaproveitar rejeitos da mineração poderia acabar com as barragens
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do tempo.”
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Veículo: Exame
Editoria: Brasil
Data: 29/01/2019
Título: Sem fiscais, governo usa laudos produzidos pelas próprias mineradoras
Com apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios, país não tem infraestrutura para avaliar a segurança
Por Roberta Jansen e Giovana Girardi, do Estadão Conteúdo access_time 30 jan 2019, 11h12 – Publicado em 30 jan 2019, 08h33 more_horiz
São Paulo e Rio — O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território.
A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios — semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana — em todo o país.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas.
A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM.
Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos.
“O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela.
“Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”.
“Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Revista Piauí
Editoria: Anais do Desastre
Data: 29/01/2019
Link: https://piaui.folha.uol.com.br/profundidade-da-lama/
Título: A PROFUNDIDADE DA LAMA
Pesquisadores vão a campo estimar até onde chega a catástrofe ambiental provocada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho
CONSUELO DIEGUEZ
29jan2019_16h47
Os cientistas da Universidade Federal de Juiz de Fora montaram uma força-tarefa para analisar a natureza dos rejeitos da lama de minério da barragem do Feijão, em Brumadinho, pertencente à Vale, que rompeu na sexta-feira, 25 de janeiro. O rompimento despejou 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeito na natureza e provocou a morte de 65 pessoas, além de 279 desaparecidos até o final da noite desta segunda-feira. O grupo de cientistas está em contato com pesquisadores do comitê de bacias hidrográficas, que estão em Brumadinho recolhendo amostras de água e sedimentos deixados pelos rejeitos de minério de ferro.
Ainda que a lama pesada fique sedimentada no fundo do rio Paraopeba e não chegue até o rio São Francisco, afirma o geógrafo Miguel Felippe, da UFJF, os danos para a natureza já são devastadores. Felippe explicou que lama de minério possui três camadas: a densa, que fica no fundo dos rios, a mais fina, que boia na superfície, e a química, misturada à água, com alto poder de contaminação. Os cientistas estão pesquisando se a natureza do rejeito de Brumadinho é o mesmo da barragem de Fundão, em Mariana, que rompeu em 2015. Caso seja, a contaminação dos rios – primeiro o Paraopeba e depois, possivelmente, o São Francisco – será semelhante à do rio Doce, para onde vazou o minério daquela barragem. Isso significa que os rios podem ficar impróprios para pesca e uso da água, como ocorre com o Doce.
No caso do rio Doce, segundo Felippe, os principais contaminantes foram ferro, alumínio e manganês. Mas alguns grupos de cientistas encontraram também bário, mercúrio e arsênio. “Se forem comprovados estes contaminantes, haverá mudança química na água dos rios”, alertou Felippe. Já o sedimento mais pesado, que é a lama, tem o efeito de sufocação. Felippe não acredita que isso venha a ocorrer com o São Francisco, já que a lama, por ser em menor quantidade que os 55 milhões vazados em Fundão, tende a se dissipar no caminho. O impacto maior deve ser mesmo no Paraopeba, um dos principais afluentes do São Francisco.
Ainda assim o efeito é dramático para a dinâmica dos rios, que será certamente alterada. “Muda o ambiente fluvial que é criadouro de vida. Acaba com os hábitos dos animais, sejam peixes ou outras espécies”, disse. “As consequências são graves. A transformação do rio é de médio e longo prazos e a sua recuperação não se dá de um dia para o outro.”
Ele alertou para o acúmulo de rejeitos nas margens do rio Paraopeba. Esse material é carregado de ferro e outros contaminantes. A cada chuva, os sedimentos correm para os rios, e agravam a contaminação. Felippe não acha menos preocupante o fato de os rejeitos pesados ficarem retidos no fundo do lago da barragem de Três Marias, sem prosseguirem pelo São Francisco. “Ainda que a lama não passe, os contaminantes atingirão o rio.”
Na tarde de segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico fechou a barragem de Retiro Baixo, onde espera conter parte dos rejeitos de minério de ferro que descem o Paraopeba. A decisão foi tomada para não comprometer as turbinas da usina. A expectativa era de que a lama não chegasse até a barragem de Três Marias, a 70 quilômetros dali, o que obrigaria o ONS a tirá-la também de operação. Enquanto a de Retiro Baixo gera apenas 20 megawatts, a de Três Marias gera cerca de 300 megawatts. Todo o sistema nacional produz, em conjunto, 109 mil megawatts.
A Cemig, empresa controladora da barragem de Três Marias, embora não acredite na possibilidade de a lama ter força para chegar à usina, está monitorando o movimento dos rejeitos. A assessoria de imprensa da empresa explicou que, se a lama chegar à represa, as comportas teriam que ser abertas para evitar a destruição das turbinas. “Não há muita saída”, explicou o porta-voz da Cemig, Carlos Santiago. “Mesmo porque, se a represa retiver a água, coloca a barragem em risco de estourar.” Afora isso, se a água fosse retida, a vazão do São Francisco ficaria comprometida.
A Vale afirmou nesta segunda-feira que vai construir um dique em Pará de Minas, a cerca de 75 quilômetros de Brumadinho, ainda antes de Retiro Baixo, para tentar segurar os rejeitos. O objetivo, conforme afirmou em coletiva de imprensa o diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, é “reter os coloides, partículas muito grossas [de minério], e permitir a continuidade da captação de água” nas cidades ao longo do leito do Paraopeba. Siani informou também que a empresa vai pagar 100 mil reais para cada família das vítimas, a título de auxílio, enquanto não se discute como será feita a indenização.
Durante a tarde desta terça-feira, a equipe de cientistas da Universidade Federal de Juiz de Fora tentava entender o que significa a proposta da Vale de colocar o dique – uma “membrana”, como definiu Siani – para conter a passagem dos rejeitos e evitar que a lama chegue até o São Francisco. “O que Samarco fez, à época do rompimento daquela estrutura, em Mariana, foi construir um dique no rio Santarem. Isto é impossível de ser feito no Paraopeba, por ser um rio muito maior”, afirmou Miguel Felippe, “Mas as informações divulgadas pela Vale até aqui são insuficientes para uma avaliação mais precisa.” A piauí pediu à assessoria de imprensa da Vale que detalhasse a técnica da membrana. A empresa não respondeu até a publicação desta reportagem.
Outra alternativa tentada pela Samarco em 2015, para evitar que a lama chegasse até o mar do Espírito Santo, foi colocar barreiras esféricas usadas para a contenção de vazamentos de petróleo no mar. Não funcionou. O óleo tem uma viscosidade diferente da lama. É possível que o combustível grude nessas barreiras, em forma de bolas, mas a lama passou por elas sem ser detida.
Integrante da força-tarefa de cientistas no rompimento de Fundão, Felippe contou que ele tentou argumentar com os técnicos da empresa que instalavam os balões, a Ocean Pact, contratada pela Samarco, Vale e BHP, de que a técnica não funcionaria para a lama. “Quase me enxotaram de lá”, contou. “Evidentemente, a técnica não funcionou”, disse. Aquela, segundo ele, foi uma tentativa das três empresas de dar uma justificativa à Justiça que ameaçava multá-las caso não conseguissem deter os rejeitos. A lama não foi contida, e menos de 6% das multas ambientais foram pagas.
De qualquer forma, explicou o cientista, ainda que seja eficaz uma membrana para conter resíduos físicos, ela não é capaz de reter os contaminantes misturados à água. Isso significa que tanto o Paraopeba quanto o São Francisco serão contaminados por substâncias tóxicas contidas na lama.
O geógrafo Luiz Jardim, da Universidade do Estado do Rio Janeiro, usou de uma imagem dramática para explicar o que aconteceria caso a lama chegasse espessa à barragem de Três Marias, que fica no início do rio São Francisco. “Seria uma escolha de Sofia. Decidir como matar o São Francisco. Ou por sufocamento, permitindo que as comportas fossem abertas, arrastando a lama para o rio, ou pela retenção da água.” O rio Paraopeba é um dos principais afluentes do São Francisco e impedir que a água seguisse seu curso reduziria sua vazão.
As ações da Vale desabaram, na segunda-feira, dia 28, no Brasil e na bolsa de Nova York, e a companhia perdeu 72 bilhões de reais de seu valor de mercado. Os maiores controladores da Vale são os fundos de pensão das empresas estatais – Previ, Petros e Funcef – e o BNDES, com cerca de 27% das ações com direito a voto, sendo seus maiores acionistas, e a Bradespar, braço de participação do Bradesco, e a japonesa Mitsui, com cerca de 11% das ações com direito a voto. Embora a empresa tenha sido privatizada em 1997, o Estado brasileiro continua como seu maior acionista.
Até o acidente da barragem de Fundão, em Mariana, a Vale fazia parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial, o ISE, da B3 (que é a fusão da Bolsa de Valores de São Paulo e da BM&F). Neste índice, são negociadas as ações das trinta empresas com maior liquidez no mercado, isto é, as mais atraentes para os investidores, por serem empresas comprometidas com a sustentabilidade. Com a procura cada vez maior dos investidores por ações de empresas que respeitam o meio ambiente, pertencer ao ISE é um atestado de qualidade que ajuda na valorização da companhia. Durante três anos, a Vale ficou de fora do ISE, e voltou a fazer parte do seleto grupo este ano. A pergunta do mercado é se ela será novamente retirada. Este seria mais um baque para a Vale que, nos últimos dois anos, fez pesados investimentos em comunicação para tentar recuperar a sua imagem, prejudicada com o rompimento da barragem da Samarco, em 2015, controlada por ela e pela anglo-australiana BHP Billiton, o que foi considerado o maior desastre ambiental brasileiro e o maior desse tipo na mineração mundial.
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Veículo: Belém Online
Editoria: Papo Sério
Data: 29/01/2019
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
29 de janeiro de 2019
Trabalho deve retirar os rejeitos da barragem e revitalizar a região; especialistas ouvidos pelo G1 explicam que o processo é caro e demorado. Cidade de MG foi palco de tragédia após barragem romper. A mina do Feijão na região de Córrego do Feijão, em Brumadinho, dois dias depois do rompimento da barragem da Vale.
Douglas Magno/AFP
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”.
Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”.
Vale vai gastar R$ 5 bilhões para acabar com barragens a montante
Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes.
Entenda o processo de descomissionamento de barragens
Alexandre Mauro/G1
Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios.
Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê a drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento.
A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
“Não existe risco zero. Qualquer que seja a estrutura ou tecnologia, vai gerar algum tipo de risco. Por isso que o monitoramento é importante”, alerta Felippe.
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do longo tempo.”
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Comissão de urbanismo agenda visitas às barragens de Juiz de Fora
Diário Regional em 30/01/2019 16:34
A comissão de urbanismo, formada pelos vereadores Zé Márcio – Garotinho (PV), Wanderson Castelar (PT), Adriano Miranda (PHS) e Kenedy Ribeiro (MDB), reuniram-se nesta terça-feira, 29, para discutir ações a respeito da situação das barragens no município de Juiz de Fora.
Os vereadores ressaltam que esta é uma discussão recorrente dentro da Comissão de Urbanismo. “Não é a primeira vez que o assunto é debatido pela Comissão. A nossa preocupação é constante, mas diante da tragédia em Brumadinho torna-se urgente dar uma resposta à população em relação ao que fatalmente vem a cabeça de todos, nesse momento: como estão às barragens, sobretudo as de rejeitos, em Juiz de Fora?”, disse Castelar.
Trata-se, da continuidade de um trabalho que já vem sendo realizado pela Comissão de Urbanismo desde 2016 e, também, de uma ação preventiva.
Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a questão, foram agendadas duas visitas as barragens durante esta semana, para as quais, todos os vereadores serão convidados. A primeira acontece na próxima terça-feira, 5, a partir das 8h, nas duas barragens de rejeitos de Juiz de Fora: a Barragem da Pedra e a Barragem dos Peixes, que possuem, respectivamente, 1,5 milhão e 800 mil metros cúbicos. Ambas pertencem ao grupo Votorantim e estão sob responsabilidade da Nexa Resources, sendo que a Barragem dos Peixes atualmente encontra-se inativa. “A intenção é averiguar a segurança e o volume destas barragens, além da conversa sobre as duas estruturas de resíduos industriais. Iremos aproveitar a oportunidade para discutir a situação da Represa de Picada – que é de geração de Energia Elétrica, mas que também é da responsabilidade do Grupo Votorantim”, afirma Zé Márcio.
Na próxima quarta-feira, 6, a visita será na Represa Dr. João Penido, que pertence a Cesama, e possui 16 milhões de metros cúbicos, que abastece toda a cidade. A Comissão de Urbanismo destaca que estas são as primeiras duas visitas de uma série que pretendem realizar.
Para acompanhar a comissão, serão convidados entre outros órgãos, representantes do Ministério Público, da Secretaria de Meio-ambiente do município, das faculdades de Engenharia Ambiental e Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Fonte: CMJF
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: Portal F11
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Comissão de urbanismo agenda visitas às barragens de Juiz de Fora
Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a questão, foram agendadas duas visitas as barragens durante esta semana, para as quais, todos os vereadores serão convidados.
Comissão de urbanismo agenda visitas às barragens de Juiz de Fora
A comissão de urbanismo, formada pelos vereadores Zé Márcio – Garotinho (PV), Wanderson Castelar (PT), Adriano Miranda (PHS) e Kenedy Ribeiro (MDB), reuniu-se nesta terça-feira, 29, para discutir ações a respeito da situação das barragens no município de Juiz de Fora.
Os vereadores ressaltam que esta é uma discussão recorrente dentro da Comissão de Urbanismo. “Não é a primeira vez que o assunto é debatido pela Comissão. A nossa preocupação é constante, mas diante da tragédia em Brumadinho torna-se urgente dar uma resposta à população em relação ao que fatalmente vem a cabeça de todos, nesse momento: como estão às barragens, sobretudo as de rejeitos, em Juiz de Fora?”, disse Castelar. Trata-se, da continuidade de um trabalho que já vem sendo realizado pela Comissão de Urbanismo desde 2016 e, também, de uma ação preventiva.
Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a questão, foram agendadas duas visitas as barragens durante esta semana, para as quais, todos os vereadores serão convidados. A primeira acontece na próxima terça-feira, 5, a partir das 8h, nas duas barragens de rejeitos de Juiz de Fora: a Barragem da Pedra e a Barragem dos Peixes, que possuem, respectivamente, 1,5 milhão e 800 mil metros cúbicos. Ambas pertencem ao grupo Votorantim e estão sob responsabilidade da Nexa Resources, sendo que a Barragem dos Peixes atualmente encontra-se inativa. “A intenção é averiguar a segurança e o volume destas barragens, além da conversa sobre as duas estruturas de resíduos industriais. Iremos aproveitar a oportunidade para discutir a situação da Represa de Picada – que é de geração de Energia Elétrica, mas que também é da responsabilidade do Grupo Votorantim”, afirma Zé Márcio.
Na próxima quarta-feira, 6, a visita será na Represa Dr. João Penido, que pertence a Cesama, e possui 16 milhões de metros cúbicos, que abastece toda a cidade. A Comissão de Urbanismo destaca que estas são as primeiras duas visitas de uma série que pretendem realizar.
Para acompanhar a comissão, serão convidados entre outros órgãos, representantes do Ministério Público, da Secretaria de Meio-ambiente do município, das faculdades de Engenharia Ambiental e Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Fonte: Câmara Municipal de Juiz de Fora
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Política
Data: 30/01/2019
Título: Comissão de urbanismo da Câmara agenda visitas às barragens de JF
Primeira inspeção acontece na próxima terça-feira (5), a partir das 8h, nas duas barragens de rejeitos na cidade
Por Tribuna
30/01/2019 às 16h46- Atualizada 30/01/2019 às 16h47
Duas visitas às barragens de Juiz de Fora, na próxima semana, foram agendadas pela Comissão de Urbanismo da Câmara Municipal. A comissão, que é formada pelos vereadores Zé Márcio Garotinho (PV), Wanderson Castelar (PT), Adriano Miranda (PHS) e Kenedy Ribeiro (MDB), reuniu-se nesta terça-feira (29), com o propósito de discutir ações a respeito da situação das barragens na cidade, ficando definidas as visitas, para as quais serão convidados todos os vereadores com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a questão.
A primeira acontece na próxima terça-feira (5), a partir das 8h, nas duas barragens de rejeitos de Juiz de Fora: a Barragem da Pedra e a Barragem dos Peixes, que possuem, respectivamente, 1,5 milhão e 800 mil metros cúbicos. Ambas pertencem ao grupo Votorantim e estão sob responsabilidade da Nexa Resources, sendo que a Barragem dos Peixes atualmente encontra-se inativa. “A intenção é averiguar a segurança e o volume destas barragens, além da conversa sobre as duas estruturas de resíduos industriais. Iremos aproveitar a oportunidade para discutir a situação da Represa de Picada – que é de geração de energia elétrica, mas que também é da responsabilidade do Grupo Votorantim”, afirma Zé Márcio.
No dia seguinte (6), a visita será na Represa Dr. João Penido, pertencente à Cesama. Ela possui 16 milhões de metros cúbicos e abastece a maior parte da cidade. A Comissão de Urbanismo destaca que estas são as primeiras duas visitas de uma série que pretende realizar.
Os vereadores ressaltam que esta é uma discussão recorrente dentro da Comissão de Urbanismo. “Não é a primeira vez que o assunto é debatido pela comissão. A nossa preocupação é constante, mas, diante da tragédia em Brumadinho, torna-se urgente dar uma resposta à população em relação ao que fatalmente vem à cabeça de todos, neste momento: como estão às barragens, sobretudo as de rejeitos, em Juiz de Fora?”, disse Castelar. Trata-se da continuidade de um trabalho que já vem sendo realizado pela Comissão de Urbanismo desde 2016 e, também, de uma ação preventiva.
Para acompanhar a comissão, serão convidados, entre outros órgãos, representantes do Ministério Público, da Secretaria de Meio-ambiente do município, das faculdades de Engenharia Ambiental e Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Audiência pública
Em relação à audiência pública que foi solicitada pelos vereadores Marlon Siqueira (MDB) e Cido Reis (PSB) para discutir a situação das barragens de Juiz de Fora, a data só deve ser definida após o recesso parlamentar, que termina no dia 15 de fevereiro.
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Veículo: Confederação Brasileira de Atletismo
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://cbat.org.br/novo/noticias/noticia.aspx?id=10296
Título: Equipe do Brasil definida para o Campeonato Sul-Americano de Cross Country
Da Assessoria de Imprensa da CBAt 30/01/2019
Jeovana Fernanda dos Santos (Wagner Carmo/CBAt)
Quatorze atletas participarão pela primeira vez de uma competição internacional
Bragança Paulista – O Campeonato Sul-Americano de Cross Country, que acontece no próximo dia 23 de fevereiro, em Guayaquil, no Equador, marcará a estreia em competições internacionais de grande parte da equipe brasileira convocada nesta quarta-feira (30) pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Dos 20 atletas que foram chamados apenas seis já integraram seleções anteriormente.
Os mais experientes são Gilberto Silvestre Lopes (Pé de Vento Petrópolis), campeão sul-americano da modalidade em 2012 e Graziele Zarri (FECAM), que farão os 10 km.
Entre os estreantes, destaque para os campeões na Copa Brasil Caixa de Cross de 2019, Amanda de Oliveira (UFJF), Vitor de Oliveira Silva (FECAM), Jeovana Fernanda dos Santos (ABDA) e Douglas de Oliveira Henrique (Vasco).
“Estou muito empolgada por ter conquistado a vaga para minha primeira seleção, vamos continuar treinando para buscar um bom resultado no Equador”, disse Jeovana, primeira nos 6km Sub-20.
“Nunca tinha corrido prova de Cross e já conquistei a medalha de ouro, agora quero representar bem o Brasil”, afirmou Vitor, campeão dos 8 km Sub-20.
O Campeonato Sul-Americano é seletivo para o Mundial de Cross Country, em Aarhus, na Dinamarca, em março.
Os convocados:
Gilberto Silvestre Lopes – 10 km adulto
Johnatas de Oliveira Cruz – 10 km adulto
Andre Ramos de Souza – 10 km adulto
Nicolas Antonio Gonçalves da Silva – 10km adulto
Vitor de Oliveira da Silva – 8km Sub-20
Mario Henrique Alves Brito – 8km Sub-20
Leonardo Ferreira do Nascimento – 8km Sub-20
Yago de Souza Werneck – 8km Sub-20
Douglas de Oliveira Henrique – 6km Sub-18
Tiago Emidio Fernandes – 6km Sub-18
Amanda Aparecida de Oliveira – 10km adulto
Graziele Zarri – 10 km adulto
Simone Ponte Ferraz – 10 km adulto
Jessica Suzan Rodrigues – 10km Adulto
Jeovana Fernanda Leopoldina dos Santos – 6km Sub-20
Leticia de Almeida Belo – 6km Sub-20
Bianca Vitoria Esquerdo dos Santos – 6km Sub-20
Maria Lucineida da Silva Moreira – 6km Sub-20
Gabriela de Freitas Tardivo – 4km Sub-18
Francielly da Silva Marcondes – 4km Sub-18
A equipe brasileira viajá com recursos do Programa de Apoio às Seleções Brasileiras da Caixa, a patrocinadora oficial do Atletismo Brasileiro.
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Veículo: Ciência na Rua
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://ciencianarua.net/frente-de-pesquisadores-de-mg-articula-acoes-para-apoio-a-brumadinho/
Título: FRENTE DE PESQUISADORES DE MG ARTICULA AÇÕES PARA APOIO A BRUMADINHO
Posted by Ciência na rua | jan 30, 2019
Com informações do Portal UFMG
Reunidos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na tarde da segunda-feira, 28, cerca de 70 pesquisadores discutiram ações para assistir a população de Brumadinho, após o rompimento da barragem do Feijão, da empresa Vale, na sexta-feira, 25, que resultou, até agora, em 84 mortes, além de graves danos ambientais e materiais.
Em entrevista a diferentes veículos em um intervalo da reunião, a reitora da universidade, Sandra Regina Goulart Almeida, explicou que a iniciativa busca agregar pessoas que se envolveram em ações de curto, médio e longo prazos para assistir a população de Mariana, no caso do rompimento da barragem do Fundão, da empresa Samarco, em 2015. Na época, foi criado o Programa Participa Mariana-Rio Doce, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que criou linhas de fomento para que pesquisadores encontrassem soluções para remediar a situação.
A reitora defendeu que atender ao estado e ao país é missão da universidade pública e que muitas das pesquisas realizadas na instituição podem ajudar nos desafios que estão postos pelo desastre, seja na área ambiental, seja nas áreas de medicina e psicologia, além de engenharia. Ela explicou que grupos de direitos humanos e da veterinária já estavam em Brumadinho para prestar apoio e destacou ainda que os dois hospitais da universidade fizeram parte do plano de catátrofe desde o dia do rompimento e que a instituição está articulada com governo e ministério público para atender as diferentes demandas.
O grupo, que conta com pesquisadores também da Fiocruz, da PUC Minas e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), volta a se reunir no dia 4 de fevereiro, às 14h, no auditório A1 do Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1), campus Pampulha. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail participaufmg@ufmg.br.
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Veículo: Sociedade dos Amigos do Planalto Paulista
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.sapp.org.br/sapp/2019/01/os-mortos-de-brumadinho-custam-barato-para-a-vale/
Título: Os mortos de Brumadinho custam barato para a Vale. O que importa mesmo é a China.
30 / 01 / 2019
Desastres como o de Mariana e Brumadinho são didáticos para contemplar a pior face do capitalismo brasileiro. Neles, se somam ganâncias privadas, a captura do legislativo estadual e federal por poderosos interesses econômicos e a brutal incompetência, corrupção e vistas grossas do poder público.
No meio disso tudo, no trajeto do rio de lama, há não “uma pedra” (como no poema do poeta de Itabira), mas uma flora e uma fauna – incluídos aí os humanos sem nome que, para os atores graúdos envolvidos, não têm importância comparável aos bônus de fim de ano distribuídos pela empresa.
Na economia de mercado, as empresas buscam mais lucros e menos custos. Tratar rejeitos de mineração (ou “dejeitos” no léxico presidencial) é custo, não é receita. Como alertou o professor Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, as mineradoras cortam custos exatamente nessa área ambiental quando sua rentabilidade cai.
A única forma de forçar a empresa a se comportar é por meio da legislação e da pressão social. O público pode se recusar a comprar produtos de uma empresa poluidora, forçando o empresário a se preocupar com o meio ambiente. Esse cenário, porém, não vale para a Vale. Seu comprador é a China, que está a milhares de quilômetros de distância de Minas Gerais. E os governantes que podem puni-la dependem dos seus impostos para pagar os funcionários públicos – o governo de Minas, em especial, está em situação falimentar e não pode abrir mão desse dinheiro.
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Veículo: UOL
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Corrida por boom das commodities gerou minas mais inseguras no Brasil
RFI 30/01/2019 00h00
A rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), expõe mais uma vez as falhas do modelo de mineração de grande porte no Brasil. Muitas barragens são antigas e defasadas, como a acidentada, e outras são resultado de um procedimento acelerado de construção, para a atender à demanda internacional do boom das commodities, nos anos 2000. O resultado são obras duvidosas do ponto de vista dos riscos.
As grandes corporações, como a Vale, promoveram uma corrida para suprir principalmente a expectativa de demanda por minério de ferro da China, maior importadora mundial, para sustentar o crescimento espetacular do país na última década. “A China tem um papel fundamental nessa expansão, que acontece em dois níveis: na economia real e na economia especulativa. Ambas, juntas, estimulam a expansão mineral no Brasil. À medida que existe a expectativa de preços, que nas commodities são voláteis, as empresas têm grande pressa em expandir as suas minas ou abrir minas novas para aproveitar o período de bonança”, explica o pesquisador Bruno Milanez, especialista da Universidade Federal de Juiz de Fora na interação entre a mineração, a economia e o ambiente. “Muitas obras são feitas a toque de caixa e aumenta muito a pressão sobre os órgãos reguladores. Consequentemente, o que se espera é que as obras construídas durante essa etapa tendem a ter mais falhas.”
Modelo ineficaz
Além disso, nessa corrida contra o tempo, muitas mineradoras contraíram dívidas abissais e, quando os preços do minério caíam, os primeiros setores a sofrer cortes eram os de manutenção e segurança. Milanez ressalta que esse descuido foi “claramente” o que levou à tragédia na barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, há três anos.
“Pela experiência latino-americana, é um modelo que não funciona, do ponto de vista de segurança, de desenvolvimento e até de crescimento econômico de longo prazo”, resume Milanez. “Há pesquisadores que trabalham com a hipótese de sairmos desse extrativismo irresponsável e irmos para o extrativismo do necessário. Seria buscarmos trabalhar em escalas menores, voltadas para as necessidades do consumo nacional e regional. Isso já diminuiria consideravelmente os impactos e riscos que estão associados à mineração.”
Enquanto o modelo de extrativismo intensivo permanecer, Milanez avalia que é “ingenuidade” esperar que as companhias adotarão procedimentos mais seguros, afinal são mais custosos. Cabe ao Estado fortalecer o licenciamento e a fiscalização para evitar novas tragédias.
Peso econômico da mineração
O x da questão é que, até hoje, governo após governo, o peso econômico sempre enterrou as preocupações socioambientais – a mineração representa 4% do PIB brasileiro e concentra 180 mil empregos diretos e 2,2 milhões indiretos. O setor fornece insumos para a metalurgia, petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas e responde por 11% das exportações brasileiras.
É por isso que, na prática, o poder das mineradoras parece se sobrepor ao do Estado. O licenciamento acaba saindo antes da avaliação dos riscos, que é feita por contratados pela própria mineradora. A fiscalização é claramente insuficiente: um relatório de novembro da Agência Nacional de Águas indicou que, das mais de 24 mil barragens do país, 790 servem para a contenção de rejeitos da mineração, e apenas 3% tiveram uma vistoria adequada.
Impacto nos mercados
O impacto financeiro de tragédias como a de Brumadinho é relativo. Nos mercados, as ações da Vale despencaram, mas podem não tardar a se recuperar. André Perfeito, a economista-chefe da Necton Investimentos, avalia que o tamanho do prejuízo será proporcional à resposta do governo à tragédia: se houver rigor, a “punição” será maior.
“Se pegamos o exemplo da própria Vale, a ação chegou a cair mais de 50% depois de Mariana. E desde lá até quinta-feira, já tinha subido mais de 500%. Por isso, fica muito evidente que é mais uma questão de regulação, de multas, da atuação do Ibama. Ou seja, depende muito do governo”, afirma o analista. “Eu confesso que estou bastante curioso para ver como o governo Bolsonaro vai reagir a isso, já que eles se mostraram bastante indiferentes com a questão ambiental.”
Gestão de resíduos
No exterior, a tendência é encontrar soluções rentáveis para lidar com o problema dos resíduos da produção mineral, uma alternativa para limitar a necessidade de barragens. A redução ou a reciclagem dos rejeitos ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar do potencial na construção, como para a fabricação de tijolos ou a pavimentação de estradas e calçadas.
A consultora em sustentabilidade estratégica e economia circular Beatriz Luz, fundadora da Exchange4Change Brasil, ressalta que a última tragédia obriga todo o setor a se repensar. “Tem um caso de uma mineradora canadense, a Teck, que virou a maior recicladora de resíduos eletroeletrônicos do país. Era a maior mineradora do Canadá e se tornou a maior recicladora”, conta a consultora. “Isso é uma mudança sistêmica: refletir sobre as suas matérias-primas, aplicar as suas habilidades em outro contexto e continuar crescendo de uma forma diferente.”
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Veículo: Agência Pública
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://apublica.org/2019/01/brasil-registra-mais-de-tres-acidentes-em-barragens-por-ano/
Título: Brasil registra mais de três acidentes em barragens por ano
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes como o de Brumadinho
Vinicius Mendonça/Ibama
30 de janeiro de 2019
Bruno Fonseca
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. Em sete anos, foram 52 incidentes.
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
Dados apontam barragens comprometidas em Minas Gerais e em todo o Brasil
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Minas Gerais tem um grande acidente com barragens a cada dois anos
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
Dependentes do rio Doce, com medo da água
Mais de dois anos após o desastre que enlameou o rio Doce com rejeitos da mineração, a população de Governador Valadares espera a retomada dos processos na Justiça e não confia na qualidade do que chega às torneiras
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
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Veículo: Metrópole
Editoria: Áudios da Metrópole
Data: 30/01/2019
Link: https://www.metro1.com.br/audios/15578,bruno-milanez.html
Título: Áudios da Metrópole – Bruno Milanez
Doutor em política ambiental analisa tragédia em Brumadinho
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Veículo: Metro1
Editoria: Notícias – Brasil
Data: 30/01/2019
Título: ‘Licenciamentos ambientais mais rápidos não são necessariamente melhores’, diz especialista.
Ainda de acordo com Milanez, os desdobramentos da tragédia em Mariana são “esquizofrênicos”
Por Alexandre Galvão no dia 30 de Janeiro de 2019 ⋅ 08:51
Doutor em política ambiental, o professor Bruno Milanez espera que os desastres de Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, sirvam para mostrar que os licenciamentos ambientais precisam ser feitos de forma mais criteriosa.
“Licenciamentos mais rápidos não são necessariamente melhores. Temos que olhar para Minas como um balão de ensaio. O licenciamento não é só proteger o ambiente lá fora, mas a vida das pessoas. Precisamos de sistemas mais rigorosos e criteriosos. Espero que olhem para MG e aprendam que tem que ser mais criteriosos”, afirmou, em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole.
Ainda de acordo com Milanez, os desdobramentos da tragédia em Mariana são “esquizofrênicos”. “A forma como o caso de Fundão foi levado é esquizofrênico. O acordo foi feito, as empresas pegam o acordo e levam para a Justiça. Teria que pensar outra forma de acelerar o Judiciário e garantir que as soluções sejam consistentes. É impensável que após 3 anos as pessoas não tenham casa para morar”, analisou.
Para ele, o estado de Minas precisa organizar melhor a fiscalização e afastar os órgãos de apuração das empresas mineradoras. “Em Minas tem uma situação delicada dos órgão reguladores e as empresas. As mineradoras escolhem que vai monitorar e pagam para isso. Os laudos de Brumadinho, de Mariana, diziam que estava estável. Tem algo falhando no monitoramento”, notou.
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Veículo: The Intercept
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://theintercept.com/2019/01/29/vale-mortos-brumadinho-china/
Título: OS MORTOS DE BRUMADINHO CUSTAM BARATO PARA A VALE. O QUE IMPORTA MESMO É A CHINA.
Alexandre Andrada
30 de Janeiro de 2019, 1h02
TRAGÉDIAS COMO AS de Mariana e Brumadinho, no final das contas, saem barato para gigantes como a Vale. Basta acompanhar o mercado de ações.
O preço das ações de uma empresa na bolsa de valores, uma medida básica sobre o valor da própria empresa, é determinado por uma infinidade de variáveis. Uma, porém, se destaca: a expectativa em relação ao lucro da empresa, por parte dos investidores.
Imagine que uma empresa abre seu capital, oferecendo 100 ações. Se, por qualquer motivo, os investidores acreditam que essa empresa terá um aumento nos seus lucros, os papéis serão um bom investimento. Haverá um aumento na demanda por eles, e o preço unitário das ações sobe. Se por outro lado a expectativa é de queda no lucro da empresa, o público vai querer se livrar desses papéis, provocando uma queda no valor dessas ações.
Uma parte importante dos compradores e vendedores dessas ações é formada por aquilo que chamamos de especuladores. Isto é, indivíduos que não estão interessados no lucro da empresa daqui cinco ou 10 anos, mas estão em comprar as ações a um preço baixo e vender a um preço alto, sendo que tais operações podem ocorrer no intervalo de um único dia.
O valor da Vale já vinha em queda desde 2012. Mas, após a tragédia de Mariana, em novembro de 2015, a empresa – que é dona de 50% do capital da Samarco – perdeu 8% de seu valor de mercado em uma única semana. Naquele ano, aliás, a Vale foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor na bolsa brasileira, com uma queda da ordem de R$ 45,9 bilhões. Essa desvalorização se deveu não apenas à tragédia de Mariana, mas também à queda da cotação do minério de ferro no mercado global.
Mas, a partir de então, as ações da Vale voltaram a subir. No final de 2018, o valor de mercado da empresa fechou em R$ 263 bilhões, quase três vezes mais do que em 2014, antes do desastre, quando era de R$ 107 bi. Tudo leva a crer que deve ocorrer o mesmo com a tragédia de Brumadinho. Tudo será como antes.
Os cadáveres soterrados para sempre naquela lama têm importância mínima para a empresa e seus investidores. Eles são custos já precificados pelos investidores da Vale.
Torcida a favor
Desastres como o de Mariana e Brumadinho são didáticos para contemplar a pior face do capitalismo brasileiro. Neles, se somam ganâncias privadas, a captura do legislativo estadual e federal por poderosos interesses econômicos e a brutal incompetência, corrupção e vistas grossas do poder público.
No meio disso tudo, no trajeto do rio de lama, há não “uma pedra” (como no poema do poeta de Itabira), mas uma flora e uma fauna – incluídos aí os humanos sem nome que, para os atores graúdos envolvidos, não têm importância comparável aos bônus de fim de ano distribuídos pela empresa.
Na economia de mercado, as empresas buscam mais lucros e menos custos. Tratar rejeitos de mineração (ou “dejeitos” no léxico presidencial) é custo, não é receita. Como alertou o professor Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, as mineradoras cortam custos exatamente nessa área ambiental quando sua rentabilidade cai.
A única forma de forçar a empresa a se comportar é por meio da legislação e da pressão social. O público pode se recusar a comprar produtos de uma empresa poluidora, forçando o empresário a se preocupar com o meio ambiente. Esse cenário, porém, não vale para a Vale. Seu comprador é a China, que está a milhares de quilômetros de distância de Minas Gerais. E os governantes que podem puni-la dependem dos seus impostos para pagar os funcionários públicos – o governo de Minas, em especial, está em situação falimentar e não pode abrir mão desse dinheiro.
Segundo dados divulgados pela própria Vale, no primeiro semestre 2018, a empresa pagou R$ 676 milhões em tributos para o governo de Minas, além de ter realizado compras da ordem de R$ 4,9 bilhões – 77% de empresas daquele estado (R$ 3,8 bi). Em 2018, o minério de ferro respondeu a 8,4% das exportações brasileiras – é o terceiro produto mais importante, atrás apenas da soja e do petróleo – e a 30% das de Minas Gerais, o principal produto de exportação do estado. Em 2017, a participação do ferro foi ainda maior: 34% das exportações de Minas.
Ainda que a economia dos mineiros seja bastante sofisticada, especialmente para os padrões brasileiros, é evidente que a mineração é ainda muito importante para sua economia. E poder econômico se traduz sempre em poder político.
Precisando desses recursos e dos empregos diretos e indiretos gerados por projetos da Vale, políticos são incentivados a atender aos desejos dessa empresa gigantesca, inclusive facilitando a concessão de licenças ambientais ou fazendo vista grossa para irregularidades.
Nas eleições de 2014, por exemplo, a Vale “doou” quase R$ 30 milhões para campanhas de deputados federais, notadamente de Minas, Bahia e Pará. Tais doações se dividiram entre PMDB (R$ 13,8 mi), PSB (R$ 5,7 mi), PT (R$ 4,3 mi), PSDB (R$ 3,6 mi) e PP (R$ 1,7 mi). Isso deixa claro que o poder econômico da empresa irriga quase todo o espectro político brasileiro.
Na Assembleia de Minas, o deputado tucano João Vítor Xavier tentou aprovar um projeto que endurecia as regras para liberação de barragens das mineradoras. O texto, amplamente discutido com técnicos e representantes da sociedade civil, foi derrotado, em favor de um projeto virtualmente escrito pelas próprias mineradoras.
Num mundo hipotético – que em nada lembra o Brasil, felizmente –, uma empresa rica pode simplesmente subornar os agentes envolvidos no processo. Desde um simples fiscal de um órgão público, a um juiz encarregado de alguma demanda de seu interesse, passando pelo governador ou presidente. Uma hipótese remota.
É hora de comprar?
Nas páginas especializadas, já há matérias do tipo “É hora de comprar ações da Vale?” Não sou trader, mas eu diria que sim. Afinal, já sabemos que as punições são leves em termos monetários (R$ 250 milhões de multa ambiental, como se diz pela avenida Paulista, é peanuts) e ninguém vai para cadeia (ninguém graúdo, pelo menos).
O que preocupa mesmo os compradores de suas ações é o apetite dos chineses por minério de ferro.
E só.
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Veículo: Desacato
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: http://desacato.info/brasil-registra-mais-de-tres-acidentes-em-barragens-por-ano/
Título: Brasil registra mais de três acidentes em barragens por ano
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes como o de Brumadinho
30/01/2019
Por Bruno Fonseca.
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. Em sete anos, foram 52 incidentes.
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
Dados apontam barragens comprometidas em Minas Gerais e em todo o Brasil
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Minas Gerais tem um grande acidente com barragens a cada dois anos
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
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Veículo: Player FM
Editoria: Economia
Data: 30/01/2019
Título: Corrida por boom das commodities gerou minas mais inseguras no Brasil
2 days ago 5:52
By RFI. Discovered by Player FM and our community — copyright is owned by the publisher, not Player FM, and audio streamed directly from their servers.
A rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), expõe mais uma vez as falhas do modelo de mineração de grande porte no Brasil. Muitas barragens são antigas e defasadas, como a acidentada, e outras são resultado de um procedimento acelerado de construção, para a atender à demanda internacional do boom das commodities, nos anos 2000. O resultado são obras duvidosas do ponto de vista dos riscos. As grandes corporações, como a Vale, promoveram uma corrida para suprir principalmente a expectativa de demanda por minério de ferro da China, maior importadora mundial, para sustentar o crescimento espetacular do país na última década. “A China tem um papel fundamental nessa expansão, que acontece em dois níveis: na economia real e na economia especulativa. Ambas, juntas, estimulam a expansão mineral no Brasil. À medida que existe a expectativa de preços, que nas commodities são voláteis, as empresas têm grande pressa em expandir as suas minas ou abrir minas novas para aproveitar o período de bonança”, explica o pesquisador Bruno Milanez, especialista da Universidade Federal de Juiz de Fora na interação entre a mineração, a economia e o ambiente. “Muitas obras são feitas a toque de caixa e aumenta muito a pressão sobre os órgãos reguladores. Consequentemente, o que se espera é que as obras construídas durante essa etapa tendem a ter mais falhas.” Modelo ineficaz Além disso, nessa corrida contra o tempo, muitas mineradoras contraíram dívidas abissais e, quando os preços do minério caíam, os primeiros setores a sofrer cortes eram os de manutenção e segurança. Milanez ressalta que esse descuido foi “claramente” o que levou à tragédia na barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, há três anos. “Pela experiência latino-americana, é um modelo que não funciona, do ponto de vista de segurança, de desenvolvimento e até de crescimento econômico de longo prazo”, resume Milanez. “Há pesquisadores que trabalham com a hipótese de sairmos desse extrativismo irresponsável e irmos para o extrativismo do necessário. Seria buscarmos trabalhar em escalas menores, voltadas para as necessidades do consumo nacional e regional. Isso já diminuiria consideravelmente os impactos e riscos que estão associados à mineração.” Enquanto o modelo de extrativismo intensivo permanecer, Milanez avalia que é “ingenuidade” esperar que as companhias adotarão procedimentos mais seguros, afinal são mais custosos. Cabe ao Estado fortalecer o licenciamento e a fiscalização para evitar novas tragédias. Peso econômico da mineração O x da questão é que, até hoje, governo após governo, o peso econômico sempre enterrou as preocupações socioambientais – a mineração representa 4% do PIB brasileiro e concentra 180 mil empregos diretos e 2,2 milhões indiretos. O setor fornece insumos para a metalurgia, petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas e responde por 11% das exportações brasileiras. É por isso que, na prática, o poder das mineradoras parece se sobrepor ao do Estado. O licenciamento acaba saindo antes da avaliação dos riscos, que é feita por contratados pela própria mineradora. A fiscalização é claramente insuficiente: um relatório de novembro da Agência Nacional de Águas indicou que, das mais de 24 mil barragens do país, 790 servem para a contenção de rejeitos da mineração, e apenas 3% tiveram uma vistoria adequada. Impacto nos mercados O impacto financeiro de tragédias como a de Brumadinho é relativo. Nos mercados, as ações da Vale despencaram, mas podem não tardar a se recuperar. André Perfeito, a economista-chefe da Necton Investimentos, avalia que o tamanho do prejuízo será proporcional à resposta do governo à tragédia: se houver rigor, a “punição” será maior. “Se pegamos o exemplo da própria Vale, a ação chegou a cair mais de 50% depois de Mariana. E desde lá até quinta-feira, já tinha subido mais de 500%. Por isso, fica muito evidente que é mais uma questão de regulação, de multas, da atuação do Ibama. Ou seja, depende muito do governo”, afirma o analista. “Eu confesso que estou bastante curioso para ver como o governo Bolsonaro vai reagir a isso, já que eles se mostraram bastante indiferentes com a questão ambiental.” Gestão de resíduos No exterior, a tendência é encontrar soluções rentáveis para lidar com o problema dos resíduos da produção mineral, uma alternativa para limitar a necessidade de barragens. A redução ou a reciclagem dos rejeitos ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar do potencial na construção, como para a fabricação de tijolos ou a pavimentação de estradas e calçadas. A consultora em sustentabilidade estratégica e economia circular Beatriz Luz, fundadora da Exchange4Change Brasil, ressalta que a última tragédia obriga todo o setor a se repensar. “Tem um caso de uma mineradora canadense, a Teck, que virou a maior recicladora de resíduos eletroeletrônicos do país. Era a maior mineradora do Canadá e se tornou a maior recicladora”, conta a consultora. “Isso é uma mudança sistêmica: refletir sobre as suas matérias-primas, aplicar as suas habilidades em outro contexto e continuar crescendo de uma forma diferente.”
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Veículo: O Eco
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Vale acabará com todas as barragens parecidas com Brumadinho e Mariana
Por Daniele Bragança
quarta-feira, 30 janeiro 2019 05:10
A mineradora Vale anunciou que acabará com todas as barragens que seguem o mesmo padrão da Barragem de Brumadinho e de Mariana. A decisão foi anunciada após reunião do presidente da Vale, Fábio Schvartsman, com os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Tanto a Barragem de Brumadinho quanto de Mariana são do mesmo tipo, chamado de “a montante”, um tipo de barragem que permite a ampliação para cima do dique de maneira mais econômica, usando o próprio rejeito como fundação. É um dos modelos de construção de barragens mais usados na mineração, por causa do custo, mas também um dos mais instáveis.
A Vale possui 19 barragens deste tipo no país e já havia iniciado o processo de esvaziamento de 9 barragens após o acidente de Mariana. Pelo plano anunciado nesta terça-feira, a companhia investirá 5 bilhões para esvaziar os outros dez. O processo de descomissionamento deve demorar 3 anos. Para isso, a empresa pretende reduzir sua produção em 10%.
“A decisão da companhia é que não podemos mais conviver com esse tipo de barragem”, disse Schvartsman. “Vamos eliminar e acabar com todas as barragens a montante, com efeito imediato”, acrescentou.
Segundo Schvartsman, a única maneira de se fazer o esvaziamento é paralisando a produção. Os órgãos ambientais receberão em até 45 dias os projetos para licenciar o esvaziamento das barragens. As obras começarão assim que os órgãos derem as licenças.
A Vale foi multada em 250 milhões pelo Ibama e teve 11 bilhões bloqueados pela Justiça de Minas para garantia de reparação dos danos causados às vítimas do rompimento da barragem de rejeito. Até o momento, o rompimento da barragem de Brumadinho deixou 84 vítimas fatais. Ainda há 276 desaparecidos.
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Veículo: Jornal A Voz de Araxá
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: http://www.jornalavozdearaxa.com.br/os-mortos-de-brumadinho-custam-barato-para-a-vale/
Título: OS MORTOS DE BRUMADINHO CUSTAM BARATO PARA A VALE
Posted By: Gilson Santos Jornalista Profissional 18229/MGon: janeiro 30, 2019In: Brasil,
TRAGÉDIAS COMO AS de Mariana e Brumadinho, no final das contas, saem barato para gigantes como a Vale. Basta acompanhar o mercado de ações.
O preço das ações de uma empresa na bolsa de valores, uma medida básica sobre o valor da própria empresa, é determinado por uma infinidade de variáveis. Uma, porém, se destaca: a expectativa em relação ao lucro da empresa, por parte dos investidores.
Imagine que uma empresa abre seu capital, oferecendo 100 ações. Se, por qualquer motivo, os investidores acreditam que essa empresa terá um aumento nos seus lucros, os papéis serão um bom investimento. Haverá um aumento na demanda por eles, e o preço unitário das ações sobe. Se por outro lado a expectativa é de queda no lucro da empresa, o público vai querer se livrar desses papéis, provocando uma queda no valor dessas ações.
Uma parte importante dos compradores e vendedores dessas ações é formada por aquilo que chamamos de especuladores. Isto é, indivíduos que não estão interessados no lucro da empresa daqui cinco ou 10 anos, mas estão em comprar as ações a um preço baixo e vender a um preço alto, sendo que tais operações podem ocorrer no intervalo de um único dia.
O valor da Vale já vinha em queda desde 2012. Mas, após a tragédia de Mariana, em novembro de 2015, a empresa – que é dona de 50% do capital da Samarco – perdeu 8% de seu valor de mercado em uma única semana. Naquele ano, aliás, a Vale foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor na bolsa brasileira, com uma queda da ordem de R$ 45,9 bilhões. Essa desvalorização se deveu não apenas à tragédia de Mariana, mas também à queda da cotação do minério de ferro no mercado global.
Mas, a partir de então, as ações da Vale voltaram a subir. No final de 2018, o valor de mercado da empresa fechou em R$ 263 bilhões, quase três vezes mais do que em 2014, antes do desastre, quando era de R$ 107 bi. Tudo leva a crer que deve ocorrer o mesmo com a tragédia de Brumadinho. Tudo será como antes.
Os cadáveres soterrados para sempre naquela lama têm importância mínima para a empresa e seus investidores. Eles são custos já precificados pelos investidores da Vale.
Torcida a favor
Desastres como o de Mariana e Brumadinho são didáticos para contemplar a pior face do capitalismo brasileiro. Neles, se somam ganâncias privadas, a captura do legislativo estadual e federal por poderosos interesses econômicos e a brutal incompetência, corrupção e vistas grossas do poder público.
No meio disso tudo, no trajeto do rio de lama, há não “uma pedra” (como no poema do poeta de Itabira), mas uma flora e uma fauna – incluídos aí os humanos sem nome que, para os atores graúdos envolvidos, não têm importância comparável aos bônus de fim de ano distribuídos pela empresa.
Na economia de mercado, as empresas buscam mais lucros e menos custos. Tratar rejeitos de mineração (ou “dejeitos” no léxico presidencial) é custo, não é receita. Como alertou o professor Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, as mineradoras cortam custos exatamente nessa área ambiental quando sua rentabilidade cai.
A única forma de forçar a empresa a se comportar é por meio da legislação e da pressão social. O público pode se recusar a comprar produtos de uma empresa poluidora, forçando o empresário a se preocupar com o meio ambiente. Esse cenário, porém, não vale para a Vale. Seu comprador é a China, que está a milhares de quilômetros de distância de Minas Gerais. E os governantes que podem puni-la dependem dos seus impostos para pagar os funcionários públicos – o governo de Minas, em especial, está em situação falimentar e não pode abrir mão desse dinheiro.
Segundo dados divulgados pela própria Vale, no primeiro semestre 2018, a empresa pagou R$ 676 milhões em tributos para o governo de Minas, além de ter realizado compras da ordem de R$ 4,9 bilhões – 77% de empresas daquele estado (R$ 3,8 bi). Em 2018, o minério de ferro respondeu a 8,4% das exportações brasileiras – é o terceiro produto mais importante, atrás apenas da soja e do petróleo – e a 30% das de Minas Gerais, o principal produto de exportação do estado. Em 2017, a participação do ferro foi ainda maior: 34% das exportações de Minas.
Ainda que a economia dos mineiros seja bastante sofisticada, especialmente para os padrões brasileiros, é evidente que a mineração é ainda muito importante para sua economia. E poder econômico se traduz sempre em poder político.
Fonte: https://theintercept.com/2019/01/29/vale-mortos-brumadinho-china/
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Veículo: RFI
Editoria: Economia
Data: 30/01/2019
Link: http://br.rfi.fr/economia/20190130-corrida-por-boom-das-commodities-gerou-minas-mais-inseguras
Título: Corrida por boom das commodities gerou minas mais inseguras no Brasil
Por Lúcia Müzell
A rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), expõe mais uma vez as falhas do modelo de mineração de grande porte no Brasil. Muitas barragens são antigas e defasadas, como a acidentada, e outras são resultado de um procedimento acelerado de construção, para a atender à demanda internacional do boom das commodities, nos anos 2000. O resultado são obras duvidosas do ponto de vista dos riscos.
As grandes corporações, como a Vale, promoveram uma corrida para suprir principalmente a expectativa de demanda por minério de ferro da China, maior importadora mundial, para sustentar o crescimento espetacular do país na última década. “A China tem um papel fundamental nessa expansão, que acontece em dois níveis: na economia real e na economia especulativa. Ambas, juntas, estimulam a expansão mineral no Brasil. À medida que existe a expectativa de preços, que nas commodities são voláteis, as empresas têm grande pressa em expandir as suas minas ou abrir minas novas para aproveitar o período de bonança”, explica o pesquisador Bruno Milanez, especialista da Universidade Federal de Juiz de Fora na interação entre a mineração, a economia e o ambiente. “Muitas obras são feitas a toque de caixa e aumenta muito a pressão sobre os órgãos reguladores. Consequentemente, o que se espera é que as obras construídas durante essa etapa tendem a ter mais falhas.”
Modelo ineficaz
Além disso, nessa corrida contra o tempo, muitas mineradoras contraíram dívidas abissais e, quando os preços do minério caíam, os primeiros setores a sofrer cortes eram os de manutenção e segurança. Milanez ressalta que esse descuido foi “claramente” o que levou à tragédia na barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, há três anos.
“Pela experiência latino-americana, é um modelo que não funciona, do ponto de vista de segurança, de desenvolvimento e até de crescimento econômico de longo prazo”, resume Milanez. “Há pesquisadores que trabalham com a hipótese de sairmos desse extrativismo irresponsável e irmos para o extrativismo do necessário. Seria buscarmos trabalhar em escalas menores, voltadas para as necessidades do consumo nacional e regional. Isso já diminuiria consideravelmente os impactos e riscos que estão associados à mineração.”
Enquanto o modelo de extrativismo intensivo permanecer, Milanez avalia que é “ingenuidade” esperar que as companhias adotarão procedimentos mais seguros, afinal são mais custosos. Cabe ao Estado fortalecer o licenciamento e a fiscalização para evitar novas tragédias.
Peso econômico da mineração
O x da questão é que, até hoje, governo após governo, o peso econômico sempre enterrou as preocupações socioambientais – a mineração representa 4% do PIB brasileiro e concentra 180 mil empregos diretos e 2,2 milhões indiretos. O setor fornece insumos para a metalurgia, petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas e responde por 11% das exportações brasileiras.
É por isso que, na prática, o poder das mineradoras parece se sobrepor ao do Estado. O licenciamento acaba saindo antes da avaliação dos riscos, que é feita por contratados pela própria mineradora. A fiscalização é claramente insuficiente: um relatório de novembro da Agência Nacional de Águas indicou que, das mais de 24 mil barragens do país, 790 servem para a contenção de rejeitos da mineração, e apenas 3% tiveram uma vistoria adequada.
Impacto nos mercados
O impacto financeiro de tragédias como a de Brumadinho é relativo. Nos mercados, as ações da Vale despencaram, mas podem não tardar a se recuperar. André Perfeito, a economista-chefe da Necton Investimentos, avalia que o tamanho do prejuízo será proporcional à resposta do governo à tragédia: se houver rigor, a “punição” será maior.
“Se pegamos o exemplo da própria Vale, a ação chegou a cair mais de 50% depois de Mariana. E desde lá até quinta-feira, já tinha subido mais de 500%. Por isso, fica muito evidente que é mais uma questão de regulação, de multas, da atuação do Ibama. Ou seja, depende muito do governo”, afirma o analista. “Eu confesso que estou bastante curioso para ver como o governo Bolsonaro vai reagir a isso, já que eles se mostraram bastante indiferentes com a questão ambiental.”
Gestão de resíduos
No exterior, a tendência é encontrar soluções rentáveis para lidar com o problema dos resíduos da produção mineral, uma alternativa para limitar a necessidade de barragens. A redução ou a reciclagem dos rejeitos ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar do potencial na construção, como para a fabricação de tijolos ou a pavimentação de estradas e calçadas.
A consultora em sustentabilidade estratégica e economia circular Beatriz Luz, fundadora da Exchange4Change Brasil, ressalta que a última tragédia obriga todo o setor a se repensar. “Tem um caso de uma mineradora canadense, a Teck, que virou a maior recicladora de resíduos eletroeletrônicos do país. Era a maior mineradora do Canadá e se tornou a maior recicladora”, conta a consultora. “Isso é uma mudança sistêmica: refletir sobre as suas matérias-primas, aplicar as suas habilidades em outro contexto e continuar crescendo de uma forma diferente.”
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Veículo: O Globo
Editoria: Blogs
Data: 30/01/2019
Título:
Porta giratória liga mineradoras ao governo
POR BERNARDO MELLO FRANCO 30/01/2019 04:30
Protesto na sede da Vale após a tragédia de Mariana
Não é só no Congresso que as mineradoras contam com a bancada da lama para defender seus interesses. As gigantes do setor também exercem forte influência sobre o governo federal e a Agência Nacional de Mineração, que substituiu o antigo DNPM.
Nos últimos anos, o segundo escalão do Ministério de Minas e Energia foi dominado por quadros da Vale. Ao longo do governo Temer, eles chefiaram os principais postos da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, responsável por definir as políticas públicas para a área.
O órgão era comandado por Vicente Lôbo. O engenheiro dirigiu a Vale Fertilizantes até 2015 e assumiu a secretaria no ano seguinte. Só saiu em outubro passado, um dia depois do segundo turno das eleições.
Dos quatro diretores abaixo de Lôbo, três também atuaram na Vale. Fernando Ramos Nóbrega passou 28 anos na empresa. Lilia Sant’Agostino foi consultora da Vale Fertlizantes. Maria José Gazzi Salum prestou consultoria à mineradora e ao Ibram, entidade de lobby do setor. O Serviço Geológico do Brasil foi entregue a Eduardo Ledsham, que ficou na Vale de 1986 a 2011.
O pesquisador Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, diz que o fenômeno da “porta giratória” se tornou comum no setor. As grandes mineradoras emplacam representantes no governo e contratam gente da burocracia estatal.
A prática é vista como um convite ao conflito de interesses. “Os órgãos reguladores não podem ser capturados pelas empresas reguladas. O que é bom para a Vale não é necessariamente bom para o país”, afirma Milanez.
O professor diz que é cedo para medir a influência das empresas no governo Bolsonaro. A secretaria que lida com as mineradoras foi entregue a um ex-juiz, e três das quatro diretorias continuam vagas.
Apesar da indefinição, outras portas continuam a girar. O deputado Leonardo Quintão, líder da bancada da lama, ganhou abrigo na Casa Civil. O general Franklimberg Freitas reassumiu o comando da Funai. Ele estava no conselho da mineradora Belo Sun e responde a processo na Comissão de Ética da Presidência.
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Veículo: Diário Venceremos
Editoria: Notícias Internacionais
Data: 30/01/2019
Título: Brasileños indignados contra las mineras tras colapso de represa
Escrito por Cubadebate
Publicado el 30 Enero 2019
Tres días después de que el colapso de una represa liberara un torrente de lodo y residuos mineros que ha ocasionado la muerte de al menos 60 personas y ha dejado a 292 desaparecidas en la ciudad brasileña de Brumadinho, los residentes tuvieron que evacuar el 27 de enero conforme una segunda presa amenazaba con colapsar. Esta situación generó pánico e indignación entre los habitantes que han denunciado la poca responsabilidad de la poderosa industria minera de Brasil ante el suceso.
Las sirenas sonaron antes del amanecer, activadas por las fuertes lluvias y los niveles peligrosamente altos del agua en una represa ubicada en un complejo de mineral de hierro de la empresa Vale S. A. Rescatistas en busca de sobrevivientes del desastre decidieron dejar esa tarea para enfocarse en evacuar a los residentes hacia un área de mayor altura.
Para el final del día, a los residentes se les permitió volver a sus hogares. Sin embargo, para muchos brasileños, esta última advertencia fue una evidencia más clara de que el sistema que regula a la industria minera no funciona, lo que pone en riesgo las vidas de las personas y hace peligrar al medioambiente.
Aun así, pocos esperan que las políticas sean más estrictas durante el gobierno del nuevo presidente, Jair Bolsonaro, que durante su campaña prometió restringir las multas y facilitar las regulaciones a la minería y a otras industrias que explotan los recursos naturales.
Hay más de cuatrocientas represas mineras como la que colapsó en Brumadinho en el estado de Minas Gerais, el centro neurálgico de la industria minera brasileña. Hace tres años, otra represa similar explotó en la ciudad de Mariana, a 120 kilómetros, y causó la muerte de diecinueve personas y desencadenó uno de los peores desastres ambientales en la historia brasileña. Esa represa era propiedad de Vale y la companía minera angloaustraliana BHP.
Algunas represas que han sido consideradas “inestables” han continuado operando durante años, dijo Bruno Milanez, un profesor de Ingeniería Industrial en la Universidad Federal de Juiz de Fora. Lo preocupante, dijo, es que las estructuras que colapsaron en Mariana y Brumadinho fueron certificadas como “estables”.
En Brasil, auditores independientes verifican la seguridad de las represas mediante inspecciones regulares y el análisis de registros por escrito. El problema, según expertos como Milanez y Luiz Jardim, un profesor de Geografía en la Universidad Estatal de Río de Janeiro, es que las mineras eligen y contratan a los auditores y proporcionan toda la documentación.
Y eso no ha cambiado en los tres años que han pasado desde el desastre de Mariana, afirma Jardim. El marco regulatorio se ha relajado luego de que la caída en los precios internacionales de las materias primas ha obligado a las compañías mineras a reducir costos lo que, según afirman los expertos, en algunos casos se ha traducido en llenar las represas por encima de su capacidad, reducir los presupuestos de seguridad y el fracaso en establecer sistemas de emergencia.
“Estos no son eventos excepcionales. Las represas se rompen. Más lo harán”, dijo Jardim. “Ya sea que el sistema de monitoreo tiene defectos o las compañías han encontrado la manera de manipularlo”.
Fabio Schvartsman, director ejecutivo de Vale, dijo que todavía investigan la causa de la ruptura del 25 de enero. La represa de Brumadinho ha estado inactiva durante tres años y fue certificada como estable en diciembre pasado.
No obstante, un representante de Ibama, la agencia federal de protección del medioambiente, advirtió en ese entonces que las represas de Brumadinho no estaban libres de riesgo.
“Se romperán ante cualquier negligencia por parte de quienes se encargan del manejo de riesgos”, dijo el representante, de acuerdo con anotaciones de una reunión en diciembre del concejo estatal sobre las regulaciones mineras.
En la reunión, los miembros del concejo votaron sobre la solicitud de Vale para conseguir un permiso que expandiera las operaciones en el complejo minero que incluía a la represa Brumadinho. Maria Teresa Corujo, una activista, fue la única integrante en votar en contra.
“Siento una mezcla de dolor, asco, odio e indignación”, dijo sobre la aprobación y agregó que la industria minera en el estado de Minas Gerais “domina todos los niveles de poder, coopta y amenaza”.
Uno de los pocos cambios concretos después de la tragedia de Mariana fue un requerimiento para que las compañías mineras instalen alarmas en las comunidades en riesgo debido a las rupturas de las represas.
Aunque las sirenas sonaron previo a la evacuación del 27 de enero, los residentes de Brumadinho dijeron que no hubo advertencia previa sobre el torrente letal del 25 de enero.
“Nos dijeron que si algo ocurría en algún momento, una alarma se activaría para darnos tiempo de sacar todo”, dijo Dari Pereira, de 39 años, un operador de maquinaria que escapó con su familia segundos antes de que un río de fango arrasara con su casa el viernes.
No hubo tiempo para sacar la ropa, el auto, ni siquiera a las mascotas, dijo Pereira. Escuchó un extraño sonido de crujido; después, el grito de su suegra en la casa de al lado sobre que la represa se había roto. Él corrió y se llevó a los niños. “Segundos después de que corrimos, vi a una ola llevarse todo, la casa, todo”, dijo.
El domingo, refugiado en la casa de su hermana, fue despertado por las sirenas que advertían de una nueva amenaza. “Tuve tanto miedo”, expresó. “Pensé: ‘¡No otra vez, Dios mío!’”.
De nuevo, la familia huyó solo con la ropa que traían puesta, contó mientras estaba sentado en una clínica local con una pequeña mochila de ropa donada y sin una idea clara de su futuro.
Mientras intentaban comprender lo que habían perdido, muchos residentes se preguntaron por qué no fueron advertidos sobre los riesgos.
Ademir Caricato, un líder comunitario en el vecindario de Parque da Cachoeira, donde alrededor de cuarenta casas fueron destruidas y hasta el momento una persona sigue como desaparecida, dijo que los representantes de Vale les dijeron a los residentes el año pasado que la presa representaba poco peligro.
“Nosotros seríamos los primeros en morir”, recuerda que dijo uno de los empleados, al señalar que las oficinas administrativas de la mina están justo debajo de la represa.
Raquel Dodge, procuradora general de Brasil, anunció la creación de un equipo especial para investigar el caso de la tragedia de Brumadinho, y los jueces ordenaron a Vale que destinara 11.000 millones de reales (alrededor de 2900 millones de dólares) para pagar los daños causados por el colapso de la represa.
No obstante, los expertos afirman que están escépticos de que las cosas mejoren bajo el gobierno del nuevo presidente de extrema derecha, Bolsonaro, quien basó su campaña en una plataforma a favor de los negocios y abiertamente hostil a las regulaciones ambientales.
Prometió abrir áreas protegidas a la minería y eliminar la “industria” de multas ambientales.
Después de visitar la zona de la tragedia, tanto él como su ministro de Medioambiente, Ricardo Salles, dijeron que las represas mineras necesitan una regulación más estricta. Pero cuando Salles fue el jefe ambiental del estado de São Paulo intentó, sin éxito, facilitar que las mineras obtuvieran certificados de seguridad y de impacto ambiental.
Posterior a la tragedia de Mariana, Vale y BHP destinaron 780 millones de dólares a crear un fondo para reparaciones, y llegaron a un acuerdo que valía mucho más con los procuradores brasileños estatales y federales. Sin embargo, los críticos afirman que la poca responsabilidad personal (lo que incluye a las penas de prisión) de los responsables genera una sensación de impunidad.
“Nadie ha sido condenado personalmente. Todos los gerentes y directores han seguido adelante y tienen vidas normales”, dijo Milanez. “Las posibilidades de que Brumadinho termine de la misma manera son muy altas”.
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Veículo: Cuba Debate
Editoria: Sociedade
Data: 30/01/2019
Título: Brasileños indignados contra las mineras tras colapso de la represa en Brumadinho
30 enero 2019 | 4 |
Tres días después de que el colapso de una represa liberara un torrente de lodo y residuos mineros que ha ocasionado la muerte de al menos 60 personas y ha dejado a 292 desaparecidas en la ciudad brasileña de Brumadinho, los residentes tuvieron que evacuar el 27 de enero conforme una segunda presa amenazaba con colapsar. Esta situación generó pánico e indignación entre los habitantes que han denunciado la poca responsabilidad de la poderosa industria minera de Brasil ante el suceso.
Las sirenas sonaron antes del amanecer, activadas por las fuertes lluvias y los niveles peligrosamente altos del agua en una represa ubicada en un complejo de mineral de hierro de la empresa Vale S. A. Rescatistas en busca de sobrevivientes del desastre decidieron dejar esa tarea para enfocarse en evacuar a los residentes hacia un área de mayor altura.
Para el final del día, a los residentes se les permitió volver a sus hogares. Sin embargo, para muchos brasileños, esta última advertencia fue una evidencia más clara de que el sistema que regula a la industria minera no funciona, lo que pone en riesgo las vidas de las personas y hace peligrar al medioambiente.
Aun así, pocos esperan que las políticas sean más estrictas durante el gobierno del nuevo presidente, Jair Bolsonaro, que durante su campaña prometió restringir las multas y facilitar las regulaciones a la minería y a otras industrias que explotan los recursos naturales.
Hay más de cuatrocientas represas mineras como la que colapsó en Brumadinho en el estado de Minas Gerais, el centro neurálgico de la industria minera brasileña. Hace tres años, otra represa similar explotó en la ciudad de Mariana, a 120 kilómetros, y causó la muerte de diecinueve personas y desencadenó uno de los peores desastres ambientales en la historia brasileña. Esa represa era propiedad de Vale y la companía minera angloaustraliana BHP.
Algunas represas que han sido consideradas “inestables” han continuado operando durante años, dijo Bruno Milanez, un profesor de Ingeniería Industrial en la Universidad Federal de Juiz de Fora. Lo preocupante, dijo, es que las estructuras que colapsaron en Mariana y Brumadinho fueron certificadas como “estables”.
En Brasil, auditores independientes verifican la seguridad de las represas mediante inspecciones regulares y el análisis de registros por escrito. El problema, según expertos como Milanez y Luiz Jardim, un profesor de Geografía en la Universidad Estatal de Río de Janeiro, es que las mineras eligen y contratan a los auditores y proporcionan toda la documentación.
Y eso no ha cambiado en los tres años que han pasado desde el desastre de Mariana, afirma Jardim. El marco regulatorio se ha relajado luego de que la caída en los precios internacionales de las materias primas ha obligado a las compañías mineras a reducir costos lo que, según afirman los expertos, en algunos casos se ha traducido en llenar las represas por encima de su capacidad, reducir los presupuestos de seguridad y el fracaso en establecer sistemas de emergencia.
“Estos no son eventos excepcionales. Las represas se rompen. Más lo harán”, dijo Jardim. “Ya sea que el sistema de monitoreo tiene defectos o las compañías han encontrado la manera de manipularlo”.
Fabio Schvartsman, director ejecutivo de Vale, dijo que todavía investigan la causa de la ruptura del 25 de enero. La represa de Brumadinho ha estado inactiva durante tres años y fue certificada como estable en diciembre pasado.
No obstante, un representante de Ibama, la agencia federal de protección del medioambiente, advirtió en ese entonces que las represas de Brumadinho no estaban libres de riesgo.
“Se romperán ante cualquier negligencia por parte de quienes se encargan del manejo de riesgos”, dijo el representante, de acuerdo con anotaciones de una reunión en diciembre del concejo estatal sobre las regulaciones mineras.
En la reunión, los miembros del concejo votaron sobre la solicitud de Vale para conseguir un permiso que expandiera las operaciones en el complejo minero que incluía a la represa Brumadinho. Maria Teresa Corujo, una activista, fue la única integrante en votar en contra.
“Siento una mezcla de dolor, asco, odio e indignación”, dijo sobre la aprobación y agregó que la industria minera en el estado de Minas Gerais “domina todos los niveles de poder, coopta y amenaza”.
Uno de los pocos cambios concretos después de la tragedia de Mariana fue un requerimiento para que las compañías mineras instalen alarmas en las comunidades en riesgo debido a las rupturas de las represas.
Aunque las sirenas sonaron previo a la evacuación del 27 de enero, los residentes de Brumadinho dijeron que no hubo advertencia previa sobre el torrente letal del 25 de enero.
“Nos dijeron que si algo ocurría en algún momento, una alarma se activaría para darnos tiempo de sacar todo”, dijo Dari Pereira, de 39 años, un operador de maquinaria que escapó con su familia segundos antes de que un río de fango arrasara con su casa el viernes.
No hubo tiempo para sacar la ropa, el auto, ni siquiera a las mascotas, dijo Pereira. Escuchó un extraño sonido de crujido; después, el grito de su suegra en la casa de al lado sobre que la represa se había roto. Él corrió y se llevó a los niños. “Segundos después de que corrimos, vi a una ola llevarse todo, la casa, todo”, dijo.
El domingo, refugiado en la casa de su hermana, fue despertado por las sirenas que advertían de una nueva amenaza. “Tuve tanto miedo”, expresó. “Pensé: ‘¡No otra vez, Dios mío!’”.
De nuevo, la familia huyó solo con la ropa que traían puesta, contó mientras estaba sentado en una clínica local con una pequeña mochila de ropa donada y sin una idea clara de su futuro.
Mientras intentaban comprender lo que habían perdido, muchos residentes se preguntaron por qué no fueron advertidos sobre los riesgos.
Ademir Caricato, un líder comunitario en el vecindario de Parque da Cachoeira, donde alrededor de cuarenta casas fueron destruidas y hasta el momento una persona sigue como desaparecida, dijo que los representantes de Vale les dijeron a los residentes el año pasado que la presa representaba poco peligro.
“Nosotros seríamos los primeros en morir”, recuerda que dijo uno de los empleados, al señalar que las oficinas administrativas de la mina están justo debajo de la represa.
Raquel Dodge, procuradora general de Brasil, anunció la creación de un equipo especial para investigar el caso de la tragedia de Brumadinho, y los jueces ordenaron a Vale que destinara 11.000 millones de reales (alrededor de 2900 millones de dólares) para pagar los daños causados por el colapso de la represa.
No obstante, los expertos afirman que están escépticos de que las cosas mejoren bajo el gobierno del nuevo presidente de extrema derecha, Bolsonaro, quien basó su campaña en una plataforma a favor de los negocios y abiertamente hostil a las regulaciones ambientales.
Prometió abrir áreas protegidas a la minería y eliminar la “industria” de multas ambientales.
Después de visitar la zona de la tragedia, tanto él como su ministro de Medioambiente, Ricardo Salles, dijeron que las represas mineras necesitan una regulación más estricta. Pero cuando Salles fue el jefe ambiental del estado de São Paulo intentó, sin éxito, facilitar que las mineras obtuvieran certificados de seguridad y de impacto ambiental.
Posterior a la tragedia de Mariana, Vale y BHP destinaron 780 millones de dólares a crear un fondo para reparaciones, y llegaron a un acuerdo que valía mucho más con los procuradores brasileños estatales y federales. Sin embargo, los críticos afirman que la poca responsabilidad personal (lo que incluye a las penas de prisión) de los responsables genera una sensación de impunidad.
“Nadie ha sido condenado personalmente. Todos los gerentes y directores han seguido adelante y tienen vidas normales”, dijo Milanez. “Las posibilidades de que Brumadinho termine de la misma manera son muy altas”.
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Veículo: La República – Uruguai
Editoria: Mundo
Data: 30/01/2019
Título: Tsunamis mineros se convierten en repetidas tragedias en Brasil
Ultima actualización Ene 30, 2019
Brasil seguirá sufriendo tsunamis mineros como el que ha ocasionado la muerte de más de 300 personas en Brumadinho el 25 de enero, que repite el colapso de otro dique de residuos que provocó 19 muertes y ahogó en fango el río Doce en 2015.
Es el dramático diagnóstico de Julio Cesar Grillo, superintendente del gubernamental Instituto Brasileño de Medio Ambiente (Ibama) en Minas Gerais, el estado brasileño más afectado por la maldición de la minería, grabada en su propio nombre.
Desde 2002, en Minas Gerais, en el sureste del país, se ha roto cada dos años en promedio una de las balsas que almacenan los relaves, los residuos minerales mezclados con barro estéril.
Es un récord que concentra 25 por ciento de estos accidentes a nivel mundial, que promedia el número de dos por año, destacó Grillo a IPS.
En ese estado se localizan 220 de las 449 presas de relave incluidas en el Programa Nacional de Seguridad de Presas de la Agencia Nacional de Minería, órgano regulador del gobierno central. En total en el país hay 839 depósitos de relaves, pero los demás no se incluyen en el programa por no representar un peligro.
La rotura del embalse Fundão el 5 de noviembre de 2015 en Mariana, un municipio de 60.000 habitantes en el centro del estado, era hasta ahora la mayor catástrofe ambiental de Brasil. El fango mineral extinguió la vida a lo largo de los 500 kilómetros del río Doce, que transportó la contaminación hasta el océano Atlántico.
La letalidad casi 20 veces mayor de Brumadinho, un municipio de 39.000 habitantes a 85 kilómetros de Mariana, se debe básicamente a que el centro administrativo de la mina Feijão (frijol), explotada por la empresa Vale, estaba a 1,6 kilómetros cuesta abajo de la represa Córrego do Feijão (riachuelo del frijol).
El relave de Brumadinho era de 12,7 millones de metros cúbicos, un cuarto del volumen del de Mariana.
Los daños ambientales serán menores, pero la tragedia humana mucho peor, reconoció Fabio Schvartsman, el presidente de Vale, la principal compañía minera de Brasil y la mayor exportadora mundial de hierro, antes de conocer los datos de las pérdidas humanas.
Al estallar el dique, poco después del mediodía del viernes 25, gran parte de los trabajadores de la mina, estimados en 427 por la empresa, estaban almorzando. En pocos minutos el barro sepultó todo el complejo administrativo, incluyendo el comedor.
No sonó la alarma prevista en caso de accidentes, según sobrevivientes.
En la mañana de este lunes 28, hora local, el Cuerpo de Bomberos, que coordina la búsqueda de sobrevivientes, anunció la confirmación de 60 muertos, solo 19 identificados.
Los desaparecidos eran 292, sepultados entre una masa de entre 15 y 20 metros de barro tóxico, y se logró rescatar 192 personas, entre las cuales ha decenas de heridos.
¿Cómo fue posible construir allí el centro administrativo, una trampa en la línea de destrucción del tsunami de fango?
“Los empresarios mineros no admiten que pueda ocurrir lo peor, aunque sepan que no hay riesgo cero. Ignoran el principio de la precaución, eluden las normas y minimizan los daños. Es el capitalismo salvaje”, resumió Grillo en su diálogo con IPS
Su convicción de que las tragedias se repetirán se debe a esa actitud de las firmas mineras y la imposibilidad de aprobar una legislación adecuada, al menos en el singular caso de Minas Gerais.
Un proyecto de ley regional elaborado tras la tragedia de 2015, con participación de órganos de control como Ibama y el Ministerio Público (fiscalía), organizaciones ambientalistas y comunidades, fue rechazada en la Asamblea Legislativa de Minas Gerais, pese al apoyo de más de 50.000 firmas de electores, lamentó Grillo.
Las empresas mineras presionan a los legisladores, reconoció, coincidiendo en ello con el único diputado que votó por la propuesta, el socialdemócrata João Vitor Xavier. Los opositores al proyecto argumentaron que una ley tan rígida “volvería inviable la minería”.
Evitar nuevas tragedias mineras solo sería posible eliminando esas balsas de relave, con “la disposición en seco de los desechos”, según Grillo, ingeniero de 66 años volcado a innovaciones tecnológicas y luchas ambientales.
“Hay cinco técnicas ya comprobadas en Minas Gerais, incluso por la Vale, que le quitan agua al relave, haciéndolo casi sólido, un residuo que se puede aprovechar en la construcción, para hacer hormigón o base de pavimentación de carreteras”, explicó.
Eso incluye la filtración y otras técnicas de tratamiento que se descartan porque representarían costos adicionales.
“Podría reducir utilidades en 0,5 o uno por ciento, nada excepcional. Pero las empresas prefieren arriesgar, maximizar las ganancias”, señaló el superintendente de Ibama, en el cargo desde diciembre de 2017.Y tragedias más graves están al acecho.
En Paracatu, 430 kilómetros al noroeste de Brumadinho, el depósito de relave es de 475 millones de metros cúbicos, 12 veces el de Fundão en Mariana, realzó Grillo.
Además, sus desechos son más letales, porque incluyen arsénico y cianuro, ya que se trata de un yacimiento de oro, no de hierro como los de Mariana y Brumadinho.
Esa mina es explotada por el grupo canadiense Kinross Gold, que controla 22 por ciento de la producción de oro en Brasil, y con presencia también en Chile, América del Norte, África y Rusia.
“Perderíamos el río São Francisco por más de un siglo”, si se rompe el dique en Paracatu, advirtió Grillo. Ese río es uno de los ríos más largos de Brasil, con una extensión total de 2.830 kilómetros, y la mayor fuente de energía eléctrica de la región del Nordeste del país.
Las muertes serian incalculables, no solo porque el barro sepultaría las poblaciones ribereñas, sino también porque se envenenaría el agua de millones de familias, en la cuenca de 641.000 kilómetros cuadrados.
Una mortandad más inmediata es un riesgo para Congonhas, 50 kilómetros al sureste de Brumadinho, donde “en cinco minutos el relave sumergiría un barrio de más de 20.000 habitantes, ubicado a 300 metros abajo del dique”, teme el ingeniero ambientalista.
La repetición de esas tragedias es previsible también para Bruno Milanez, profesor de la Universidad Federal de Juiz de Fora, la segunda mayor ciudad de Minas Gerais, por detrás de su capital, Belo Horizonte.
“No discutimos si habrá otros accidentes, sino cuando ocurrirán”, dijo en entrevista al diario Folha de São Paulo del 28 de enero. Las empresas expanden sus minas cuando sube el precio del mineral y recortan costos de mantención en la baja, luego estallan sus presas de relave, explicó el especialista, quien coordina un núcleo de investigación sobre minería y ambiente.
Belo Horizonte, con sus 2,5 millones de habitantes, está rodeada de minas que han ido rebajando sus cerros y amenazan sus aguas.
Brumadinho, a 40 kilómetros en línea recta, integra la región metropolitana. El depósito de relave estallado ahora ya contaminó el río Paraopeba, una fuente que será reemplazada por otros manantiales, aseguraron las autoridades hídricas.
El barro ahora deberá escurrir ahora hasta ser contenido en la represa hidroeléctrica de Retiro Baixo, a 220 kilómetros río abajo. “El sacrificio de esa fuente de energía evitará daños ambientales más graves”, que podrían llegar al São Francisco, comentó Grillo.
Mientras, hay minas cuyos residuos amenazan el Parque Rola Moça y las sierras del Curral y de Piedade, todas en las cercanías de Belo Horizonte.
Las maniobras empresariales dificultan la prevención de accidentes. Hay empresas que se declaran en quiebra luego de explotar los yacimientos durante algún tiempo, dejando detrás pesados pasivos ambientales.
Vale, fundada en 1942 como estatal y privatizada en 1997, es socia de la mina accidentada en Mariana y tiene otras 140 unidades en Brasil.
En el caso de Brumadinho, logró autorización para expandir la mina, presentando la propuesta junto con la desactivación del relave.
“Me abstuve en la votación porque el paquete presentado juntó un proyecto positivo y otro negativo”, porque profundizar la excavación minera contaminaría la napa freática que abastece la población aledaña, concluyó Grillo.
La tragedia humana y ambiental de Brumadinho sucedió apenas tres días después de que el presidente Jair Bolsonaro, de extrema derecha, se jastase en el Foro Económico Mundial de Davos, en Suiza de que “somos el país que más preserva el medio ambiente en el mundo”. En las redes sociales, cientos de usuarios esperan quela catástrofe sirva, al menos, para que su gobierno contenga su promesa de reducir las reglas de preservación ambiental.
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Veículo: Correio Braziliense
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais para atuar em 790 barragens de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
AE Agência Estado
postado em 30/01/2019 09:18 / atualizado em 30/01/2019 09:18
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: A Tarde UOL
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais para atuar em 790 barragens de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
AE Agência Estado
postado em 30/01/2019 09:18 / atualizado em 30/01/2019 09:18
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: ES Hoje
Editoria: Capa
Data: 30/01/2019
Link: http://eshoje.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Capa/País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
30 de janeiro de 2019 – por Redação Multimídia ESHOJE
Barragem de rejeitos PA
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Roberta Jansen e Giovana Girardi
Estadao Conteudo
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Veículo: Hoje em Dia
Editoria: Primeiro Plano
Data: Notícias
Título: Brasil tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração habilitados
Estadão Conteúdo
30/01/2019 – 08h09 – Atualizado 09h04
TJMG/Divulgação /
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por
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Veículo: Massa News
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://massanews.com/noticias/brasil/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao-rlg69.html
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Estadão Conteúdo | Publicado em 30 de janeiro de 2019 | 07h45
País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Estado de Minas
Editoria: Nacional
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
ECEstadão Conteúdo
postado em 30/01/2019 07:34
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Tribuna do Interior
Editoria: Cotidiano
Data: 30/01/2019
Link: https://www.tribunadointerior.com.br/noticia/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
[Texto não Copiável]
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Veículo: O Tempo
Editoria: Cidades
Data: 30/01/2019
Título: Brasil conta com apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas
PUBLICADO EM 30/01/19 – 08h02
ESTADÃO CONTEÚDO
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Esquerda Diário
Editoria: Sociedade
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais para fiscalizar rejeitos e 202 barragens estão ameaçadas
Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios e mais de 200 barragens ameaçadas segundo a Agencia Nacional de Águas.
quarta-feira 30 de janeiro| Edição do dia
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
Mesmo depois do desastre capitalista que devastou Mariana a pouca quantidade de fiscalização contrasta com o enorme número de barragens ameaçadas. São 202 barragens em MG classificadas como de alto potencial de dano e cinco como de alto risco, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA). Dano Potencial alto significa que, caso a barragem se rompa, poderá causar muitas mortes e grande destruição ambiental e material.
A conivência do estado brasileiro em relação ao descaso das mineradoras com os trabalhadores e o povo pobre é tamanha que os dois enormes desastres ambientais são apenas a “ponta do iceberg”. Há uma grande estrutura de rejeitos de mineração que é mantida em frangalhos por conta da sede de lucro dos acionistas.
“É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
O licenciamento ambiental é contratado pelas próprias mineradoras
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
Mais de 200 barragens ameaçadas
As 5 barragens ameaçadas com alto risco hoje estão localizadas no Riacho dos Machados, na Região Norte do estado; em Ouro Preto e em Itabirito, na Região Central; e duas em Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Todas as 3387 barragens em Categoria de Risco (CRI) alto ou com Dano Potencial Associado (DPA) alto segundo a ANA serão fiscalizadas. O Conselho Ministerial de Supervisão de Respostas a Desastre do Governo Federal determinou a atuação de Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional Mineração (ANM) e governos estaduais para atuar na fiscalização nesta terça-feira (29). As barragens analisadas são de produção de energia elétrica, contenção de rejeitos de mineração, disposição de resíduos industriais e de usos múltiplos de água.
Não podemos mais aceitar privatizações, é preciso lutar pela re-estatização da Vale e de todos os serviços, sem nenhuma indenização a esses capitalistas que lucram com as riquezas do país e mesmo sobre os nossos cadáveres continuam enriquecendo, colocando-a sob gestão de seus trabalhadores e especialistas do meio ambiente, com controle popular para garantir as mais seguras práticas de mineração e trabalho, para que as grandes fortunas do subsolo do país sirvam não mais aos interesses dos imperialistas, mas sim do povo brasileiro, garantindo saúde, educação, transporte e moradia a milhões de pessoas.
As informações são da Agencia Estado e G1
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Veículo: A Tribuna
Editoria: Polícia
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Profissionais precisam atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios
Do Estadão Conteúdo30.01.19 8h19 – Atualizado em 07.03.19 14h38
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Correio 24 Horas
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Cargas Próprias
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://cargasproprias.org/brasil-tem-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao-em-todo-o-territorio/
Título: Brasil tem 35 fiscais de barragem de mineração em todo o território
Data do Artigo: 30 de janeiro de 2019
Link da Notícia: Estadão Notícia
Escrito por: Roberta Jansen e Giovana Girardi
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País. O rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, na última sexta-feira (25), causou a morte de ao menos 84 pessoas.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá para fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Em 2017, segundo o Relatório de Segurança de Barragens publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA), 780 barragens foram fiscalizadas por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente ou por três agências reguladoras federais. O número corresponde a 3,23% do total de 24.092 barragens existentes. No caso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), não foi classificada como crítica pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no levantamento que originou o relatório.
O mesmo relatório da ANA também apontou que 204 barragens têm potencialidade de dano alto, seja ao meio ambiente ou para pessoas, caso haja algum acidente. Veja aqui a relação das 790 barragens de mineração registradas no país.
Conflito de interesses
A dificuldade começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas”, explica Felippe.
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Rota 2014 – Blog do José Tomaz
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://rota2014.blogspot.com/2019/01/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem.html
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: TNH1
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: País tem só 35 fiscais para monitorar 790 barragens de mineração
Governo usa apenas laudos produzidos pelas mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa; fiscalização só comparece se houver discrepância
VEJA.com | 30/01/19 – 19h36
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios — semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana — em todo o país. A média é de 23 barragens por fiscal.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotada também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade que não tenha sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: 24 Horas News
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://www.24horasnews.com.br/noticia/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao.html
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Metrópoles | 30/01/2019 09:00:07
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Jornalista: Agência Estado
Fonte: Metrópoles
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Veículo: Via Rondônia
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://viarondonia.com/noticias/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao,34383.shtml
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” Com informações do Estadão Conteúdo.
Fonte: Noticia ao minuto
Publicada em 30 de janeiro de 2019 às 09:15
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Veículo: Jornal Correio
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais para atuar em 790 barragens de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
BRASIL
REPRODUÇÃO
País tem apenas 35 fiscais para atuar em 790 barragens de mineração
CORREIO BRAZILIENSE
30/01/2019 10:00 atualizado em 30/01/2019 15:28
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Mix Vale
Editoria: Últimas Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://www.mixvale.com.br/2019/01/30/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: ÚLTIMAS NOTÍCIAS País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
ByEstadão ConteúdoPosted on 30 de janeiro de 2019
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Roberta Jansen e Giovana Girardi
Estadao Conteudo
Copyright © 2019 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
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Veículo: OP9
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://www.op9.com.br/br/noticias/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas, que atestam a segurança das suas estruturas.
Janeiro 30, 2019 às 07:03 – Por: Agência Estado
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios — semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana — em todo o país.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Marília Notícias
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://marilianoticia.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
GERAL
30 de janeiro de 2019
por Agência Estado
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: A Crítica
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: http://www.acritica.net/editorias/geral/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/354563/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas
30 janeiro 2019 – 06h34
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Itiruçu Online
Editoria: Política
Data: 30/01/2019
Link: http://itirucuonline.com/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Metrópoles
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://www.metropoles.com/brasil/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas
AGÊNCIA ESTADO
30/01/2019 7:39 . atualizado em 30/01/2019 8:07
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Aqui Notícias
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
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Por Estadão – 30 de janeiro de 2019
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Roberta Jansen e Giovana Girardi
Estadao Conteudo
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Veículo: Rádio Peão Brasil
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://radiopeaobrasil.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
Fonte: O Estado de S.Paulo
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Veículo: Leia Mais – BA
Editoria: Brasil / Segurança
Data: 30/01/2019
Link: https://leiamais.ba/2019/01/30/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Há 790 barragens de rejeitos de minérios
porEstadão Conteúdo 30/01/2019 13:37:37
Foto: Presidência da República/Divulgação
Rompimento da barragem em Brumadinho vitimou 86 pessoas até o momento
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países.
São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela.
“Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”.
“Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Jornal do Brasil
Editoria: País
Data: 30/01/2019
Link: https://www.jb.com.br/pais/2019/01/976599-pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao.html
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Jornal do Brasil
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Tribuna da Bahia
Editoria: Cidade
Data: 30/01/2019
Link: https://www.trbn.com.br/materia/I14606/pais-tem-apenas-35-fiscais-para-790-barragens-de-rejeitos
Título: País tem apenas 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
Tribuna da Bahia, Salvador
30/01/2019 10:27 | Atualizado há 5 dias, 5 horas e 5 minutos
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Notícia Agora
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
[Texto não copiável]
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Veículo: Itatiaia
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.itatiaia.com.br/noticia/agencia-nacional-de-mineracao-tem-apenas-35-f
Título: Agência Nacional de Mineração tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração no país
Por Agência Estado, 30/01/2019 às 08:45
atualizado em: 30/01/2019 às 09:08
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às de Brumadinho e Mariana – em todo o país.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações nos locais são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Diário de Pernambuco
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Por: AE
Publicado em: 30/01/2019 08:51 Atualizado em:
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Nova 93 FM
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://nova93fm.com.br/brasil-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao-habilitados/
Título: Brasil tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração habilitados
30 de janeiro de 2019 Bruno Nunes 35, barragens, Brasil, fiscais, fiscalização, mineração, rejeitos, SEGURANÇA
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por
EBC NOTICIAS
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Veículo: Repórter Diário
Editoria: Cidades
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Da Redação 30/01/2019 Cidades
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Diário de Maringá
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://d.odiario.com/geral/734379/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Notícias Ao Minuto
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas
País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
© DR
Notícias ao Minuto Brasil
07:58 – 30/01/19 POR ESTADAO CONTEUDO
BRASIL SEM ESTRUTURA
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” Com informações do Estadão Conteúdo.
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Veículo: Diário da Jaraguá
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://www.diariodajaragua.com.br/geral/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/432830/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
30 JAN 2019 – 08H34POR ROBERTA JANSEN E GIOVANA GIRARDI
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: ABC do ABC
Editoria: Política
Data: 30/01/2019
Link: http://www.abcdoabc.com.br/brasil-mundo/noticia/pais-tem-apenas-35-fiscais-barragem-mineracao-76530
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
A Agência Nacional de Mineração, responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios, como as de Brumadinho e de Mariana
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Rápido no Ar
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://www.rapidonoar.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Por Estadão Conteúdo – 30 janeiro, 2019 09:27
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Rota do Sertão
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://rotadosertao.com/noticia/133708-pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
30/01/2019 12:16
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas.
País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: IstoÉ Dinheiro
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://www.istoedinheiro.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Estadão Conteúdo
30/01/19 – 07h34
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Portal Camaçari Agora
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.camacariagora.com.br/dn.php?cod_noticia=17383
Título: Brasil não fiscaliza de forma adequada suas barragens
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” Estadão
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Veículo: O Tempo
Editoria: Super Notícia
Data: 30/01/2019
Título: Brasil conta com apenas 35 fiscais de barragem de mineração
PUBLICADO EM 30/01/19 – 08H02
Estadão Conteúdo
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Correio do Papagaio
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: http://www.correiodopapagaio.com.br/geral/noticias/pa-s-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-minerao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo
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Veículo: Rádio Cariri Mix
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem só 35 fiscais para monitorar 790 barragens de mineração
Por frangarden – 30 de janeiro de 201930 0
Governo usa apenas laudos produzidos pelas mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa; fiscalização só comparece se houver discrepância
Por
Estadão Conteúdo
30 jan 2019, 10h13 – Publicado em 30 jan 2019, 10h02
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios — semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana — em todo o país. A média é de 23 barragens por fiscal.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
Fonte: Rede Canal
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Veículo: Blog da Simone Duarte
Editoria: Brasil/Mundo
Data: 30/01/2019
Link: https://www.simoneduarte.com.br/2019/01/brasil-tem-apenas-35-fiscais-de.html
Título: BRASIL TEM APENAS 35 FISCAIS DE BARRAGEM DE MINERAÇÃO
Simone Duarte quarta-feira, janeiro 30, 2019 Brasil/Mundo, Destaque
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Amargosa News
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: http://www.amargosanews.com.br/2019/01/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem.html
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Notícias da Lapa
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos
30 de janeiro de 2019 0
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O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Gazeta do Mel
Editoria: Bahia
Data: 30/01/2019
Link: http://gazetadomel.com.br/Publicacao.aspx?id=42673
Título: País tem apenas 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
Tribuna da Bahia
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Veículo: Estadão
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
Roberta Jansen e Giovana Girardi, O Estado de S.Paulo
30 de janeiro de 2019 | 03h00
RIO E SÃO PAULO – O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: The World News
Editoria: Brazil
Data: 30/01/2019
Link: https://theworldnews.net/br-news/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Folha da Região
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.folhadaregiao.com.br/2019/01/30/Pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Diário da Amazônia
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://www.diariodaamazonia.com.br/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
Por ESTADÃO conteúdo
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: PE Notícias
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Brasil tem apenas 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos de minério
Published 30 de janeiro de 2019 | By Pedro Araújo
A legislação prevê dois tipos de inspeção: uma regular, realizada pela empresa, e uma especial, sob responsabilidade de uma equipe contratada para isso / Foto: AFP
A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização das barragens brasileiras, conta com apenas 35 profissionais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minério – como as de Brumadinho e Mariana – em todo o País. Além disso, esses funcionários não trabalham apenas com esse tipo de barragem, sendo responsáveis ainda por outras atividades relacionadas a mineração, de acordo com informações do jornal Estado de S. Paulo.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas, que atestam a segurança das estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países.
Na legislação, são previstos dois tipos de inspeção: uma regular e uma especial. A primeira é realizada pela própria empresa, enquanto a segunda fica sob responsabilidade de uma equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
Segundo o geólogo Paulo Ribeiro Santana, da ANM, ouvido pelo Estado de S. Paulo, o risco das barragens é potencialmente mais alto se não houver fiscalização. “É claro que não da pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o especialista. As fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas, ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos.
Ele afirma que os 35 profissionais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos, mas também inspecionando outras atividades relacionadas a mineração, como minas, pesquisa mineral, entre outras coisas. Além disso, Paulo destaca que o quadro de funcionários da agência é reduzido. “É tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação”, diz.
Conflito de interesses
Para obter o licenciamento ambiental, o processo está sujeito a um problema de conflito de interesses. Para o pedido ser aprovado, a empresa controlada pela mineradora precisa elaborar um documento que é feito a partir de informações repassados por ela própria.
Outro profissional da área ouvido pelo jornal ressalta que os documentos são “extremamente complexos”, e com infinidade de dados e milhares de páginas. “Não há corpo técnico no governo para avaliar tudo isso, não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas”, pontua o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”, pois pode haver algum princípio de instabilidade não detectado a princípio. Mas, ele pondera que um acidente do porte do de Brumadinho ou Mariana não acontece de repente. “Há avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação”.
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Veículo: EM.com.br
Editoria: Gerais
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
ECEstadão Conteúdo
postado em 30/01/2019 07:34
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Papo Carajás
Editoria: Região
Data: 30/01/2019
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
30/01/2019
Vinicios
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”.
Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”.
Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes.
Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios.
Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento.
A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do tempo.”
mulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
Fonte: G1
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Veículo: Diário dos Campos
Editoria: Geral
Data: 30/01/2019
Link: https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao
Título: “País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração 30/01/2019 às 13:32 – por Agência Estado
[Texto não copiável]
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Veículo: Tribuna PR
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao/
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Por Estadão Conteúdo 30/01/2019 08:25
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Portal Terra
Editoria: Cidades
Data: 30/01/2019
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei
Roberta Jansen e Giovana Girardi
30 JAN 2019
03h10
atualizado às 07h52
RIO E SÃO PAULO – O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: JC Online
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Título: Brasil tem apenas 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos de minério
Além disso, segundo geólogo da Agência Nacional de Mineração (ANM), esses fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos, como as de Brumadinho e Mariana
Publicado em 30/01/2019, às 08h30
A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização das barragens brasileiras, conta com apenas 35 profissionais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minério – como as de Brumadinho e Mariana – em todo o País. Além disso, esses funcionários não trabalham apenas com esse tipo de barragem, sendo responsáveis ainda por outras atividades relacionadas a mineração, de acordo com informações do jornal Estado de S. Paulo.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas, que atestam a segurança das estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países.
Na legislação, são previstos dois tipos de inspeção: uma regular e uma especial. A primeira é realizada pela própria empresa, enquanto a segunda fica sob responsabilidade de uma equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
Segundo o geólogo Paulo Ribeiro Santana, da ANM, ouvido pelo Estado de S. Paulo, o risco das barragens é potencialmente mais alto se não houver fiscalização. “É claro que não da pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o especialista. As fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas, ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos.
Ele afirma que os 35 profissionais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos, mas também inspecionando outras atividades relacionadas a mineração, como minas, pesquisa mineral, entre outras coisas. Além disso, Paulo destaca que o quadro de funcionários da agência é reduzido. “É tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação”, diz.
Conflito de interesses
Para obter o licenciamento ambiental, o processo está sujeito a um problema de conflito de interesses. Para o pedido ser aprovado, a empresa controlada pela mineradora precisa elaborar um documento que é feito a partir de informações repassados por ela própria.
Outro profissional da área ouvido pelo jornal ressalta que os documentos são “extremamente complexos”, e com infinidade de dados e milhares de páginas. “Não há corpo técnico no governo para avaliar tudo isso, não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas”, pontua o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”, pois pode haver algum princípio de instabilidade não detectado a princípio. Mas, ele pondera que um acidente do porte do de Brumadinho ou Mariana não acontece de repente. “Há avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação”.
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Veículo: Ouro Preto Online
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.ouropretoonline.com/modules/news/article.php?storyid=71265
Título: Brasil: DESCASO
Enviado por alexandre em 30/01/2019 22:03:22
A legislação prevê dois tipos de inspeção: uma regular, realizada pela empresa, e uma especial, sob responsabilidade de uma equipe contratada para isso / Foto: AFP
A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização das barragens brasileiras, conta com apenas 35 profissionais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minério – como as de Brumadinho e Mariana – em todo o País. Além disso, esses funcionários não trabalham apenas com esse tipo de barragem, sendo responsáveis ainda por outras atividades relacionadas a mineração, de acordo com informações do jornal Estado de S. Paulo.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas, que atestam a segurança das estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países.
Na legislação, são previstos dois tipos de inspeção: uma regular e uma especial. A primeira é realizada pela própria empresa, enquanto a segunda fica sob responsabilidade de uma equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
Segundo o geólogo Paulo Ribeiro Santana, da ANM, ouvido pelo Estado de S. Paulo, o risco das barragens é potencialmente mais alto se não houver fiscalização. “É claro que não da pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o especialista. As fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas, ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos.
Ele afirma que os 35 profissionais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos, mas também inspecionando outras atividades relacionadas a mineração, como minas, pesquisa mineral, entre outras coisas. Além disso, Paulo destaca que o quadro de funcionários da agência é reduzido. “É tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação”, diz.
Conflito de interesses
Para obter o licenciamento ambiental, o processo está sujeito a um problema de conflito de interesses. Para o pedido ser aprovado, a empresa controlada pela mineradora precisa elaborar um documento que é feito a partir de informações repassados por ela própria.
Outro profissional da área ouvido pelo jornal ressalta que os documentos são “extremamente complexos”, e com infinidade de dados e milhares de páginas. “Não há corpo técnico no governo para avaliar tudo isso, não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas”, pontua o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”, pois pode haver algum princípio de instabilidade não detectado a princípio. Mas, ele pondera que um acidente do porte do de Brumadinho ou Mariana não acontece de repente. “Há avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação”.
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Veículo: Veja
Editoria: Brasil
Data: 30/01/2019
Link: https://veja.abril.com.br/brasil/pais-tem-so-35-fiscais-para-monitorar-790-barragens-de-mineracao/
Título: País tem só 35 fiscais para monitorar 790 barragens de mineração
Governo usa apenas laudos produzidos pelas mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa; fiscalização só comparece se houver discrepância
Por Estadão Conteúdo
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios — semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana — em todo o país. A média é de 23 barragens por fiscal.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas pela própria empresa. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotada também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade que não tenha sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
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Veículo: Papo Carajás
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”.
Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”.
Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes.
Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios.
Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento.
A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do tempo.”
mulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
Fonte: G1
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Veículo: Clube News
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”. Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”.
Especialistas explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes. Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios. Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento. A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do tempo.”
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Veículo: Cariri Ceará
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: https://www.caririceara.com/brasil-tem-35-fiscais-de-barragem-de-mineracao-em-todo-o-territorio/
Título: Brasil tem 35 fiscais de barragem de mineração em todo o território
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País. O rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, na última sexta-feira (25), causou a morte de ao menos 84 pessoas.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definida na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá para fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Em 2017, segundo o Relatório de Segurança de Barragens publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA), 780 barragens foram fiscalizadas por 29 órgãos estaduais como secretarias e institutos de Meio Ambiente ou por três agências reguladoras federais. O número corresponde a 3,23% do total de 24.092 barragens existentes. No caso da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), não foi classificada como crítica pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no levantamento que originou o relatório.
A dificuldade começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas”, explica Felippe.
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.”
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Veículo: Clube FM
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://www.fmclube.com.br/noticia.php?id=2169
Título: Descomissionamento: entenda o processo anunciado pela Vale para acabar com barragens iguais às de Mariana e Brumadinho
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou nesta terça-feira (29) que irá fazer o descomissionamento das barragens com o chamado alteamento a montante, método utilizado nas estruturas que se romperam provocando tragédias em Mariana (MG), em novembro de 2015, e em Brumadinho (MG), na semana passada. Na prática, isso quer dizer que a empresa pretende “acabar” com as barragens desse tipo.
As dez barragens a montante da Vale que ainda não foram eliminadas estão inativas – ou seja, já não recebem mais rejeitos. Agora, com o processo de descomissionamento, a empresa pretende eliminá-las.
Schvartsman apontou que as possibilidades são esvaziar as barragens ou integrá-las ao meio ambiente: “Descomissionar significa deixa de ser barragens. São esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”.
Em nota, a Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”. Segundo a empresa, essas estruturas estão localizadas em Minas Gerais nas unidades de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopebas.
Especialistas ouvidos pelo G1 explicam que existem diferentes possibilidades para o trabalho de descomissionamento, com custos, efeitos e riscos diferentes.
Uma delas, segundo o Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Miguel Fernandes Felippe, consiste em retirar os rejeitos das barragens por um processo de dragagem – na prática, os resíduos armazenados são “sugados” para fora da barragem.
Depois disso, a empresa avalia qual a possibilidade de aproveitar parte do material. O que não for utilizado, então, é separado. A água que puder ser retirada pode ser armazenada em outra barragem ou, se tiver condições, voltar aos rios.
Já os resíduos sólidos, ainda de acordo com Felippe, podem ser enviados a outra barragem, a um deposito seco ou até mesmo utilizado nas cavas das minas que já foram esgotadas – ou seja, os “buracos” causados pela empresa na exploração de minério seriam preenchidos com os resíduos da própria operação.
Em seguida, as estruturas da barragem são retiradas do local para que se comece o processo de recuperação do solo e reflorestamento. “Quando se fala em descomissionamento, a gente espera também a recuperação ambiental da área. Tem que reintegrar os elementos daquele ambiente, trazer o rio de volta, reconstituir a vegetação”, diz Felippe.
Mas o professor ressalva que todo esse processo depende de uma série de fatores, como a composição dos rejeitos e do solo. “Tem uma série de possibilidades técnicas”, aponta.
Paulo Lanzarotto, professor de engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que esse processo é bastante caro. Ele explica que uma alternativa mais barata prevê drenar a parte líquida dos rejeitos, cobrir o restante com terra e iniciar o processo de reflorestamento.
A vantagem, segundo ele, é a de eliminar os riscos de comprometimento da estrutura com infiltrações.
“Não tem mais acúmulo de água, porque a vegetação vai absorver”, diz Lanzarotto. Mas ele explica que os riscos de deslizamento pela pressão dos rejeitos continuam existindo. “Minimiza o risco por ter uma camada vegetal por cima, mas ele continua existindo. É muito parecido com o risco de uma superfície natural e inclinada.”
Os especialistas afirmam que não existe uma possibilidade 100% segura.
“Não existe risco zero. Qualquer que seja a estrutura ou tecnologia, vai gerar algum tipo de risco. Por isso que o monitoramento é importante”, alerta Felippe.
Carlos Barreira Martinez, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em engenharia hidráulica, também diz que o processo de descomissionamento não é simples e tem um custo elevado. Portanto não representa uma solução rápida para reduzir os riscos das barragens construídas pelo método de alteamento a montante.
“Vamos ter que entrar num processo de descomissionamento dessas barragens e tentar mitigar isso ao longo do tempo.”
Fonte: G1
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Veículo: Conteúdo MS
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Link: http://conteudoms.com/site/ver-conteudo/pais-tem-apenas-35-fiscais-de-barragem-de-mineracaeo
Título: País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas
Via redação | Publicado por Redação | 30 de Janeiro de 2019 (Quarta)às 08:00:07
O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.
O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM.
O risco é potencialmente mais alto se não houver fiscalização, dizem especialistas. “É claro que não dá pra fazer nem uma fiscalização por ano em cada uma”, diz o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, da ANM. Segundo ele, os 35 fiscais não trabalham exclusivamente com barragens de rejeitos. “Há outras atividades relacionadas à mineração também, como fiscalização de minas, pesquisa mineral, muitas coisas.”
As raras fiscalizações in loco são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas à agência ou seguindo rodízio esporádico dos técnicos. “O corpo de funcionários é tão pequeno que eu, geólogo, respondo pela assessoria de comunicação.”
Conflito de interesses
O problema já começa no licenciamento ambiental. O documento necessário é elaborado por empresa contratada pela mineradora a – e feito com dados e informações repassados por ela. “Obviamente há conflito de interesses claro aí, porque essa empresa não vai querer que o licenciamento não seja aprovado”, avalia o especialista em geomorfologia Miguel Felippe, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses documentos são extremamente complexos, com uma infinidade de dados, milhares de páginas. Não há corpo técnico no governo para avaliar isso tudo. Não há contraprova. O jeito é confiar nas informações fornecidas pelas empresas.”
Quando a barragem entra em operação, a dona da estrutura é responsável pelo monitoramento da estabilidade do depósito. Eventualmente, como no caso de Brumadinho, outra empresa pode ser contratada para atestar estabilidade. Mas esse laudo é feito com base em dados fornecidos pela mineradora.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), diz que, “sob quaisquer circunstâncias, a responsabilidade é do dono da obra”. “Pode ocorrer de ali haver um início de processo de instabilidade não ter sido captado.” Mas, pondera ele, um acidente desse porte não acontece de repente. “Dá avisos, que podem ser detectados visualmente ou por instrumentação.” Com informações do Estadão Conteúdo.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 30/01/2019
Título: Especialistas da UFJF avaliam causas e impactos do rompimento da barragem em Brumadinho
Para um deles, a tragédia estava anunciada e as consequências vão durar anos.
Por Fellype Alberto, G1 Zona da Mata e MGTV
30/01/2019 18h18 Atualizado há um dia
A tragédia humana e ambiental ocorrida pelo rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho tem dominado as discussões nos últimos dias na mídia nacional e internacional. Professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisaram as causas e os impactos para o meio ambiente.
Para o professor de Recursos Hídricos da UFJF, Miguel Fernandes Felippe, as consequências para as comunidades serão sentidas por muitos meses.
“Os impactos vão ser gigantescos no Rio Paraopeba e na bacia do Ribeirão Ferro Carvão e ele não vão se encerrar por enquanto, não é algo que em alguns dias ou meses vai se encerrar”, afirmou.
Felippe explicou ainda que são necessários vários cuidados com o manejo do material que fica às margens do rio para minimizar a duração dos impactos causados pelo rompimento da barragem.
“Todo esse volume de rejeitos que está nas margens do rio, se não tiver um manejo adequado, as primeiras chuvas vão começar a levar o rejeito de volta pro rio e a cada chuva mais um pouco vai sendo levado pro rio. É uma contaminação constante e que vai durar por anos e anos”, detalhou.
Confira as informações atualizadas da cobertura da tragédia em Brumadinho.
MGTV 1ª Edição – Zona da Mata
Professor da UFJF avalia impacto na bacia hídrica do rompimento de barragem em Brumadinho
De acordo com o professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFJF, Bruno Milanez, além dos impactos ambientais e sociais a cidade também sofrerá consequências no âmbito econômico.
“Para além da tragédia humana, a cidade irá passar por um baque com a interrupção da operação em Brumadinho, um baque econômico além do social”, projetou.
O professor destacou que a situação que Brumadinho irá viver é semelhante à Mariana, tendo em vista que as duas cidades dependem significativamente dos repasses por Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), os chamados royalties do minério, além de toda movimentação financeira gerada pela atividade.
Tragédia anunciada
De acordo Milanez, a nova tragédia estava anunciada. “Como o sistema de monitoramento é viciado, a gente não têm garantias de que as barragens atestadas como seguras, de fato, são”.
Ele condenou ainda o sistema de monitoramento e fiscalização de barragens em atividade no Brasil. Segundo o pesquisador, os casos de Mariana e Brumadinho confirmam dois problemas crônicos no setor de mineração do Brasil: a técnica de barragens a montante, que é quando o próprio rejeito serve de degraus para elevar o nível do reservatório, e o automonitoramento das estruturas.
“Eram barragens que o auditor, contratado pela mineradora foi lá, disse que eram estáveis e se romperam. Então, o sistema de automonitoramento em voga no país e em outros lugares tem demonstrado que não funciona, tem que ser repensado”, destacou.
Entre as medidas de proteção, ele também cita a criação de restrições quanto ao tamanho máximo de barragens e a distância mínima de áreas povoadas, além do monitoramento das estruturas por órgãos independentes.
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Veículo: Portal F11
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Deficiente visual, aluna do CPC é aprovada em primeiro lugar pelo Sisu na UFJF
Há sete anos Jandira Lopes, 63 anos, enfrentou um derrame ocular e perdeu parte significativa da visão, mas a dificuldade não reduziu a vontade de ingressar no ensino superior.
Jandira Lopes, 63 anos, encerrou sua trajetória como estudante no Curso Preparatório para Concurso (CPC), e começa agora a escrever novo capítulo de sua história na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Há sete anos ela enfrentou um derrame ocular e perdeu parte significativa da visão, fazendo com que começasse a enxergar apenas na forma de vultos, mas a dificuldade não reduziu a vontade de ingressar no ensino superior. Neste ano, Jandira foi aprovada em primeiro lugar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na categoria de candidatos com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, para o curso de Letras na UFJF, área que sempre foi instigante para ela: “Sei que vou gostar da faculdade, porque sempre fui apaixonada pela língua portuguesa e literatura. Inclusive, escrevo poemas e letras de músicas. Espero publicar um livro algum dia”.
Para alcançar o resultado esperado, a aluna se apoiou em sua dedicação, sempre trazendo suas dúvidas sobre o conteúdo na sala de aula, participando dos “aulões” e contando com o apoio dos professores do CPC: “Eles sempre foram muito carinhosos comigo, e me mandavam todo o material em PDF, pois tenho aplicativo no celular que lê para mim”. Ela contou que, quando descobriu que havia sido selecionada, seu sentimento foi de gratidão e alegria: “Quando descobri que havia sido selecionada, estava em uma lan house, e saí de lá pulando, gritando e chorando de alegria. Foi muito gratificante”.
Para a supervisora de Políticas Para a Juventude, Jaqueline Trovato, o CPC cumpre seu papel ao contribuir para o sucesso acadêmico dos estudantes: “Jandira é um exemplo de inspiração para os outros alunos. Diante dessas situações, percebemos que estamos alcançando nosso propósito, que busca fazer com que os alunos se sintam acolhidos e alcancem êxito em suas aspirações”.
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Social pelo telefone 3690-8314.
Fonte: PJF
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Deficiente visual, aluna do CPC é aprovada em primeiro lugar no Sisu
Prefeitura em 31/01/2019 17:24
Jandira Lopes, 63 anos, encerrou sua trajetória como estudante no Curso Preparatório para Concurso (CPC), e começa agora a escrever novo capítulo de sua história na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Há sete anos ela enfrentou um derrame ocular e perdeu parte significativa da visão, fazendo com que começasse a enxergar apenas na forma de vultos, mas a dificuldade não reduziu a vontade de ingressar no ensino superior.
Neste ano, Jandira foi aprovada em primeiro lugar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na categoria de candidatos com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, para o curso de Letras na UFJF, área que sempre foi instigante para ela: Sei que vou gostar da faculdade, porque sempre fui apaixonada pela língua portuguesa e literatura. Inclusive, escrevo poemas e letras de músicas. Espero publicar um livro algum dia.
Para alcançar o resultado esperado, a aluna se apoiou em sua dedicação, sempre trazendo suas dúvidas sobre o conteúdo na sala de aula, participando dos aulões e contando com o apoio dos professores do CPC: Eles sempre foram muito carinhosos comigo, e me mandavam todo o material em PDF, pois tenho aplicativo no celular que lê para mim. Ela contou que, quando descobriu que havia sido selecionada, seu sentimento foi de gratidão e alegria: Quando descobri que havia sido selecionada, estava em uma lan house, e saí de lá pulando, gritando e chorando de alegria. Foi muito gratificante.
Para a supervisora de Políticas Para a Juventude, Jaqueline Trovato, o CPC cumpre seu papel ao contribuir para o sucesso acadêmico dos estudantes: Jandira é um exemplo de inspiração para os outros alunos. Diante dessas situações, percebemos que estamos alcançando nosso propósito, que busca fazer com que os alunos se sintam acolhidos e alcancem êxito em suas aspirações.
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Social pelo telefone 3690-8314.
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Veículo: Globo Esporte Zona da Mata e Centro Oeste
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Juiz-forana vence nos 10km da Copa Brasil de Cross Country e vai disputar Sul-Americano
Amanda de Oliveira ganhou título em São Paulo e representará seleção brasileira em Guayaquil, no Equador, em fevereiro; veja os resultados do Cria UFJF
Por Bruno Ribeiro — Juiz de Fora, MG
31/01/2019 12h00 Atualizado há um mês
Amanda Aparecida de Oliveira conquistou dois objetivos na Copa Brasil de Cross Country. A juiz-forana venceu a prova dos 10km na categoria adulto no último dia 27 de janeiro em São Paulo, com o tempo de 38m23. De quebra a atleta do Cria UFJF conseguiu um lugar na seleção brasileira que disputará o Sul-Americano de Cross Country, no dia 23 de dezembro, em Guayaquil, no Equador.
Além de Amanda, outros 12 atletas do Cria disputaram provas de 4km, 6km, 8km e 10km, em diferentes categorias. Ninguém ganhou medalha. Os melhores resultados foram de Glenison Gilbert de Carvalho (33m41) quinto nos 10 km, categoria adulto, Ana Caroline Alvim de Oliveira (17m30), sexta nos 4km, categoria sub-18, e Noemi Alves da Cruz (26m23), também sexta colocada nos 6km, categoria sub-20.
Veja os resultados do Cria UFJF na comeptição
Feminino
10 km – Adulto
1º – Amanda Aparecida de Oliveira – 38m23
13° – Paula dos Santos – 43m41
14º – Aline Barbosa dos Santos – 44m00
4km – Sub-18
6º – Ana Caroline Alvim de Oliveira – 17m30
6km – Sub-20
6° – Noemi Alves da Cruz – 26m23
Masculino
10km – Adulto
5° – Glenison Gilbert de Carvalho – 33m41
17° – Neemias Alves da Cruz – 36m36
Robison Gomes da Silva Junior – abandonou a prova
6km – Sub-18
15° – Juan Feliciano Fontainha de Souza – 22m19
8km – Sub-20
8° – Wdson Tadeu Donato da Silva – 28m49
9° – Washignton Tadeu Donato da Silva – 28m50
13° – Pedro Henrique de Oliveira – 30m17
14° – Iago dos Santos Casemiro – 30m22
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Veículo: Rádio Itatiaia JF
Editoria: Cidade
Data: 31/01/2019
Título: UFJF abre 10 vagas para Mestrado Profissional em Administração Pública
31 de janeiro de 2019 Redação
A Comissão Acadêmica Nacional do Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional (Profiap) abriu edital de vagas para o curso de oferta nacional simultânea de mestrado em Administração Pública.
Das 352 vagas distribuídas entre 21 instituições associadas, 10 foram destinadas à Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (Facc) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sendo 5 reservadas a servidores e outras cinco à demanda social.
O curso tem como objetivo formar profissionais entendidos do papel do Estado no Brasil, do exercício da cidadania e preocupados com as questões éticas, sociais e ambientais que subsidiarão as políticas públicas que impactam a sociedade.
A taxa de inscrição é R$ 200 e o benefício de isenção pode ser concedido aos inscritos mediante solicitação expressa do candidato, caso seja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e for membro de família de baixa renda ou se for doador de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.
A seleção se dará por meio das notas obtidas no Teste Anpad (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração) realizados entre 24 de março de 2017 e 24 de março de 2019.
Outras informações: can.profiap@gmail.com – Propiaf
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 31/01/2019
Título: Deficiente visual conquista vaga na UFJF pelo Enem
Jandira de Andrade, de 63 anos, preparou-se com a ajuda do Curso Preparatório para Concursos (CPC) e diz que quer ser escritora
Por Renan Ribeiro
31/01/2019 às 20h58- Atualizada 31/01/2019 às 21h03
A ficha de Jandira Lopes de Andrade, 63 anos, ainda não caiu. Ela foi aprovada na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para o curso de Letras na UFJF. A mulher, que perdeu a visão há seis anos, torna-se uma estudante universitária e, nesta semana, teve que correr atrás dos documentos e comprovações exigidas para a matrícula. Tendo se preparado com a ajuda do Curso Preparatório para Concursos (CPC), Jandira diz ter se surpreendido ao saber do resultado.
“Quando decidi que ia fazer, a turma já estava com o trabalho em andamento. Ninguém esperava que eu fosse passar, nem mesmo eu. Foi uma surpresa tão grande, gostosa e gratificante, que eu chorei muito”, relata. Jandira foi superando suas dificuldades e contou com a atenção dos profissionais do CPC para atingir seu objetivo. “A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é muito difícil, longa, cansativa. Isso para quem enxerga perfeitamente, imagina para alguém que tem uma deficiência grave, como a minha. Eu fiz 75 dias de curso, não consegui fazer o intensivo completo, mas tive um acolhimento muito grande. Contei com um ledor, que me ajudou muito. Os professores também foram todos muito pacientes.
Jandira conta também que ficou impressionada com o acolhimento que recebeu na aplicação do exame. A prova oral, para ela, foi uma determinante na aprovação. “Ela me deu uma calma muito grande. Não fiz a prova com aquela urgência que os jovens têm, por ter a obrigação de passar. Não estou fazendo o curso para ganhar dinheiro. Fiz para o meu bel-prazer, isso também me ajudou a passar. Além da minha dedicação, da minha força de vontade e da minha fé.”
Para complementar o conteúdo da sala de aula, Jandira seguia com os estudos em casa. “No curso, eu prestava atenção nos professores, não copiava nada, porque não enxergo o quadro. Mas eu pegava as matérias no telefone, no qual eu tenho um aplicativo leitor. Eu quis muito, me empenhei e foquei no que queria e consegui.” Sabendo que o curso escolhido exigirá uma carga de leitura grande, ela diz não ter medo. “Sempre gostei muito de ler. Isso não vai ser problema. Escolhi Letras porque tenho muita vontade de escrever um livro. Já rabisco algumas coisas, letras de música, poemas. Mas sem formação acadêmica fica mais difícil, tem que ficar procurando pessoas para revisar. Por meio desse sonho, vou realizar outro de me tornar escritora.”
O CPC, de acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Tammy Claret, mostra, há 15 anos, que as pessoas podem reescrever suas histórias por meio de uma oportunidade de acesso. “Estamos colhendo os frutos de investir na assistência para o acesso à formação e ao conhecimento. Todos os nossos professores e estagiários têm esse desejo de colaborar, e isso faz toda a diferença. A Jandira, por exemplo, contou com uma ledora, que a ajudou a treinar os simulados, o que ajudou muito. Esse curso ajuda a promover a inclusão. O nosso objetivo é formar um monte de Jandiras, mostrando esse caminho, que pode mudar a história de vida das pessoas.” O CPC está recebendo inscrições para 700 vagas, que serão oferecidas para turmas nos três turnos.
Visão de mundo
Jandira tinha uma loja de fantasias. Ela virava noites costurando as roupas, até que sua pressão arterial subiu muito, e ela teve um acidente vascular ocular, que a deixou sem enxergar. “Eu não sabia que estava com a pressão alta. Essa pressão estourou vasos que fazem a irrigação dos olhos. Fiquei dois anos sem enxergar nada. Agora enxergo muito pouco e muito de perto, mas os médicos continuam dizendo que eu sou totalmente cega. Minha vida mudou tanto, que parecia viver em outra dimensão. Antes eu tinha uma direção na vida, um propósito com mãos seguras no meu destino. Depois disso, vejo Deus em todas as coisas, e não tem relação com religião, porque eu não tenho nenhuma. Mas sei que tudo tem um propósito. Nunca fiquei questionando o motivo de eu ter ficado assim. Sempre me pergunto para que fiquei assim.”
A caloura de Letras aconselha as outras pessoas a olharem para dentro de si, nunca para as pressões externas. “Nunca faça nada para os outros ou para se mostrar. Busque sempre o que te completa e o que te faz feliz. Há tanta gente fazendo curso por vontade do pai, do tio. Elas não se tornarão boas profissionais. É importante procurar um trabalho que te faça querer cantar, assoviar.” Outra dica dada por ela é o reforço da autoestima, que, segundo ela, faz muita diferença na vida de todo mundo. “Mesmo quem tem ou teve um problema como o meu, deve se esforçar para ter, pelo menos, um nível médio de autoestima. Conforme você for conquistando suas coisas, ela vai aumentar. Ninguém merece baixa autoestima. Se os pais puderem, devem sempre levantar a autoestima de seus filhos. Falar o quanto eles são inteligentes, capazes e bonitos. Porque, se eles sabem isso desde novos, não vai ter bullying que venha a derrubá-los.”
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Aprovada no Sisu, idosa vai cursar Letras na UFJF
Mesmo sem parte da visão, que perdeu depois de um derrame ocular há seis anos, Jandira Lopes, de 63 anos, não desistiu da vontade de estudar.
Por G1 Zona da Mata
31/01/2019 18h53 Atualizado há um mês
Jandira Lopes, de 63 anos, é a primeira colocada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na categoria de candidatos com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, para o curso de Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) de 2019.
A idosa perdeu parte significativa da visão depois de um derrame ocular há seis anos, enxergando agora apenas vultos. Mas a vontade de ingressar o ensino superior superou as dificuldades e ela conseguiu uma vaga no Curso Preparatório para Concurso (CPC) da Prefeitura.
Segundo Jandira, ela decidiu que não deixaria que a deficiência a impedisse de estudar. Em 2017 ela terminou o ensino médio e em 2018 fez um intensivão no CPC. “Eu não esperava passar, foi uma surpresa. A sensação é como se tivesse andado no deserto por dias e finalmente encontrado um lago com água. Tudo muito lindo e maravilhoso. Quando descobri que havia sido selecionada, estava em uma lan house, e saí de lá pulando, gritando e chorando de alegria. Foi muito gratificante”, explica a futura estudante de Letras.
Ela conta que a escolha pelo curso de Letras é uma continuidade das atividades que já faz no dia a dia. “Eu escrevo alguns poemas e queria uma coisa mais lúdica. Escolhi Letras”. Jandira contou ainda que o apoio dos professores do CPC foi essencial. “Eles sempre foram muito carinhosos comigo, me mandavam todo o material em PDF, pois tenho aplicativo no celular que lê para mim”.
Jandira aguarda o início das aulas, mas disse que consegue controlar as expectativas. “Eu aprendi a esperar o tempo das coisas, estou arrumando minha documentação e aguardando o período de matrícula para começar essa nova fase”.
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Colação de grau unificada reúne alunos de 11 cursos – Notícias UFJF
UFJF em 31/01/2019 12:20
Na última quarta-feira, dia 30, por volta das 16h, os formandos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começaram a se concentrar no Cine-Theatro Central para a cerimônia de colação de grau. A data foi marcada pela conclusão dos 11 cursos que realizaram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade 2018.
Cerca de 340 formandos estavam presentes, divididos em duas cerimônias que aconteceram às 18h e às 20h. Cada sorriso, conversa e risada, enquanto aguardavam do lado de fora do teatro, demonstrava a expectativa e o anseio pelo novo. Enquanto isso, no interior do Central, os convidados iam tomando assento e preenchendo os mais de mil lugares disponíveis.
Para as amigas Katiana da Silva Moreira e Neidia Siqueira Bruno, formandas do curso de Administração Pública – EAD, o momento era de celebração. Neidia conta que a colação significa o encerramento de um ciclo importante. “É uma sensação de alívio e orgulho, porque não foi fácil. Quando ingressei achei que um curso a distância seria menos cobrado, mas pelo contrário. Você tem que ter muita disciplina e força de vontade. Mas a UFJF está de parabéns por oferecer o ensino de qualidade e todo o suporte que precisávamos”. Elas explicam que se conheceram na faculdade e, apesar de terem cursado EAD, as amizades foram essenciais para o sucesso da turma. “Aprendemos muito em equipe. A gente formou um grupo de estudos e nos encontrávamos no polo presencial para estudar. Fizemos grandes amizades. A sensação é de dever cumprido”, conta Katiana.
Segundo o pró-reitor adjunto de graduação, Cassiano Caon Amorin, a colação de grau representa o sucesso de todo o trabalho desenvolvido pela UFJF. “É um momento muito importante para a universidade porque retribui à sociedade o investimento que ela faz. Tanto para professores, quanto para gestores, é um momento de muita alegria e orgulho”.
Momentos de emoção
Entre amigos, familiares, autoridades da UFJF e as coordenações e direções das faculdades, os formandos foram recebidos com muitos aplausos. A solenidade contou ainda com apresentação do Coral da UFJF e do grupo Ingoma, que encantaram a todos.
Em seu momento de fala, após o juramento e os discursos dos oradores, o reitor Marcus David ressaltou o trabalho realizado pela UFJF e comemorou a entrada de novos profissionais no mercado de trabalho. “Esse momento é muito importante para todos nós. Apresentamos esses novos profissionais com a convicção de um trabalho realizado com muita seriedade e competência”.
David salientou ainda a importância da universidade pública, gratuita e de qualidade para o desenvolvimento do país. “As universidades públicas brasileiras se orgulham de ter uma qualidade absolutamente comprovada não apenas em suas graduações, mas também em pesquisas e trabalhos extensionistas. Nos orgulhamos da cultura que as universidades produzem e disseminam, democratizando o acesso da população à arte e às inovações desenvolvidas em seus laboratórios. As universidades públicas estão transformando a vida de muitas pessoas e famílias que acreditam no poder da educação. E é nosso dever defendê-las. Defender a universidade pública é defender o futuro do nosso país”.
Por fim, o reitor saudou os formandos com palavras de incentivo. “Desejo a todas e todos muito sucesso. Não apenas um sucesso profissional, mas uma realização na vida de cada um. Que vocês descubram que a dimensão profissional é apenas uma das etapas da vida e que consigam se realizar em todas elas. A UFJF tem muito orgulho de participar da formação de cada aluno aqui presente. Sejam muito felizes!”.
Após momentos marcantes como os juramentos, a entrega do diploma e a colocação do capelo, a primeira cerimônia terminou. A sensação de dever cumprido tomou conta da equipe que se distribuía entre os bastidores e coxias do teatro para que tudo corresse bem. Porém, pouco tempo depois, às 20h, o cenário se repetiu.
A formanda em Jornalismo, Mayara Affonso, foi bolsista na equipe de cerimonial da Diretoria de Imagem Institucional por quase dois anos. Ela atuou nos bastidores de outras cerimônias, mas é a primeira vez que está do outro lado, como concluinte. “Estou muito feliz por terminar esse ciclo. Cresci muito como estudante da UFJF e atuando no cerimonial. Foi ótimo aprender com o outro e conviver com pessoas tão diferentes de mim. Tenho um orgulho muito grande. Já sinto saudades, mas estou ansiosa pelo que vem pela frente. Meu sonho é trabalhar em outros países e acredito que a experiência durante a graduação me preparou para isso”.
Por volta das 22h, a segunda cerimônia da noite terminou e o Cine-Theatro Central se esvaziou deixando a certeza de que cada ex-aluno, tanto dos cursos presenciais quanto dos cursos a distância, compartilharam do mesmo sentimento de conquista alcançada.
Confira os cursos que colaram grau:
Colação de Grau A, às 18h
Administração
Administração Pública – EAD
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Colação de Grau B, às 20h
Comunicação Social
Design
Direito
Jornalismo
Psicologia
Serviço Social
Turismo
Confira álbum de foto da cerimônia das 18h (em construção)
Confira álbum de foto da cerimônia das 20h (em construção)
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: JF Clipping
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Concerto para Cecy abre celebração dos cem anos de casarão do Forum da Cultura – Notícias UFJF
UFJF em 31/01/2019 10:29
Em virtude das comemorações do centenário do casarão do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o espaço localizado na Rua Santo Antônio, número 1.112, no Centro da cidade, receberá na sexta-feira, dia 1º de fevereiro, a partir das 19h30, o Concerto para Cecy, com o pianista Bernard Rodrigues e Orquestra Juiz de Fora.
A entrada é franca.
Como parte das celebrações, além do concerto, o espaço recebe uma mostra sobre os primeiros anos do casarão e seus moradores, da construção até a época em que o mesmo foi adquirido pela Faculdade de Direito, em meados dos anos 1950.
A mostra reúne retratos das famílias que habitaram a casa desde a sua construção, assim como objetos datados de meados de 1900 até 1920, período em que a mesma foi residência do casal Maria Cecília Schlobach Valle e Clóvis Guimarães Mascarenhas, seus primeiros moradores.
Ainda no dia 1º serão entregues homenagens a personalidades importantes para a história do local, tais como representantes dos primeiros moradores da casa, assim como dos habitantes da mesma entre os anos 1928 e 1950, Roque Domingues de Araújo e familiares (homenagens póstumas).
Serão homenageados também os ex-reitores da UFJF Gilson Salomão e Michel Bechara; o ex-diretor da Faculdade de Direito da UFJF na época em que a mesma se situava no prédio, Benjamin Colucci, sendo estas também homenagens póstumas; além do atual reitor da instituição, Marcus Vinicius David; e do ex-diretor do Forum da Cultura, José Luiz Ribeiro.
Breve história
Remontando ao ano de 1919, a construção do casarão foi realizada em um terreno adquirido pelo fazendeiro Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho como presente para sua filha, Maria Cecília Schlobach Valle, por ocasião de seu casamento com Clóvis Guimarães Mascarenhas, filho do empresário Bernardo Mascarenhas.
A casa, construída com linhas elegantes e vitrais que reproduzem rosas vermelhas, foi vendida por Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho em 1928, em virtude da transferência da família – Clóvis, Maria Cecília e filhos – para a cidade do Rio de Janeiro, em função de negócios do clã Mascarenhas.
Adquirida pelo comerciante de Cataguases, Roque Domingues de Araújo, a casa foi morada da nova família até os anos 1950, quando a viúva de Roque, Hercília, faz uma permuta com a Faculdade de Direito e a casa, ampliada e reformada, passa a ser a sede do curso e do gabinete do reitor da UFJF, recebendo o nome de Edifício Benjamin Colucci.
Já em 1971, com a mudança da Faculdade de Direito para o campus, o lugar foi convertido em espaço cultural, nomeado “Forum da Cultura”. Em 1972 passa a abrigar um teatro, um museu e uma galeria de arte, além do Centro de Estudos Teatrais – Grupo Divulgação e do Coral Universitário. Todos ainda em atividade.
Homenagem a Cecy
Maria Cecília Schlobach Valle – filha do fazendeiro Pedro Procópio Rodrigues Valle Filho e de, Etelvina de Carvalho Schlobach – se casou em 1919 com Clóvis Guimarães Mascarenhas e passou a habitar o espaço hoje conhecido como Forum da Cultura. Da união do casal nasceram nove filhos.
A casa, construída em estilo italiano, recebeu o nome de Villa Cecy, tendo por modelo as tradicionais villas italianas, com forte influência neoclássica. Cecy, como era comum às jovens abastadas da época, recebeu educação refinada, alinhada à cultura francesa, se tornando aluna da professora Haydée França.
Quando solteira, Cecy se apresentou como pianista em concertos públicos, especialmente em eventos beneficentes. Pensando nisso, as atrações da noite de abertura das comemorações do centenário celebrarão essa ilustre primeira moradora do casarão.
Logo após as homenagens, o pianista do Coral da UFJF, Bernard Rodrigues, tocará “Pas des écharpes”, de Chaminade, composição interpretada por Cecy no dia 20 de agosto de 1915, em benefício das vítimas da seca.
Por fim, a Orquestra Juiz de Fora executará o concerto em homenagem a Cecy, com clássicos como “Primavera”, de Vivaldi; “Serenata”, de Mozart; e “Stand By Me”, de autoria de Ben King, Jerry Leiber e Mike Stoller.
Outras informações: (32) 3215-3850 (Forum da Cultura-UFJF
Clique aqui para ver esta matéria na fonte original.
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Veículo: Portal PJF
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Link: https://www.pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=63477
Título: Deficiente visual, aluna do CPC é aprovada em primeiro lugar no Sisu
Portal de Notícias PJF | Deficiente visual, aluna do CPC é aprovada em primeiro lugar no Sisu | SDS – 31/1/2019
Jandira Lopes, 63 anos, encerrou sua trajetória como estudante no Curso Preparatório para Concurso (CPC), e começa agora a escrever novo capítulo de sua história na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Há sete anos ela enfrentou um derrame ocular e perdeu parte significativa da visão, fazendo com que começasse a enxergar apenas na forma de vultos, mas a dificuldade não reduziu a vontade de ingressar no ensino superior. Neste ano, Jandira foi aprovada em primeiro lugar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na categoria de candidatos com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, para o curso de Letras na UFJF, área que sempre foi instigante para ela: “Sei que vou gostar da faculdade, porque sempre fui apaixonada pela língua portuguesa e literatura. Inclusive, escrevo poemas e letras de músicas. Espero publicar um livro algum dia”.
Para alcançar o resultado esperado, a aluna se apoiou em sua dedicação, sempre trazendo suas dúvidas sobre o conteúdo na sala de aula, participando dos “aulões” e contando com o apoio dos professores do CPC: “Eles sempre foram muito carinhosos comigo, e me mandavam todo o material em PDF, pois tenho aplicativo no celular que lê para mim”. Ela contou que, quando descobriu que havia sido selecionada, seu sentimento foi de gratidão e alegria: “Quando descobri que havia sido selecionada, estava em uma lan house, e saí de lá pulando, gritando e chorando de alegria. Foi muito gratificante”.
Para a supervisora de Políticas Para a Juventude, Jaqueline Trovato, o CPC cumpre seu papel ao contribuir para o sucesso acadêmico dos estudantes: “Jandira é um exemplo de inspiração para os outros alunos. Diante dessas situações, percebemos que estamos alcançando nosso propósito, que busca fazer com que os alunos se sintam acolhidos e alcancem êxito em suas aspirações”.
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Social pelo telefone 3690-8314.
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Veículo: Carta Capital
Editoria: Economia
Data: 31/01/2019
Título: Corrida por boom das commodities gerou minas mais inseguras no Brasil
ECONOMIA
POR RFI
Demanda internacional por minérios nos anos 2000 gerou obras duvidosas do ponto de vista dos riscos
O rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), expõe mais uma vez as falhas do modelo de mineração de grande porte no Brasil. Muitas barragens são antigas e defasadas, como a acidentada, e outras são resultado de um procedimento acelerado de construção, para a atender à demanda internacional do boom das commodities, nos anos 2000. O resultado são obras duvidosas do ponto de vista dos riscos.
As grandes corporações, como a Vale, promoveram uma corrida para suprir principalmente a expectativa de demanda por minério de ferro da China, maior importadora mundial, para sustentar o crescimento espetacular do país na última década. “A China tem um papel fundamental nessa expansão, que acontece em dois níveis: na economia real e na economia especulativa. Ambas, juntas, estimulam a expansão mineral no Brasil. À medida que existe a expectativa de preços, que nas commodities são voláteis, as empresas têm grande pressa em expandir as suas minas ou abrir minas novas para aproveitar o período de bonança”, explica o pesquisador Bruno Milanez, especialista da Universidade Federal de Juiz de Fora na interação entre a mineração, a economia e o ambiente. “Muitas obras são feitas a toque de caixa e aumenta muito a pressão sobre os órgãos reguladores. Consequentemente, o que se espera é que as obras construídas durante essa etapa tendem a ter mais falhas.”
Modelo ineficaz
Além disso, nessa corrida contra o tempo, muitas mineradoras contraíram dívidas abissais e, quando os preços do minério caíam, os primeiros setores a sofrer cortes eram os de manutenção e segurança. Milanez ressalta que esse descuido foi “claramente” o que levou à tragédia na barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, há três anos.
“Pela experiência latino-americana, é um modelo que não funciona, do ponto de vista de segurança, de desenvolvimento e até de crescimento econômico de longo prazo”, resume Milanez. “Há pesquisadores que trabalham com a hipótese de sairmos desse extrativismo irresponsável e irmos para o extrativismo do necessário. Seria buscarmos trabalhar em escalas menores, voltadas para as necessidades do consumo nacional e regional. Isso já diminuiria consideravelmente os impactos e riscos que estão associados à mineração.”
Enquanto o modelo de extrativismo intensivo permanecer, Milanez avalia que é “ingenuidade” esperar que as companhias adotarão procedimentos mais seguros, afinal são mais custosos. Cabe ao Estado fortalecer o licenciamento e a fiscalização para evitar novas tragédias.
Peso econômico da mineração
O x da questão é que, até hoje, governo após governo, o peso econômico sempre enterrou as preocupações socioambientais – a mineração representa 4% do PIB brasileiro e concentra 180 mil empregos diretos e 2,2 milhões indiretos. O setor fornece insumos para a metalurgia, petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas e responde por 11% das exportações brasileiras.
É por isso que, na prática, o poder das mineradoras parece se sobrepor ao do Estado. O licenciamento acaba saindo antes da avaliação dos riscos, que é feita por contratados pela própria mineradora. A fiscalização é claramente insuficiente: um relatório de novembro da Agência Nacional de Águas indicou que, das mais de 24 mil barragens do país, 790 servem para a contenção de rejeitos da mineração, e apenas 3% tiveram uma vistoria adequada.
Impacto nos mercados
O impacto financeiro de tragédias como a de Brumadinho é relativo. Nos mercados, as ações da Vale despencaram, mas podem não tardar a se recuperar. André Perfeito, a economista-chefe da Necton Investimentos, avalia que o tamanho do prejuízo será proporcional à resposta do governo à tragédia: se houver rigor, a “punição” será maior.
“Se pegamos o exemplo da própria Vale, a ação chegou a cair mais de 50% depois de Mariana. E desde lá até quinta-feira, já tinha subido mais de 500%. Por isso, fica muito evidente que é mais uma questão de regulação, de multas, da atuação do Ibama. Ou seja, depende muito do governo”, afirma o analista. “Eu confesso que estou bastante curioso para ver como o governo Bolsonaro vai reagir a isso, já que eles se mostraram bastante indiferentes com a questão ambiental.”
Gestão de resíduos
No exterior, a tendência é encontrar soluções rentáveis para lidar com o problema dos resíduos da produção mineral, uma alternativa para limitar a necessidade de barragens. A redução ou a reciclagem dos rejeitos ainda é pouco utilizada no Brasil, apesar do potencial na construção, como para a fabricação de tijolos ou a pavimentação de estradas e calçadas.
A consultora em sustentabilidade estratégica e economia circular Beatriz Luz, fundadora da Exchange4Change Brasil, ressalta que a última tragédia obriga todo o setor a se repensar. “Tem um caso de uma mineradora canadense, a Teck, que virou a maior recicladora de resíduos eletroeletrônicos do país. Era a maior mineradora do Canadá e se tornou a maior recicladora”, conta a consultora. “Isso é uma mudança sistêmica: refletir sobre as suas matérias-primas, aplicar as suas habilidades em outro contexto e continuar crescendo de uma forma diferente.”
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Veículo: Xapuri
Editoria: Brumadinho
Data: 31/01/2019
Link: https://www.xapuri.info/brumadinho/os-mortos-de-brumadinho-custam-barato-para-a-vale/
Título: Brumadinho: Os mortos soterrados pela lama custam barato para a Vale. O que importa mesmo é a China
Xapuri
31.01.2019
Os mortos de Brumadinho custam barato para a Vale. O que importa mesmo é a China –
Por: Alexandre Andrada/The Intercept
Tragédias como a de Mariana e Brumadinho, no final das contas, saem barato para gigantes como a Vale. Basta acompanhar o mercado de ações.
O preço das ações de uma empresa na bolsa de valores, uma medida básica sobre o valor da própria empresa, é determinado por uma infinidade de variáveis. Uma, porém, se destaca: a expectativa em relação ao lucro da empresa, por parte dos investidores.
Imagine que uma empresa abre seu capital, oferecendo 100 ações. Se, por qualquer motivo, os investidores acreditam que essa empresa terá um aumento nos seus lucros, os papéis serão um bom investimento. Haverá um aumento na demanda por eles, e o preço unitário das ações sobe. Se por outro lado a expectativa é de queda no lucro da empresa, o público vai querer se livrar desses papéis, provocando uma queda no valor dessas ações.
Uma parte importante dos compradores e vendedores dessas ações é formada por aquilo que chamamos de especuladores. Isto é, indivíduos que não estão interessados no lucro da empresa daqui cinco ou 10 anos, mas estão em comprar as ações a um preço baixo e vender a um preço alto, sendo que tais operações podem ocorrer no intervalo de um único dia.
O valor da Vale já vinha em queda desde 2012. Mas, após a tragédia de Mariana, em novembro de 2015, a empresa – que é dona de 50% do capital da Samarco – perdeu 8% de seu valor de mercado em uma única semana. Naquele ano, aliás, a Vale foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor na bolsa brasileira, com uma queda da ordem de R$ 45,9 bilhões. Essa desvalorização se deveu não apenas à tragédia de Mariana, mas também à queda da cotação do minério de ferro no mercado global.
Mas, a partir de então, as ações da Vale voltaram a subir. No final de 2018, o valor de mercado da empresa fechou em R$ 263 bilhões, quase três vezes mais do que em 2014, antes do desastre, quando era de R$ 107 bi. Tudo leva a crer que deve ocorrer o mesmo com a tragédia de Brumadinho. Tudo será como antes.
Os cadáveres soterrados para sempre naquela lama têm importância mínima para a empresa e seus investidores. Eles são custos já precificados pelos investidores da Vale.
Torcida a favor
Desastres como o de Mariana e Brumadinho são didáticos para contemplar a pior face do capitalismo brasileiro. Neles, se somam ganâncias privadas, a captura do legislativo estadual e federal por poderosos interesses econômicos e a brutal incompetência, corrupção e vistas grossas do poder público.
No meio disso tudo, no trajeto do rio de lama, há não “uma pedra” (como no poema do poeta de Itabira), mas uma flora e uma fauna – incluídos aí os humanos sem nome que, para os atores graúdos envolvidos, não têm importância comparável aos bônus de fim de ano distribuídos pela empresa.
Na economia de mercado, as empresas buscam mais lucros e menos custos. Tratar rejeitos de mineração (ou “dejeitos” no léxico presidencial) é custo, não é receita. Como alertou o professor Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora, as mineradoras cortam custos exatamente nessa área ambiental quando sua rentabilidade cai.
A única forma de forçar a empresa a se comportar é por meio da legislação e da pressão social. O público pode se recusar a comprar produtos de uma empresa poluidora, forçando o empresário a se preocupar com o meio ambiente. Esse cenário, porém, não vale para a Vale. Seu comprador é a China, que está a milhares de quilômetros de distância de Minas Gerais. E os governantes que podem puni-la dependem dos seus impostos para pagar os funcionários públicos – o governo de Minas, em especial, está em situação falimentar e não pode abrir mão desse dinheiro.
Segundo dados divulgados pela própria Vale, no primeiro semestre 2018, a empresa pagou R$ 676 milhões em tributos para o governo de Minas, além de ter realizado compras da ordem de R$ 4,9 bilhões – 77% de empresas daquele estado (R$ 3,8 bi). Em 2018, o minério de ferro respondeu a 8,4% das exportações brasileiras – é o terceiro produto mais importante, atrás apenas da soja e do petróleo – e a 30% das de Minas Gerais, o principal produto de exportação do estado. Em 2017, a participação do ferro foi ainda maior: 34% das exportações de Minas.
Ainda que a economia dos mineiros seja bastante sofisticada, especialmente para os padrões brasileiros, é evidente que a mineração é ainda muito importante para sua economia. E poder econômico se traduz sempre em poder político.
Precisando desses recursos e dos empregos diretos e indiretos gerados por projetos da Vale, políticos são incentivados a atender aos desejos dessa empresa gigantesca, inclusive facilitando a concessão de licenças ambientais ou fazendo vista grossa para irregularidades.
Nas eleições de 2014, por exemplo, a Vale “doou” quase R$ 30 milhões para campanhas de deputados federais, notadamente de Minas, Bahia e Pará. Tais doações se dividiram entre PMDB (R$ 13,8 mi), PSB (R$ 5,7 mi), PT (R$ 4,3 mi), PSDB (R$ 3,6 mi) e PP (R$ 1,7 mi). Isso deixa claro que o poder econômico da empresa irriga quase todo o espectro político brasileiro.
Na Assembleia de Minas, o deputado tucano João Vítor Xavier tentou aprovar um projeto que endurecia as regras para liberação de barragens das mineradoras. O texto, amplamente discutido com técnicos e representantes da sociedade civil, foi derrotado, em favor de um projeto virtualmente escrito pelas próprias mineradoras.
Num mundo hipotético – que em nada lembra o Brasil, felizmente –, uma empresa rica pode simplesmente subornar os agentes envolvidos no processo. Desde um simples fiscal de um órgão público, a um juiz encarregado de alguma demanda de seu interesse, passando pelo governador ou presidente. Uma hipótese remota.
É hora de comprar?
Nas páginas especializadas, já há matérias do tipo “É hora de comprar ações da Vale?” Não sou trader, mas eu diria que sim. Afinal, já sabemos que as punições são leves em termos monetários (R$ 250 milhões de multa ambiental, como se diz pela avenida Paulista, é peanuts) e ninguém vai para cadeia (ninguém graúdo, pelo menos).
O que preocupa mesmo os compradores de suas ações é o apetite dos chineses por minério de ferro.
E só.
Fonte: The Intercept
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Veículo: Atingidos pela Vale
Editoria: Blog
Data: 31/01/2019
Link: https://atingidospelavale.wordpress.com/2019/01/31/volta-samarco/#more-1703
Título: “Volta Samarco”
Diante da profunda tragédia que colocou Mariana em todas as manchetes de jornais é, no mínimo, inesperado encontrar frases do tipo “Volta Samarco” penduradas nas fachadas de alguns comércios. As mensagens dão uma ideia do poder exercido pela empresa na vida dos moradores – a paralisação das operações do Complexo do Germano não só fechou milhares de postos de trabalho como transformou a vida da cidade.
“As mineradoras estão sempre buscando construir sua legitimidade nos territórios, tanto com o Estado quanto com a população. Existe um processo de ‘gerenciamento de risco social’”, ou seja, para elas, o apoio dessas comunidades é essencial para sua imagem e manutenção dos investimentos.
A afirmação é do professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFJF Bruno Milanez. De acordo com seus trabalhos junto ao grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), o vínculo entre a empresa e os moradores é histórico e vai muito além do salário no fim do mês.
Matéria completa: “Volta Samarco”
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Veículo: ABC do ABC
Editoria: Meio Ambiente
Data: 31/01/2019
Título: Brasil registra mais de três acidentes em barragens por ano
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes como o de Brumadinho
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. EM SETE ANOS, FORAM 52 INCIDENTES
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
DADOS APONTAM BARRAGENS COMPROMETIDAS EM MINAS GERAIS E EM TODO O BRASIL
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
MINAS GERAIS TEM UM GRANDE ACIDENTE COM BARRAGENS A CADA DOIS ANOS
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
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Veículo: Ecodebate
Editoria: Notícias
Data: 31/01/2019
Título: Brasil registra, em média, mais de três acidentes em barragens por ano
by Redação – 31/01/2019
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes em barragens como o de Brumadinho
Por Bruno Fonseca, Agência Pública
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. Em sete anos, foram 52 incidentes.
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
Dados apontam barragens comprometidas em Minas Gerais e em todo o Brasil
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Minas Gerais tem um grande acidente com barragens a cada dois anos
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
Da Agência Pública, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/01/2019
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Veículo: Justificando
Editoria: Criminal
Data: 31/01/2019
Link: http://www.justificando.com/2019/01/31/no-brasil-sao-mais-de-tres-acidentes-em-barragens-por-ano/
Título: No Brasil, são mais de três acidentes em barragens por ano
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes como o de Brumadinho
Fonte: Agência Pública | Por Bruno Fonseca
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. Em sete anos, foram 52 incidentes.
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
Dados apontam barragens comprometidas em Minas Gerais e em todo o Brasil
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Minas Gerais tem um grande acidente com barragens a cada dois anos
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
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Veículo: G1
Editoria: Economia
Data: 31/01/2019
Título: Brasil tem 88 barragens do tipo ‘a montante ou desconhecido’, metade com alto potencial de dano, diz agência
ANM divulgou lista de barragens com dados de método de construção nesta quinta-feira; método ‘a montante’ era o usado na construção de barragens iguais às de Mariana e Brumadinho, e é considerado obsoleto e o menos seguro.
Por Darlan Alvarenga e Karina Trevizan, G1
31/01/2019 21h36 Atualizado há 9 horas
Em uma lista com 717 barragens de rejeitos de mineração no Brasil, pelo menos 88 têm método de construção de “alteamento a montante ou desconhecido”, segundo uma lista divulgada nesta quinta-feira (31) pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Entre elas, 43 são classificadas como barragens de alto dano potencial associado.
O método a montante é o mesmo das barragens da Vale que se romperam em Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019, e é considerado menos seguro por especialistas. Os outros tipos de construção, considerados mais seguros, são alteamento a jusante, linha de centro e etapa única.
Barragens classificadas como barragens de alto dano potencial associado são estruturas consideradas arriscadas no que se refere ao que pode acontecer em caso de rompimento ou mau funcionamento de uma barragem. Essa classificação leva em conta as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais. Ao todo, o Brasil tem cerca de 200 barragens de mineração nessas condições.
Além de classificar o dano potencial, a ANM também categoriza as barragens de acordo com o risco de de ocorrência de acidente. Entre as 88 barragens que têm método de construção de “alteamento a montante ou desconhecido”, 12 são consideradas de médio risco.
A maioria (72) é categorizada como estrutura de baixo risco – a mesma classificação da barragem 1 do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu na última sexta-feira (25) deixando centenas de mortos e desaparecidos.
Segundo a Vale, a barragem que se rompeu estava inativa e não recebia rejeitos desde 2016, e que laudos atestavam a segurança física e hidráulica. “A estrutura possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21/12/2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale”, disse a empresa, em nota.
Método mais arriscado
Embora seja bastante comum e mais barato, o método de alteamento a montante – o mesmo usado nas barragens responsáveis pelas tragédias de Brumadinho e Mariana – é considerado obsoleto e o menos seguropor especialistas, em razão dos riscos de acidentes.
No alteamento a montante, a barragem vai crescendo em forma de degraus para dentro do reservatório, utilizando o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério sobre o dique inicial. Este tipo de barragem já é proibido no Chile, por exemplo, e tem sido menos usado nos Estados Unidos e na Europa.
Divergências nos números
O número de barragens a montante do país, no entanto, pode ser ainda maior. A lista publicada pela ANM traz informações sobre 717 barragens de rejeitos. Mas, segundo os dados disponíveis no próprio site da agência, existem hoje no país 839 barragens de mineração.
Levantamento do governo estadual em Minas Gerais identificou a existência de 50 barragens por alteamento a montante no estado. Do total, 27 estão em operação, 22 paralisadas, além da B1 da Mina do Feijão, da Vale, que rompeu em Brumadinho. Na lista da ANM divulgada nesta quinta, porém, o número de barragens com método “a montante ou desconhecido” é de 41.
Minas Gerais exige eliminação das 50 barragens
Em resolução publicada na quarta-feira (30), a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais determinou que todas as barragens deste tipo sejam eliminadas em 3 anos e deu o prazo de 360 dias para as empresas apresentarem a tecnologia a ser adotada e o plano de trabalho com cronograma. Segundo o governo mineiro, seriam 50.
Um decreto de 2016, publicado após o desastre de Mariana, já proibia no estado o licenciamento de novas barragens e ampliações de estruturas que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento para montante. Mas ainda não havia nenhuma política definida para tratar das barragens em operação ou já desativadas.
A Vale anunciou na terça-feira que irá eliminar as 10 barragens a montante que ainda são mantidas pela empresa. Segundo a empresa, elas estão nas cidades de Ouro Preto, Belo Vale, Congonhas, Brumadinho e Nova Lima, todas em Minas Gerais, nas unidades de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopeba.
Vale disse que serão necessários três anos e R$ 5 bilhões para “descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente”, o chamado descomissionamento. Para acelerar o processo, a empresa informou que irá parar a produção de minério de ferro nas áreas próximas, com impacto de 40 milhões de toneladas de minério de ferro e 11 milhões de toneladas de pelotas, ao ano.
Descaracterizar barragens não é simples e também tem risco
Para fazer o chamado descomissionamento e reintegrar as barragens ao meio ambiente há dois caminhos básicos: esvaziar ou aterrar a área, ou então reprocessar o material depositado nas barragens, separando o mineral residual e encaminhando os resíduos sólidos secos para outro local.
Especialistas explicam que o processo de descaracterizar uma barragem não é simples, costuma ter um custo elevado e tampouco a deixa imune a novos acidentes.
A barragem que se rompeu em Brumadinho, por exemplo, apesar de ter conseguido autorização para expandir a operação em dezembro do ano passado, não recebia rejeitos desde 2016 e, ainda assim, virou o mar de lama que deixou centenas de desaparecidos. Segundo informou a Vale, a estrutura estava inativa, não tinha a presença de lago e “encontrava-se em desenvolvimento o projeto de descomissionamento da mesma”.
“Descomissionar barragens deste tipo é necessário, diminui o risco para a população, mas não soluciona o problema”, alerta o especialista em política ambiental e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, Bruno Milanez.
“Assim como a elevação de uma barragem tem risco, o descomissionamento também embute um risco. É um processo muito delicado pois pressupõe esvaziar a barragem ou transferir o material para outro local. Se uma barragem parada já rompe, começar a mexer nestes locais vai exigir um monitoramento ainda mais rigoroso”, acrescenta.
Assim como o projeto de abertura de uma mina ou barragem, o de desativação, reabilitação da área e recuperação da vegetação também depende de licenciamento ambiental.
Se por um lado, o processo de paralisação da produção e do uso das barragens representa um impacto econômico para as mineradoras, parte das etapas do processo de descomissionamento também pode gerar receita.
O projeto de descomissionamento da barragem da Vale que desmoronou em Brumadinho previa um novo processamento, para retirada de minério dos rejeitos acumulados na barragem. A Vale obteve a licença ambiental para essas atividades no final de 2018, mas a empresa negou que tenham sido iniciadas obras no local.
“Em julho de 2016 as operações de beneficiamento do minério da Mina Córrego de Feijão passaram a ser realizadas de forma a seco e, portanto, a Barragem I deixou de receber rejeitos provenientes da referida mina, tornando-se desativada desde então”, afirmou a Vale, em comunicado.
A Vale ainda não detalhou como será feito o descomissionamento nestas 10 barragens que serão desativadas. Segundo a empresa, os processos de interrupção e desativação deverão enviados para licenciamento do órgão ambiental nos próximos 45 dias.
“Até então se acreditava que com o monitoramento adequado essas barragens eram seguras, esses conceitos possivelmente terão que ser reavaliados”, afirmou na segunda (28), o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, Luciano Siani, segundo a agência Reuters. “Mesmo essas barragens antigas e desativadas, como foi o caso dessa, vão passar por investimentos significativos para zerar o risco”, acrescentou.
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Veículo: Green Report
Editoria: Água
Data: 31/01/2019
Título: «La terra sta vomitando». Tra gli indios dopo lo tsunami minerario in Brasile (VIDEO)
I Pataxó Hã-hã-hãe di Naô Xohã non possono più pescare e fare il bagno in un fiume devastato dal fango tossico della diga della Vale
[31 Gennaio 2019]
Gli indios Pataxó Hã-hã-hãe vivono a 22 km a valle della diga mineraria di Brumadinho crollata il 25 gennaio e una spedizione del Conselho indigenista misionário (Cimi) e di Greenpeace Brasil li ha raggiunti 4 giorni dopo la tragedia. Come racconta Mariana Campos della campanha contra agrotóxicos di Greenpeace Brasil, «Siamo stati ricevuti dal Cacique Hayô Pataxó Hã-hã-hãe e dalla vice-Cacique Werymerry Pataxó Hã-hã-hãe» che hanno subito detto che la situazione delle 12 famiglie del villaggio è preoccupante: «Il tratto del Rio Paraopeba che passa accanto al villaggio è contaminato dagli sterili della Vale e quindi gli indios non possono usarlo per pescare e fare il bagno».
La vice-Cacique Werymerry ha spiegato che «Il primo momento è stato di disperazione perché un’altra tragedia di questo livello (quella di Mariana del Rio Doce del 2015, ndr) si era già verificata e tutti ne abbiamo potuto vedere le conseguenze di ciò. Così, finché non abbiamo capito quale fosse la vera situazione, abbiamo preso le persone più fragili del nostro villaggio e le abbiamo portate in cima alla collina. Mi sentivo impotente, perché le vite che ci sono nel villaggio dipendono da noi, così, come leader, mi sono sentito perso«».
Nel villaggio di Naô Xohã attualmente ci sono 7 donne incinte, 2 anziani e 19 bambini e Antonia Remunganha, 88 anni, la più vecchia della comunità, ha raccontato come ha vissuto gli ultimi eventi «E’ stata una tragedia molto dolorosa. Sono morte così tante persone che sono morte. Mangiavamo un po’ di pesce … Oggi nessuno può prendere un pesce da mangiare. Il fiume è diventato fango. Cosa ne sarà di noi?» Lungo le rive del Rio Paraopeba, l’odore del pesce morto è nauseabondo e, per mitigare il pyzzo ed evitare la proliferazione delle zanzare, gli indios stanno seppellendo i pesci. Senza la loro principale fonte di cibo e acqua, gli indios Pataxó Hã-hã-hãe dipendono totalmente dalle donazioni. Jorge Luiz de Paula, coordinatore regionale della Fundação Nacional do Índio (Funai), arrivato nel villaggio poco dopo il team di Greenpeace e Cimi, ha detto: «Siamo qui alla ricerca di alternative. Inizialmente, il volontariato, che è dove c’è già disponibilità di risorse». Ma la Campos fa notare che «Fino al giorno della nostra visita, la Vale non aveva ancora contattato la comunità. Werrymery mi ha mostrato due bottiglie di campioni d’acqua del fiume. Una l’ha raccolta non hanno saputo del crollo, quando il fango tossico non aveva ancora raggiunto il villaggio, e l’altra, due giorni dopo, quando gli sterili hanno raggiunto quel punto del fiume. Il contrasto cromatico è forte, che va da un marrone quasi cristallino a un marrone terroso».
La Werrymery ha detto: «La terra vomita, quindi non sta bene. Tutto ciò che distrugge la natura si distrugge. Quest’acqua è importante per la comunità. Il nostro rapporto con il fiume è molto speciale perché i Pataxó provengono da una goccia d’acqua caduta sulla terra».
E gli indio Pataxó Uh-uh-hae rivelano che i problemi causati da Vale erano iniziati molto prima della tragedia del 25 gennaio: 6 mesi fa c’è stata unna moria di pesci e gli indios avevano già capito che gli sterili provenienti dalle dighe minerarie della Vale stavano contaminando il fiume, perché hanno notato un piccolo moria di pesci. Avevano contattato la compagnia mineraria, che aveva minimizzato promettendo che avrebbe fatto lavare meglio i camion che passavano vicino al fiume.
«Non hanno fatto niente, è venuta giù la diga a distruggere ancora una volta», si lamenta il dal Cacique Hayô, che è anche molto preoccupato perché il nuovo governo del presidente neofascista Jair Bolsonaro ha proposto di consentire l’estrazione in territori indigeni. «Dobbiamo avere rispetto per la natura e dire no all’industria mineraria» sottolinea il capo indios. Nella lingua Pataxó, Naô Xoha significa “Spirito Guerriero” e la Campos evidenzia: «Quando abbiamo lasciato il villaggio, ero sicura che i Pataxó combatteranno fino alla fine per la salvaguardia della loro gente e del loro territorio. Perché, come mi ha detto Cacique Hayô, “Essendo un popolo Pataxó, senza natura non siamo un popolo Pataxó”».
Finora i morti provocati dal crollo della diga Córrego do Feijão della Vale a Brumadinho sono una quarantina e i dispersi che nessuno spera più di trovare sono quasi 300, 80 case non esistono più. Dopo il crollo della diga, 6 sei prefetture dei comuni del bacino del Paraopeba, hanno ordinato alla popolazione di tenersi lontana dal fiume e alcuni quartieri sono stati evacuati. Anche alle famiglie indios è stato detto di non avvicinarsi al letto del fiume o di non usare le sue acque. Secondo il cacique Háyó «E’ Madre Natura che vomita quello che sta facendo l’uomo bianco. Siamo tristi, i pesci stanno morendo … è brutto da vedere. Se tutto finirà finisce una cosa che è di sostentamento non solo per i Pataxó, ma per diverse famiglie», grazie al fiume i Pataxó-hã-hãe riuscivano a coltivare manioca, mais, banani, alberi da frutto, verdure, ora non sanno come sopravviveranno sulle rive di un fiume inquinato.
I Pataxó-hã-hãe hanno paura di fare la fine del popolo Krenak: fino al 2015, quando crollo un’altra diga mineraria della Vale, circa 126 famiglie vivevano pescando e cacciando in 7 villaggi sulle rive del Rio Doce ma, con l’inquinamento provocato da quello che è stato il più grande disastro ambientale della storia del Brasile, i Krenak dipendono ora dagli aiuti statali e dai prodotti alimentari acquistati nei supermercati: non possono più coltivare, gli animali sono scomparsi e il fiume resta inutilizzabile, visto che la bonifica richiederà più di un decennio.
Da una prima analisi fatta dal Wwf Brasil, basata su immagini satellitari del crollo della diga di Brumadinho e sulle mappe prima della tragedia, emerge che «Sono andati persi circa 125 ettari di foreste, equivalenti a più di un milione di metri quadrati, o 125 campi da calcio». L’area colpita dallo tsunami minerario di Brumadinho è particolarmente delicata: si tratta di uno degli ultimi brandelli di Mata Atlântica in transizione verso il Cerrado, che inizia a pochi chilometri a valle. Il Wwf dice che la tragedia ha ulteriormente frammentato gli habitat della foresta, ostacolando la connettività di queste aree.
Per Mauricio Voivodic, direttore esecutivo del Wwf Brasil, «L’industria mineraria deve ricercare e investire in processi a basso impatto e rischio, come nei processi a secco che non comportano dighe di scarico e promuovono un cambiamento nell’intero sistema di produzione. Questi cambiamenti urgenti devono essere guidati da forti normative ambientali», Ma è esattamente qul che non vogliono fare l’industria mineraria e il governo Bolsonaro.
Il Wwf Brasil avverte che gli effetti del nuovo tsunami minerario saranno duraturi anche sulla vita acquatica e la fauna terrestre che dipende più direttamente dal corso del fiume: «I sedimenti continueranno a spostarsi, seguendo il corso del Rio Paraopeba e probabilmente saranno per lo più trattenuti nella diga Retiro Baixo HPP. Tuttavia, i sedimenti più fini continueranno ad essere trasportati dal fiume e non è possibile stabilire come e quando questi sedimenti verranno diluiti. Sarà un lungo processo di cambiamento dell’ecosistema che potrebbe influire sulla vita acquatica anche nel fiume São Francisco perché l’acqua diventerà più torbida ogni volta che pioverà pesantemente nella zona in cui si accumula il fango. Il Rio Paraopeba è un importante affluente del fiume São Francisco, uno dei più emblematici del Brasile, che raggiunge il nord-est, il che minaccia ulteriormente la sicurezza idrica di milioni di brasiliani. Se gli sterili raggiungono il bacino idrico della centrale idroelettrica di Três Marias, uno dei più grandi del sistema energetico nazionale e di grande importanza regionale, possono influenzare la produzione di energia dell’impianto e il funzionamento di altre unità installate lungo il fiume São Francisco. Tre Marias ha ancora un’importanza strategica per il controllo del flusso del fiume, dato che regola le acque che confluiscono nel complesso idroelettrico di Sobradinho/Paulo Afonso/Xingó, il più grande nel Nord-Est, che produce circa il 95% dell’energia nella regione. Un altro impatto del volume degli sterili che raggiunge la diga dell’impianto è la riduzione della sua vita utile, che dipende direttamente dal volume dei sedimenti. Il fiume porta naturalmente sedimenti che tendono ad accumularsi nella parte inferiore dei bacini, perché in questo ambiente la velocità dell’acqua è molto bassa. Con l’aumentare della quantità di sedimenti nel fondo, la capacità di accumulare acqua e quindi di generare energia è ridotta».
Il Minas Gerais. Lo Stato brasiliano dove sono avvenute le due tragedie minerarie di Brumadinho e del Rio Doce, ha il record mondiale di incidenti alle dighe minerarie: il 25% del totale globale.
Bruno Milanez, che coordina un team ricerca sull’estrazione mineraria e l’ambiente dell’Universidad Federal de Juiz de Fora, la seconda città del Minas Gerais dopo la capitale Belo Horizonte, ha detto alla Folha de São Paulo : «Non è in discussione se ci saranno altri incidenti, ma quando avverranno. Le compagnie espandono le loro miniere quando sale il prezzo del minerale e tagliano i costi di manutenzione, poi i loro depositi di sterili esplodono». Belo Horizonte, con i suoi 2,5 milioni di abitanti, è circondata da miniere che hanno spianato le sue colline e minacciato le sue acque. Brumadinho è a 40 Km in linea d’aria e fa parte della sua regione metropolitana. Intanto, sempre nelle vicinanze di Belo Horizonte, ci sono miniere la cui scorie minacciano il Parque Rola Moça e le Sierras del Curral y de Piedade.
Gli esperti dicono che sono proprio le imprese a rendere difficile prevenire gli incidenti: «Ci sono aziende che dichiarano bancarotta dopo aver sfruttato i depositi per un po ‘di tempo, lasciandosi dietro pesanti responsabilità ambientali». Nel caso di Brumadinho, la Vale – che possiede altre 140 miniere in Brasile – aveva ottenuto l’autorizzazione per espandere la miniera, presentando la proposta insieme alla disattivazione degli sterili, ma anche nella commissione che ha dato il via libera ci sono stati astenuti perché il progetto presentava elementi positivi e negativi, come l’approfondimento dello scavo minerario che contaminerebbe la falda freatica che rifornisce la popolazione dell’intera area.
La tragedia umana e ambientale di Brumadinho è arrivata solo tre giorni dopo che il presidente del Brasile Bolsonaro si è presentato al World economic forum di Davos dicendo: «Siamo il Paese del mondo che preserva di più l’ambiente».
Ora, sui social network brasiliani in centinaia sperano che la catastrofe di Brumadinho porti il governo di destra a riconsiderare la decisione di ridurre le protezioni dell’ambiente, ma Bolsonaro e i sui generali “tirano dritto”, come diceva e direbbe qualcuno in Italia.
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Veículo: The Economist
Editoria: The Americas
Data: 31/01/2019
Título: Brazil’s worst ever dam disaster follows years of regulatory capture
The government’s special treatment of mining comes at a cost
Jan 31st 2019| SÃO PAULO
When he saw the river of sludge roaring down the valley, José Ferreira da Silva did not fear for his son, a welder. He was working for Vale, a Brazilian mining giant, near a tailings dam at its iron-ore mine at Brumadinho. “The company always said it was safe, and we believed them,” he says. The dam’s collapse on January 25th, unleashing 12m cubic metres of mining waste, is Brazil’s worst industrial accident. As the sludge hardened and the death toll rose—the final tally may surpass 350 people—Mr Ferreira’s hopes for his missing son faded, but not his anger.
Brazil is going through a grim reckoning. Miners and the government have long enjoyed cosy ties but many wonder: at what cost? Mining accounts for around 5% of gdp, according to Vale. It also employs hundreds of thousands of people and is backed by powerful politicians. That includes the new president, Jair Bolsonaro, who campaigned on promises to open up more of the Amazon forest for prospecting. The latest tragedy comes only three years after a similar collapse of a dam jointly owned by Vale at Mariana, 100 miles (160km) away, where 19 people died.
Tailings dams are cheap and risky. The upstream sort have been banned in Chile and are rare in America and Europe. Their widespread use in Brazil is one way the government helps mining firms to put profit over protection, says Carlos Martinez at the Federal University of Itajubá. Miners are favoured because they often shoulder the responsibilities of governments in remote places, building schools and hospitals, for example. In Minas Gerais (literally, “General Mines”), the state where Brumadinho is located, Vale often dominates local economies. Once state-owned, but privatised in 1997, it is the biggest employer of Brumadinho’s 40,000 residents, and pays 60% of the town’s taxes.
Regulatory capture is one result, says Bruno Milanez at the Federal University of Juiz da Fora. Understaffed and underfunded, the National Mining Agency visited only a quarter of Brazil’s 790 tailings dams in 2017, leaving mining firms to hire contractors to carry out safety inspections.
Mr Bolsonaro’s government now promises a crackdown. Courts have frozen 10bn reais ($2.7bn) of Vale’s assets to pay for damages. The firm’s shares have plunged (see article). Police arrested three employees and two contractors responsible for recent safety studies. The cabinet met to discuss the fate of the remaining high-risk dams. Yet the public outcry after the Mariana disaster led to similar lawsuits and promises. Several mining executives say that stricter oversight must be accompanied by cultural change in the industry to protect human life.
“It’s not about whether or not to mine,” says Maria Dalce Ricas of the Minas Gerais Association for the Defence of the Environment. “It’s how to mine, and where.” A worker’s cafeteria should not, for instance, have been built below a tailings dam, as was the case at Brumadinho. Dozens were probably buried alive while eating lunch. The latest tragedy is compounded by the crippling of the livelihood of the town, where mining is unlikely to continue. “People worked at the mine so that they could feed their families,” said Mr Ferreira, “but mining destroyed Brumadinho.”
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Veículo: Justificando
Editoria: Criminal
Data: 31/01/2019
Link: http://www.justificando.com/2019/01/31/no-brasil-sao-mais-de-tres-acidentes-em-barragens-por-ano/
Título: No Brasil, são mais de três acidentes em barragens por ano
Faltam dados básicos no sistema nacional que orienta as políticas de segurança contra acidentes como o de Brumadinho
Fonte: Agência Pública | Por Bruno Fonseca
No Brasil, há em média mais de três acidentes com barragens a cada ano. Os dados são compilados pela Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pelo Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado anualmente e encaminhado ao Congresso.
Os acidentes incluem o rompimento de grandes barragens com vítimas fatais, como o da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (que deverá entrar no relatório de 2019), mas também outros eventos menores que levaram a alagamentos ou suspensão do abastecimento de água.
Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não foram informadas ao governo federal.
Além dos acidentes, os relatórios contabilizaram mais de sete incidentes com barragens por ano. Esse tipo de notificação ocorre quando há alguma ocorrência na barragem que, se não for controlada, pode levar a um acidente. Em sete anos, foram 52 incidentes.
Em cada quatro barragens do sistema nacional, faltam dados básicos em três
Os dados que alimentam a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), criada em 2010, são incompletos. No último relatório, sete anos após a publicação da lei, três quartos de todas as barragens informadas à ANA não possuíam informações suficientes para determinar se deveriam entrar na política de segurança. Faltavam dados básicos como altura da barragem, capacidade do reservatório e classificação do dano potencial.
Com isso, mais de 18 mil estruturas – de um total de cerca de 24 mil – aparecem de forma incompleta no radar federal. O problema da falta desses dados é que mesmo uma barragem pequena pode estar sujeita à fiscalização, segundo os parâmetros da PNSB, caso o Dano Potencial Associado (DPA) seja considerado médio ou alto. E é justamente essa classificação de dano que é utilizada para embasar os planos de segurança em caso de acidentes.
Os dados dos relatórios da ANA são falhos, entre outros motivos porque são coletados junto a outras agências fiscalizadoras: a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e órgãos estaduais – que podem fazer seus próprios balanços com base em outros critérios.
Esses órgãos também dividem a fiscalização das barragens: a maior parte fica sob encargo da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por 790 reservatórios. Em 2017, apenas 211 foram verificadas pela agência. A equipe de vistoria era de apenas 20 pessoas. A ANA, responsável pelo relatório de segurança, vistoriou 24 barragens. Em Minas, a secretaria estadual informou a vistoria de 125 estruturas.
Há outro dado preocupante no sistema nacional: duas em cada cinco barragens registradas não possuem atos de autorização, isto é, se foram outorgadas, concedidas, licenciadas, entre outros. Em tese, o proprietário da barragem ou do terreno onde ela está pode ser multado pelo governo federal caso não haja autorização.
Em 2016, o senador pelo PSDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, chegou a propor um projeto de lei para endurecer a fiscalização de barragens. Dentre vários pontos, o texto inicial previa multa e até prisão de donos de reservatórios que não mantivessem atualizados os dados no sistema nacional de informações sobre barragens. O projeto foi arquivado em dezembro de 2018, um mês antes do rompimento da barragem em Brumadinho.
Procurada, a ANA respondeu que em 2018 a agência registrou 17 autos de infração, num total de mais de R$ 260 mil em multas a responsáveis por barragens em alguma situação de irregularidade.
Dados apontam barragens comprometidas em Minas Gerais e em todo o Brasil
No relatório de 2017, a ANA aponta 45 barragens como comprometidas, a maioria no Nordeste. Em Minas Gerais, havia cinco barragens em perigo: quatro nas cidades de Nova Lima e Rio Acima, na região metropolitana de Belo Horizonte, e uma em Ouro Preto.
No dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento em Brumadinho, o governo federal divulgou que 3.386 barragens consideradas prioritárias serão fiscalizadas. Contudo, a maior parte dessas estruturas (2.562) são de competência dos governos estaduais.
Já nos registros da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) de Minas, em 2017 havia 22 barragens no estado para as quais o auditor não garantiu a estabilidade do reservatório ou não chegou a uma conclusão por falta de dados ou documentos técnicos. Além de barragens de mineração, há reservatórios de indústrias e de destilarias de álcool, que estão em 13 cidades do estado.
Minas Gerais é justamente um dos estados com a maior inconsistência entre os dados do sistema federal e os coletados estadualmente: no relatório da ANA, constam apenas 57 barragens em Minas Gerais; já no registro da Feam há 698. Questionada pela Pública, a Feam não respondeu a razão da diferença. Em justificativa ao relatório da ANA, a Feam havia afirmado que o cadastro de barragens do órgão segue outras diretrizes, as do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A reportagem também perguntou à Feam o motivo de não seguir a diretriz do plano nacional de segurança no envio dos dados, mas o órgão não respondeu ao questionamento.
Do total de 698 barragens apresentadas pela Feam, 205 são de classe 3, que são as que apresentam maior risco a pessoas e ao meio ambiente em caso de acidente. A maior parte das barragens em Minas Gerais são justamente as de mineração (62,3%), que se concentram sobretudo na bacia do rio São Francisco – que deve ser afetado pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Minas Gerais tem um grande acidente com barragens a cada dois anos
Ao menos desde 2001, o estado de Minas registrou em média um acidente envolvendo barragens a cada dois anos. O levantamento foi realizado pelo professor Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo Milanez, ele optou por desconsiderar as informações da ANA pela falta de confiabilidade do material: “Os primeiros relatórios eram melhores, eles colocam os motivos da classificação de risco, se tem comunidade a jusante ou não, se tem infraestrutura importante, unidade de conservação… Isso, nos relatórios atuais, deixou de ser colocado. Outra coisa: eu não consigo encontrar o relatório do auditor que disse que a barragem era estável. Isso poderia estar disponível. São informações que deveriam ser públicas”, critica.
O primeiro acidente com barragem registrado por Milanez ocorreu em 2001, quando o rompimento do reservatório da empresa Mineração Rio Verde matou cinco pessoas em Nova Lima, na região da Grande Belo Horizonte. Mais de 6 km do córrego Taquaras foram assoreados pelo rompimento do reservatório de rejeitos de minério de ferro. Uma área de proteção ambiental de Mata Atlântica foi afetada.
Nesses quase 20 anos, outros acidentes fatais se seguiram: além de Mariana, em 2015, houve morte de três pessoas no rompimento da barragem em Itabirito, em 2014, da Herculano Mineração.
Mesmo acidentes sem mortes tiveram consequências devastadoras: o rompimento do reservatório da Mineradora Rio Pomba, em Cataguases, despejou mais de 2 milhões de metros cúbicos no rio e levou ao deslocamento de mais de 4 mil pessoas de suas casas em 2003.
“A média é alta. De dois a dois, três a três anos você está tendo um acidente muito severo. O país é grande produtor de minério de ferro e outros materiais e você tem acidentes sequenciais, com muitas perdas humanas”, avalia o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Itajubá Carlos Martinez.
Segundo Martinez, a política nacional de segurança para barragens ainda não é eficaz e o Estado brasileiro é responsável pela falta de aplicação da legislação. “A Lei tem que pegar, como a gente diz no Brasil. Não temos fiscais suficientes, não temos estrutura dedicada à fiscalização. É tudo muito precário. O Estado brasileiro tem uma responsabilidade enorme no que aconteceu, basta ver o que o Legislativo dos estados fez após Mariana”, comenta.
O professor defende que a fiscalização de barragens deveria ser centralizada no governo federal, com atuação do Exército. “Para mim, a fiscalização deveria ser feita pelo corpo de engenharia do Exército brasileiro. Atualmente a fiscalização é um grande negócio, com contratação de empresas de consultoria. Ninguém quer abrir mão de um grande negócio”, avalia.
Questionado sobre a centralização ou não da fiscalização de barragens, Milanez pondera: “No mundo ideal, talvez centralizar faria mais sentido. Mas no mundo real, se você mantém no nível estadual, você pulveriza o risco, pois, com as mudanças de governo, enquanto um estado melhora, outro piora. Já no nível federal, se houver uma piora, toda a fiscalização seria prejudicada. Um possível ponto de meio-termo seria o licenciamento e controle de algumas obras mais simples ficarem no nível estadual e as mais complexas, no nível federal”, sugere.
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