Com objetivo de divulgar ciência de forma lúdica, através de experimentos e interação com o público, os estudantes de Física Lucas Miltre e Vinícius Marangon, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), decidiram criar o canal Cura Quântica no YouTube, usando o entretenimento para fazer com que assuntos complexos sejam facilmente entendidos. Ambos estarão na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nesta quinta-feira, 22, como convidados da mesa-redonda do 6° Fala Ciência, ao lado da podcaster Tupá Guerra e do cartunista Marco Merlin.
Segundo os estudantes, o canal Cura Quântica surgiu com o propósito de divulgar ciência e ensiná-la com abordagens descontraídas e dinâmicas. Os assuntos são contextualizados a partir de curiosidades, experimentos e cobertura de eventos científico-tecnológicos, além de constantemente dar voz à opinião comum, abordando pessoas em locais públicos. Abaixo, Lucas e Vinicius contam como surgiu a vontade de divulgar ciência através do canal:
UFJF – De onde veio o interesse pela divulgação científica?
Lucas – O meu primeiro contato com alguma coisa relacionada a divulgação científica foi um livro do Stephen Hawking, “Universo em uma casca de noz”. Eu lembro que achei muito legal, mas eu não tinha um background de conhecimento científico muito bom para conseguir entender tudo que estava escrito. Na sequência, eu ganhei outro livro, dessa vez do Carl Sagan, “O mundo assombrado pelos demônios”, que foi uma leitura que fluiu melhor, eu fiquei bem interessado. Depois, entrei para o curso de Física, o bacharelado. Lá, eu fiz Iniciação Científica em um laboratório e comecei a consumir muito conteúdo de divulgação científica na internet, principalmente uns canais estrangeiros no YouTube. Eu ficava maravilhado com aquilo. Então, foi começando a surgir um interesse cada vez maior pela parte de divulgação científica, mas como consumidor.
Vinícius – O meu interesse por divulgação científica começou desde cedo – eu já tinha interesse nessa área, desde pequeno meus pais me incentivaram. Eu adorava ler livros sobre dinossauros e assuntos deste tipo. Na faculdade, quando entrei no curso de Física, conhecemos várias matérias super interessantes e isso despertou o interesse de divulgar o que a gente aprendia nas aulas. Nós já conhecíamos outros canais de divulgação científica, então isso nos incentivou a desenvolver nosso próprio projeto.
Como o canal surgiu?
Lucas – Comecei a ficar com uma coisa na cabeça, alimentada por esses canais, que era: por que não tinha nenhum conteúdo neste formato no Brasil? Já tínhamos canais de vlog no país, mas não com uma abordagem que a gente gostava. Os canais que assistíamos tinham uma pegada mais experimentalista e de muita interação. Isso me deixava maravilhado e comecei a ficar cada vez mais empolgado para tentar replicar uma coisa do tipo aqui no Brasil. Então, me juntei com o Vinicius – fizemos vestibular juntos, entramos para o curso juntos, mas ele teve um contato com a divulgação científica separado do meu. Em determinado ponto do nosso trajeto acadêmico, acabamos conversando e decidindo criar esse canal, tirar essa ideia do papel, aí as coisas foram fluindo.
Cura Quântica é um conceito pseudocientífico. Por que vocês escolheram esse nome para o canal?
Lucas – O nome surgiu com a intenção de fazer uma provocação, uma brincadeira com uma das áreas das pseudociências que usam o nome da quântica para tentar fundamentar os misticismos que eles acreditam. Fizemos o canal com ideia de brincar com essa ideia de medicina quântica. Mas, no nosso caso, a ideia da cura vem da tentativa de curar os demônios da pseudociência que assombram o mundo por meio de ciência de verdade, que é a física quântica. Porém, não nos prendemos a falar só de física: exploramos todas as áreas nas quais ficamos à vontade. A gente visita laboratórios nas faculdades, principalmente na UFMG, conversamos com professores, observamos o que está sendo feito de pesquisa, abordamos alguns temas de curiosidade, que estão na moda no momento, e por aí vai.
Qual vocês acham que é a importância de abordar ciência de uma forma mais lúdica?
Lucas – A gente valoriza muito a abordagem lúdica para comunicar ciência, principalmente tentando afastar um pouco do formalismo e tentando passar entre as coisas mais populares, os assuntos do momento, as figuras e personas que as pessoas gostam e costumam assistir que estão mais ligados ao entretenimento, dar uma roupagem de entretenimento para o nosso conteúdo. Percebemos que, a partir daí, as pessoas passam a enxergar o conteúdo não como aquele monstro difícil de ser entendido, mas como uma coisa presente no nosso dia a dia, uma coisa divertida e que, no fim, pode ser útil.
Vinícius – É importante inserir a divulgação científica de forma lúdica – e tem que ser de forma lúdica – principalmente porque a sociedade é extremamente dependente de ciência, mas sabe muito pouco sobre como ela é feita e os impactos causados por ela. Então, por exemplo, a pessoa tem um celular que faz ligações, tem GPS, mas não sabe o mínimo de como isso foi feito. Por isso a ciência é tão desvalorizada, e isso interfere muito na economia do país. Então, nosso objetivo é passar a importância da ciência de uma forma que o público possa entender, fugindo do formalismo das aulas.
As inscrições para o Fala Ciência podem ser realizadas on-line. As vagas são gratuitas e limitadas.