O fenômeno imperceptível de rotação da Terra. A violenta força da atração de buracos negros. O processo maternal de alimentação dos pássaros. Esses são apenas alguns exemplos de como a ciência faz poesia. Episódios tão simples, que acontecem diariamente, mas ao mesmo tempo tão encantadores. Observando o mundo a nossa volta, perceberemos que, a todo tempo, processos científicos ocorrem sem a nossa autorização. Para se protegerem do frio do outono, árvores diminuem a produção de clorofila, resultando na mudança de cor e queda das folhas. E que tal a relação de amor das abelhas com as flores? Muitas das espécies utilizadas para produção de alimentos consumidos pelo ser humano dependem deste íntimo relacionamento.
Inspirado por essa estética poética dos processos científicos, Marco Merlin teve a ideia de juntar sua profissão de cartunista, com sua paixão – a ciência. Assim surgiu, no seu site “Quadrinhorama”, as “Cientirinhas“, quadrinhos com humor um tanto quanto científico. Marco é um dos convidados do 6º “Fala Ciencia”, evento sobre divulgação científica que acontece no dia 22 de novembro, no Centro de Ciências, com programação a partir das 9h. O cartunista participa de uma mesa-redonda às 15h, acompanhado de Tupá Guerra, podcaster, colaboradora – assim como Merlin-, do “Dragões de Garagem”, site de divulgação científica. Além deles, também participam Vinicius Marangon e Lucas Miltre, do canal Cura Quantica.
“A ideia de juntar quadrinhos e ciência surgiu por acaso, um dia, quando topei com o trabalho da equipe do Dragões de Garagem. Eu não conhecia o trabalho deles até então, comecei a ouvir as gravações, me identifiquei muito com as causas deles de fazer a ciência chegar a um público mais geral, com uma linguagem simples e divertida”, esclarece Merlin. Decidiu, então, enviar um e-mail para a equipe do site propondo desenvolver um trabalho mesclando divulgação científica e quadrinhos, na forma de tirinhas. Em janeiro de 2016 nasceu o “Cientirinhas”, usando a linguagem do humor para atingir um público que a linguagem estritamente formal não atinge.
A relação de Merlin com a divulgação científica é relativamente recente. “Tive uma boa educação sobre ciências naturais no colégio, mas confesso que durante muito tempo não via a ciência como objeto de fascinação”, revela. Foi só quando passou por um período de contestação de seus credos religiosos e começou a buscar respostas no mundo natural, que seu interesse pela ciência despertou. “Comecei a olhar de forma diferente para informações científicas, despertando uma admiração estética, poética”, lembra. Depois disso, conta que nunca mais se desligou da ciência. Começou a ler constantemente livros de divulgadores científicos de extrema importância como Carl Sagan e Richard Dawkins. Destaca que começou a “aprender a ver aquilo que Dawkins fala em um de seus livros – “A magia da realidade” – a beleza poética das ciências naturais e da natureza de uma maneira geral.”
Merlin define suas tirinhas como uma porta de entrada para o interesse em pesquisar e procurar conceitos científicos mais a fundo. O leitor começa a ler os quadrinhos interessado pelo humor, e acaba sendo exposto a um fato científico que atiça sua curiosidade. “Ele vê que tem mais daquele assunto interessante e isso gera outras leituras, outras reflexões. Então, muita gente acaba descobrindo novos interesses graças a essa isca que o humor proporciona”, pondera.
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