Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 22/07/2018

Link:   https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/22-07-2018/dois-suicos-da-poesia-prisca-agustoni-escreve-sobre-fabio-pusterla.html

Título: Dois suíços da poesia: Prisca Agustoni escreve sobre Fabio Pusterla

“O poeta Fabio Pusterla, nascido em 1940 em Mendrisio, na Suíça italiana, convidado para a próxima edição da Flip, é considerado uma das vozes mais importantes da poesia contemporânea italiana. Sua produção poética, inaugurada em 1985 com a coletânea Concessione all’inverno e seguida de mais de trinta títulos (entre poesia, narrativa breve, edições especiais e de arte e traduções), tem alguns eixos temáticos principais que se agrupam ao redor da observação da natureza como movimento de escavação do olhar e do pensamento para uma maior compreensão da existência. Retomando a tradição do suíço Robert Walser (1878-1956) – cuja literatura e vida estão intrinsecamente marcadas pelo gesto de caminhar na natureza para, através dela, apreender as variantes invisíveis da alma humana -, Pusterla também se serve das palavras como lentes para construir uma obra literária que tem na representação da natureza um dos seus focos principais de investigação. Seu universo poético lança um olhar agudo e sensível sobre a paisagem humana, animal, vegetal e mineral que povoa seus versos, para deles extrair uma reflexão sobre os saltos nas “eras geológicas”, conforme cita um dos seus versos.

De fato, na poesia de Pusterla encontramos uma concepção do tempo que caminha na contramão da pressa e da sua leitura como algo a ser devorado – e que nos devora – ; ao contrário, diria que através da observação dos resíduos largados pela passagem do humano na terra (incluindo, nestes, as marcas simbólicas como o são as línguas que não deciframos), o poeta percebe os hiatos temporais (eras geológicas, longas temporalidades fundamentais para que exista uma geleira no topo da montanha, etc.) necessários para que sejamos o que somos, isto é, filhos de uma época (que é histórica, real) e de determinado “sentimento do mundo”. Um olhar que escava, pois, debaixo da neve dos Alpes assim como sob as águas do oceano para encontrar uma palavra que ainda pulse com vigor e se cubra de sentido, quiçá anterior à distopia à qual a experiência do contemporâneo, com suas incertezas, fragmentações e simultaneidades, parece condenar-nos.”

* Prisca Agustoni é poeta, tradutora e professora de literatura italiana na UFJF

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 22/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/22-07-2018/275650.html

Título: Estudantes de Arquitetura propõem outros olhares sobre a cidade

Em todos os semestres, alunos dos seis cursos de Arquitetura e Urbanismo de instituições da cidade propõem uma série de reflexões e soluções para os problemas dos espaços urbanos de Juiz de Fora. Os docentes provocam os estudantes, dentro e fora de suas disciplinas, a fazer leituras diversas sobre os espaços públicos. Desses desafios surgem dezenas de trabalhos teóricos, práticos e ideias que poderiam ser aproveitadas e convertidas em saídas para situações que afetam os cidadãos de muitas formas. Esses projetos, no entanto, na maioria das vezes, permanecem restritos aos ambientes acadêmicos, fora do radar do Poder Público, onde são engavetados e não se consolidam.

A lista de exemplos é longa. A Tribuna conversou com professores, alunos e diretores de Arquitetura e Urbanismo do CES e da UFJF, os dois cursos que estão há mais tempo no município, para conhecer melhor o trabalho de estímulo dos estudantes e o que falta para que as propostas possam gerar mudanças efetivas.

No último semestre, os alunos da disciplina de Projeto Urbano da UFJF visitaram a Cidade Alta e desenvolveram uma proposta de Parque Linear, que poderia ser implantado na mata que margeia a Estrada Engenheiro Gentil Forn, entre o trevo de acesso ao Parque Imperial ao Vale do Ipê, um dos tipos de intervenções possível em espaços com curso d’água associados ao tecido urbano. “Nessa disciplina trabalhamos com áreas mais extensas, fazemos visitas a campo, escolhemos um itinerário e percorremos. Após esse contato direto com a realidade urbana, vamos em busca de referências em outras cidades e países. Casos semelhantes são importantes para que tenhamos um referencial crítico e possamos levantar uma revisão do que poderia ser feito para melhorar o uso daquele espaço”, explica o professor Fábio Lima. Durante a visita, com a área cercada pela natureza, incluindo uma cachoeira, eles trabalharam com a criação de um refúgio para lazer e contato com a natureza.

“Poderíamos ter uma área de banho, com informação turística agregada, espaço para refeições, o que daria margem para a preservação desse ambiente, revertendo a poluição da água, por exemplo”, acrescenta o professor. A ideia ainda atenderia a outras necessidades, como a inclusão social. “Muita gente não tem como se deslocar para Ibitipoca para desfrutar da natureza. Nesse espaço, a população poderia encontrar esse uso sem precisar sair da cidade. Esse lazer diferenciado poderia, inclusive, agregar outros benefícios, como em saúde, já que se tornaria um ponto livre do tráfego intenso de automóveis e da poluição.”

A ideia se torna ainda mais interessante porque Fábio lembra que Juiz de Fora não conta com um parque que fique aberto o dia todo. O desafio é criar mecanismos para que a cidade atenda mais às necessidades das pessoas. “É como se fizéssemos uma maquiagem, ficássemos muito produzidos, e, ao invés de irmos para a balada, ficássemos só olhando no espelho. Precisamos que essas ideias se propaguem, sejam debatidas e discutidas em ambientes públicos e abertos.”

Esse olhar crítico é o guia de todo o processo de construção de propostas, que pode se dar em muitas áreas, que vão desde projetos como o parque linear na Cidade Alta, até planos de divulgação da educação patrimonial. “Esse é o legado que deixamos. Precisamos sempre lembrar das pessoas que vivem nos espaços e criar uma cultura de qualidade espacial em Juiz de Fora. É inegável a mudança significativa que temos depois da criação dos cursos de Arquitetura. As pessoas podem não gostar de uma ou outra, mas a melhora é notável, isso é sentido em toda a cidade. Antes não se pensava em patrimônio, não se falava em áreas verdes. Os cursos colaboram com uma visão importante. A própria presença do Instituto de Arquitetura do Brasil (IAB) na cidade reforça essa noção”, afirma o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFJF, José Gustavo Francis Abdalla.

“Muito se debate sobre a função social do arquiteto e é isso o que estamos fazendo, de voltar o olhar para demandas reais. É fazer o trabalho de formiga e emancipar determinados contextos. Não atuar só para causar um impacto, mas fomentar na população o sentimento de poder mudar, dando o suporte do conhecimento técnico e teórico para isso”, avalia o estudante Bernardo Carreiro. “Somos interlocutores da sociedade, conseguimos juntar informações e apresentar possibilidades, mas todo o trabalho é direcionado às pessoas, voltando o nosso olhar para suas necessidades. Isso enriquece o processo”, completa a estudante Sara Pimenta.

Olhares sem vícios

A cada turma de Arquitetura que chega ao nono período no CES, um novo desafio é proposto por meio de um concurso. Eles trabalham com áreas consideradas subutilizadas e seguem as regras que são dispostas em um edital, baseado em concursos que acontecem em grandes centros. Os estudantes, atendendo às especificidades desse documento, entregam uma prancha com imagens e propostas de intervenção e um vídeo, no qual podem explorar o conceito de seu trabalho. O período de tempo também leva o modelo dos concursos públicos, cerca de 45 dias para a entrega da ideia final. Os estudantes precisam se comunicar por meio das imagens. Eles não têm contato com a banca de avaliação, assim como não há apresentação oral dos projetos anterior à avaliação dos jurados convidados. Toda a defesa é feita pelas imagens.

Assim como no trabalho da UFJF, em que os estudantes vão a campo, nessa disciplina os graduandos são desafiados a propor soluções em uma área determinada. A cada turma, um novo ponto é explorado. “Identificamos áreas que poderiam ser aprimoradas em seus usos e indicamos temas que os alunos podem trabalhar nessa área. Essa dinâmica consegue sumarizar muitos temas como o objeto construído, a análise urbanística, a maneira como se pensa a relação do objeto com a cidade. A partir disso, eles trabalham as novas relações que serão aprimoradas, quais serão modificadas, quais problemas serão reduzidos, e os resultados são surpreendentes. É esse olhar mais amistoso com a cidade o que temos buscado,” comenta o professor do CES Carlos Eduardo Mattos.

Em uma das edições do concurso, que já acontece há dois anos e meio, os grupos trabalharam com um estudo do Parque da Lajinha. “É um espaço muito consolidado, com potencial arquitetônico e urbanístico enormes. O maior desafio foi trabalhar com muitas camadas de história sobrepostas. Mas uma intervenção, se bem feita, pode funcionar como um catalizador de pessoas. Pensamos em algo perene, tocando no parque com muito respeito. Preservando objetos existentes e inserindo outros”, descreve o arquiteto Rafael Ribeiro, que participou do projeto no período em que era estudante do CES. “A ideia parte da honestidade, como um parque ideal, para que as pessoas pudessem usar o local o dia todo. Precisamos urgentemente de espaços de respiro, de contato com a natureza, mas também com serviços, como cafés, restaurantes. Se nós conseguíssemos reunir tudo isso, dormiríamos melhor, com a consciência tranquila”, completa o arquiteto Achiles Barino.

Pertencente ao mesmo grupo de Rafael e Achiles, Matheus Orioli ressalta que o parque é muito extenso, mas ainda conta com muitas áreas subutilizadas. A ideia trabalhada por eles seria construir galerias de arte que permitissem, além do contato com a natureza, a exposição a diversas manifestações culturais. “Elas funcionariam como um incentivo a mais para estar no parque. Pensamos em uma arquitetura sentimental, mas como meio de alavancar não só o parque, mas a cidade também. Um equipamento que se consolidasse como um oasis.”

O professor Carlos Eduardo reforça que o papel do profissional em formação é apresentar soluções. “Estimulamos os estudantes a propor melhorias, identificar bons usos, partindo do olhar de cidadão para tornar o trabalho profissional mais sensível.” Essa contribuição, para a coordenadora do curso no CES, Milena Andreola, é o ponto fundamental desse processo. “Quando você intervém no espaço público, o cliente é a população inteira da cidade, ou de uma localidade. O espectro da análise é ampliado, e o estudante não pode cair no gosto pessoal. Eles estudam os hábitos, a relação das pessoas com os locais de maneira mais global e propõem algo que possa ter um impacto positivo para todos.” A professora Katy Barbosa considera que esse modelo desperta uma maior consciência cidadã nos alunos. “Eles se tornam mais participativos dentro das comunidades, integram visões mais críticas e vão além, vivenciando os espaços e se utilizando deles com primor. O resultado dessa proposta é algo que nos surpreende muito.”

Intervenções pela cidade

Pela cidade estão espalhados exemplos de parcerias entre os cursos e o município que geraram bons resultados. Na Avenida dos Andradas, o uso do atual prédio do Centro de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (antigo pronto-socorro municipal) foi pensado em conjunto com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF. “A estrutura ficou parada por mais de dez anos. Elaboramos uma proposta com uma linguagem que era possível naquele momento. Conseguimos dar vitalidade a um espaço subutilizado. Nesse tipo de questão, nós conseguimos contribuir”, explica o diretor da FAU, José Gustavo Francis Abdalla.

Quando a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Vila Esperança foi pensada, a faculdade também foi acionada. O projeto inicial ficava dentro da Vila Esperança I, mas, no trabalho de campo, os estudantes perceberam que a população preferia que o equipamento ficasse na Vila Esperança II. “Discutimos com a sociedade e fizemos algumas alterações no projeto inicial. O Poder Público entendeu essa ansiedade, apoiou e abriu outro espaço para essa construção. Essa é a competência que podemos oferecer, de articular visões, perspectivas, levantamento de dados, situações de conflito”, pontua o diretor.

O que falta para que essas intervenções sejam mais numerosas, segundo Abdalla, é fortalecer o contato e aumentar o envolvimento do Poder Público. “Temos a maturidade de entender que o município tem seu modo de trabalhar as coisas e que podemos contribuir, desde que seja algo que as duas partes queiram. Porém, eu acredito que se possa explorar mais esse conhecimento produzido nas instituições de ensino superior. São muitas cabeças pensantes que poderiam estar voltadas para essas soluções.”

A coordenadora do curso do CES, Milena Andreola, explica que para gerar uma mudança efetiva, convênios precisam ser firmados, e o elo de ligação com o Poder Público precisa ser maior. “Nós temos essa limitação de trabalhar em semestres e sabemos que alguns investimentos são necessários. Seria interessante desenvolver mais parecerias. Acredito que se possa desenvolver outros modelos, como o de concurso, por exemplo, seriam outras oportunidades de diálogo.”

O professor Fábio Lima também propõe a ampliação do debate público das ideias. “As reuniões do Compur (Conselho Municipal de Política Urbana), por exemplo, tinham que ser abertas, em praça pública. Os projetos (desenvolvidos nas faculdades) deveriam ser apresentados em fóruns, e uma galeria pública posicionada em um lugar de grande fluxo poderia ser criada para que as pessoas, os políticos, os agentes do Poder Público pudessem ter contato com esses trabalhos. Aumentaria a reflexão e aguçaria o senso de comunidade nas pessoas.”

O que é possível fazer?

As parcerias com a Prefeitura vêm por meio de canais diferentes. Podem se apresentar em função de uma demanda ou de um episódio esporádico, por meio de pesquisa e também pela celebração de convênios. Essas colaborações se dão em diferentes pastas, como na Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Obras (SO), Fundação Cultural Alfredo Ferreira Laje (Funalfa) e até com a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS). “Além desses projetos específicos, também estamos sempre em contato com a produção acadêmica, seja pela participação em bancas de trabalhos de conclusão de curso, ou recebendo alunos que desenvolvem trabalhos e nos procuram para mostrá-los ou ainda por meio de trabalhos de extensão. Nós buscamos esse respiro como estratégia”, esclarece a subsecretária de Planejamento do Território da Seplag, Renata Goretti.

Apesar de não enxergar nada a curto prazo que possa aumentar essa colaboração, Renata afirma que é possível reunir todas as instituições para conversar sobre ações possíveis. “Também é preciso entender que há uma distância entre o trabalho acadêmico e a vida prática. Nem sempre conseguimos trabalhar com os projetos completos, mas conseguimos adaptar alguns pontos, agregar metodologias, incorporar uma parte deles. As secretarias dependem desses diversos conhecimentos. A porta está aberta, muitas pessoas já vieram mostrar suas ideias.”

Mudar radicalmente o que se tem é complicado, conforme Renata, porque pode não haver uma aprovação. “Quando trabalhamos com áreas especiais de interesse social, poderíamos nos guiar pelo método utilizado pelo aluno. Aproveitar esses movimentos é um exercício. Mas também lidamos com algumas ideias descompromissadas em relação a recursos, mecanismos legais. Tentamos trazer essas ideias para o cotidiano e submeter tudo a avaliações populares. Não é algo que podemos pegar e aplicar prontamente.”

Mas o conhecimento acadêmico, conforme Renata, é fonte sempre que possível. “É desafiador, porque nos obriga a lidar com o novo. Tanto na elaboração de uma legislação que ainda não exista, quanto na execução de um procedimento ainda inédito para a Prefeitura. Isso é novo. No mundo se faz, no Brasil algumas cidades avançam e nós também vamos enfrentar isso, porque não temos condições de desenvolver todos os projetos e seria feito por poucas mãos, de maneira autoritária. Quanto mais pudermos receber e integrar externamente, melhor.”

Outros caminhos possíveis vêm sendo consolidados por outras ferramentas, como a possibilidade de realizar concursos, como os praticados pelos alunos do CES. “A intenção é que a cidade possa contribuir. Um dos concursos previstos é voltado para as áreas de centralidade que se consolidaram, como Manoel Honório, São Mateus, Centro. Ainda não temos um formato fechado, porque não sabemos até que ponto conseguiremos executar a ideia vencedora. Vamos construir isso junto com o IAB e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Mas a ideia é que cada vez mais as pessoas possam conviver com o material de qualidade produzido nos cursos. É caminhar, tirar das gavetas, das prateleiras e conhecer. O que pudermos aproveitar do todo ou de um percentual, vai ser importante.”

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 22/07/2018

Link:  https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2018/07/22/museu-de-arte-murilo-mendes-em-juiz-de-fora-celebra-certificacao-do-ibram.ghtml

Título: Museu de Arte Murilo Mendes, em Juiz de Fora, celebra certificação do Ibram

O Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está oficialmente certificado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

A instituição, aos 13 anos de existência, recebeu o selo “Museu Registrado” em junho deste ano, tornando-se um dos 31 mineiros e dos 172 brasileiros com a certificação.

Na região, o Museu Regional de São João del Rei, a Pinacoteca e o Museu Histórico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), além do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeev, também em Viçosa, já possuíam o selo.

Segundo o Ibram, a certificação significa a chancela de um reconhecimento institucional. É a mesma avaliação feita pelo diretor do Mamm, Ricardo Cristófaro.

“Possuir o selo ‘Museu Registrado’ nos dá um certo status. Nem todo espaço museológico tem este reconhecimento por parte do governo federal. Isso nos diferencia e habilita a participar de editais para captar recursos e parcerias em programas nacionais e internacionais, além de intercâmbio de exposições”, disse em entrevista ao G1.

Profissionalização do setor

Ricardo Cristófaro disse que, para entender a importância do registro, é necessário contextualizar as inciativas em prol da organização e profissionalização do setor museológico no Brasil.

“Quando o Mamm foi criado, utilizou a prerrogativa de atribuir a qualquer coleção museológica e a espaço a nomenclatura de museu. A partir de 2009, com a criação do Ibram, foi normatizado o que é museu e o que é coleção de interesse, e o instituto vem no trabalho de profissionalizar a gestão do espaço, recursos humanos, levantamento de riscos e acervos, organizando o sistema”, comentou.

Como exemplo da identificação correta, Cristófaro lembrou que o Memorial Itamar Franco, que funciona ao lado do Mamm, não é um Museu, mas um espaço de interesse cultural, porque ter um acervo relevante.

O Mamm iniciou o processo para obter o selo “Museu Registrado” em 2017, sob a iniciativa da museóloga, Raquel Barbosa, e do restaurador, Aloísio Arnaldo de Castro.

“Enviamos a documentação exigida, abrimos o processo em setembro de 2017, recebemos mais interpelações e pedidos, que respondemos. Analisaram nossa missão, acervo, importância, conselho curador, diretoria eleita, plano museológico trienal e agora fomos credenciados”, resumiu o diretor.

Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está oficialmente certificado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

A instituição, aos 13 anos de existência, recebeu o selo “Museu Registrado” em junho deste ano, tornando-se um dos 31 mineiros e dos 172 brasileiros com a certificação.

Na região, o Museu Regional de São João del Rei, a Pinacoteca e o Museu Histórico da Universidade Federal de Viçosa (UFV), além do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeev, também em Viçosa, já possuíam o selo.

Segundo o Ibram, a certificação significa a chancela de um reconhecimento institucional. É a mesma avaliação feita pelo diretor do Mamm, Ricardo Cristófaro.

“Possuir o selo ‘Museu Registrado’ nos dá um certo status. Nem todo espaço museológico tem este reconhecimento por parte do governo federal. Isso nos diferencia e habilita a participar de editais para captar recursos e parcerias em programas nacionais e internacionais, além de intercâmbio de exposições”, disse em entrevista ao G1.

Profissionalização do setor

Ricardo Cristófaro disse que, para entender a importância do registro, é necessário contextualizar as inciativas em prol da organização e profissionalização do setor museológico no Brasil.

“Quando o Mamm foi criado, utilizou a prerrogativa de atribuir a qualquer coleção museológica e a espaço a nomenclatura de museu. A partir de 2009, com a criação do Ibram, foi normatizado o que é museu e o que é coleção de interesse, e o instituto vem no trabalho de profissionalizar a gestão do espaço, recursos humanos, levantamento de riscos e acervos, organizando o sistema”, comentou.

Como exemplo da identificação correta, Cristófaro lembrou que o Memorial Itamar Franco, que funciona ao lado do Mamm, não é um Museu, mas um espaço de interesse cultural, porque ter um acervo relevante.

O Mamm iniciou o processo para obter o selo “Museu Registrado” em 2017, sob a iniciativa da museóloga, Raquel Barbosa, e do restaurador, Aloísio Arnaldo de Castro.

“Enviamos a documentação exigida, abrimos o processo em setembro de 2017, recebemos mais interpelações e pedidos, que respondemos. Analisaram nossa missão, acervo, importância, conselho curador, diretoria eleita, plano museológico trienal e agora fomos credenciados”, resumiu o diretor.

A entrada é gratuita e a visitação pode ser feita de terça a sexta, de 9h as 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h. Nesta semana, o museu irá receber atrações da 29ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga.

“Temos uma programação de exposições focadas no acervo interno, que são frequentemente revisitadas por projetos de pesquisa, acervo muito rico. Atualmente, estão em cartaz o acervo brasileiro, outra focada na técnica de gravura na Coleção Murilo Mendes e uma do artista brasileiro, Farnese de Andrade, que é uma exposição que ele fez na década de 1970, na antiga Capela Galeria de Arte, que não existe mais”, afirmou o diretor.

Desde abril deste ano, a instituição retomou o Projeto Coletivo Cultural, disponibilizando ônibus para transportar estudantes de instituições públicas de Juiz de Fora para visitar o Museu.

Para informações sobre a programação, os interessados podem visitar a página oficial e os perfis oficiais do Mamm no Facebook e Instagram.

Sobre o selo “Museu Registrado”

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) explicou ao G1 que, em todo país, 172 museus receberam o selo de Registro. Dos 427 museus de Minas, 31 possuem o selo, entre eles o Mamm.

A certificação é um instrumento da Política Nacional de Museus previsto pelo Estatuto de Museus, Lei 11.904, de 2009, e regulamentado pelo Decreto nº 8.124, de 2013, e Resolução Normativa nº 1 de 2016. O objetivo é estimular a formalização dos museus a partir do acompanhamento das dinâmicas de criação, fusão, incorporação, cisão ou extinção de museus.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Economia

Data: 22/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/economia/22-07-2018/novo-presidente-da-fiemg-zona-da-mata-aurelio-maragon-quer-fomentar-setor-industrial.html

Título: Novo presidente da Fiemg Zona da Mata, Aurélio Maragon, quer fomentar setor industrial

Mineiro de Tocantins, o engenheiro civil formado pela UFJF, professor universitário aposentado e empresário da construção civil, Aurélio Marangon Sobrinho, aos 67 anos, assumiu, oficialmente, nesta sexta-feira (20), um novo desafio profissional: presidir a Fiemg Regional Zona da Mata. Com a experiência de ter presidido o Centro Industrial de Juiz de Fora e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-JF), Marangon considera o posto “um grande desafio” – e garante não ter medo de enfrentá-lo. “Não por falta de modéstia, mas tenho experiência e bagagem.” A valorização dos sindicatos e de seus presidentes aparece como uma das principais bandeiras de sua gestão, que promete não poupar esforços para apoiar a chegada de novas indústrias para a cidade, sem esquecer de garantir condições de competitividade aos negócios locais. “Sempre alinhados com Belo Horizonte, vamos fazer um trabalho interessante, com otimismo”, reforçou o Cidadão Honorário pela Câmara Municipal e Engenheiro do Ano de 2016 pelo Clube de Engenharia de Juiz de Fora.

Tribuna – Conte-me um pouco da sua história. O senhor é de Juiz de Fora mesmo?

Aurélio Marangon – Sou de Tocantins, vim para cá em 1967. Era estudante lá, fiz o primário e o ginásio, que, na época, só oferecia 36 vagas por ano. Aos 17 anos, vim estudar em Juiz de Fora. Fiz o científico, com um pouco de dificuldade para morar aqui, passei na Faculdade de Engenharia e, enquanto estudante, comecei a dar aulas particulares de matemática, inclusive em cursinho preparatório para vestibular. Quando me formei, passei dois anos em Belo Horizonte e, ao voltar, em 1978, montei uma construtora. Passei no concurso para dar aula na UFJF. Não era regime de dedicação exclusiva e eu conciliava a empresa com a docência. Atuei como professor até uns quatro anos atrás, quando aposentei. A construtora Wao-Mar estou com ela até hoje.

– O senhor já foi presidente do Centro Industrial. Qual diferença de assumir, agora, a Fiemg? Era um projeto que o senhor tinha?

– Quem se dedica à entidade de classe, como eu sempre fiz, gosta, faz um trabalho reconhecido no sindicato, almeja algumas coisas, mas a Fiemg, não. De uma certa forma, eu diria que foi quase uma coincidência. Quando assumi o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Juiz de Fora (Sinduscon-JF), há pouco mais de dois anos, foi por uma coincidência. A pessoa que estava cotada para assumir teve alguns problemas e preferiu não presidir o sindicato. Foi sugerido o meu nome, e eu assumi. Como presidente do sindicato, acompanhei a mudança na presidência da Fiemg. Presidentes de sindicatos indicaram para o Flávio (Flávio Roscoe Nogueira, presidente do Sistema Fiemg) o meu nome para presidir a Regional Zona da Mata. Fiquei lisonjeado e aceitei. Não só aceitei, como coloquei o meu nome à disposição.

– Qual a sua meta para os próximos quatro anos?

– Foi criado um novo cargo na Fiemg, além do presidente, há o cargo de diretor. Fizemos um acordo com o Flávio, eu vou ficar como presidente nos dois primeiros anos e depois como diretor. O diretor atual, Heveraldo Lima de Castro (presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Juiz de Fora), vai presidir a Fiemg Regional Zona da Mata nos dois últimos anos. Vamos fazer um trabalho conjunto. Vai mudar só o nome, o trabalho será o mesmo.

– Qual será a característica da gestão de vocês?

– Uma coisa que a gente precisa fazer é valorizar os sindicatos. Valorizar os presidentes de sindicatos. Manter a Fiemg em contato com os presidentes de sindicatos sempre. A meta é realizar reuniões periódicas, não só com os daqui, mas com a regional toda, os 16 sindicatos. Outro foco é valorizar o empresário. Não podemos dizer que é absoluto, mas uma boa parte da sociedade marginaliza o empresário, seja da indústria, do comércio ou da prestação de serviço. Vamos lutar pelos empresários da indústria. Temos que trabalhar para a sociedade e os três poderes valorizarem mais o empresário.

– O senhor, na sua gestão, tem a preocupação de viabilizar novos investimentos industriais ou desburocratizar os processos em andamento?

– Há uma repartição especializada em fomentar a vinda de indústrias para o Estado de Minas e, no nosso caso, trazer para Juiz de Fora e Zona da Mata. Já é feito esse trabalho, e a gente dá todo o apoio logístico para os interessados. É uma busca. Estou aqui há poucos dias e já atendemos várias empresas que estão querendo investir na cidade. Colocamos a estrutura da Fiemg à disposição desses empresários e lutamos, através de movimentos políticos, para que o gestor público realmente atenda essas empresas. A função da Fiemg é mobilizar quem de direito para facilitar a vinda das empresas. Se o problema é incentivo fiscal, a Fiemg trabalha, junto com o Estado e com o Município, para dar o incentivo fiscal. A gente se preocupa muito também em valorizar o empresário que já está na região. Lutar pelo incentivo fiscal para uma empresa que venha e não favorecer a daqui, no entanto, é uma incoerência.

– Você acha que Juiz de Fora é atrativa para os grandes empresários industriais? O que está acontecendo que não estamos conseguindo viabilizar novos negócios?

– O problema é fiscal. Não só a Zona da Mata, mas o Estado é muito fiscalista. Isso inibe muita indústria de vir. Em Matias Barbosa foi criado um minidistrito industrial, e o ICMS arrecadado lá é 25% do que se arrecada em Juiz de Fora. Matias Barbosa é uma cidade pequena. Se esse pessoal estivesse em Juiz de Fora, estaria aumentando em 25% a arrecadação da cidade. Alguns índices de impostos são mais altos, não há incentivos para a indústria se estabelecer. Há exigências extremas. A nossa região perde com isso. Tudo que a Fiemg pode fazer para atrair indústrias, ela faz. Uma das nossas principais metas é trazer indústrias. Em contrapartida, é necessário que o município e a região também queiram. A atual administração é coerente com isso, também quer o desenvolvimento da cidade, quer que venha indústria, mas a gente sabe que, na história de Juiz de Fora, nem sempre foi assim. Isso atrapalhou muito a cidade.

– Como o senhor avalia a indústria de Juiz de Fora hoje? Quais são as vocações, e quais os nichos que podem ser desenvolvidos? O que temos de forte em termos produtivos?

– Eu vejo a construção civil como um grande estimulador e incentivador do crescimento da economia. É claro que não vamos desprezar, muito pelo contrário, as grandes indústrias de metalurgia e montadoras de veículos. Sabemos que a arrecadação maior de ICMS vem dessas empresas. Juiz de Fora é uma das poucas cidades que contam com mão de obra qualificada, o que é um atrativo para as indústrias, sem contar que a cidade está geograficamente bem colocada na região Sudeste, entre as três maiores capitais do país. Além disso, a qualidade de vida aqui é melhor do que muitas outras cidades de mesmo porte no país.

– O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado nesta quinta-feira (19), ficou em 50,2 pontos, mantendo-se próximo à linha divisória de 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança. Como o senhor avalia este número?

– Meio no limite. A questão é o momento político e econômico do país. Acho até que está razoável, acima da média. É um bom sinal para a indústria que haja esse pequeno otimismo. Acho que o empresário está nessa linha, um pouco mais otimista. Vamos esperar passar a eleição, dependendo do resultado, o Brasil vai deslanchar. Pelo porte do país, deveria ter apresentado crescimento do PIB bem maior do que o visto nos últimos anos.

– E a produção industrial cresceu 10,9% em maio frente a abril, nível próximo de dezembro de 2003.

– O crescimento do PIB na indústria reduziu para menos da metade do que era nos últimos 30 anos. É preocupante a desindustrialização que temos percebido no país. A ideia é lutar contra isso. É necessário que haja uma adequação da política econômica brasileira para ver se melhora a competitividade da indústria, que perde muito para produtos importados. A produtividade do trabalhador no país também não é das melhores. É preciso investir nisso.

– Qual a sua avaliação sobre a última gestão da Fiemg?

– O que a Fiemg sempre procurou fazer – e sempre fez bem feito – é defender os interesses da indústria em Minas Gerais. Isso sempre foi muito bem feito, independente de qual era o gestor nas diversas épocas. A gente sabe que cada um tem a sua maneira de gerenciar. Podemos usar um método um pouco diferente, mas sempre foi feito um bom trabalho, e a gente espera continuar fazendo

– O senhor, na sua gestão, tem a preocupação de viabilizar novos investimentos industriais ou desburocratizar os processos em andamento?

– Há uma repartição especializada em fomentar a vinda de indústrias para o Estado de Minas e, no nosso caso, trazer para Juiz de Fora e Zona da Mata. Já é feito esse trabalho, e a gente dá todo o apoio logístico para os interessados. É uma busca. Estou aqui há poucos dias e já atendemos várias empresas que estão querendo investir na cidade. Colocamos a estrutura da Fiemg à disposição desses empresários e lutamos, através de movimentos políticos, para que o gestor público realmente atenda essas empresas. A função da Fiemg é mobilizar quem de direito para facilitar a vinda das empresas. Se o problema é incentivo fiscal, a Fiemg trabalha, junto com o Estado e com o Município, para dar o incentivo fiscal. A gente se preocupa muito também em valorizar o empresário que já está na região. Lutar pelo incentivo fiscal para uma empresa que venha e não favorecer a daqui, no entanto, é uma incoerência.

– Você acha que Juiz de Fora é atrativa para os grandes empresários industriais? O que está acontecendo que não estamos conseguindo viabilizar novos negócios?

– O problema é fiscal. Não só a Zona da Mata, mas o Estado é muito fiscalista. Isso inibe muita indústria de vir. Em Matias Barbosa foi criado um minidistrito industrial, e o ICMS arrecadado lá é 25% do que se arrecada em Juiz de Fora. Matias Barbosa é uma cidade pequena. Se esse pessoal estivesse em Juiz de Fora, estaria aumentando em 25% a arrecadação da cidade. Alguns índices de impostos são mais altos, não há incentivos para a indústria se estabelecer. Há exigências extremas. A nossa região perde com isso. Tudo que a Fiemg pode fazer para atrair indústrias, ela faz. Uma das nossas principais metas é trazer indústrias. Em contrapartida, é necessário que o município e a região também queiram. A atual administração é coerente com isso, também quer o desenvolvimento da cidade, quer que venha indústria, mas a gente sabe que, na história de Juiz de Fora, nem sempre foi assim. Isso atrapalhou muito a cidade.

– Como o senhor avalia a indústria de Juiz de Fora hoje? Quais são as vocações, e quais os nichos que podem ser desenvolvidos? O que temos de forte em termos produtivos?

– Eu vejo a construção civil como um grande estimulador e incentivador do crescimento da economia. É claro que não vamos desprezar, muito pelo contrário, as grandes indústrias de metalurgia e montadoras de veículos. Sabemos que a arrecadação maior de ICMS vem dessas empresas. Juiz de Fora é uma das poucas cidades que contam com mão de obra qualificada, o que é um atrativo para as indústrias, sem contar que a cidade está geograficamente bem colocada na região Sudeste, entre as três maiores capitais do país. Além disso, a qualidade de vida aqui é melhor do que muitas outras cidades de mesmo porte no país.

– O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado nesta quinta-feira (19), ficou em 50,2 pontos, mantendo-se próximo à linha divisória de 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança. Como o senhor avalia este número?

– Meio no limite. A questão é o momento político e econômico do país. Acho até que está razoável, acima da média. É um bom sinal para a indústria que haja esse pequeno otimismo. Acho que o empresário está nessa linha, um pouco mais otimista. Vamos esperar passar a eleição, dependendo do resultado, o Brasil vai deslanchar. Pelo porte do país, deveria ter apresentado crescimento do PIB bem maior do que o visto nos últimos anos.

– E a produção industrial cresceu 10,9% em maio frente a abril, nível próximo de dezembro de 2003.

– O crescimento do PIB na indústria reduziu para menos da metade do que era nos últimos 30 anos. É preocupante a desindustrialização que temos percebido no país. A ideia é lutar contra isso. É necessário que haja uma adequação da política econômica brasileira para ver se melhora a competitividade da indústria, que perde muito para produtos importados. A produtividade do trabalhador no país também não é das melhores. É preciso investir nisso.

– Qual a sua avaliação sobre a última gestão da Fiemg?

– O que a Fiemg sempre procurou fazer – e sempre fez bem feito – é defender os interesses da indústria em Minas Gerais. Isso sempre foi muito bem feito, independente de qual era o gestor nas diversas épocas. A gente sabe que cada um tem a sua maneira de gerenciar. Podemos usar um método um pouco diferente, mas sempre foi feito um bom trabalho, e a gente espera continuar fazendo

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Veículo: Folha de São Paulo

Editoria: Cotidiano

Data: 22/07/2018

Link: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/banheiros-unissex-ganham-espaco-em-universidades-do-pais.shtml

Título: Banheiros unissex ganham espaço em universidades do país

No início deste ano, um adesivo foi colado na porta de um banheiro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e, no mesmo dia, o lugar se tornou um campo de batalha. No aviso oficial estava escrito: “Banheiro unissex. Afinal, todo mundo usa o banheiro pelo mesmo motivo, né?”.

A mensagem era acompanhada pelos dois tradicionais bonequinhos, um de saia, outro sem. No meio deles, um sujeito novo, com metade da saia.

Por trás do tom bem-humorado do aviso, a medida do Centro de Ciências da Educação (CCE) dizia respeito a um debate sério sobre direitos básicos: o uso do banheiro por pessoas trans. Desde 2015, ao menos oito universidades federais adotaram banheiros unissex ou resoluções que permitem aos alunos usarem esses espaços segundo o gênero com o qual se identificam.

Na UFPI, já no primeiro dia, o adesivo oficial foi rasgado. Alunos que apoiavam a medida colaram cartazes por cima. Os papéis foram destruídos. Estudantes decidiram então pintar “unissex”. E assim ficou.

O diretor do CCE, Luis Carlos Sales, responsável pelo novo banheiro, diz que hoje o conflito está encerrado. “Acalmou. Não tem aviso oficial, mas todos sabem o que é.”

O professor destinou só um banheiro para uso comum, os outros permanecem iguais. “Alguns alunos trans não se sentiam à vontade nos banheiros convencionais, então atendemos a demanda deles”.

Assim como a Federal do Piauí, a Fluminense, a de Juiz de Fora, a do Sul da Bahia, a do ABC, a do Paraná, a do Rio Grande do Norte e do Tocantins adotaram medidas similares. Elas representam mais de 10% das 68 universidades federais do país. Em 2017, PUC-SP e USP fizeram o mesmo.

Segundo o Ministério da Educação, não há um levantamento oficial sobre o tema.

De acordo com a diretora de Promoção dos Direitos LGBT do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), Marina Reidel, professora e mulher trans, a expansão dos banheiros está ligada a uma resolução de 2015.

Ela estabelece que as pessoas têm direito de usar o banheiro de acordo com a identidade de gênero, e dispõe sobre o uso do nome social em instituições de ensino. A decisão não tem força de lei, mas norteia políticas do setor.

A implementação dos banheiros e das políticas varia. Algumas partem de demandas de trans, outras surgem após agressões. Alguns casos são ações da universidade, outros, de unidades específicas.

A Federal do Paraná, por exemplo, abriu um banheiro  de uso comum em 2017, após requerimento de alunos trans. A medida não causou reações inflamadas, diz Silvana Carbonera, vice-diretora do setor onde a unidade foi feita.

Na Federal do Rio Grande do Norte, também não houve polêmica, segundo a reitora,  Angela Maria Paiva Cruz. Na Federal do Tocantins, em Araguaína (a 400 km de Palmas), a medida foi tomada após reclamações de heterossexuais.

“Chegavam mulheres evangélicas, chorando, que tinha ‘homem’ no banheiro. Os alunos trans não tinham para onde ir: eram sempre enxotados”, diz o diretor do campus, José Ribeiro, que transformou três banheiros em unissex.

Nem sempre, porém, há reações . A Escola Multicampi de Ciências Médicas, da UFRN, em Caicó, interior do estado, transformou todos os banheiros em unissex em 2016, com a entrada de uma aluna trans na residência médica. “Encontrei uma instituição que respeitou a minha dignidade”, diz Patrícia Targino Dutra, 30.

Patrícia se tornou professora da instituição. “Impressiona a postura da escola, no meio do sertão nordestino, onde o machismo impera.”

Na PUC-SP, que criou um banheiro unissex em 2017, a aluna e membro de um coletivo LGBT Luiza Ferrari, 22, diz que os embates acabaram. “A reação foi maior nas redes sociais”, diz a integrante da associação de professores, Maria Beatriz Abramides.

Entre as que mantiveram espaços segregados, mas garantiram acesso via portarias estão a Federal de Juiz de Fora (UFJF), Sul da Bahia (UFSB), do ABC (UFABC), Fluminense (UFF) e USP.

Na USP e na UFF, isso ficou restrito a poucas unidades. Em 2016, mulheres agrediram e expulsaram uma aluna trans do banheiro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP. Então, o conselho estabeleceu que os banheiros podem ser usados segundo a identidade de gênero.

Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da FFLCH, Elizabeth Harkot de La Taille, a implementação foi tranquila e “teve um efeito educativo”.

A UFF, por outro lado, ainda vive a polêmica, quase um ano após liberar os banheiros. A medida foi uma reação à atitude do vereador de Niterói (RJ) Carlos Jordy, do PSL, partido de Jair Bolsonaro.

Jordy afirma que enviou ofícios para a UFF, Ministério Público Federal e polícia sobre o tema e o uso de drogas. “Pessoas mal intencionadas podem dizer que se identificam com outro gênero para cometer assédio, estupro.”

A aluna de ciências sociais Liège Nonvieri, 22, trans, se sentiu contemplada. Ela já usava o banheiro feminino, mas achou que o posicionamento da UFF foi importante.

Para a aluna de pedagogia Amanda Figueiredo, 30, a resolução tirou seu “direito e privacidade”. Ela se define como cristã e conservadora, e diz que se preocupa com sua segurança. “Se [um homem heterossexual] entrar, quem vai falar? Para depois ser acusado de homofóbico?”

Para o movimento UFF Livre, contrário à resolução, identidade de gênero e orientação sexual são questões “de foro íntimo”, e as placas visam “atender interesses de uma militância político-ideológica”.

A professora de estudos de gênero da Federal da Bahia (UFBA) Maíra Kubik diz que a violência contra mulheres é um risco, mas não deve ser usada para retirar direitos das trans. “Mulheres são estupradas em qualquer lugar”. Ela, com apoio de movimentos LGBT, diz que é melhor não identificar os banheiros.

A ideia do “terceiro banheiro”, entretanto, é controversa. Segundo Marina Reidel, do MDH, esse é um arranjo possível.  “Não é o melhor, mas são acordos para minimizar a violência e humilhação”, pondera.

Professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Jaqueline de Jesus, trans, discorda. “Ou todos são unissex ou nenhum. Isso joga as trans no banheiro estranho, e reforça a segregação”.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 22/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/22-07-2018/a-beleza-de-lorena-rodrigues-realcando-a-coluna.html

Título: De olho no trânsito

Se nos últimos dias as obras da Gasmig contribuíram para dar um nó no trânsito, neste domingo o cenário não será diferente. Cerca de 23 mil candidatos participam do concurso da Câmara, que tem provas na UFJF e em dez escolas estaduais.

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Veículo: FIEMG

Editoria: Notícias

Data: 22/07/2018

Link: https://www7.fiemg.com.br/sindicatos/noticias/detalhe/aurelio-marangon-sobrinho-toma-posse-como-vice-presidente-da-fiemg-regional-zona-da-mata

Título: Aurélio Marangon Sobrinho toma posse como vice-presidente da FIEMG Regional Zona da Mata

Uma gestão compartilhada, democrática e participativa. Assim será a liderança do vice-presidente Aurélio Marangon Sobrinho à frente da FIEMG Regional Zona da Mata. O empresário, também presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Juiz de Fora (Sinduscon-JF), foi empossado em solenidade realizada no dia 20 de julho, na sede da entidade, contando com a presença do presidente do Sistema FIEMG, Flávio Roscoe. Na ocasião, tomou posse também o diretor da FIEMG Regional Zona da Mata, Heveraldo Lima de Castro, atual presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Juiz de Fora (Sindipan-JF).

Cerca de 200 pessoas compareceram à solenidade, como representantes do Sistema FIEMG, presidentes de sindicatos empresariais, representantes de entidades, autoridades políticas e lideranças empresariais de Juiz de Fora e região. O momento também foi de posse para a nova diretoria do Centro Industrial de Juiz de Fora (CIJF), entidade parceira do da federação, que tem agora Tadeu Monteiro de Barros Pinto na presidência. O empresário é vice-presidente do Sistema FIEMG, presidente do Sindicato das Indústrias de Meias de Juiz de Fora (Sindimeias-JF), e sócio-diretor da Meias Young.

Primeiramente foi realizada a assinatura do termo de posse do CIJF, seguida pela palavra do presidente da entidade de 2013 a 2017, Leomar Delgado, que destacou a honra em ter presidido uma entidade de 92 anos, ainda mais antiga que a FIEMG. “O Centro Industrial nunca se negou à luta e sempre foi dos empresários e da população. Agradeço a todos que confiaram a mim este trabalho e encerro meu mandato feliz, pois fiz o melhor que pude, tentando honrar a galeria de ex-presidentes da entidade e a história do CIJF em Juiz de Fora”, disse.

O novo presidente do Centro Industrial, Tadeu Monteiro, assinou o termo de posse em nome de toda a sua Diretoria e, em seu pronunciamento, disse que precisamos mudar a forma da cidade enxergar o empreendedor. “O CIJF não medirá esforços para reunir os melhores cérebros da cidade e trabalhar pelo empreendedorismo. Somos otimistas e acreditamos que podemos mudar a realidade de Juiz de Fora e tornar nossa cidade um polo produtor de tecnologia”, afirmou.

Logo após, foi assinado o termo de posse da FIEMG Regional Zona da Mata, pelo vice-presidente Aurélio Marangon Sobrinho e pelo diretor Heveraldo Lima de Castro. Aurélio se disse honrado em poder estar à frente de tão representativa entidade. “Minha intenção é fazer desta uma gestão compartilhada, democrática e participativa, voltada para a defesa dos interesses da indústria, sempre contando com o apoio dos presidentes de Sindicatos, que indicaram meu nome para assumir tal posição, e do presidente Flávio Roscoe, que depositou em mim sua confiança. Precisamos estar conscientes da importância do papel de nossa entidade para a sociedade e nos manter participativos, lutando com otimismo para que a situação econômica do nosso país se estabilize”, afirmou.

Já o presidente do Sistema FIEMG, Flávio Roscoe, agradeceu a atuação dos presidentes de Sindicatos, que deve ser reconhecida, pois trata-se de um trabalho abnegado, voltado para a coletividade. “Tenho certeza de que faremos uma ótima gestão, baseada na meritocracia. Temos responsabilidade, enquanto sociedade civil organizada, de mudar os rumos do nosso país. A população urge por mudanças e juntos podemos fazer diferença, mas precisamos da participação efetiva de todos. Não há forma mais indigna para uma sociedade do que o subdesenvolvimento”, declarou.

Encerrando o evento, o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, parabenizou os empossados e desejou que este momento de união perdure, para que possamos estabelecer uma relação de participação e parceria. “Vamos construir uma nova realidade para a nossa cidade, onde haja mais dignidade e igualdade de direitos, e buscar tudo aquilo que leve ao bem comum e ao desenvolvimento”, afirmou.

O novo vice-presidente da FIEMG Regional Zona da Mata, Aurélio Marangon Sobrinho, é engenheiro civil, formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, sócio fundador da Construtora Wao-Mar, que está no mercado de Juiz de Fora há 40 anos, além de atual presidente do Sinduscon-JF. Ocupou o cargo de presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora por um mandato, é Cidadão Honorário de Juiz de Fora pela Câmara Municipal, Engenheiro do Ano de 2016 pelo Clube de Engenharia de Juiz de Fora, e já recebeu através da FIEMG a Medalha do Mérito Industrial.

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Veículo: G1 Triângulo Mineiro

Editoria: Notícias

Data: 22/07/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2018/07/22/pericia-feita-no-inep-indica-fragilidades-no-processo-de-pontuacao-das-medidas-de-provas-do-enem-2016.ghtml

Título: Perícia feita no Inep indica fragilidades no processo de pontuação das medidas de provas do Enem 2016

Uma perícia realizada no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) analisou avaliações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, realizado em duas datas, e constatou fragilidades no processo de pontuação das medidas da prova.

O motivo da perícia, contratada pelo Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia (MG) após ação judicial, foi verificar se o fato de as duas aplicações do Enem 2016 terem números muito diferentes de candidatos influenciou no resultado final, e se isso prejudicou os alunos da segunda aplicação.

Em 2016, por causa das ocupações estudantis, o exame foi aplicado duas vezes: a primeira em 5 e 6 de novembro, com a participação de 5,8 milhões de alunos, e a segunda em 3 e 4 de dezembro, em que fizeram as provas menos de 170 mil candidatos.

Em nota, o Inep informou ao G1 que não foi notificado oficialmente sobre qualquer resultado a respeito da perícia, que foi realizada entre os dias 5 e 9 de fevereiro deste ano, nas dependências do instituto.

“O Inep conta com a consultoria de diversos especialistas de destacada atuação em análise estatística e psicométrica de avaliações e exames em larga escala e tem total segurança quanto à metodologia que, desde 2009, é adotada no Enem – reconhecida nos âmbitos nacional e internacional, e se pronunciará quando for devidamente notificado”, diz o texto.

“Vale registrar que, independentemente do seu conteúdo, o referido laudo representa uma opinião isolada”, concluiu a assessoria de comunicação do instituto.

Resultado da perícia

A perícia foi realizada por Tufi Machado Soares que é professor do Departamento de Estatística e do Programa de Doutorado e Mestrado em Educação, e coordenador da Unidade de Pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O perito, que atuou como membro do conselho científico do Enem e é especialista em Teoria da Resposta ao Item (TRI), metodologia usada no exame, teve acesso a informações sigilosas no Inep e produziu um laudo com 207 páginas.

Neste documento, enviado à reportagem pelo MPF, o perito relata fragilidades no processo de pontuação das medidas do Enem que poderiam prejudicar a comparabilidade dos resultados produzidos para duas provas diferentes.

No laudo, os pontos de fragilidade encontrados, por ordem de importância, foram:

  1. Número de itens comuns previamente calibrados nos pré-testes e fixados na prova regular do Enem;
  2. Tamanho das amostras de calibração em alguns pré-testes;
  3. Precisão com que os resultados do Enem são reportados ao público;
  4. Ausência de informações para o público sobre a qualidade dos testes e das medidas.

Além disso, o laudo mostra que ambos os testes nas disciplinas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza apresentam mesmos níveis de precisão em praticamente todos os níveis de proficiência. Nesse sentido, então, os testes foram praticamente equivalentes, embora a prova da segunda aplicação de Ciências da Natureza tenha sido um pouco mais fácil.

O perito diz no texto que a maioria das diferenças encontradas ocorreu nas disciplinas de Linguagens e Códigos e na de Matemática, sendo que na primeira houve vantagem dos candidatos da 1ª prova e, na segunda, dos candidatos da 2ª prova. As menores diferenças observadas ocorrem em Ciências da Natureza.

No entanto, o Tufi Soares ressalva que não é possível realizar uma análise de comparabilidade para todos os casos, individualmente, nas dimensões do Enem.

No documento, o professor também faz sugestões de mudanças na forma de confecção e divulgação da prova.

O G1 entrou em contato com o perito nesta sexta-feira (20), para saber mais informações sobre o resultado da perícia. Por telefone, ele disse que não pretende se manifestar até a realização de uma audiência pública, qu ainda será agendada pelo MPF.

Próximos passos

O procurador da República, Leonardo Macedo, responsável pelo inquérito civil que apura irregularidades referentes à adoção de diferentes critérios de correção das provas do Enem 2016, informou que encaminhou o resultado da perícia para o Inep e para estudantes que manifestaram que foram lesados pelo teste.

“O laudo é extenso e não tem uma conclusão única. O primeiro passo foi encaminhar essa perícia aos principais interessados e vamos dar um prazo para análise de todos. Depois disso, vamos marcar uma audiência pública onde todos poderão colocar o ponto de vista referente ao assunto e só depois o MPF vai analisar como agir”, explicou o procurador.

Segundo o MPF, ainda não há previsão para realização desta audiência. “Estamos lidando com um elefante de porcelana. Vamos agir com cautela e, depois da audiência, analisar se vamos pedir uma indenização, aumentar a nota de estudantes ou outras opções”, concluiu Macedo.

Aplicações do Enem

Normalmente, o adiamento do Enem ocorre todos os anos, mas afeta apenas alguns milhares de estudantes, por motivos externos que impedem a aplicação do exame, como queda de energia no local de provas. Nesses casos, os candidatos ganham o direito de participar de uma nova aplicação durante a semana. É a mesma prova para pessoas privadas de liberdade, por isso a aplicação é conhecida como Enem PPL.

Em 2016, porém, a onda de ocupações estudantis em escolas públicas em 23 estados e no Distrito Federal fez o Ministério da Educação adiar a aplicação do Enem para mais de 270 mil candidatos, o que inviabilizaria uma segunda aplicação durante a semana. Por isso, o Enem 2016 teve três aplicações. Na época, o Ministério da Educação (MEC) assegurou que haveria isonomia nas avaliações dos candidatos, independentemente do momento em que fizessem as provas.

Apesar do grande número de candidatos afetados pelo adiamento, o total deles representou menos de 5% dos mais de 8 milhões de inscritos. Na primeira aplicação, pouco menos de 6 milhões de candidatos fizeram as provas, com uma abstenção de 30%. Já na segunda aplicação, do Enem adiado, a abstenção subiu para 40%.

Reclamação dos candidatos afetados

A investigação do MPF sobre o Enem 2016 teve início após a divulgação dos resultados das provas em janeiro de 2017. Na ocasião, estudantes de todo país procuraram o Ministério Público relatando inconformismo com as notas resultantes da primeira e da segunda aplicações do exame. Eles haviam feito a segunda aplicação da prova.

De acordo com o MPF, uma análise das notas dos candidatos que fizeram a reclamação mostrou grande diferença, quando os resultados eram comparados com os de candidatos da primeira aplicação. O procurador Leonardo Macedo explicou que alunos que fizeram a primeira prova tiveram notas maiores. Ele alega que o motivo suspeito é a metodologia da TRI.

“Nessa TRI, é considerado o número de candidatos. É necessário levar em conta as diferenças do percentual de ‘treineiros’ participantes de cada aplicação, na maior abstenção da segunda aplicação em relação à primeira e no tipo de candidato participante dos locais das provas da segunda aplicação”, explicou o MPF na ação.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 22/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/22-07-2018/encontro-poetico-editores-locais-entrevistam-suico-fabio-pusterla.html

Título: Encontro poético: editores locais entrevistam suíço Fabio Pusterla

ENTREVISTA Fabio Pusterla, poeta, tradutor, professor e crítico

‘A linguagem pode ser a minha casa’

Fabio Pusterla vive na fronteira entre Itália e Suíça. Transita pelos dois países. Sua casa é a língua, o italiano falado no percurso que separa as duas nações. Para a antologia poética “Argéman”, Prisca Agustoni, responsável pela seleção e tradução dos poemas de seu conterrâneo suíço, não deixou de lado uma leitura sobre as fronteiras que circundam Pusterla e tantos outros autores residentes em regiões limítrofes. “De fato, sua poética pressupõe um olhar ‘de fronteira’, inclusive a partir da influência que sobre ele exerceram alguns poetas da região do norte da Itália, que se identificavam com a corrente chamada linha lombarda, centrada na cidade de Milão”, aponta, em apresentação do livro, a poeta e professora da Faculdade de Letras da UFJF sobre o escritor que, nas suas palavras, “procura iluminar pontos de vistas diferentes sobre o real”. “Através dessa relação solidária com o mundo, filtrada na poética de Fabio Pusterla, poderemos vislumbrar, quem sabe, a vivência de uma humilde e verdadeira alegria interior”, define Prisca.

Guilherme Gontijo Flores, poeta, tradutor e professor da UFPR, que escreve a orelha de “Argéman”, defende que o gosto pela paisagem pulsa nas páginas da primeira publicação de Pusterla no Brasil. “A todo instante nos defrontamos com imagens que, se parecem por vezes descrever realisticamente os ambientes, em geral se desdobram em verdadeiras vivências interiores, que interferem sobre a nossa noção objetiva de geografia. Entre o gelo e as montanhas, as plantas, os bichos e os homens, a poética de Pusterla abre um caminho que passa muito rapidamente da cidade ao campo, ou mesmo por regiões inabitadas, para delas extrair um tensionamento peculiar, por vezes alegórico, por vezes brutalmente cru”, sugere. De acordo com o próprio autor, a nova obra “representa, acima de tudo, a maneira como Prisca Agustoni, sua excelente tradutora, leu meu trabalho. Foi principalmente ela quem escolheu os textos a serem incluídos na antologia, e por isso posso ler esta coletânea como um pequeno retrato que alguém fez de mim.”

Antes de deixar sua casa, ao sul da Suíça, o escritor que encontra o público da Flip e a escritora italiana Igiaba Scego, ao meio-dia da sexta-feira, 27, falou à Tribuna, com tradução de Fred Spada, sobre seu ofício, seu lugar na literatura italiana e, também, sobre sua casa, tema da mesa que o traz ao Brasil. “Não conheço Igiaba Scego pessoalmente, e será um prazer encontrá-la em Paraty. Parece-me que a questão da língua como ‘própria casa’ seja uma questão complexa e muito interessante que cada um de nós interpretará de maneira diferente. Muito esquematicamente, poder-se-ia dizer que a linguagem pode ser a minha casa no sentido de que, escrevendo, eu ‘habito-a’, e isso se aplica a todos que escrevem; mas nem todos escrevem na língua em que nasceram e cresceram, porque as dramáticas migrações de nossa era levam não poucos escritores a quererem ou a deverem se expressar em uma ‘outra’ língua. Agota Kristof, que faz parte dessa dolorosa família, dizia escrever em ‘uma língua inimiga’. À luz de tudo isso, o conceito de língua como ‘própria casa’ complica-se consideravelmente”, analisa o poeta.

Com cinco horas de diferença no fuso horário, a realidade na qual se insere Pusterla, conforme aponta, assemelha-se bastante quando o assunto é literatura. “Na Itália, e talvez se possa dizer na Europa, a poesia encontra-se, há cerca de meio século, sobretudo nas mãos de pequenas editoras, que desenvolvem um trabalho valioso e admirável. Por isso, eu estou muito feliz de ser publicado por uma pequena e jovem editora brasileira: eu me sinto em casa, por assim dizer”, diz ele, que a convite da Tribuna, respondeu às perguntas formuladas pelos editores Anelise Freitas, Fernanda Vivacqua, Fred Spada e Otávio Campos, que trazem sua obra para o país. “Esta editora tem um nome mágico, para mim: Macondo. Talvez, exatamente a mítica aldeia de Gabriel García Márquez possa simbolicamente representar muitas coisas que têm a ver com a poesia. Talvez todos aqueles que escrevem e leem poesia estejam procurando por sua Macondo, digo a mim mesmo às vezes.”

Os editores – Seu livro ­­se chama “Argéman”, uma expressão para as línguas de neve. Sentimos esse aspecto e essa presença produzida nos poemas. Embora o português tenha sido uma língua europeia de imposição, ela é falada majoritariamente por povos do sul tropical, isto é, apropria-se dessa geografia para produzir-se. Agora esta antologia foi publicada nessa língua, e gostaríamos de saber como você acha que esse processo pode influenciar na recepção dos poemas.

Fabio Pusterla – É sempre muito difícil, para quem escreve, imaginar o que acontecerá com a sua obra traduzida para outro idioma e qual será a recepção dos novos leitores, mesmo quando a tradução ocorre em uma língua e em uma realidade próximas, como poderia ser, para mim, no caso do francês e, em geral, das línguas europeias. No nosso caso, a língua é o português, mas a situação linguística e cultural é a brasileira, com sua história complexa. Minha esperança só pode ser esta: que a linguagem da poesia, que é uma linguagem de profundidade também simbólica, seja capaz de sobreviver além das barreiras linguísticas e culturais. Se a poesia tenta tocar as camadas mais profundas do ser, talvez seja possível que algo dessa sua busca permaneça reconhecível até mesmo para o leitor mais distante. Há alguns anos, fui convidado, na China, para uma série de leituras nas principais universidades. Eu me perguntei que sentido teria ler poemas escritos em italiano em uma realidade linguística e cultural muito diversa; é claro, havia traduções, mas temia que nada do que eu havia tentado escrever pudesse “passar” para o público chinês. Em vez disso, não foi assim; a julgar pelas perguntas e pelos comentários, de algum modo algo aconteceu; e creio (e espero) que isso esteja em relação com a tese acima. A poesia não é uma linguagem universal, como pode ser a música. Mas também contém, sob sua roupagem linguística, algo que talvez possamos considerar universal: suas raízes estão na interioridade do ser, nas imagens primárias, naquilo que se esconde dentro de nós. E isso, talvez, nos una profundamente.

Tanto nos poemas que foram retirados de “Argéman” quanto nos de “Corpo stellare” podemos perceber uma inclinação política bem marcada, podendo citar, por exemplo, “Rumo a Heracleia” do primeiro e “Lamento dos animais levados ao matadouro” do segundo. Este último poema, especificamente, fala de tortura, de golpes, e, no contexto político do Brasil atual, essas expressões, como várias outras, têm tomado um peso que possivelmente não é o mesmo de quando foram pensadas durante a composição do poema. Você acredita que esta faceta política da sua poesia chega em boa hora na conjuntura atual do país, ou isso pode levar o poema original para um campo que não lhe agradaria muito?

De fato, em minha escrita, os aspectos civis e políticos não estão de todo ausentes; quando sou questionado sobre esse assunto, sempre procuro observar que não penso em escrever uma poesia “ideológica”; o que me interessa é pôr em discussão o modo como as palavras representam a realidade. Penso que é sobretudo através das palavras que cada um de nós constrói uma imagem e uma leitura do mundo; e se a poesia tenta redescobrir o significado complexo das palavras, assim fazendo também modifica aquela imagem e aquela leitura do mundo. É claro que às vezes os materiais que uso (os “temas” da poesia) são explicitamente éticos e políticos; e imagino que cada leitor os inserirá em sua experiência particular, em sua maior ou menor sensibilidade civil. É possível, portanto, e talvez provável que o leitor brasileiro de hoje tenha um ouvido muito sensível a esses aspectos, devido à situação difícil do país, e que sua leitura acentue o peso de tais aspectos. Mas, se assim for, eu não ficarei incomodado em absoluto. Enquanto escrevo esta resposta, estou sentado à minha mesa e, como faz calor, visto uma camiseta clara, na qual está escrito uma frase de “O carteiro e o poeta”, que diz: “A poesia não é de quem a escreve, mas de quem a usa”. Exatamente!

A abertura dessa coletânea que apresentamos agora ao público brasileiro se dá com o poema “Fragmento de paisagem”, que indica uma direção imagética que será percorrida durante o livro. Como você acredita que as diferentes paisagens e territórios linguístico-culturais da Suíça participam da sua poesia?

Um crítico escreveu há algum tempo que em mim se abriga “o demônio da paisagem”; é uma formulação sugestiva em que posso me reconhecer; realmente, sou muito atraído pela paisagem, e isso significa que o que eu vejo tem uma relevância importante no processo de escrita. Como eu moro em um lugar concreto, composto de rios, lagos, montanhas, esses são os materiais paisagísticos que mais frequentemente aparecem na página. Se vivesse no deserto ou na orla marítima, as coisas seriam diferentes. No entanto, percebi ao longo dos anos que o que realmente me interessa não é a paisagem natural em si; me impressionam, em vez disso, as “zonas de contato”, ou seja, aqueles lugares em que tudo se torna mais turvo, mais complexo. Se eu tivesse que indicar uma paisagem verdadeiramente “minha”, provavelmente pensaria em uma dessas zonas: um subúrbio algo ermo, um campo invadido por objetos e dejetos; coisas que eu posso encontrar em praticamente todos os lugares.

“Percebi ao longo dos anos que o que realmente me interessa não é a paisagem natural em si; me impressionam, em vez disso, as ‘zonas de contato’, ou seja, aqueles lugares em que tudo se torna mais turvo, mais complexo.”

Apesar de seus poemas montarem essa espécie de cartografia de paisagens, como Guilherme Gontijo Flores chegou a apontar na orelha do livro, não podemos deixar de notar que há também certa preocupação formal. Essa preocupação com a palavra também se mostra como tema em alguns versos, como no final de “Despedida” (“Em seguida roça cada coisa/ soletra bem seu nome/ e torna-a verdadeira”). Como é para você essa luta com a escrita, a ponto de transpor o silêncio do signo e criar ritmo e imagens? É uma preocupação que guia seu trabalho como poeta?

Claro, a poesia é sobretudo isso: uma luta com a linguagem, a tentativa de encontrar uma forma de precisão na palavra, um ritmo profundo, quase um respiro da língua. O esforço, mas também a beleza extraordinária, da escrita poética reside nisso; e traz constantemente consigo dúvidas, desesperos e apenas ocasionalmente alegrias. Mas tudo isso faz parte, para mim, do segredo do laboratório, ou da despensa. Não gosto muito de falar sobre o que acontece lá dentro, também porque falar sobre isso explicitamente me pareceria enfadonho e arrogante. Quando trabalho lá atrás, estou sozinho, ou melhor, estou na companhia dos autores que leio e com quem dialogo a distância (às vezes a enorme distância: para quem escreve em italiano, o primeiro autor de referência se chama Dante Alighieri e viveu vários séculos atrás), e que me servem de guia. Então, quando saio da despensa com as poucas coisas que parecem apresentáveis, fecho a porta e vou ao encontro do mundo.

“A poesia é sobretudo isso: uma luta com a linguagem, a tentativa de encontrar uma forma de precisão na palavra, um ritmo profundo, quase um respiro da língua. O esforço, mas também a beleza extraordinária, da escrita poética reside nisso.”

Além de seu trabalho como poeta, também tem experiência como tradutor, o que mostra que você tem uma dimensão outra da transposição de poemas em línguas diferentes. Como você, a partir disso, percebe agora essa experiência de ser traduzido? Isso o deixa receoso quanto à escolha lexical e à seleção dos poemas?

Traduzi muito, é verdade, especialmente do francês de Philippe Jaccottet e de outros autores (mas um pouco também do português, especialmente de um poeta de que eu gosto muito, Nuno Júdice), e creio conhecer muito bem o esforço de traduzir, a dúvida constante que acompanha esta estranha aventura. Penso que a tradução seja, sob todos os efeitos, um gênero literário; e que, portanto, o tradutor, se ele é realmente tradutor, seja um escritor. Sua obra/tradução pertence a ele, no sentido de que é ele quem assume a responsabilidade pelas escolhas linguísticas e estilísticas, assim como o autor fizera em sua língua original. Então, quando acontece de eu ser traduzido, antes de tudo me sinto grato e admirado pelo trabalho dos tradutores. Quando eu conheço suficientemente bem a língua para a qual fui traduzido, posso entender melhor a obra deles, e por vezes sentir se, na versão que fizeram, me passa a impressão de perceber o mais importante (e mais difícil), qual seja, a presença daquele ritmo/respiro de que eu falava anteriormente.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 22/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/22-07-2018/editora-de-jf-publica-primeiro-livro-de-poeta-suico-que-vem-para-a-flip.html

Título: Editora de JF publica primeiro livro de poeta suíço que vem para a Flip

Impenetrável, o mercado editorial sobrevive das palavras mas se deixa guiar pelos números. Romper com o estabelecido, portanto, exige incomum esforço. Fazer poesia e adentrar esse establishment, por sua vez, transcende quaisquer ideias de rompimentos e passa a ser subversão, gesto que a jovem e independente Edições Macondo faz ao marcar presença em grandes livrarias do país e ao editar o primeiro livro do suíço Fabio Pusterla, considerado um dos maiores nomes da poesia italiana recente e um dos autores convidados da Festa Literária de Paraty, a Flip, que começa nesta quarta, 25, na cidade histórica. Sem se curvar a uma política econômica que privilegia os grandes selos, e preservando um projeto iniciado há menos de quatro anos, a casa juiz-forana constrói uma leitura original da literatura contemporânea produzida localmente e em distintos cantos.

“Essa relação com o mercado não vem por conta do Pusterla exatamente. É algo que a gente têm construído. Antes mesmo de ele ser confirmado na Macondo, a (Livraria da) Travessa já havia entrado em contato por conta de outros livros, como o da Carla Diacov (“Amanhã alguém morre no samba”), que é um livro que faz um enorme sucesso. Aproveitamos, então, e mandamos outros títulos, o que é bom para fazer a nossa poesia, principalmente a daqui de Juiz de Fora, circular em outros lugares”, comenta um dos editores, Otávio Campos, citando, ainda a presença do selo em lojas de Porto Alegre e Belo Horizonte. “É um momento muito feliz para nós, porque, querendo ou não, esses mercados têm surgido nos últimos tempos, mas a abertura que eles dão para as editoras que não são tão conhecidas é pequena ainda. A gente começa a cavar vaguinha, principalmente, aparecendo nas redes sociais”, acrescenta.

Também editor da casa, Fred Spada aponta para o que seria um fenômeno nacional de crescimento e fortalecimento de editoras independentes fora do eixo Rio-São Paulo. A gaúcha Não Editora, de Porto Alegre, e a igualmente mineira Relicário, de Belo Horizonte são exemplos disso. O fato, segundo Fred, carrega consigo um reflexo de histórias construídas. “Juiz de Fora é uma cidade muito conhecida por seus movimentos literários e seus escritores – especialmente os poetas. E não estou falando de Pedro Nava, Murilo Mendes ou Rubem Fonseca, escritores que nasceram aqui, viveram parte da vida aqui, mas muito cedo foram construir suas histórias em outros lugares. Dos que ficaram e estão aí, vemos que a cidade sempre teve uma efervescência literária muito grande. Mas em relação às editoras, vemos que é algo recente. Nos anos 1980, tivemos o grupo D’Lira, que editava seus próprios livros, mas hoje vemos um movimento maior, com a Aquela Editora, a Macondo e ainda outras. Isso representa um desafio, que é uma vontade da Macondo, de crescer, não só o catálogo, mas o alcance para divulgar a poesia. Não só a poesia dos autores da cidade, mas a poesia de forma geral, de qualidade, que dialoga com nossos pensamentos, nossa forma de ver o mundo e a escrita”, comenta Fred.

No protagonismo da pequena editora sem sede, estão não apenas poetas, mas, sobretudo, leitores. Os quatro editores – Anelise Freitas, Fernanda Vivacqua, Fred Spada e Otávio Campos – possuem livros publicados e são vorazes leitores de seus pares. “Acredito na literatura em si, porque tem que ter uma espécie de fé, acreditar em alguma coisa que vai te levar a algum lugar. Se não tiver a crença de que a literatura move, não dá para continuar, porque não é algo que envolve lucro, mas o prazer”, defende Otávio. “Somos bem fechados em relação a receber original, por exemplo. Dos nossos autores, fazemos uma espécie de seleção pessoal. Temos pouco dinheiro, poucos livros para sair, então temos que investir em quem acreditamos.”

Quase esgotado

Geralmente, os livros da Macondo chegam às prateleiras com tiragens de cem exemplares. Para Fabio Pusterla, que desembarca no Brasil chancelado por diversos prêmios italianos e suíços, além do convite para o maior evento literário do país, a editora quintuplicou o pedido inicial. “Fizemos uma tiragem de 500 exemplares, o que para nós é muito alto. Assim que fechamos, a Travessa encomendou 250 livros, ou seja, metade da tiragem já vai embora para a Flip. Conosco vão ficar apenas cem livros. O resto vai ser distribuído para outras livrarias”, conta Otávio Campos, chamando atenção para outro ineditismo: “Argéman”, a antologia poética de Pusterla, é o primeiro trabalho do selo com patrocínio (da suíça Fundação Pro Helvetia) para a tradução, a cargo da poeta e professora da Faculdade de Letras Prisca Agustoni, que ano passado lançou seu “Casa de ossos”, pela Macondo.

Numa original cartografia do fazer poético atual, Pusterla adentra a juiz-forana Macondo (o nome faz referência à obra de Gabriel García Márquez) por sua aproximação discursiva, conceitual, ainda que fisicamente exista a distância. “A obra do Pusterla me surpreendeu bastante, não só pela paisagem que ele traz muito forte e muito diferente da nossa, mas também pela maneira formal e estética. Como ele consegue trazer para a poesia alegorias que nos remetem a leituras muito amplas, que estão escondidas em camadas do texto: ele fala de cães, de uma enchente, animais indo ao matadouro e conseguimos, a partir dali, encontrar alegorias para questões políticas e éticas atuais”, comenta Fred Spada. “No momento como o que a gente vive, embora não seja o que ele busca na poesia, há poemas em que conseguimos refletir sobre a nossa realidade, e não só sobre o universo que circunda o autor. Tem muito a mostrar não só sobre o que é a literatura suíça de língua italiana, mas como a poesia tem o caráter da transversalidade, que consegue cruzar diversas culturas, atravessando o próprio tempo”, completa.

‘Meu susto não vai ser só meu’

O primeiro contato com a escrita de Fabio Pusterla resultou, para o editor Otávio Campos, num susto. Um bom susto. “Ele tem certo diálogo com os escritores que costumo ler, tanto os portugueses, quanto os os poloneses. Eu não conhecia a obra dele, porque não temos muito contato com essa poesia. A Prisca foi traduzindo, me enviando e eu fui ficando maravilhado. Acho que o meu susto não vai ser só meu. É uma poesia que dialoga muito com nosso tempo. E é muito propício, no atual momento, ter um poeta tão potente como esse por aqui. A poesia do Pusterla é muito política e vivemos um momento político gritante, o que torna mais fácil esse contato com a nossa realidade”, reforça o editor, responsável pela diagramação das obras, pelos contatos com gráficas e livrarias e às voltas com uma agenda que só cresce. “Tenho certo orgulho de olhar para trás e ver onde chegamos hoje, mas o que vem na minha cabeça, agora, são os prazos. Sou muito ansioso e vejo que temos um monte de livros para sair, os prazos não param e os boletos não deixam de chegar. Só penso em trabalho”, ri ele, que lança seu “Ao jeito dos bichos caçados” (Macondo Edições e Editora Moinhos) no dia 28 de julho, às 11h, na Casa dos Desejos, espaço que reúne diferentes selos nacionais e se soma à programação paralela da Flip. No mesmo dia, horário e local, a Macondo já lança outro novo título: “Sozé”, de Anelise Freitas.

O corpo, a casa e o verbo de Anelise

Anelise Freitas mudou. De casa e de versos. “Sozé” (Edições Macondo) existe como se abrisse uma porta, adentrasse um novo espaço, e fechasse, em seguida, a porta que havia aberto. O segundo livro da poeta inaugura um novo lugar. “Esse livro fecha e abre outro ciclo. Ele tem uma proposta muito parecida com meu primeiro livro, o ‘Vaca contemplativa em terreno baldio’ (Aquela Editora, primeira edição, e Macondo Edições, segunda edição), falando do corpo, da memória e de um erotismo da linguagem. No ‘Sozé’ acho que consigo amarrar melhor tudo isso, apresentando minha proposta poética. Quando publiquei ‘Vaca’, em 2011, comecei a escrever esse trabalho. Naquele período, voltei para Lima Duarte e tinha a minha casa. Depois de um tempo, minha mãe saiu e foi para outro lugar. E eu passei a morar na casa onde passei a minha infância inteira. Mas, antes, eu vivia na casa como filha. E voltei a viver como mãe. Os poemas refletem essa minha experiência, de voltar para a casa que era do Seu Zé (o pai) e agora é minha”, explica ela, que escolheu um nome masculino para a obra na qual retrata diferentes mulheres e suas potências. A obra, com lançamento em Juiz de Fora previsto para agosto, também já tem confirmada sua estreia em terra estrangeira, no Festival de Poesía Latinoamericana Bahía Blanca, em Buenos Aires, na Argentina.

Revelada no Eco – Performances Poéticas, sarau que completaria dez anos em 2018, Anelise preserva a passionalidade presente em seus textos iniciais, mas transmuta-a numa forma sofisticada a revelar o próprio percurso acadêmico que a faz, hoje, doutoranda em estudos literários na UFJF. “Talvez seja um amadurecimento. Minha experiência com a linguagem quando escrevi meu primeiro livro, era a de uma pessoa que se acostumou a escrever no diário. Tanto é que a primeira vez em que me apresentei no Eco, tinha um caderno, o diário, cheio de poemas. Eu botava muitos sentimentos. Entendia a poesia nesse sentido. Com o percurso de leitura de outros autores e livros, com os estudos na Faculdade de Letras, fui lapidando minha linguagem. A poesia para mim tem uma relação com a memória. Tenho uma memória fraquíssima e me impacto com as imagens. Então, tento escrever a partir de imagens. Quando leio o que escrevi, lembro de onde estava e porque escrevi. Por isso eu confundia isso com a ideia de diário. No primeiro trabalho contei com o apoio da Laura (Assis) e do (André) Capilé, que me ajudaram a lapidar o texto. A partir dali, fiz experiências que culminam no ‘Sozé’, que é memória, mas não é confessional. Não necessariamente é o que aconteceu, mas pode ser a imagem que fiz do que aconteceu”, define ela, para logo acrescentar: “O que faz esse livro ser mais maduro é, também, o fato de eu ter vivido outras experiências, como editar outros poemas, editar revista literária, conviver com outros poetas. Costumávamos, ainda, fazer uma oficina aberta, entre amigos, onde pegávamos os poemas, líamos, e todos na roda podiam opinar sobre eles. O ‘Sozé’ foi muito construído nessa coletividade.”

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 23/07/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2018/07/23/ufjf-divulga-edital-do-vestibular-para-os-cursos-de-musica.ghtml

Título: UFJF divulga edital do vestibular para os cursos de Música

A Coordenação Geral de Processos Seletivos (Copese) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou o edital para o vestibular de Música.

Serão disponibilizadas 35 vagas, sendo 20 para a modalidade Licenciatura e 15 para Bacharelado, com ingresso no primeiro semestre letivo de 2019.

As inscrições começam às 15h do dia 6 de agosto e terminam às 18h do dia 27 de agosto, no site da Copese. O prazo para solicitar a isenção da taxa será das 15h de 6 de agosto até às 15h do 10 de agosto. O resultado será divulgado a partir das 15h do dia 20 de agosto.

É preciso imprimir a Guia de Recolhimento da União (GRU) para pagar a taxa de inscrição no valor de R$ 60 até às 20h do dia 28 de agosto, obrigatoriamente no Banco do Brasil.

Se o candidato necessitar de atendimento especial na prova deve solicitar no ato da inscrição.

Cursos e etapas da seleção

Os candidatos que desejam cursar o Bacharelado precisam escolher, no ato da inscrição, a habilitação pretendida: Canto, Flauta Transversal, Piano, Violão, Violino, Violoncelo ou Composição, e realizar a prova prática de acordo com a escolha.

Já os interessados na Licenciatura cursam Educação Musical Escolar por um ano e, apenas após esse período, escolhem a habilitação.

A primeira parte do Vestibular é a realização da prova de habilidade específica, na qual são realizadas duas avaliações de caráter eliminatório.

A primeira, no dia 30 de setembro, é uma prova teórica sobre teoria e percepção musical; e a segunda, nos dias 9 e 10 de outubro, é a prova prática, que verifica se o candidato está apto para a música por meio de canto ou de um instrumento musical de livre escolha.

O resultado da prova de habilidade específica será publicado no dia 17 de outubro e o resultado final estará disponível a partir das 15h do dia 15 de janeiro, no site da Copese.

Já a segunda parte do processo seletivo é a nota obtida na edição 2018 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será utilizada para fins de aprovação e classificação dos candidatos.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Podcast

Data: 23/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/podcast/sociedade/23-07-2018/ufjf-no-ar-ressocializacao-do-sistema-prisional.html

Título: UFJF No Ar- Ressocialização do Sistema Prisional

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Veículo: TV Integração – Globo

Editoria: MGTV

Data: 23/07/2018

Link: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/videos/v/museu-de-arte-murilo-mendes-em-juiz-de-fora-celebra-certificacao-do-ibram/6891303/

Título: Museu de Arte Murilo Mendes, em Juiz de Fora, celebra certificação do Ibram

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Esportes

Data: 23/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/esportes/23-07-2018/eberth-silva-e-amanda-oliveira-vencem-a-fogueira-pela-4a-vez.html

Título: Eberth Silva e Amanda Oliveira vencem a Fogueira pela 4ª vez

Com a participação de mais de duas mil pessoas em percurso de 7km na Avenida Barão do Rio Branco, no Centro de Juiz de Fora, de largada e chegada na praça do Bairro Bom Pastor, a 71ª edição da Corrida da Fogueira, na noite do último sábado (21), teve vitórias do pachequense Eberth Silva (Fripai/O2) e Amanda Oliveira (Fac. Granbery/ Real Mercês/ Sicoob/ NutriMais), de Mercês (MG) pela quarta vez. No masculino, o campeão completou o trajeto em 22min22s, seguido pelos atletas Francisco Lima (UFJF, 23min01s), Gabriel Alberto Silva (Pegasus, 23min04s), Matheus Batista (UFJF, 23min12s) e Albertino Luz (Fac. Granbery, 23min46s), que completaram o top 5 no naipe.

Já entre as mulheres, a favorita Amanda precisou de 26min18s para cruzar a linha da chegada. Completaram o pódio feminino as corredoras Aline Barbosa dos Santos (Fac. Granbery, 28min34s), Claudete Nunes (ProFit, 30min43s), Noemi Alves (UFJF, 31min03s) e Laynara Arantes (32min15s). Os resultados divulgados pela Secretaria de Esportes (SEL) da Prefeitura de Juiz de Fora são extraoficiais e ainda estão sujeitos à alterações.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Economia

Data: 23/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/economia/23-07-2018/43-dos-inscritos-faltaram-as-provas-do-concurso-da-camara-municipal.html

Título: 43% dos inscritos faltaram às provas do concurso da Câmara Municipal

Será divulgado, nesta terça-feira (24), o gabarito das provas objetivas da primeira fase do concurso público para a Câmara Municipal de Juiz de Fora, aplicadas para todos os cargos no último domingo (22). Conforme o Legislativo, também estarão disponíveis as questões e os cadernos de prova, que podem ser consultados nos Atos do Legislativo e no site da organizadora Consulpam. Após a publicação, os candidatos têm três dias úteis para a interposição de recursos, de acordo com os termos do edital, descritos no capítulo 8. A Consulpam ainda não divulgou a data para a divulgação do resultado final do concurso, já que os gabaritos e as provas ainda serão transportados para Fortaleza (CE), sede da empresa.

O percentual de faltosos foi elevado. Dos 22.918 inscritos, 9.929 não compareceram às provas, o equivalente a 43,3% do total. No período da manhã, quando foram realizadas as provas de nível médio e técnico, 14.120 candidatos se inscreveram. Deste total, 7.979 pessoas compareceram e 6.141 faltaram, o que corresponde 43,49%. Já para as provas de nível superior, realizadas à tarde, foram inscritas 8.798 pessoas, compareceram 5.010 e faltaram 3.788 (43,05%). Também no domingo foi realizada a prova discursiva/redação para os cargos de nível superior. Conforme a Câmara Municipal, a imagem digitalizada das folhas de respostas (objetiva e discursiva/redação) preenchidas pelo candidato serão disponibilizadas para consulta individual no site da organizadora em data a ser divulgada. Os candidatos classificados para cargos de nível superior serão submetidos à avaliação de títulos e os que concorrem às oportunidades para jornalista passarão, também, pela prova prática de locução.

Na avaliação do integrante da comissão organizadora, Sérgio Loures, o índice de faltosos é alto e foge à média de concursos. Na sua opinião, o baixo valor cobrado na inscrição incentivou muitos a se inscreveram, mas, quando a concorrência se mostrou alta, boa parte optou por não realizar a prova, já que o investimento feito na taxa não havia sido elevado. Para Loures, todas as condições para os candidatos fazerem as provas foram garantidas. “A maioria das reclamações que aconteceu no turno da manhã foi com relação a problemas que poderiam ser evitados pelos próprios candidatos, como atrasos, documentos inválidos ou questionamentos ao edital, que poderiam ter sido feitos no tempo próprio. Nos cercamos de várias cautelas: faixas de sinalização dentro e fora do campus, linhas adicionais de ônibus e orientações aos coordenadores. Situações graves que poderiam comprometer a prova, como materiais insuficientes, erros de impressão, atrasos na entrega das provas, fraudes, coordenadores e fiscais despreparados, nada disso houve. Pelas dimensões deste evento e pela expectativa envolvida, dá pra afirmar que tivemos sucesso.”

As provas de domingo foram aplicadas em unidades da UFJF, da Rede de Ensino Doctum, do Colégio de Aplicação João XXIII e em 12 escolas estaduais da cidade, nos períodos da manhã e da tarde. Conforme a Câmara, cerca de 830 pessoas trabalharam no concurso durante todo o domingo. Os testes para cargos de nível médio e técnico aconteceram durante a manhã, às 8h. Os portões foram abertos às 7h e fechados às 7h40. Já as provas para nível superior foram aplicadas a partir das 15h. A abertura dos portões aconteceu às 14h, e o fechamento às 14h40. De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), foram disponibilizados 18 ônibus extras para as linhas que contemplam a UFJF, sendo 11 a mais para a linha 545 e sete para a 555. A linha 755, que liga a Zona Norte ao campus, teve dois horários extras. Já as linhas 590 e 221 tiveram um horário extra no domingo.

Das 30 vagas disponíveis no concurso público, 13 são destinadas aos cargo de assistente legislativo I, de nível médio. Para o nível técnico, são três cadeiras para técnico em informática e uma para técnico em segurança do trabalho. Outras 13 vagas são para nível superior. Entre elas, há vagas para analistas nas áreas (uma para cada especialidade) de gestão em recursos humanos; de ciências sociais e políticas; de educação e cultura; de meio ambiente; de política urbana; e de saúde pública. Também há uma vaga para psicólogo; duas para a função de redator/revisor e quatro para jornalistas. Os salários variam entre R$ 1.571,61 e R$ 4.864,47. É uma meta do presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Mattos (PHS), realizar a nomeação dos aprovados ainda este ano. O concurso tem validade de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período.

Prova prática

Após a divulgação do resultado pela Consulpam, os classificados na prova discursiva/redação para o cargo de jornalista serão habilitados para a prova prática, de caráter eliminatório e classificatório. A convocação será feita por edital, publicado no Diário Oficial Eletrônico da Câmara e no site da Consulpam. A prova prática vale cem pontos e compreenderá a gravação de um texto em áudio, elaborado pela banca examinadora e disponibilizado aos candidatos no momento da prova. Será aprovado aquele que obtiver nota igual ou superior a 60 pontos. O tempo destinado à gravação será de, no máximo, três minutos, em até três tentativas, cabendo ao candidato indicar a versão final. Serão avaliadas, principalmente, a clareza, a boa dicção, a firmeza, a interpretação e a impostação vocal.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: TV TM

Data: 23/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/tm-tv/23-07-2018/jovem-faz-da-fotografia-um-passaporte-para-chicago-2.html

Título: Jovem faz da fotografia um passaporte para Chicago

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 23/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/23-07-2018/jovem-faz-da-fotografia-um-passaporte-para-chicago.html

Título: Jovem faz da fotografia um passaporte para Chicago

No início, João não colocou muita fé que poderia participar da feira “The other art fair”, em Chicago, nos Estados Unidos, mas mesmo assim decidiu tentar. Fez a inscrição e escolheu fotos de outra feira, a de São Joaquim, que fez em Salvador, na Bahia, para mostrar o seu trabalho aos curadores. O resultado, positivo, foi inesperado, e agora o artista vê a participação na exposição como ponto de partida para começar a solidificar a carreira, para então poder viver da fotografia. “Realmente não esperava que isso fosse acontecer. Eu me esforço bastante, busco sempre o aprimoramento, e para isso demando muito tempo dos meus dias estudando e pesquisando fotografia”, diz o jovem João Victor Medeiros, de 21 anos, estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação da UFJF.

Para viabilizar a viagem aos Estados Unidos e participação do evento, João está promovendo uma vaquinha on-line, vendendo rifas, produzindo colagens, entre outras alternativas, tudo isso para tentar arrecadar R$ 16 mil. Os recursos serão usados para pagar os custos necessários para expor as obras, como estande, design, iluminação, impressão e emolduramento das fotos, além dos gastos com passagens e alimentação.

O incentivo para a aventura de João surgiu depois que a professora do ensino médio Renata Caetano enxergou no jovem a possibilidade de ter seus cliques exibidos. “Ela viu que era uma feira que busca artistas novos, emergentes, e dá espaço para essas pessoas que ainda não estão inseridas em grandes galerias, museus, e disse que eu tinha potencial”, conta João.

Da intuição para o aperfeiçoamento

A fotografia apareceu na vida de João em 2013, em um dos eventos promovidos pelo coletivo de hip-hop Vozes da Rua, do qual participava. No ano seguinte, em um encontro de MC’s, houve um contato mais forte com as lentes. Um colega, Pedro Henrique (Oldi), levou o flash novo que tinha acabado de comprar e foi aí que João se sentiu instigado. Pediu para fotografar. “Oldi me ensinou coisas básicas, mas nada de técnicas específicas. Eu fotografei, achei que fui bem esse dia. Mas hoje eu vejo que as fotos não estavam tão boas assim”, relembra.

Aquele evento foi o start para o juiz-forano registrar as primeiras imagens. De 2014 até a metade de 2015 ele fotografou com câmeras emprestadas. Ainda em 2015 João comprou seu próprio equipamento e pôde fazer cliques com mais frequência. A partir de 2016 começou a estudar técnicas e se aperfeiçoar para conseguir chegar às referências que trazia da sua paixão pelo cinema. “Antes era só intuição e a linguagem, por conta de consumir muitos filmes. Minha formação foi muito autodidata, conversando com amigos que conheci ao longo do caminho.”

Outras histórias por outros olhares

João pretende, com seu trabalho, contar histórias que geralmente não são registradas pela grande mídia. Para ele, quando se trata de fotografar grupos marginalizados, na maioria das vezes as imagens estão ligadas ao sofrimento, à dor e à miséria. E ele quer mostrar que essas pessoas também se apaixonam, sorriem, têm sonhos. “Eu pretendo contar outras histórias sobre essas pessoas. Nunca com a pretensão de ser um salvador, mas de estar próximo e poder contar outras histórias mostrando a beleza que tem, por exemplo, um trabalhador de feira”, disse. O jovem afirma que essa visão vem em parte por influência do fotógrafo João Roberto Ripper, que diz: “Quero que as pessoas queiram bem aos meus fotografados”.

Sobre a feira

A The other art fair (em tradução livre, A feira de uma outra arte) apresenta trabalhos de 130 artistas independentes e emergentes, cada um escolhido por um Comitê de Seleção de especialistas do mundo da arte, e é realizada em várias cidades, como Bristol e Londres, na Inglaterra, e Melbourne, na Austrália. Nos Estados Unidos, terá exibições de obras em Los Angeles, Nova York e em Chicago, entre 28 e 30 de setembro.

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 24/07/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2018/07/24/ufjf-divulga-novos-editais-de-reclassificacao-do-sisu-e-pism-nesta-quarta-feira.ghtml

Título: UFJF divulga novos editais de reclassificação do Sisu e Pism nesta quarta-feira

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgará nesta quarta-feira (25) o terceiro edital de reclassificação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o sexto edital do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism). Os dois são para o ingresso de estudantes na instituição no segundo semestre de 2018.

As informações serão divulgadas a partir das 12h no site da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos. Todos os selecionados têm até a sexta-feira para fazer a pré-matrícula online também no site da coordenadoria.

Após esta etapa, os candidatos terão que fazer a matrícula presencial, que acontecerá entre os dias 9 e 10 de agosto.

A relação dos documentos exigidos para os aprovados no Sisu está disponível no site da instituição. Para os aprovados pelo Pism, também há uma página com a relação dos documentos necessários.

Para obter outras informações referentes à matrícula, os candidatos podem entrar em contato com a Central de Atendimento da UFJF, pelo telefone (32) 2102-3911.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 24/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/25-07-2018/ufjf-divulga-novos-editais-de-reclassificacao-do-pism-e-do-sisu.html

Título: UFJF divulga novos editais de reclassificação do Pism e do Sisu

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou nesta quarta-feira (25) o terceiro edital de reclassificação do Sisu e o sexto edital do Pism para o segundo semestre de 2018.  A lista dos aprovados está disponível no site da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara).

De acordo com a UFJF, os estudantes devem ficar atentos à fase obrigatória de pré-matrícula on-line, a partir do meio-dia desta quarta até as 23h59 de sexta-feira (27). Após essa etapa, os alunos deverão se submeter à matrícula presencial. A relação de documentos exigidos para cada candidato, conforme o grupo de concorrência, pode ser conferida no edital. As matrículas presenciais ocorrem nos dias 9 e 10 de agosto, conforme curso do candidato.

Nova reclassificação do Sisu em agosto

A divulgação dos próximos três editais de reclassificação para o Sisu e Pism estão previstos para os dias 1º, 8 e 15 de agosto.  O calendário completo de editais de reclassificação e informações sobre documentações para o ingresso em cursos nos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares podem ser conferidos no site da Cdara.

Matricula presencial

A UFJF inicia nesta quarta-feira (25) a matrícula presencial dos candidatos aprovados no primeiro e segundo editais de reclassificação do Sisu e do quarto e quinto editais de reclassificação do Pism, nos dois campi. Os alunos que realizaram a pré-matrícula on-line deverão realizar a entrega da documentação.  A etapa acontece até sexta-feira (27), e o atendimento aos alunos será feito conforme curso do candidato.

Os convocados para Juiz de Fora farão matrículas no Anfiteatro das Pró-reitorias, no prédio central do campus. A documentação necessária pode ser acessada no site da Cdara. Vale lembrar que os candidatos aprovados pelo sistema de cotas deverão apresentar documentação específica para a comprovação de renda.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 24/07/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/24-07-2018/musicos-da-filarmonica-de-mg-tocam-de-mozart-a-piazzolla.html

Título: Músicos da Filarmônica de MG tocam de Mozart a Piazzolla

Quem for ao Teatro Pró-Música nesta terça-feira, 24, vai assistir ao Quarteto Francisco Mignone, com participação especial de Gustavo Trindade, às 20h. Formado em 2017 por quatro músicos integrantes da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e de grande afinidade artística — os violinistas Jovana Trifunovic e Rodrigo Monteiro, o violista João Carlos Ferreira e o violoncelista Robson Fonseca —, o grupo homenageia em seu nome um compositor brasileiro do século XX, Francisco Mignone (1897-1986), que é a própria expressão dos ideais do quarteto, por ter criado valsas, maxixes e tangos com a mesma maestria com que compôs balés e sinfonias, conciliando os palcos dos grandes teatros com a intimidade das rodas de choro. No repertório, gênios do passado, como Mozart e Beethoven, além de nomes imprescindíveis da contemporaneidade, como Bartók e Ligeti, transitando ainda pela tradição Clássica e Romântica e também pela música popular e pelas trilhas sonoras.

De acordo com o violista João Carlos Ferreira, a trompa, antes conhecida como trompa de caça (corno da caccia), era um instrumento que estava se desenvolvendo muito na época em que Mozart compôs sua obra e que, por tradição, se relacionava a peças de caráter mais vibrante e heróico, exatamente como é a peça escolhida para o programa. Já o Quarteto de Cordas é em tonalidade menor, “o que na época significava muita coisa, com temas mais melancólicos e um caráter mais interno, sem perder a destreza da música mozartiana”.

De Piazzolla, o grupo tocará um ballé em seis cenas, escrito em 1956 e transcrito para quarteto de cordas pelo violoncelista do grupo do compositor argentino, José Bragato. “Essa peça demonstra bem o trabalho de Piazzolla em revisitar o tango tradicional com influências do jazz e da música clássica, já que temos o tango e o ballet inseridos dentro da forma de uma Suíte, que é uma tradição antiga de se juntar danças”, explica Ferreira. Essa ousadia e a originalidade de Piazzolla dificultaram sua aceitação em seu país, como observa o violista, “já que sua música era vista como uma desagregação à história do tango na Argentina”. O público do Festival terá a oportunidade de avaliar por si mesmo o resultado alcançado pelo importante compositor.

“Eu estou muito empolgado e satisfeito de poder contribuir para uma semana de imersão em música, assim também repassando o que aprendi em edições anteriores desse mesmo festival”, afirma João Carlos Fonseca, que começou seus estudos de música aos 8 anos no Centro Cultural Pró-Música/UFJF, em Juiz de Fora, e desde 2009 é o violista principal da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Em sua opinião, o tradicional evento juiz-forano já faz parte do calendário cultural da cidade e também dos alunos de música clássica do país, “por isso a necessidade da continuidade do projeto, para que as marcas deixadas na nossa sociedade possam ser ainda mais profundas”, disse em release da UFJF. João Carlos Ferreira também ministrará uma oficina de viola durante o Festival.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Blog Sala de Leitura

Data: 24/07/2018

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Título: Teatrando lança segundo livro da trilogia que traz processo de montagem de espetáculos da companhia

Oito meses depois do lançamento do primeiro livro da trilogia “Cia. Teatrando  tecendo histórias no teatro”, a trupe comandada por Adryana Ryal entrega aos leitores o segundo volume da publicação. “Entre memórias, ilusões e fábulas” será lançado no próximo dia 29 de julho, no Inverno Cultural de São João del-Rei. Aqui na cidade, será apresentado ao público dia 8 de agosto, às 20h, na Casa de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Assim como na obra, o novo livro traz apresentação e processo de criação e produção de três montagens da companhia. Desta vez, os trabalhos contemplados são “O casulo das memórias resignadas”, “O retiro das ilusões” e “Ratinho Tatá: em histórias de bonecas.” Os três textos são acompanhados por rubricas e fotos. A intenção é que o leitor interaja com a Teatrando e se inspire nos trabalhos apresentados.

“A gente apoia todo tipo de espectador e incentiva o espectador coautor, para que ele tenha liberdade de interpretar a obra. Isso aconteceu até mesmo com “As sementes de aço”, que está em processo de apresentação. Fizemos algumas leituras do texto e, depois de assistirem ao espetáculo, algumas pessoas comentaram que a experiência foi surpreendente, porque leram de uma maneira e, depois, tiveram outra leitura inimaginável. Duas companhias de teatro que não são de juiz de fora pediram para utilizar uma obra nossa a partir da leitura do ‘Cia. Teatrando tecendo histórias no teatro – 3 vezes drama’. Estou curiosíssima para ver como eles vão montar a peça, para ver qual a visão eles tiveram dela. Uma deles é ‘Obsessão, amor e dor’. O outro grupo pediu para fazer ‘As sementes de aço’, mas não o espetáculo inteiro. Querem fazer como fragmento de cena. O ‘Sementes’, hoje, é interpretado por mulheres, e o pedido é para ser feito por dois homens”, conta a diretora, ansiosa com o que vem por aí.

“Vamos fazer outra tiragem do livro, que vai chegar com o lançamento do segundo, porque a primeira foi toda vendida. A partir de 20 de agosto, ele vai ser inserido no Estante Virtual, no site das Lojas Americanas, enfim, no circuito nacional de vendas.” Quem passar pelo lançamento em Juiz de Fora, vai poder conferir uma leitura dramática de parte dos textos “O retiro das ilusões” e “O casulo das memórias resignadas”. Este último espetáculo vai ser apresentado nos dias 9 e 10 de agosto, a partir das 20h, também na Casa de Cultura da UFJF, dentro da programação da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.

Como a Teatrando não para, já está sendo planejada a segunda Mostra INventaINCena. As inscrições estarão abertas no final de agosto, e o evento será realizado na segunda quinzena de novembro. Neste ano, além de as cenas curtas serem competitivas, outra novidade é que vai haver mostra de espetáculos teatrais. E o que dizer do terceiro e último livro da trilogia? Será todo voltado para montagens infantis. Agora é só aguardar.

Marisa Loures – Neste segundo livro, você traz os espetáculos “O casulo das memórias resignadas”, “O retiro das ilusões” e “Ratinho Tatá em: histórias de bonecas.” O que traz cada uma dessas histórias?

Adryana Ryal – “O retiro das ilusões” é fortíssimo. A gente faz umas referências às grandes guerras já instaladas no mundo. Cita Hiroshima e Nagasaki, essas conturbações, matanças, grandes bombas nucleares construídas pelo homem, e a gente faz uma metáfora para falar sobre elas. A metáfora é esse “Retiro das ilusões”. Trata-se de uma família que é presa dentro desse lugar chamado de Ilusão, e eles têm esperança de sair de lá. Quando eles encontram esse campo de concentração, eles se deparam com figuras que já estavam presas lá dentro, e cada uma dessas figuras tem uma história que é revelada. É um espetáculo que nos faz refletir sobre qual lugar é melhor para você e nos mostra que existem pessoas em condições infinitamente piores do que as nossas. “O casulo das memórias resignadas” foi construído a partir de uma pesquisa feita em cima de questões ligadas ao sentimento da vaidade. Uma das frases da peça diz assim: “Quem vai saber do seu caráter apenas olhando pela sua roupa ou pela maneira como você se comporta? Nós somos avaliados por aquilo que nós mostramos ser e não pelo que nós somos.” Conta a história da Virgínia D’Avignon, uma mulher que tem uma vida conturbada pelas memórias que estão resignadas. Ela não gosta das memórias, mas também não consegue se livrar delas. Essa mulher tem uma luta pessoal. Quer ter mais do que ser, adora ter dinheiro e poder, mas não gosta de lembrar quem ela foi, quem ela é. É perturbada pelo passado que bate à porta. É um espetáculo que significa muito para mim, pois trata a questão do respeito em relação à convivência entre o eu que você quer ser e o eu que você quer mostrar. É uma grande provocação, te leva a refletir sobre quem você é no mundo atual. Já o Ratinho Tatá é um amigo fiel. Usa óculos, é gago, aquele diferente que as pessoas ficam olhando na escola. Ele se sente isolado durante muito tempo. É uma figura singela, gentil e encontra apoio nas amigas que estão adormecidas. Ele conversa sozinho com bonecas que foram abandonadas no sótão e que não têm vida, até o dia em que ele recebe a visita de uma fada que se torna muito amiga dele e dá vida a essas bonecas.  O terceiro livro vai ser voltado só para crianças, mas a gente quis mostrar nesse uma mescla de memórias, ilusões e de fábulas, porque são três componentes indispensáveis para o teatro.

– Dos três espetáculos, somente “Ratinho Tatá” é voltado para o público infantil. Quais são os desafios de se trabalhar para esse público, principalmente, em Juiz de Fora?– A maior dificuldade, atualmente, é a questão de a criança ter tudo à disposição a partir de um celular. Trazer a criança para um mundo lúdico de uma contação de histórias ou de um universo onde um ratinho usa óculos, é gago e vive dentro de uma casa que foi abandonada, é uma tarefa árdua. A resistência do mundo lúdico vem com os youtubers, com essa mídia esmagadora que, infelizmente, não é funcional. Não sou a favor porque tem muita coisa desnecessária na internet. A criança tinha que ficar um tempo um pouco maior curtindo a infância dela, sabendo quem ela é, mas, hoje em dia, ela descobre quem ela é e cria quem ela é a partir de informações da internet. O vocabulário, a gíria e os gestos dela são todos da internet. É mais fácil uma criança querer ver um vídeo do Frozen humanizado, e tem muito dessas meninas que se vestem de personagens na internet, do que ir ao teatro. O grande x da questão é o incentivo dos pais. A gente precisa que eles retornem com os filhos para o teatro, e a gente precisa que os produtores e diretores tenham consciência de fazer espetáculos voltados para o mundo dos pequenos, que resgatem a criança e mostre para ela que ela pode ser criança por um tempo um pouco maior.

– “O retiro das ilusões” surge a partir do roteiro interativo de cinco pessoas. Além de você, tem Tiê Fontoura, Lucas Nunes, Indiara Silva e HigorZoffoli. Como foi essa experiência de criação em grupo?

– É um texto que foi para a gente uma descoberta, porque surgiu da seguinte maneira: estávamos fazendo uma matéria em comum sobre roteiro de criação interativa, e cada um tinha que produzir um texto. Cada um dos cinco textos tinha que ter como pano de fundo uma figura que fosse da sua memória, e uma história que tivesse a ver com uma guerra. Eu trouxe a imagem de uma mulher, que é a minha mãe. Ela nasceu na década de 1950, teve uma criação bastante difícil. Trouxe todas as dores pelas quais ela passou ao longo da vida. A Indiara traz a figura de um ser mais novo; o Lucas traz o filho, e o Higor, uma figura que tem problemas de conturbação quase esquizofrênicos.  É um texto que tem fatos reais das grandes guerras, das personagens e fatos reais da nossa vida pessoal. A grande costura é muito delicada e foi feita pelo Tiê Fontoura. Ele traz uma carga de sufocamento, de prisão muito intensa. Quando o Tiê fez essa costura, ele disse que via uma família presa num lugar, oprimida por um carrasco, e esse carrasco, criado por ele, faz a amarra do texto. A frase que move a gente é a fala de uma criança. A gente ouviu muito isso nas pesquisas: “Mãe, eu não quero morrer aqui”. E muitas crianças e jovens morrem nesses lugares, muitas mulheres foram estupradas dentro desses campos. É um texto que ainda não foi montado em Juiz de Fora. Temos vontade de trazê-lo para cá. Ele teve muito sucesso fora daqui.

– “Ratinho Tatá” é de 2010. Como manter um espetáculo em repertório e fazê-lo ter fôlego por anos?

– O “Ratinho Tatá” é um dos espetáculos infantis mais premiados que já tive, e em todas as categorias. Rodamos mais de dez cidades com ele por mais de três anos, fizemos apresentações em locais que foram impagáveis, como em um orfanato onde as crianças nunca tiveram contato com o teatro. Levamos para cidades em que as pessoas não conheciam teatro, como Senhora de Oliveira, aqui em Minas, e para vários festivais. O cenário é um pouco maior, o figurino é mais delicado, então, transportá-lo para grandes distâncias, é mais difícil. Acho que a grande sacada de manter um trabalho rodando por três anos ou mais é você não fechar o espetáculo, estar sempre aberto para ele crescer, moldar-se, adaptar-se ao tempo e ao espaço, sem fechar a essência, e ter atores com disposição para fazer com que isso aconteça.

– Sua companhia está em quase todos os festivais de teatro aqui de Minas Gerais. Você, quase sempre, faz parte do corpo de jurados. De que maneira esses eventos têm contribuído para o crescimento da Teatrando e para o seu crescimento enquanto atriz, produtora e diretora?

– São três os estados que percorro com frequência durante anos: Minas, Rio e, nos últimos quatro ou cinco anos, tenho participado do circuito de Curitiba. De todos que são possíveis em Minas, nós vamos ao longo desses dez anos de companhia. A maior recompensa desses festivais não é a premiação, porque a companhia é muito premiada, não posso nem reclamar. Ela tem mais de 70 prêmios ganhados em dez anos, e a gente participa, também, de muita mostra, que não é competitiva. Meu intuito, ao ir para esses eventos, não é ganhar troféu, é poder trocar. Essa arte do encontro oferece um compartilhamento de cultura e de especificidades de cada grupo que é muito maior do que quatro anos de faculdade, digamos assim. Este ano já assisti a cerca de cem espetáculos teatrais, participei do júri três vezes, e cada festival traz, em média, de 20 a 25 peças, assisti aos espetáculos de Juiz de Fora e do Rio. A companhia participou, este ano, de cerca de cinco festivais de teatro. Sempre que vou a esses eventos, tenho a oportunidade de ver o trabalho de outra pessoa, de outra região, ver outra linguagem, outro pensamento, e isso traz experiência e vivência. Frequento o corpo de júri de vários festivais de Minas há quatro anos, e acho que é uma responsabilidade muito grande você sentar numa cadeira e receber um crachá de júri. É até constrangedor falar sobre isso, porque você observar com olhos cuidadosos o espetáculo de um amigo, o espetáculo de uma categoria específica e poder contribuir de alguma forma para que esse artista saiba o que é que está sendo visto e entendido da peça dele, é uma posição muito delicada. Não é uma posição para achismos nem para gosto pessoal, é uma posição de respeito, de conhecimento e de compartilhamento, principalmente, de possibilidades.

– Muito se fala sobre a falta de espaço para os artistas de Juiz de Fora se apresentarem, e , certamente, a Teatrando já passou por isso. Juiz de Fora, finalmente, viu a abertura do Teatro Paschoal Carlos Magno, aguardado com ansiedade para ajudar a dar fim a esse problema. O espaço atendeu aos anseios da classe artística?

– Em Juiz de Fora, o grande xodó da Teatrando era o Centro Cultural Bernado Mascarenhas. Lá é onde tudo começou. Infelizmente, tivemos a casa fechada por questões de segurança para o púbico e para os artistas. Aí, realmente, Juiz de Fora ficou com défict de locais para apresentação. O Pró-Música, também, teve que ser evitado até ter uma boa reforma, e a gente sabe que isso leva tempo. O Central é belíssimo, mas é um teatro para mais de mil pessoas e com o aluguel extremamente caro. E a gente conta com espaços alternativos que foram sendo abertos por amigos, como OAndarDeBaixo, o Compartilha, o Tenetehara Instituto Cultural, a nova sede da Estação Palco e a Sala de Giz, que agora tem espaço de encenação. Não podemos deixar de citar a Casa de Cultura da UFJF. São lugares que foram ganhando vida, mas são locais que comportam, no máximo, de 70 a cem pessoas. De teatro que comporta 300 pessoas, ficamos contando apenas com o Solar que, infelizmente, tem uma agenda disputada o ano todo. O Phascoal também é um local que surgiu, com 400 lugares, esperado há três décadas pelos artistas e vai atingir grande parte dos produtores de Juiz de Fora. A grande diferença é o tipo de espetáculo que é feito para cada lugar. Então, os espaços alternativos vão continuar atendendo a uma grande gama de linguagem teatral de Juiz de Fora, e o Paschoal vai atingir outra gama.

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