Em busca de compreender o trabalho técnico-artístico da correção de cores das comédias brasileiras, desde a captação da imagem até a saída do filme para o cinema, o acadêmico Carlos Eduardo Mendes de Araújo Couto desenvolveu a dissertação “O processo de color grading: as comédias da Globo Filmes e o naturalismo colorido”. A pesquisa foi apresentada no Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Três obras cinematográficas de comédia foram exploradas. A primeira delas foi “Se eu Fosse Você 2”, apontada pelo pesquisador como a “mais tradicional de todas”. O filme “Até que a Sorte nos Separe” também esteve em pauta, tendo em sua composição o aspecto “Kitsch” destacado. Couto explica que esse termo é usado para designar “uma obra de arte multicolorida e adquirida por uma classe social que está em ascensão”.
De acordo com o acadêmico, o primeiro passo foi fazer uma análise histórica do mercado de pós-produção no Brasil desde o princípio da digitalização do cinema, para entender como esse era constituído. “O cinema herdou das empresas publicitárias os equipamentos para tratamento de imagens. Hoje, com o barateamento do digital, existem dois tipos de empresas de pós-produção no mercado”, explica Couto.
O mestrando esclarece, ainda, que uma das categorias de pós-produção de filmes é a híbrida, “composta por empresas que oferecem o tratamento de imagens junto a algum outro tipo de serviço, como a produção de conteúdo. O outro são as empresas de pequeno e médio porte, em que cada uma oferece um tipo de trabalho específico dentro da área do cinema.”
Para dar continuidade ao estudo, o pesquisador conta que foi feita uma análise do processo de construção de cor, desde a captação de imagem até a saída do filme para o cinema, com base em uma linha de trabalho padronizada. A partir daí, foi desenvolvido um estudo teórico com autores, como Arlindo Machado e Lev Manovich. Em seguida, o mestrando entrevistou coloristas e supervisores de pós-produção, para analisar o trabalho desses profissionais sob o ponto de vista de uma criação artística.
Com a observação das comédias da Globo Filmes, Couto chegou a conclusão de que elas não são padronizadas, cada uma guarda uma característica específica. “O senso comum, a academia e a imprensa tratam essas comédias como televisivas. Contudo, esse é um termo vazio e amplo, porque envolve desde produtos, como jornais, até filmes de suspense. Sendo assim, o termo adequado seria ‘naturalismo colorido’, já que as comédias são extremamente coloridas.”
Para o professor orientador, Luís Alberto Rocha Melo, “uma vez que a pesquisa trabalha sobre um repertório popular, devolve à sociedade uma análise que enriquece a experiência comum do espectador que se interessa por fenômenos mais amplos, ligados ao estudo das mídias e ao cinema no Brasil.” Além disso, ele ressalta que a pesquisa, “ao investigar filmes brasileiros voltados para o grande público, evidencia fenômenos sociais e culturais que extrapolam os limites da academia, demonstrando que existem intencionalidades estéticas e ideológicas nesses trabalhos.”
Contatos:
Carlos Eduardo Mendes de Araújo Couto (Mestrando)
(carloseduardocouto@hotmail.com)
Luís Alberto Rocha Melo (Orientador – UFJF)
(luisrochamelo@gmail.com)
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Luís Alberto Rocha Melo (orientador – UFJF)
Prof. Dr. Sérgio José Puccini Soares (UFJF)
Prof. Dr. Arthur Autran Franco de Sá Neto (UFSCar)
Outras Informações: (32) 2102-3362 – Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens