Projeto “A Ciência que Fazemos” promove encontro do pesquisador Telmo Ronzani com alunos da E. E. Sebastião Patrus de Sousa. (Foto: Alice Coelho)

Para alunos do ensino médio, a pressão de decidir o começo de sua jornada profissional pode ser muito estressante e prejudicial à saúde mental. Mesmo sendo um assunto que vem recebendo destaque no noticiário nacional, ainda é difícil para parte dos jovens conversarem abertamente sobre seus medos e preocupações. Em colaboração com o projeto “A ciência que fazemos”, o professor do curso de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Telmo Ronzani, abordou o tema com alunos da Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa, na noite de quarta-feira, 03.

O psicólogo pode ler mentes?

O bate-papo descontraído entre os alunos do terceiro ano e Ronzani teve início com uma breve apresentação de cada um e uma provocação do professor: “o que você sabe sobre psicologia?”. A resposta mais consensual foi que a função da psicologia seria ajudar as pessoas. Para Ronzani o resultado foi inesperado, já que, segundo ele, “as pessoas costumam achar que psicologia é coisa de gente maluca”. Contando um pouco sobre sua trajetória, o pesquisador destacou seu trabalho com psicologia social, ou seja, as relações dos indivíduos em sociedade. Mesmo com um estudo aprofundado sobre isso, foi taxativo: “o psicólogo não é capaz de ler mentes, nosso trabalho consiste em compreendê-las melhor”.

O professor destacou também a importância de construir um diálogo verdadeiro sobre o uso de drogas, sejam elas remédios, bebidas ou drogas ilícitas. Segundo Ronzani, pesquisas indicam que mostrar aos jovens tipos de drogas e a forma de uso desperta a curiosidade e aumenta o consumo, ou seja, mesmo que a intenção seja boa, o resultado é contrário ao esperado.

No encontro, os jovens questionaram sobre as oportunidades que teriam no espaço da universidade pública e enfatizaram como a pressão de ocupar tal lugar é desgastante. Percebendo aflorar na fala dos estudantes a tensões vividas no final do ensino médio os professores da escola, presentes no evento, resolveram propor um diálogo sobre o papel da instituição nas aflições dos jovens. Os professores ressaltam a importância da aproximação com os alunos para que esse tipo de retorno seja frequente.

O debate foi a parte preferida para a aluna Sabrina Lúcio, “raramente temos uma oportunidade como essas na escola. Hoje todo mundo falou o que realmente pensava”, desabafou. A aluna Laura França, ressaltou a importância de diálogos como esse, “tem muita coisa que fica guardado e a gente não tem a oportunidade de falar. Quando surgem essas oportunidades, o resultado para nós é muito gratificante”.