O Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe a professora aposentada da UFJF e escritora, Maria de Lourdes Abreu de Oliveira, para lançamento de seu novo livro, o romance “Nem tão claro enigma”. O evento acontece nesta sexta-feira, 28, às 19h. Pouco antes da noite de autógrafos, Maria de Lourdes assina o termo oficial de doação de seu acervo bibliográfico e arquivístico ao Mamm.
Diversificação
Sob a guarda do museu desde 2017, a coleção consta de 2.500 exemplares, que foram higienizados pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Papel e catalogados pelo Setor de Biblioteca e Informação. São obras acadêmicas e literárias diversas, algumas de cunho próprio, além de uma importante seleção de autores brasileiros e estrangeiros.
São dela os títulos “Bravo Brasil”, “Pessoa sob persona”, “Antigamente no porão”, “De olhos fechados”, “O menino da ilha”, “Corpo estranho”, “Caminhos da narrativa ficcional brasileira”, “Eros e Tanatos no universo textual de Camões”, “Antero e Redol”.
Com a doação, a escritora espera contribuir para que as pessoas se apaixonem pelos exemplares que lhe foram úteis ao longo de sua carreira. “Livros precisam ser lidos, manuseados, descobertos e amados”, reitera, considerando a importância de se incentivar o hábito da leitura ainda embrionário no país.
Grata surpresa
Maria de Lourdes observa que foi sua intimidade com a literatura que a inspirou a contar histórias como a de “Nem tão claro enigma”, e que lhe renderam inúmeras conquistas, entre elas os prêmios Bloch Nacional de Romance, Cidade de Belo Horizonte, Petrobras Nacional de Literatura e João-de-Barro de Literatura Infantojuvenil.
Até o final do ano, seus leitores terão outra surpresa, com a publicação de “O garoto que tinha asas nos pés”, já em fase de edição. “Este livro, que é destinado a crianças e adolescentes, ficou entre os dez classificados na versão 2018 da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip”, orgulha-se. A obra foi finalista do Prêmio Off Flip de Literatura.
Suspense
Maria de Lourdes tomou como pano de fundo para “Nem tão claro enigma” a água forte de Picasso intitulada “Minotauromaquia” e o episódio entre Pedro I e Inês de Castro, que, por razões políticas, foi assassinada, gerando revolta e desejo de vingança por parte do monarca.
“Toda história tem suas histórias, e conta-se que a revolta de Pedro I foi tamanha diante da morte da amada que ele arrancou e comeu o coração de um dos assassinos”, relata. Em outro momento macabro do mesmo drama, o rei manda desenterrar Inês, vesti-la como rainha, colocá-la no trono, coroá-la e obrigar a corte ao beija mão.
Segundo a autora, como no clássico do cinema “Cidadão Kane”, de Orson Welles, o livro revela a trama ao leitor antes que os personagens atentem para o que se passa. Assim, a história de Pedro, Inês, Constância e Beatriz se dá em flashback, traçando um paralelo, em tempos atuais, com o romance entre Inês de Castro e Pedro I, do século XIV.
O Mamm fica na Rua Benjamin Constant 790, no Centro.
Outras informações: (32) 2102-3964/ 3229-9070 – Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm)