“Para ser cientista não precisa ter jaleco, óculos, barba e cabelo maluco”. Foi assim que a professora Gisele Lima Reis apresentou, aos seus alunos da Escola Estadual Duque de Caxias, a pesquisadora do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF, Letícia Perani. O objetivo da visita foi a realização de mais uma edição do projeto “A ciência que fazemos”, na manhã desta quarta, 12, quando a pesquisadora falou, para os alunos do ensino médio, sobre a complexidade da ciência que envolve o universo dos games e a possibilidade de transformar uma prática de lazer em objeto de estudo.
“Quem aqui é gamer?”
A agitação dos alunos foi inevitável. Quando perguntados se gostavam de jogar, a maioria respondia que sim, levantava as mãos e comentava de algum jogo em particular. Já o silêncio tomou conta do auditório enquanto Letícia contava em detalhes sobre a pesquisa que desenvolve acerca de design de games. Segundo a pesquisadora, para trabalhar nesse meio é necessário o conhecimento em várias áreas. “Para criação de um personagem, por exemplo, é preciso saber física para que as habilidades escolhidas não sejam desprovidas de explicações lógicas. Entender história é outro ponto crucial, uma vez que todo o ambiente do jogo deve ter um fundamento. Além da compreensão sobre anatomia e habilidades artísticas.”
Naiara Castro, estudante da UFJF e bolsista (BiTec/Critt) da pesquisadora, falou sobre os recursos que a Universidade pode oferecer no desenvolvimento de jogos e apresentou aos estudantes um pouco do que desenvolveu no Grupo de Estudos do Lúdico Digital (Ciberludens), coordenado por Letícia. Com intuito de aumentar a interação entre pesquisadores e alunos, Letícia propôs o desafio aos alunos. Pediu que desenhassem ou descrevessem seu próprio personagem para o jogo predileto deles. Alguns tiveram a iniciativa de subir no palco para mostrar seus trabalhos. O resultado foi surpreendente: surgiu uma Frida Khalo misteriosa, um piloto peculiar, uma deusa da mitologia céltica e várias outras figuras.
Recepção dos alunos
Uma das estudantes presentes, de 16 anos, disse ter ido a palestra esperando por conhecimento, mas se surpreendeu com o que viu: “antes eu achava que o que o cientista faz, só ele entendia”, relata. Outra aluna que participou do encontro afirmou que nunca havia pensado em ser pesquisadora – mas, após a palestra, ela conta que entrar nessa área tornou-se uma possibilidade e deseja que a escola leve outros pesquisadores, de preferência especialistas em moda e cinema.
A professora Gisele acredita que a importância do projeto está na integração entre a Universidade e a escola. “É importante que os meninos da escola, principalmente pública, vejam que a universidade não é algo tão distante da realidade deles. Mostrar para eles que os cientistas não estudam só física e química, tem ciência na área de humanas, que a ciência é ampla e é feita para a sociedade, e que qualquer um pode ser cientista, basta querer e ter determinação”, diz ela.