A recordação da trajetória vitoriosa de atletas brasileiras de Corrida de Aventura (CA) pautou a dissertação da acadêmica Fabiana Duarte e Silva. O estudo utilizou a construção narrativa da história oral, por meio de entrevistas com as integrantes da Equipe Atenah. A pesquisa tem como objetivo dar voz e visibilidade às conquistas das esportistas, além de analisar as dificuldades de inserção na modalidade que é predominantemente masculina. O trabalho foi desenvolvido e apresentado no Programa de Pós-Graduação em Educação Física, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A corrida de aventura combina diferentes técnicas desportivas como o trekking, a canoagem, o mountain bike, as técnicas verticais e a orientação cartográfica. Para compreender as relações de gênero presentes neste esporte, a pesquisadora investigou a única equipe formada exclusivamente por mulheres que disputou entre os anos 2000 e 2007 as principais provas nacionais e internacionais de CA. “A minha motivação partiu do envolvimento prático, por ser uma atleta de corrida de aventura, e a partir da percepção da condição das mulheres como uma minoria na modalidade. Posteriormente, o contato com o Grupo de Estudos em Gênero, Educação Física, Saúde e Sociedade (GEFSS) oportunizou um aprofundamento das implicações no esporte”, explica.
A pesquisa qualitativa de caráter descritivo trabalhou com os seguintes eixos: o resgate das experiências esportivas na infância e na juventude; a vivência e a carreira na corrida de aventura; e a constituição da Equipe Atenah. Para tanto, Fabiana entrevistou cinco integrantes do grupo e constatou, com base nesta imersão, que o determinismo biológico das competições foi superado pelas conquistas de pódios e os excelentes resultados nos rankings da modalidade. Além disso, a mestranda destaca a importância da abertura de espaço no ambiente masculino hegemônico: “as atletas da Atenah foram pioneiras, transgressoras e excepcionais no seu esporte. Entretanto, a análise dos motivos que levaram ao fim da equipe sugere que o engajamento da mulher na corrida de aventura pode ser ameaçado pelas instituições do matrimônio e da maternidade.”
A professora orientadora da dissertação, Ludmila Nunes Mourão, diz que o diferencial da pesquisa é o fato de dar luz à história pessoal e às experiências esportivas das atletas, demonstrando a relevância de ousar na modalidade que é diretamente influenciada pelas questões de gênero. “Pesquisar a história de vida dessas mulheres aventureiras, apresenta-se como um instigante processo que pode trazer inúmeras reflexões às invisibilidades presentes nesse campo esportivo”, afirma a docente.
Contatos:
Fabiana Duarte e Silva (mestranda)
fabiduartes@hotmail.com
Ludmila Nunes Mourão (orientadora – UFJF)
mouraoln@gmail.com
Banca examinadora:
Profª. Drª. Ludmila Nunes Mourão (orientadora – UFJF)
Profª. Drª. Marília Martins Bandeira (UFJF)
Profª. Drª. Gisele Maria Schwartz (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)
Outras informações: (32) 2102-3292 – Programa de Pós-Graduação em Educação Física