Da esquerda para a direita: professora Marcella Beraldo de Oliveira, delegada Ione Maria Moreira Dias, professora Rogeria da Silva Martins e professor Paulo Cesar Pontes Fraga (foto: arquivo pessoal)

A observação dos fatores que encorajam as mulheres a denunciar casos de agressão foi uma das motivações da pesquisa de mestrado da delegada especializada no atendimento à mulher em Juiz de Fora, Ione Maria Moreira Dias Barbosa. O estudo foi realizado e apresentado no Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e analisou a questão na cidade com o amparo da Lei Maria da Penha.

O objetivo da dissertação foi verificar as agressões físicas e morais contra as mulheres no município, com base nos dados fornecidos pela Casa da Mulher e pela Secretaria de Estado de Segurança Pública. Fundamentada nos conceitos de autores clássicos da área de sociologia, como Pierre Bourdieu e Michel Foucault, Ione Barbosa desenvolveu seus estudos na relação entre homens e mulheres, considerando o patriarcado como uma ideologia fortemente presente na sociedade brasileira.

No que se refere aos crimes, a delegada analisou as medidas que são tomadas contra esse tipo de violência, como as amparadas na Lei Maria da Penha. Para Ione, a Lei foi um marco que auxilia na proteção das mulheres: “foi um divisor de águas. As politicas públicas são eficazes, mas muitas delas ainda precisam ser implementadas, para que haja a prevenção desse tipo de violência.”

A pesquisadora examinou os motivos que incentivam as denúncias e concluiu que a criação de espaços de atendimento especializado às mulheres, com pessoas do mesmo sexo para atendê-las, é um forte fator encorajador. Ione explica que a Casa da Mulher em Juiz de fora, por exemplo, atende à cidade e  municípios da região e tornou-se referência como um local onde as vítimas se sentam mais acolhidas e preservadas. Ione argumenta, ainda, que as prisões realizadas em crimes desse âmbito tem um caráter pedagógico muito forte: “a partir do momento que um agressor vê alguém sendo preso naquela condição, ele é intimidado. E também é um caráter encorajador das mulheres.”

Na opinião da delegada, a pesquisa é importante porque ajuda a “impactar as pessoas da necessidade de colocar essa questão como um problema social que deve ser debatido. A Lei Maria da Penha veio para reprimir, mas o ideal é que não se tenha a quem punir e que os homens sejam conscientes.” Para o professor orientador, Paulo Cesar Pontes Fraga, o estudo contribui para que medidas de segurança sejam desenvolvidas em prol das mulheres. Ele também ressalta a importância do trabalho no meio acadêmico: “expõe um pouco da realidade em Juiz de Fora, analisando o perfil das mulheres agredidas e as formas de agressão, induzindo uma discussão teórica sobre o patriarcado na sociedade brasileira.”

Contatos:
Ione Maria Moreira Dias
ionediasadv@gmail.com

Paulo Cesar Pontes Fraga (orientador – UFJF)
pcp_fraga@yahoo.com.br

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Paulo Cesar Pontes Fraga (orientador – UFJF)
Profa. Dra. Marcella Beraldo de Oliveira (UFJF)
Profa. Dra. Rogeria da Silva  Martins (UFV)

Outras informações: (32) 2102-3113 – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais