Entre os dias 22 e 25 de outubro, a comunidade acadêmica do campus Governador Valadares da UFJF terá a oportunidade de conhecer a história e a cultura dos povos indígenas de Minas Gerais, contadas por aqueles que a viveram ou herdaram. Representantes das tribos Krenak, Pataxó e Maxacali serão os responsáveis pela condução dos cursos de extensão e das atividades culturais durante os quatro dias do evento coordenado pelo Núcleo de Agroecologia (Nagô) e Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH), que, em parceria, desenvolvem o projeto Pluriversidade dos Povos e Comunidades Tradicionais do Watu. Os interessados em participar podem se inscrever aqui.
De acordo com Reinaldo Duque, professor do Departamento de Ciências Básicas da Vida da UFJF-GV e coordenador do Nagô, os conteúdos teórico-práticos serão definidos e trabalhados livremente pelas lideranças indígenas convidadas. “Na proposta metodológica, os docentes da UFJF cumprem papel de acolhimento, mediação e organização. Em cada aula, o convidado, junto com o professor ou parceiro, definirá quais conteúdos serão trabalhados, quais estratégias de ensino serão adotadas, bem como materiais e espaços físicos necessários para realização das atividades”.
Para Luciana Tasse, professora do Departamento de Direito e integrante do CRDH, é preciso criar espaços que concedam o protagonismo ao povo indígena, para que todos conheçam suas lutas e resistências, uma vez que estas são invisibilizadas pela grande mídia ou mesmo no contexto mais urbano das cidades brasileiras. “Estas populações se organizam e têm uma outra forma de se colocar no mundo, possuem outros paradigmas civilizatórios que muitas vezes a gente na universidade é incapaz de compreender. Eles têm muito a contribuir e a gente terá um espaço privilegiado de diálogo na próxima semana”.
O evento, que está em sua segunda edição, busca ainda contribuir para a implementação da Lei 11.645/2008 que estabeleceu a obrigatoriedade do estudo de história e cultura indígena nas escolas públicas e privadas do país. “Ainda há uma grande lacuna na educação intercultural no Brasil. Ações de extensão podem contribuir para atender a esta demanda de modo pontual, mas ainda são insuficientes para garantir a inclusão formal dos conhecimentos tradicionais e de mestres/as indígenas, quilombolas e camponeses nas universidades”, destacou Reinaldo Duque.
Também na semana que vem, dia 26 de outubro, o Nagô e o CRDH promoverão o curso de extensão “Direito dos povos e comunidades tradicionais e protocolos comunitários”. Ministrado pela professora Letícia Aleixo, da Clínica de Direitos Humanos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o curso abordará os marcos legais de proteção aos direitos dos povos e comunidades tradicionais; e os subsídios para construção participativa de protocolos comunitários bioculturais e de consulta prévia. As inscrições podem ser feitas aqui.
Todas as atividades são gratuitas e serão realizadas no Prédio Pitágoras, entre 13h30 e 17h30. Confira a programação:
“História e Cultura dos Povos Indígenas em Minas Gerais”
Entre os dias 22/10 e 25/10
22/10 (segunda) – sala 409 – Krenak
-> Exibição do Filme: “Guerra sem fim”, com Shirley Djukurnã Krenak, da aldeia Atoran (Resplendor/MG)
23/10 (terça) – sala 411- Pataxó
-> Pataxó Geru Tukunã: história, cultura, dança e artesanato, com Natália, Sekuaí e Sinaré Pataxó, da aldeia Geru Tukunã (Açucena/MG)
24/10 (quarta) – sala 412 – Maxakali
->Maxakali: história e cultura, com Sueli, Isael e Mamei Maxakali, da aldeia Verde (Ladainha/MG)
25/10 (quinta) – sala 412 – Maxakali
->Maxakali: cantos, dança, língua e artesanato, com Sueli, Isael e Mamei Maxakali (Ladainha/MG)
“Direito dos povos e comunidades tradicionais e protocolos comunitários”
26/10 (sexta) – Sala 412
->Letícia Aleixo, da Clínica de Direitos Humanos da UFMG