Isabel Leite é professora associada da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), graduada em Odontologia e doutora em Saúde Pública. Antes de iniciar o que viria a se tornar uma extensa jornada no meio acadêmico universitário, porém, Isabel foi aluna do Instituto Estadual de Educação, conhecido como Escola Normal. Na manhã desta quinta-feira, 13, ela retornou à escola em parceria ao projeto “A Ciência que Fazemos”, da Universidade Federal de Juiz de Fora, que visa fincar a aproximação necessária entre as produções realizadas no âmbito acadêmico e os alunos do ensino público.
“Quando eu estava sentada nessas mesmas cadeiras em que vocês estão agora, nunca imaginei que ganharia a vida fazendo isso”. Conta a professora, referindo-se ao ramo da pesquisa científica. “Você, sentado aí, provavelmente também não imagina com o que ainda pode vir a trabalhar.”
Isabel compartilhou sua trajetória de formação acadêmica para as turmas do terceiro ano do ensino médio da instituição, em uma apresentação que logo tomou ares de conversa. No mesmo anfiteatro em que um dia assistiu aulas e palestras, a pesquisadora relembrou seu percurso durante seu ensino escolar, admitindo que existem falhas inerentes no processo da educação, mas que não devem ser encaradas como pontos de estagnação no percurso de seus estudos.
Passado o típico constrangimento inicial de uma conversa entre, até então, desconhecidos, os estudantes, pouco a pouco, compartilharam com a professora, as áreas de interesse em que pretendem se especializar após a conclusão do ensino médio: fisioterapia, nutrição, psicologia, letras, odontologia, farmácia. “Ninguém é de Exatas?”, indagou Isabel, após perceber que a área não foi sequer mencionada pelos estudantes.
Um burburinho agitado logo percorreu ao salão. Alguns trocaram olhares e risadas. Outros se mexeram nas cadeiras. O pequeno tumulto pareceu indicar que a professora tocara em um tema que preferiam evitar. A área de Ciências Exatas, ao mesmo tempo tão temida entre os estudantes, como explicou a professora, pode estar presente em outras áreas do saber de maneiras distintas da qual estão acostumados. Como revelou a pesquisadora aos alunos na apresentação, em sua própria área de especialização, a epidemiologia, a saúde e matemática podem se unir para entender, por exemplo, o melhor aproveitamento físico de um jogador de futebol.
O professor de química do Instituto Estadual, Leonã Flores, compartilha o entusiasmo do projeto, acreditando que o compartilhamento não somente do conhecimento a respeito das pesquisas universitárias, como também do percurso realizado pelo pesquisador no caminho de sua especialização, é fundamental para estimular os alunos a continuar o percurso acadêmico mesmo depois da escola. “Não existe nada fácil na vida, é preciso correr atrás do que você quer. É possível ingressar na faculdade, por mais que seja difícil. É preciso se esforçar”, compartilhou a aluna Grazielle do Carmo após a apresentação de Isabel Leite.