Chamada Universal do CNPQ contemplou 38 propostas (Foto: Caique Cahon/UFJF)
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) obteve a aprovação de 38 propostas de pesquisa submetidas à Chamada Universal 2018 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No total, foram captados mais de R$ 2 milhões em investimentos. O CNPq divulgou recentemente o resultado da chamada, edital que conta com um total de R$ 200 milhões a serem liberados para projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação de todas as áreas do conhecimento.
Com a aprovação de 38 projetos, a UFJF supera o edital anterior, com 14 propostas aprovadas a mais. As pesquisas terão o valor máximo de financiamento de acordo com a faixa na qual foram alocadas, sendo faixa A até R$ 30 mil em recursos, faixa B até R$ 60 mil e faixa C até R$ 120 mil.
A faixa A foi a que mais deteve propostas aprovadas por pesquisadores da UFJF, totalizando 20. Uma delas é de autoria da professora da Faculdade de Engenharia Elétrica, Janaína Gonçalves de Oliveira, intitulada “Desenvolvimento e Implementação de uma microrrede híbrida (CA/CC) no Campus da Faculdade de Engenharia – UFJF”. Segundo a proposta, uma das grandes vantagens de se trabalhar com microrredes está na possibilidade de testar dispositivos e controles necessários para o desenvolvimento de redes elétricas inteligentes, com menor risco e custo associado. Para a pesquisadora os valores obtidos são essenciais para dar os primeiros passos no projeto. “Por possuir um caráter ainda muito experimental, todos os recursos serão utilizados para a compra dos equipamentos necessários à montagem da microrede, como inversores, sistemas de medição de cargas controladas e sistemas de controle, por exemplo”, explica.
Com o projeto “Desenvolvimento e otimização de novas metodologias por técnicas de eletromigração, cromatográficas e preparo de novas fases estacionários monolíticas para aplicação em sistemas analíticos e bioanalíticos” aprovado na faixa B, o professor do departamento de Química, Marcone Augusto Leal de Oliveira, pretende desenvolver métodos novos ou alternativos para detecção de elementos químicos, por técnicas de análise, objetivando a aplicação em diversas áreas do conhecimento, como alimentos, metabolômica, biocombustíveis, energia, ambiental, farmacêutica, diagnóstico clínico, entre outras.
Um dos exemplos das aplicações práticas do conceito é a possibilidade de desenvolvimento de métodos para a detecção de substâncias que, em grandes quantidades, podem causar efeitos nocivos à saúde, como ácidos graxos trans em alimentos. Segundo o acadêmico, os investimentos obtidos serão utilizados para manutenção da estrutura necessária para o desenvolvimento do estudo. “Os recursos serão destinados à compra de insumos padrões e reagentes, assim como para manter a infraestrutura mínima necessária e a aquisição de novos dispositivos inerentes às atividades de pesquisa”, explica.
Outra proposta aprovada na segunda faixa é a do professor da Faculdade de Letras, Anderson Bastos Martins, intitulada “Fronteiras Seculares: pós-colonialidade, globalização e cosmopolitismo na ficção contemporânea”. A pesquisa tem como base a comparação entre duas gerações de escritores de língua inglesa pertencentes a uma “periferia pós-colonial”, ex-colônias europeias que se tornaram independentes no século XX.
Segundo Martins, o principal objetivo do estudo é a compreensão por meio dos estudos literários de como foi feita a construção do imaginário de nação por diferentes gerações de autores, como Nadine Gordimer (1923- 2014) , Salman Rushdie (1947), Mohsin Hamid (1971) e Chimamanda Ngozi Adichie (1977). “O trabalho exige uma grande pesquisa bibliográfica. A verba será utilizada para a aquisição desse material bibliográfico e, se possível, de um computador para ser utilizado pela equipe. Pretendo utilizar os recursos de custeio para participar de congressos e discutir o projeto”, pontua.
Uma das seis propostas aprovadas na faixa C por pesquisadores da UFJF é a da professora de biologia celular, Rossana Correa Netto de Melo. O projeto “Eosinófilos: respostas funcionais em modelos experimentais e doenças eosinofílicas humanas” tem como objetivo investigar diferentes aspectos estruturais e funcionais de eosinófilos, um tipo de célula de defesa do sangue, com múltiplas funções na saúde e em doenças humanas, como alergias e esquistossomose mansoni, problemas frequentes de saúde pública.
Segundo a cientista, a pesquisa é da área básica, sendo um ponto de partida para desenvolver tratamentos dessas patologias. O estudo conta com colaboração internacional. “Junto ao nosso grupo de pesquisa, temos a parceria de dois outros grupos dos Estados Unidos, um do Japão e vários outros brasileiros. Essa cooperação intensa para o entendimento dessas doenças é o que pode gerar melhorias em terapias”, explica. Ainda conforme Rossana, os recursos obtidos por meio do edital serão utilizados para a aquisição de equipamentos, para o pagamento de terceiros que colaboram com a pesquisa e principalmente para o custeio da aquisição de reagentes necessários para o estudo.
Para a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro de Oliveira, a aprovação dos projetos é indício da qualidade dos trabalhos desenvolvidos na instituição. “É fundamental a captação de recursos por meio de agências de fomento, pois dão autonomia ao pesquisador para investir no que for necessário ao projeto. Atualmente vivemos um período de muitos cortes na ciência e captar recursos é motivo de orgulho e um reconhecimento da qualidade da pesquisa desenvolvida na UFJF”, avalia.